Notas:
Infelizmente, Titio Shore é dono deles, apenas brinco com o Tempo.
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Capitulo 1
Reconhecimento
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O Major James A. Wilson, do glorioso Exército dos Estados Unidos da América, apresentava-se no QG dos Aliados Pela Libertação da Europa, em Londres.
Sentado, esperando ser chamado, notou a folha do calendário que marcava: 24 de novembro de 1942. Ele brincava com seu quepe para gastar o tempo ocioso e ouvia um ritmo sem fim de máquinas de escrever barulhentas, e gritos de uma divisão para outra.
Todos queriam o fim daquela guerra.
Uma moça lhe faz sinal para que a seguisse e obedece sem discutir. Entrou na sala do General-de-brigada Vogler e recebeu de suas mãos um envelope grande e pesado. Ficou na indecisão de aceita-lo ou cumprimentá-lo antes. Mas percebeu que aqueles são tempos inseguros, nos quais até a hierarquia e etiqueta militares estão afrouxadas.
- Major, este material está sob sua proteção agora, o praça vai levá-lo ao acampamento aqui nos arredores, onde você deverá entregá-lo a Coronel Cuddy, ele saberá o que fazer com as novas ordens.
- Permissão para falar, General.
O homem que acabava de acender um charuto, olhou-o com curiosidade.
- Mas ela é uma mulher, não é?
- Quem?
- General Cuddy?
- Sim... Por que?
- Por...
- Você não se sente a vontade de levar ordens dela? Nem eu ficaria...
- Não...-e o Major fez uma cara de assustado-...Não é isso que eu quis dizer... É que o senhor a chamou de 'ele"...
- Não... Não chamei...
Um mal estar fica na sala.
- Desculpe-me, Senhor, compreendi mal...
- É que você está chegando agora no campo, certo? – e pegou a papelada do homem a sua frente que jazia em sua mesa por alguns dias-...Estava em casa sem preocupações maiores, assistindo TV e tomando uma coca-cola...Você tem que se aprumar logo! Esses erros podem lhe custar a vida! – e ele apontou a mão com o charuto quase acertando a cara do comandado.
- Senhor, não acontecerá mais.
Ele ficou ali esperando por novas ordens, enquanto um grupo de oficiais adentrava com um mapa e vários papeis avulsos. O comandante, ao vê-lo ali parado, fez sinal de dispensa com as mãos sem paciência com o recém chegado, mais uma pergunta desnecessária, iria fuzilá-lo por idiotice.
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Ao chegar ao acampamento, Wilson parou de rezar. Ele nunca pensou que uma distancia tão curta pudesse ameaçar tanto sua vida assim. Os alemães não estavam de brincadeira que fariam da Inglaterra uma terra fantasma. Bombas desciam do céu sem parar ou avisar. Os gritos das pessoas eram escutados pelos campos. Todos corriam, escondiam-se, choravam.
Não estava mais em casa vendo Rim-tim-tim combater o mal e comendo torta de maça da sua mãe. O Comandante estava certo, tinha que mudar o set de sua mente. Detalhes podiam lhe custar a vida, devia saber que brigas comprar.
- Mais você só pode ser retardado!
Uma voz familiar lhe tirou das considerações sobre seu presente.
- Quando te falei nas cartas "fique longe da Europa, estão fazendo fumaça dos judeus" que merda você não entendeu?
- É bom te ver também, House...- o major viu o amigo se aproximar ainda mais e lhe dar um abraço.
- É bom te ver também Jimmy... Mas você continua sendo um filha da mãe de um retardado. Pelo menos trouxe algum cigarro, latas de doce, carne defumada...? Nada?...E ainda é um burro. Mataria por uma sardinha agora.
- Não disse que não trouxe nada! Porém desconfio que você não merece nada.
- Ah... Cala a boca! Continuo sendo Tenente-coronel, ainda mando aqui. -ele riu e os dois seguiram para junto das edificações.
- Muito trabalho? Vi muita coisa apenas no caminho daqui.
- Se o mundo não acabar até o final desta guerra, não acaba mais. Você não viu nada ainda. O trabalho no hospital tem sido esgotador, nesse momento, nem sei mais onde colocar a próxima leva de feridos.
- Tenho que falar com a Coronel Cuddy.
- Ahh... Boa sorte... Só não me peça para te seguir... Se ela me enxergar, acho que terei que lutar no lado dos japas...
- Você continua o mesmo - e aquela amizade familiar o fez sentir menos perdido ali.
- E por que você não continuou o mesmo a ajudar com a guerra lá de casa, como te aconselhei?!
- E perder toda esta aventura? Não.
- Você se divorciou de novo, não foi?
- Sim –respondeu envergonhado.
- É, também preferiria vir pra Guerra que aguentar mais uma ex-mulher no mesmo solo.
- Obrigada, pelo apoio... Agora onde posso achar a Coronel?
- Ali...-apontou para uma construção maior- ...É só seguir o cheiro de enxofre...
- House... Ela foi a 1ª Coronel mulher da costa leste... Mais respeito...
- Wilson.. Sei que você tem uma queda por mulheres no comando, porém, isso é com você e suas pensões alimentícias atrasadas...
- Ok. E de resto tudo bem?
- Tirando esse sotaque abominável que tenho que aturar aqui? Piece of cake.
Quando o amigo se afastou, o Tenente-coronel gritou.
- Ah... E o Vogler já está a sétimo palmos do chão, aquele miserável?!
O Major Wilson apenas deu uma risada e se afastou.
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A autoridade continuava lendo o informe e Wilson tentava não parecer tão nervoso.
- Algum problema Major? Você está suando...
- Não, senhora. Apenas a mudança climática.
- Certo... As suas ordens são: Assumir o posto do Tenente-Coronel Gregory House no hospital militar e continuar com os serviços de atendimento. Quando sair, mande o pilantra vir falar comigo. Não tenho tempo de brincar de gato/rato com ele agora, é algo urgente a ser realizado e ele partirá logo.
- House... Uma missão? A senhora diz... Fora daqui? É seguro?!
- Major Wilson, você sabe que não posso discutir a missao com o senhor. Por favor, cumpra suas ordens. E sim, espero que seja seguro, as ordens não são minhas. Se fossem, ele estaria costurando botões em Nova Deli.
- Entendido, senhora – e luta pra não rir da sugestão.
Este bate continência ao se levantar e ela responde, percebendo que o Major se perde olhando uma Estrela de Davi na parede.
- Não são bons tempos...
Ele concorda com olhar e parti com uma sensação estranha, como se já tivesse ouvido as mesmas palavras dela em algum sonho. Balança a cabeça ao sair do centro de informações, e lembra-se de que tem coisas mais importantes a fazer.
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A conversa já durava horas, e a Coronel Cuddy estava perdendo a paciência com o Tenente-Coronel.
- E como eles são espertos, colocar um elemento que nem pode correr em uma missão suicida em pleno lugar de disputa... Ohh...Vamos ganhar a Guerra! GO USA! – dizia com desdém.
- Tenente-Coronel, estas são suas ordens. E mais uma palavra, e você irá pra prisão por insubordinação.
- Somente confirme que isso não foi ideia sua para se livrar de mim?
- Devo confessar que queria ter tido está idéia antes. Digamos, no dia que você chegou aqui. Mas seus serviços excepcionais médicos são necessários, assim como seu conhecimento no francês e alemão. Você estará em uma missão secreta e especial, na qual não se espera que você tenha que correr como já disse, se tudo der certo... Seus documentos, disfarces, contatos estão prontos. E você não estará sozinho, um companheiro de farda lhe fará par, ajudará na extração dos prisioneiros em questão. Essa pessoa conhece o campo, já fez o reconhecimento da França Ocupada antes.
- Entendo que meus predicativos me tornem único... Mas ir pra França agora? E quem será meu par nesta missão?
- Estou aguardando você se acalmar para ordenar que ela entre...
-"Ela"... humm...Você podia ter mencionado isso antes.
A Coronel sorriu. Seria uma missão suicida com certeza. Tomou o telefone e mandou a entrada da agente.
Uma jovem loira fardada, usando um batom vermelho que coincidiam com a cor de suas unhas, entrou na sala. O cabelo estava preso como a moda ditava e o exercito permitia, a saia oliva batia nos joelhos e os saltos não eram mais altos que o padrão.
O queixo de House caiu.
- Capitã Allison Cameron se apresentando, senhora. – e a jovem bateu respeito pela classe.
- Hello Legs! - foi tudo que ele conseguiu dizer com uma voz de coiote.
A capitã olhou para seu galanteador com curiosidade, pouco a vontade. Ambos fizeram um certo reconhecimento. E não sonhavam o quanto isso seria importante mais tarde.
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