Nota da Autora: Não sei o que me levou a escrever isso. Até porque é um fato de que só escrevo fanfics de personagens originais. Foi, talvez, um surto que me veio ao ler "A Balada de Vilnius" da Wolfbiyo. Recomendo com toda a certeza!

Compadecer

Não tema a culpa que nunca sente.

Não tema qualquer reação minha.

Não se compadeça de mim. Jamais.

Tua pele é gélida tal qual a neve que cobre tuas terras e inteiramente maculada por sangue. Sangue do teu povo. Teu sangue. Tuas mãos mancham-me de sangue enquanto percorrem meu corpo, deixando-me impuro de todas as formas imagináveis.

Não recuo ao teu toque e não temo meu destino. Não vê? Não te temo ou te culpo. Compadeço-me de você. Não o odeio, pelo contrário.

Teus olhos místicos que não me sorriem cativam-me a cada dia. Teu sorriso gentil me encanta e sua fúria incontrolável não me assusta, apenas atrai. Talvez eu o ame.

Ou talvez só sinta pena.

Ou só esteja tentando compensar o que te fiz.

Não me odeie porque o deixei. Não deixe a fúria controlá-lo. Não se compadeça de mim. Jamais.

Independente da raiva com que me tocas, não recuo. Não desvio o olhar. Porque deveria? Teus olhos me cativaram e encantado por ti estou. E eu mereço sofrer para que você não sofra.

Não compreende, camarada? Não compreende que só estou tentando desesperadamente pegar tua dor inimaginável para mim? Porque teus olhos são belos demais para deixarem escapar lágrimas. E compadeço-me de você.

E que o canto sofrido de meu povo chegue aos céus, altos o suficiente para abafar seus soluços de dor. E que o brilho dourado do girassol que tanto amas seja o suficiente para esconder as suas lágrimas.

Mas eu te peço.

Não chores mais. Não por mim ou por você. Nem por teu povo, pois ele é forte. Acredite, tudo dará certo porque eu vou aplacar a tua dor. Eu me compadeci de você.

Mas não se compadeça de mim. Jamais. Eu mereço sofrer pelo erro que cometi. Eu não deveria tê-lo deixado.

Perdão, camarada.

Há um brilho sofrido em teus olhos. Com a mão trêmula, toco teu rosto. Não consigo criar forças para falar. Não tenho coragem.

Mas meus olhos dizem tudo.

Não chore por mim como choro por você.

Você é forte, camarada. Você tem de ser forte.

Levanta-se.

Veste-se.

Vai embora.

Meus olhos ardem. Não por mim, claro.

Mas por você. Compadeço-me de você.

FIM

Nota da Autora 2: Lituânia e Rússia com Lituânia P.O.V! Uau. Um dia ainda escrevo uma América e Inglaterra ou uma Cold War. Me aguardem.