Minha primeira fanfic, sim, estou muito emocionada! Espero que todos gostem tanto quanto eu.

Pode conter alguns spoilers do final da saga Thriller Back, pra quem não se importar (ou já viu a saga), boa leitura!

Não fazia muito tempo que haviam deixado Thriller Back para trás, atravessando o turbulento mar de ciclones até que alcançarem águas mais calmas.

O tempo estava excelente. O sol brilhando no céu limpidamente azul, o calor sendo dissipado pela brisa marítima e o mar balançando o navio suavemente causando uma sensação de moleza e conforto. No geral, um dia perfeito; ou é o que seria se não fosse o estranho silêncio que reinava a bordo do Sunny.

Em outros tempos, um momento de paz como esse seria mais do que bem vindo para a maioria dos tripulando daquele conturbado navio, mas esta não uma situação momentânea. Era algo que durava desde que haviam deixado aquele lugar que mais parecia uma casa de horrores.

- Até quando isso vai continuar? – perguntou Nami irritada. Em um tom cansado.

Robin desviou o olhar do livro que estava lendo, porém nada disse. Não sabia o que dizer, afinal fazia a si mesma a mesma pergunta.

- Só nos resta rezar para que eles se entendam, creio eu – disse Sanji, que trazia um novo bule de café a pedido da arqueóloga, lançando um olhar a torre de vigia onde sabia que o espadachim estava e depois para a cabeça do Sunny, onde Luffy, sentado no focinho do grande leão, observava o mar pensativamente.

- Ele tem estado lá o dia todo – comentou Robin ao perceber o olhar do cozinheiro.

- Eu sei – respondeu Sanji, quase em um murmuro. Ultimamente nem a comida era capaz de mudar o ânimo do moreno, quem parecia não sentir fome.

Quando retomaram sua jornada após finalmente conseguirem sair daquele imenso navio, a primeira vista estava tudo normal. Todos estavam felizes por saírem daquele pesadelo, além da emoção de terem conseguido um novo nakama. Mas passada a euforia, logo notou-se uma mudança em Zoro. O espadachim estava mais sério e silencioso que o normal, e passou a treinar mais intensa e duramente, se é que era possível, além de se afastar da tripulação.

Claro que no início todos se questionaram o que teria acontecido, mas se tratando de Zoro, aquele não era um comportamento impensável e logo não deram muita atenção, incentivados por Sanji, Robin e Brook, que diziam apenas que eles precisavam de um tempo sozinho.

Uma pessoa, porém, não estava de acordo. Luffy não podia deixar de se preocupar com o outro, afinal conhecia Zoro melhor que qualquer um e podia ver de longe que algo o perturbava, algo que não queria compartilhar consigo. Havia tentado abordá-lo várias vezes, mas ele apenas se esquivava de suas perguntas e o evitava, e também, o que mais lhe doía, era que nunca o olhava nos olhos.

- Por que apenas não damos um jeito de obrigar o Zoro a falar com o Luffy até que resolvam tudo? – disse a navegante distraidamente, como se estivesse pensando em voz alta.

- Não acredito que isso seja possível – disse a morena com um traço de divertimento na voz – e depois – disse, agora com pesar – imagino que isso não sirva de qualquer ajuda. Essa é uma situação delicada.

- Eu sei – murmurou – é só que eu não agüento mais ver o Luffy sorrindo e fingir que está tudo bem, quando é óbvio que ele está angustiado. Será que aquele idiota do Zoro não vê o que está causando? – disse inconformada, mas também entendia o lado do espadachim.

No começo não sabia o motivo de tudo, mas sempre fora uma pessoa inteligente, e não demorou até que somasse todos os fatos e chegasse a uma conclusão satisfatória. Depois foi só uma questão de pressionar Sanji, que lhe era óbvio que escondia alguma coisa, para que finalmente soubesse de todos os fatos que desconhecia. Nunca sentira tanto respeito e admiração pelo espadachim.

Mas também sentiu-se extremamente fraca e miserável ao saber quão perto da morte seu capitão havia estado, apenas porque eles não foram fortes o suficiente. E Zoro, que era um guerreiro orgulhoso e tinha um laço especial com o jovem capitão, com certeza sentiu-se ainda pior.

- Então ao realmente não há nada que possamos fazer? – disse o cozinheiro em voz baixa, falando consigo mesmo.

- Talvez – disse Robin pensativa – valha à pena ter uma conversa com espadachim-san.

- Certo, eu irei – disse Sanji prontamente, fazendo Nami franzir o cenho perplexa.

- Nem pensar. A ultima coisa que precisamos é de alguma briga estúpida. Deixa que eu vou.

- Não, eu vou – disse o cozinheiro firmemente, deixando a navegante incrédula. Afinal Sanji, que sempre lhe fazia todas as vontades, nesse instante estava completamente inflexível por ninguém menos que Zoro, a pessoa com quem vivia em pé de guerra.

- Eu concordo – disse Robin antes que pudesse dizer qualquer coisa – Vamos apenas confiar no cozinheiro-san, certo Nami? – falou com um de seus costumeiros sorrisos, com o qual a navegante não pôde fazer nada além de concordar.

- Obrigado, Robin-chan – disse o cozinheiro com um sorriso afetuoso – e me desculpe por isso Nami-san – terminou, para logo em seguida se retirar, se dirigindo para dentro do navio para que pudesse descer e rumar até a torre de vigia.

- Tem certeza disso? E se eles brigarem e Zoro se afastar ainda mais?

- O que você teria dito a ele se tivesse ido? – perguntou a morena naquele tom enigmático de quem tem todas as respostas.

- Bem eu... Eu não sei – disse derrotada – mas o acha que Sanji pode conseguir além de um atentado mútuo as vidas um do outro?

- Ele pode se fazer ouvir.

- O que quer dizer? – perguntou confusa.

- Zoro acha que Sanji é o único que sabe o que aconteceu enquanto estávamos todos inconscientes – começou a explicar Robin pacientemente – mesmo que você falasse com ele, ele não daria ouvidos, mas Sanji é diferente. Ele estava lá quando aconteceu, nas mesmas condições.

Nami balançou a cabeça levemente, perdida em pensamentos. Não havia pensado nisso. Robin estava certa, mesmo que fosse até Zoro, este apenas dissimularia, e se dissesse que sabia de tudo, era capaz que apenas se irritasse mais.

Robin apenas a observava, mergulhada em seus próprios pensamentos. Era verdade o que dissera a navegante, mas o verdadeiro motivo pelo qual deixou tudo nas mãos de Sanji, era a estranha cumplicidade que a tempos percebera que ambos compartilhavam. Sabia que o espadachim não daria brechas para conversas, porque isso deixaria a mostra seu lado mais fraco, mas talvez o cozinheiro pudesse transpassar isso.

Nami mordeu os lábios nervosamente – espero que dê tudo certo – disse contemplando o céu vivamente azul.

Robin apenas concordou, também olhando o céu, seu livro deixado de lado na mesa, esquecido.

Fim do primeiro capitulo!