Eu costumava postar esta fic num pseudônimo. E agora percebi que não preciso disto. De uma maneira, é um tapa na cara das pessoas que a elogiavam, mas não me elogiavam.

Bom, repetindo, é uma fic pós-Hunting.

ALGUÉM COMO VOCÊ

By Ligya Ford

CAPITULO 1

"Ela o observou. Ele dormia pacificamente. Tinha o corpo todo relaxado, de barriga para baixo, com as mãos pousadas perto do travesseiro. Ele respirava profundamente. Devia estar sonhando. Seus cílios mexiam, seus lábios também. Os cabelos louros caiam espalhados, e ela comparava as cores dos pêlos dele com os cabelos. A pele dele era alva e os fios louros do seu ventre eram tão claros como cabelo de bebê. Seguiu com os olhos até chegar a linha do bumbum..."

- O que você ta fazendo? – alguém gritou.

Cameron se assustou e parou de digitar no laptop. Levantou a cabeça e viu Chase e House parados a sua frente.

- Nada. – se defendeu. Baixou a cabeça e salvou o documento, o fechando em seguida. – Enviando e-mails.

- Oh. Tinha algo de interessante pra mim? Alguma conferência numa ilha paradisíaca com open bar? – ele perguntou seguindo para sua mesa.

- O de sempre. – ela baixou a tampa do laptop e viu Chase se sentando a sua frente. Ele suspirou alto, o que Cameron estranhou.

- Você está bem? – perguntou.

Ele virou os olhos azuis pra ela.

- Eu?

- Não, seu amigo imaginário. O que há com você? Está com olheiras e cabelos sujos. Foreman no comando está sendo assim tão insuportável?

Chase riu. Adorava aquele bom humor dela logo de manhã.

- Não, não é nada contra o Foreman. Eu estou bem. Só um pouco... – ele suspirou.

- Um pouco o que?

Chase olhou para o lado, vendo House entretido no seu computador e disse o mais baixo que pode.

-... deprimido.

Cameron compadeceu.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, não. Só frustrações e preocupações que afetam o... homem moderno.

- Hum... isso é promissor. Homem moderno... – ela estalou a língua. - Você quer dizer que agora você vai ser um... metrossexual? – ela disse segurando o riso.

- Não força, Cameron.

Ela riu baixinho. Teve uma idéia.

- Já passou do meio-dia. Quer almoçar?

Ele levantou a sobrancelha. Estranho. Ela mal falava com ele desde que eles...

- Por que não? – ele soltou, se levantando da cadeira,tirando o jaleco. – Espero que você não comente isso com House. Ele ia fazer da minha vida um inferno.

- Não se preocupe, Chase. Eu não sou tão má assim.

Em alguns segundos, deixaram os jalecos no vestiário, e seguiram para a rua.

Andavam lado a lado, um percebendo a presença do outro.

Ele andava chutando as pernas, com as mãos descansadas no bolso. Uma mistura de nervosismo e um certo ar de tô-nem-ai.

Cameron estava curiosa. "Preocupações que afetam o homem moderno"? O que será que estava afetando Chase?

- Voce me deixou preocupada.

- Por quê?

Cameron não sabia o que responder. Honestamente, ela estava preocupada porque ele estava preocupado. E por que isso? O que o deixava tão interessante a ela?

- Você... mencionou frustrações e preocupações. Isso me deixou...

- Curiosa? – ele sorriu. – Curiosa ou preocupada?

- Ambos.

Eles se aproximaram do restaurante. Tinha uma fachada imponente em cima de vidraças com pequenos toldos coloridos.

- Não, Chase, aqui é muito caro.

- Eu pago. Faço questão. A comida aqui é... soberba.

Ela balança a cabeça, o censurando, mas cede.

Sentam numa mesa do lado de fora, e logo um garçom se aproxima. Cameron realmente se impressiona com o menu, e pede uma salada que parecia fantástica.

- Me diz, Chase, o que foi? – ela pergunta, assim que o garçom virou as costas.

- Se eu lhe dizer, ou você vai chorar, ou vai gargalhar.

- É tão terrível assim?

- Não. Terrível, não. Só... triste.

- Acho que eu sei o que você está sentindo.

Chase a encarou, e Cameron viu que aqueles olhos azuis, que sempre brilhavam, estavam tristes e frios. Ficou penalizada. Sabe que não devia. Pena é o pior sentimento que se deve sentir por alguém.

Ela sentia o que Chase sentia. Ela, após ter o peso na consciência, de achar que podia estar portando HIV, sabia o que era aquilo. Não ter por quem viver, por quem amar. Para ele, deveria ser pior. Ele sequer tinha pais vivos.

- Você está se sentindo sozinho. – ela disse, por fim.

- É... – ele murmurou. – Isso é patético, Cameron. Me desculpa.

Ele ruborizou. Fico envergonhado por ser tão fraco e ridículo.

- Não. É bom conversar de vez em quando.

Chase sorriu.

O garçom apareceu trazendo dois sucos com pedras de gelo. Chase agradeceu.

- Estou... pensando em pedir demissão.

- Por quê? – ela estranhou o fato de seu coração ter acelerado.

- Porque... quero ficar perto da única família que me sobrou.

- O quê?

- Eu não tenho ninguém, Cam. Não tenho pais, amigos, namoradas. Só a Melissa.

- Não seja pessimista, Chase.

- Não é pessimismo. Eu só... to pensando em mim. – Cameron o olha sem entender. – Eu já fui quase mandado embora duas vezes. Eu posso arranjar qualquer emprego em Sidney.

- Não, Chase, não faça isso.

- Por quê? Não há nada me prenda aqui.

O garçom chegou trazendo os pratos.

Cameron ainda fitava Chase, em profunda confusão. Por que sentia que não queria que ele fosse embora? Era porque trabalhavam juntos a muito tempo? Era porque tinham dormido juntos?

- Obrigada. – ela agradeceu o garçom.

- Não me olha assim, Cam.

- Você não deveria fazer isto. – ignorando o pedido dele.

- Isso o quê? Pedir demissão?

- Desistir.

- Não estou desistindo. Eu só... estou reavaliando minhas prioridades.

- Você está querendo ir embora, só porque se sente sozinho e abandonado.

- Ah, é?

- É. – ela respondeu, após garfar um pedaço de salmão. – Se você tivesse o que se ocupar, não pensaria assim.

- Com o que me ocupar? Você diz: algo pra fazer?

- Também.

- Eu não acho que fazer academia ou praticar... sei lá, pólo, vai satisfazer minha carência, Cameron.

Ela suspirou.

- Já sei. Uma amiga minha vai dar uma festa... Venha comigo!

- Ir com você em uma festa?

- É, Chase. Tenho certeza que vai te... ocupar um pouco. Você vai achar Sophie um barato. Ela é rica, divertida, e sem um pingo de juízo.

Chase riu.

- Ta bem. Que horas eu te pego?

- Por que você tem que me pegar?

Chase estreitou a testa.

- Uh...? – ele ficou confuso. – Então... que horas você me pega...?

- Oito. – ela respondeu. – Você me pega ás oito. – ela se levantou. – Vou ao banheiro.

Chase a seguiu com os olhos. Riu, divertido.

- Mulheres...!

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