Notas:
Se a Jacobs não tivesse batizado o café do Titio Shore, talvez algumas dessas histórias teriam sido contadas. Elas continuam sendo dele, e eu continuo contando-as descaradamente.
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Capitulo 1
Ligações Perigosas
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Como se tinha iniciado, não era algo preocupante neste ponto, apenas a faísca. O estopim. O que faltava para aquela tensão sexual explodir. Foi isso que aconteceu: uma catarse.
Nesse momento, mãos trespassavam os corpos unidos, agarravam com fome o que achavam. Era a urgência, a urgência movia aqueles dois. Com as bocas unidas, travavam uma guerra de prazer, não haveria perdedores ali. A jovem confessava malícias e mordiscava o pescoço dele, as mãos dela se desfaziam da camisa dele. Ele enroscava sua mão nos cabelos dela, fazendo com que ela curvasse o corpo para trás, oferecendo-se aos beijos dele seu colo, seus seios à boca dele... A outra mão livre, o médico acariciava as costas dela... Um sôfrego escapou dela... E ele sorriu.
- Venha comigo... – House sussurrou predatório.
Estavam na sala dele, e o Hospital estava deserto. Já era tarde, mas mesmo assim não era seguro. As persianas estavam fechadas. A porta também, mas sem a certeza de estar trancada. Cameron o acompanhou, ainda próximos, chegando a uma parede nua. Pressionou o corpo dela naquela nudez, e com isso, o corpo dele contra o dela. Agarrou o quadril da jovem e levantou-a alguns centímetros.
Não se beijavam mais, ficaram encarando o desejo do outro, respirando como se o oxigênio tivesse sumido do cômodo. Uma perna dela manteve-se no épico de não perder o chão, na ponta do pé. Contudo a outra já estava abraçada nele. Cam sentia a mão dele afastando sua saia, explorando sua coxa... Pressionando-a. Pressionando-a.
- Você vai continuar a me torturar assim? -ela murmurou.
Em resposta, ele segurou os pulsos dela rentes aos corpos de ambos, calou-se por mais alguns segundos, apenas beijando o rosto dela. Adorando-a.
- Eu te quero... – capitulou como o notório Visconde, fechando os olhos. E os lábios de sua antiga vitima curvaram-se instantaneamente.
Livraram-se das roupas que ainda importunavam, sem muito pensar, apenas as que não tinham escolha, com beijos entre uma peça e outra, e voltaram a confundir seus corpos. Não se sabia onde começava um e terminava o outro.
Foi a urgência, a urgência que não tinha fim. Que movia aqueles dois. Tudo ficou para trás, mais nada importava que aqueles dois seres juntos naquele cômodo. Foi o que aconteceu: uma catarse.
Cam apenas disse quando sua respiração pode se acalmar, ao fim de tudo. Abraçou-o mais forte e confidenciou:
- Eu também... Também... Te amo...
Dra. Allison Cameron acordou no seu quarto com um despertador gritando, tocando Rossini, ela ainda mantinha uma cara de felicidade que se desfazia a cada segundo que ela processava as informações.
Sonhara com ele de novo, seu corpo suado e cansado não lhe respondia, apanhou o despertador e o atirou na parede, espatifando-o, calando aquele traidor.
Cam afundou nos travesseiros e gritou:
- De novo não!
Aquele arrogante e prepotente filho da mae lhe torturava num jogo que se arrastava há anos. Em algo que ia do quente ao frio, da intimidade a ignorar-lhe completamente. De mémorias compartilhadas a tortura-lhe pelas mesmas. Ela era uma peça de xadrez, de quebra-cabeça, uma conquista, um desafio... Um jogo de poder. E quantos não lhe tinham avisado sobre isso? Para ter cuidado? Para não se envolver?
Maldito coeur que não escutava a razão e se enchia de esperança pela mínima migalha recebida. Um sorriso, uma aprovação, um toque, um beijo, um olhar, um abraço, uma palavra... Ela era uma estúpida, comportava-se sempre como uma adolescente perto dele. Era como se um espartilho lhe cortasse o ar agora. Ela tinha superado aquilo. Maldito! Não era mais a mesma idiota, não era.
Já se enganara por muito tempo, aquela relação representava um perigo apenas para ela. Rolou pra beirada da cama, abriu a primeira gaveta do seu criado mudo, e dali retirou seu Laclos, e de dentro dele, um papel todo amassado. Ela o leu determinada:
Alie, você o superou.
Respirou profundamente e pegou uma caneta, e escreveu com sua letra, não mais de garota.
Alie, você o superou. Completamente.
Ela tinha que acreditar naquilo.
