Classificação: T
Gênero: Romance/Drama
Casais: Eriol x Tomoyo, Syaoran x Sakura
Sinopse: Músicas: lindas melodias, letras emocionantes, sentimentos. Tomoyo decidiu seguir seu maior sonho, mas a sorte lhe reservava muito mais do que isso...
Disclaimer: Os personagens de Card Captor Sakura não nos pertencem, mas sim ao Clamp, nós apenas os pegamos emprestados. Já os personagens Akihito, Charles Creevey, Eileen Stewart, Esther, Freya, Hikari Sohma, Hiro Yamato, Hyosuke Magami, Ian Brown, Isuzu, John, Kanna Tachiji, Kisa, Kojima Kadotake, Leonard McGreggor, Lydia, Machi Matsumoto, Mei Amakusa, Nick, Riza Nakamuro, Sayuri, senhor Ishikawa, senhora Johnson, Takeru Makamoto, Takuya e Yoshihito foram criados por nós e adaptados à história.
Idéia original: Kimi Li
Escrita: Mizu Youko
Revisão: Mizu Youko e Kimi Li
Opiniões, dicas e comentários: Kimi Li
Datas: Iniciada em 08 de junho de 2008 e concluída em 20 de janeiro de 2009.
OoOoO
Canção Para Você
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Prólogo – Sonho de cantar
OoOoO
Era uma quinta–feira agradável na pequena cidade de Brentwood. O céu era de um tom azul–arroxeado e algumas estrelas já mostravam seu brilho.
Tomoyo Daidouji olhava pela janela da sala de aula onde o professor reforçava a explicação sobre matrizes, mas ela já sabia aquela matéria de cor, salteada, de trás pra frente e até em outra língua. Deixou–se distrair um pouco com o movimento dos alunos que deixavam as outras salas do cursinho.
O fim do ano estava muito próximo e a jovem já sabia o que queria fazer na faculdade. E dessa vez ela acertaria, pois não deixaria ninguém interferir novamente nessa escolha tão importante de sua vida.
Por ser de uma família com um grande poder aquisitivo, Tomoyo estudou nos melhores colégios, concluiu cursos de inglês, francês, italiano, desenho, pintura, bordado, balé, etiqueta e entrou na melhor faculdade de Engenharia do país, tendo se formado com ótimas notas no colegial.
Havia se mudado para Tóquio, ficando assim longe dos amigos e da família. E lá estudou por dois anos. Até que chegou um dia em que a garota cansou–se de fazer contas. Fórmulas, teoremas, leis, deduções... nada disso servia para ela, nada disso era ela.
Gostava de se sentir livre, de achar que tudo era possível, de sonhar, de fantasiar, de cantar. Sim, cantar era o seu passatempo favorito. Todos diziam que tinha boa voz e talento, apenas seus parentes não reconheciam esse fato.
Achou que seria um desafio morar em outra cidade, mas acabou por sentir–se sozinha e abandonada, esquecendo–se dos sonhos e deixando de ser feliz. Foi então que deixou a faculdade e decidiu voltar para a casa, a fim de tentar uma nova vida.
Claro que a mãe não aceitou sua escolha, onde já se viu uma garota tão inteligente desistir de um futuro brilhante como engenheira?! Mas Tomoyo não se importava porque não seria feliz. Deixara sua mãe criticá–la à vontade... sabia que um dia ela entenderia.
As duas ficaram sem se falar por cerca de uma semana, mas a jovem ainda não se importava. Tinha perdido o brilho dos olhos, a razão de sorrir. Tudo isso por causa da pressão familiar que, assim como sua mãe, caíra sobre ela. Segundo eles, todos os Daidouji eram conhecidos pelas excelentes formações e carreiras que escolhiam. E Tomoyo estava cansada, estava exausta dessa discussão. Queria um tempo para si, para ficar sozinha, fazendo algo que gostasse.
Também nunca fora popular, mas sempre a quietinha, delicada, sensível e acolhedora. Talvez esse fosse o motivo dela nunca ter tido um namorado e nem muitos amigos do sexo oposto, embora também não fizesse o tipo "riquinha esnobe".
Ainda não descobrira como a mãe concordara em voltar a deixá–la morar em casa enquanto a jovem fazia cursinho, a fim de entrar no curso de Música.
O professor deu por encerrada a aula e o barulho das pessoas guardando suas apostilas tirou a morena de seus devaneios.
Ela também passou a guardar o seu material e pôs–se a caminhar de volta para casa. Tinha vários motoristas ao seu dispor, mas Tomoyo gostava de andar pelas ruas e observar o movimento ao seu redor.
Aquela noite estava quente, com uma leve brisa soprando, fazendo seus longos e negros cachos esvoaçarem.
Lembrou–se de um sonho que tivera com a amiga, Sakura Kinomoto, a qual não via há algum tempo. Ela se mudara para a Inglaterra com o namorado, a fim de construírem uma nova vida juntos.
Andando mais um pouco, Tomoyo encontrou Rika, uma das poucas amigas que continuava a morar em Tomoeda.
– Oi, Tomoyo! – ela falou se aproximando da amiga, feliz.
– Olá! – a morena respondeu, aparentando estar alegre.
– Como está o cursinho? – Rika quis saber.
– Bem, agora que está no final, os professores cobram mais... e você mesma acaba se pressionando.
– Ah... entendo. Ainda bem que eu nunca precisei fazer um – Rika sorria, animada.
– É verdade, você entrou direto, não? – Tomoyo ria.
– Sim... mas precisei da ajuda do Yoshiyuki – ela corava quando falava do marido.
– Nossa... tinha até esquecido que vocês casaram – Tomoyo sorriu. – Mas, me fala, conseguiu o emprego de "chef"?
– É... consegui, e a faculdade de Gastronomia me está sendo muito útil. Praticamente me sinto em casa, gosto tanto de cozinhar quanto você gosta de cantar – a universitária parecia feliz com o rumo de sua vida.
– Que bom... fico feliz por você, Rika! – a morena continuou sorrindo e abraçou a amiga.
– Obrigada! Mas agora eu preciso ir, Yoshiyuki está me esperando para jantar! – e deu um beijo na amiga, recebendo outro de volta.
– Ok! Até mais, então!
Tomoyo olhou Rika até esta se distanciar um pouco, e retomou o caminho de casa.
A amiga não tinha percebido que o real estado de espírito da morena há muito não era mais aquele sorridente, sonhador e disposto.
Ninguém descobria qualquer fato ou informação que Tomoyo quisesse esconder. Sabia mascarar sentimentos muito bem. Nesses dois últimos anos, ela já não era mais aquela pessoa feliz, porém continuava a demonstrar isso, evitando assim que lhe enchessem de perguntas.
Sua mãe, supostamente a única que entenderia Tomoyo, não tinha tempo para ela, passava o dia inteiro trancada no escritório com o computador ligado, trabalhando.
Chegando a casa, a jovem estava tão desanimada que resolveu tomar um banho e dormir, ainda que os criados insistissem para que ela jantasse.
––x––
E mais uma vez Tomoyo acordou com os raios do sol penetrando pela fina cortina de seda, iluminando o seu quarto.
Levantou–se e colocou uma blusinha rosa clara com uma saia cáqui que ia até os joelhos, combinando com uma sapatilha bege.
"Essa roupa definitivamente não me descreve hoje", ela ponderou enquanto olhava–se no espelho.
Tinha um corpo bonito, embora não fosse como o de uma modelo e a pele era alva devido à falta de sol. Os olhos eram de um violeta desbotado, triste.
Sem a menor vontade, ela desceu as escadas da mansão e seguiu para uma das salas de jantar.
"Nunca entendi o porquê de todo mundo querer uma casa enorme. Aposto que mamãe nem conhece todos os cômodos daqui", pensava.
Antes que Tomoyo pudesse entrar na sala de jantar número dois, Freya, uma das empregadas avistou a garota e correu até ela. Estava vestindo o típico vestido preto curto com avental branco e sapatos igualmente pretos, contrastando com seus longos cabelos loiros, olhos verde–piscina e pele muito clara.
Freya e Tomoyo tinham quase a mesma idade e como Sonomi, mãe de Tomoyo, não deixava a filha sair muito de casa quando pequena, as duas tornaram–se amigas, deixando as formalidades de lado. Freya colocava Tomoyo a par de tudo o que estava acontecendo, tanto do lado dos empregados quanto do lado dos patrões. A amizade delas era desconhecida pela família de Tomoyo.
– Acho que a senhorita deveria ir para a outra sala de jantar... nesta estão alguns de seus tios–avós que pretendem conversar com a senhorita sobre a faculdade.
– Freya, eu já disse que não precisa me chamar de senhorita. Continuamos sendo amigas. Chame–me apenas de Tomoyo, está bem? – ela sorria docemente. – E obrigada pela dica! – a morena agradeceu e mudou o curso de sua direção para outra sala.
Entrou e foi servida por Freya, pois não queria que ninguém mais soubesse que ela estava ali. Porém, a informação vazou e, ao terminar o desjejum, um de seus muitos tios adentrou o aposento e sentou–se de frente para a garota.
– Jovem Tomoyo, o que faz aqui, sentada sozinha? – ele perguntou–lhe, tentando soar gentil.
– Geralmente não tenho companhia para as refeições – ela respondeu desinteressada, sem olhar para o idoso à sua frente.
– Estávamos esperando que aparecesse na outra sala, para podermos discutir sobre a sua mais recente escolha – ele lutava para continuar sendo paciente, sem muito sucesso.
"Mas eu não tenho paz nem no café da manhã!", enfezou–se, amarrando a cara.
– Não há o que discutir. Já tomei a minha decisão e nada, nem ninguém me fará voltar atrás – Tomoyo estava com raiva, mas não deixou que esta transparecesse, falando de um modo frio.
– Mas é claro que há! – o velho perdeu a paciência. – Como ousa desistir de uma faculdade de Engenharia?! Já lhe disse que todos os Daidouji foram importantes, alguns como advogados, outros como médicos, outros como grandes químicos, ainda outros como físicos... e a lista continua! – ele estava praticamente gritando.
– Já disse que não mudarei de opinião – a jovem continuava impassível e não o encarava, o que contribuía para irritar mais ainda o tio.
– Muito bem. Ou você volta a cursar a faculdade de Engenharia como sua mãe tanto pediu, ou... – ele parou, meio incerto sobre a segunda condição.
– Ou o quê? Vai me expulsar de casa? Tirar minha herança? Ameaçar–me de morte? – ela deu as opções que tinha em mente. – Eu não me importarei. Basta saber que escolhi fazer o que gosto – Tomoyo ainda não se mostrava abalada.
– FAZER O QUE GOSTA?! – o tio explodiu para cima dela. – E DE QUE ADIANTA FAZER O QUE GOSTA SE NÃO TIVER DINHEIRO PARA SE SUSTENTAR? – o velho estava vermelho de tanta raiva.
– Quando fazemos algo que gostamos, o dinheiro é secundário. E não é ele que traz a felicidade, mas a realização de um sonho ou de um trabalho que se aprecie.
– Duvido que conseguirá sobreviver. Voltará correndo para a casa e vai implorar para que a aceitemos de volta – ele recobrou um pouco do controle. – Nem bem você conseguiu ficar em Tóquio sozinha, e olha que estávamos bancando todas as suas despesas! – o tio estava inconformado, tanto por ter alguém questionando suas idéias, quanto por ela estar calma.
– Dessa vez será diferente. Estarei fazendo algo que gosto – levantou–se da mesa. – Agora, com sua licença, vou para o meu quarto estudar – e encaminhou–se para a porta.
– Ainda não terminamos, mocinha. Faça o favor de voltar e se sentar, porque essa conversa ainda vai longe – os olhos dele eram de puro ódio, afinal, ninguém nunca o deixara falando sozinho antes.
Tomoyo chegou a virar–se para ele, ainda sem expressão, e ia falar alguma coisa, mas Freya bateu à porta e entrou.
– Senhorita Daidouji, um de seus amigos deseja falar com a senhorita no seu celular – a empregada anunciou e mostrou o aparelho a Tomoyo.
A jovem virou–se para Freya, mas o tio respondeu antes.
– Diga que ela está ocupada e que retornará a ligação mais tarde.
– Eu já disse, senhor, mas o rapaz insiste que é urgente! – exclamou Freya.
Dessa vez foi Tomoyo quem respondeu, cortando o tio.
– Pode deixar que eu atendo, Freya. Qualquer coisa é mais importante do que essa conversa que vem se repetindo há quase um ano – ela respondeu indo até a amiga, pegando o telefone e deixando para trás um raivoso tio–avô.
Ao chegarem a uma certa distância da sala e se certificarem de que não podiam mais ser ouvidas, Tomoyo agradeceu a Freya.
– Obrigada. Fico te devendo uma! Foi a melhor mentira de todas! – ela riu, também arrancando sorrisos da amiga. – Você está ficando boa nisso! – e deu uma piscadela, seguindo para seu quarto a fim de escovar os dentes.
Depois disso, Tomoyo sentou–se em sua escrivaninha e passou a estudar História. E assim ficou por duas horas e meia, quando cansou de olhar para aquele monte de letrinhas e vê–las se misturarem umas com as outras.
Decidiu então que daria uma volta pelo enorme jardim da mansão, para se distrair um pouco. Quem sabe até entraria na piscina.
Vestiu um maiô violeta que combinava com seus olhos e colocou um shorts branco por cima deste, deixando os pés descalços e os cabelos presos em uma grossa trança.
Sentou–se na borda da piscina, colocando apenas os pés dentro dela e sentindo a água gelada provocar uma refrescância gostosa.
Resolveu não mergulhar, ficando apenas a observar seu reflexo no leve ondular das águas calmas. A pessoa que a encarava de volta continuava com um olhar triste, de... solidão. Essa era a palavra certa. Solidão por não ter ninguém ao seu lado em um momento como esse.
Além disso, Tomoyo sentia–se diferente de todos, como alguém que nunca achou o caminho certo na vida e que, aparentemente, não iria achar tão cedo.
Sua amiga Sakura Kinomoto namorava Syaoran Li há quatro anos e fora morar com ele na Inglaterra.
Chiharu Mihara casara–se com o primo, Takashi Yamazaki, e se mudara com ele para Tóquio há cerca de um mês, onde tiveram sua primeira filha, Kisa.
Meiling Li, prima de Syaoran, estava morando com um canadense há seis meses.
Por último, Rika Sasaki era casada com Yoshiyuki Terada há dois anos e, juntos, continuavam a morar em Tomoeda.
Restavam apenas ela e Naoko Yanagisawa, sendo que a última já estava de olho em um dos alunos do terceiro ano da faculdade de Medicina.
"Se bem que Naoko não pensa em 'juntar os trapinhos' agora, e talvez nem nunca pense", ponderou Tomoyo, lembrando–se da amiga namoradeira. "Mas como esse povo gosta de casar cedo, hein! Onde já se viu isso!", e deu um meio–sorriso ao imaginar como cada um de seus amigos deveria estar se virando.
Ficou ali mais algum tempo, evitando que pensamentos ruins passassem pela sua cabeça, e lembrou–se da hora.
Assim que entrou em casa olhou para o relógio em cima da lareira e constatou serem 11h39. Como só iria almoçar lá pelo meio–dia, resolveu assistir a um pouco de televisão em seu quarto.
Rodou por, praticamente, todos os canais da tevê a cabo sem encontrar nada de bom. Mas alguma coisa chamou a sua atenção no canal número 115: um concerto era transmitido ao vivo, de Londres.
O pianista tinha no rosto um sorriso descontraído, como se tocasse aquela música desde criança e estivesse tão habituado, que seus dedos já percorriam as teclas por livre e espontânea vontade.
Tomoyo achou aquela música em especial muito bonita, mesmo que nunca a tivesse escutado antes. Ela tinha um tom sereno, que despertava uma sensação de calmaria em quem quer que a escutasse. E foi exatamente assim que Tomoyo se sentiu, leve como uma pluma.
A música acabara e provavelmente o concerto também, sendo que, logo que a melodia cessou, todos aplaudiram o jovem pianista de pé, e este fizera uma reverência em agradecimento.
"Nossa! Foi lindo! Será que um dia poderei cantar para uma platéia assim e ser igualmente aplaudida?", perguntava–se, imaginando a si mesma parada naquele palco ao lado do pianista: enquanto ele tocava aquela bela melodia, ela ia entoando palavras igualmente delicadas.
E depois, os aplausos. Sim, ela seria muito apreciada e conhecida internacionalmente, conquistando mais uma vez a confiança e o apoio da família...
CONTINUA...
OoOoO
N/A: Oie!
Finalmente estamos postando uma nova história... tomara que gostem, porque ela já está prontinha e nós adoramos o resultado! Isso significa que as postagens serão semanais, todo sábado.
Esperamos reviews!
Kissus,
Mizu e Kimi
