Título da fic: Tsuiseki Fusei Na
Autora: Eri-Chan
Conto De Fada Usado: Chapeuzinho Vermelho
Fandom: The GazettE
Casal: Miyavi x Kai
Classificação: NC-17
Sinopse: Um coração partido. Um doido apaixonado. Um mafioso nervoso. O que acontece quando se está no lugar errado, na hora errada e carregando o objeto errado?
Gênero: Suspense, angust leve, comédia, romance, universo alternativo
Beta: Lady Bogard
Disclamer: the GazettE e Miyavi não me pertencem e sim à PS Company, que detém seus respectivos direitos autorais.
Observação: Universo Alternativo, plot desenvolvido para o II Desafio do LJ Secrets Place, moderado pela Lady Anúbis.

Tsuiseki Fusei Na
Eri-Chan

Parte I

Mais uma vez eles discutem sobre isso. Já é a centésima vez que acontece só nessa semana. Parece o fim do mundo. O Armageddon. É sempre assim depois do almoço. Os gritos, os lamurios. Não há como evitar.

Kai, que está na sala revisando umas lições da faculdade, resolve ir à cozinha tentar acalmar os ânimos de seus companheiros de apartamento. A cena é a mesma de todos os dias: Ruki ameaçando o Uruha com uma frigideira por que este se nega terminantemente a lavar a louça.

Ao ver Kai na porta da cozinha Uruha corre para trás dele, fazendo-o de escudo.

– Pode sair daí Kouyou e vir lavar logo essa louça – manda Ruki ameaçando jogar a frigideira na cabeça de Uruha.

– Ah, mas o detergente resseca minhas mãos. Não quero ficar com as mãos iguais as suas Takanori. Senão não poderei tocar minha guitarra. – choraminga Uruha atrás de Kai.

– Isso não tem nada a ver. O detergente é neutro, então não prejudica a pele. E o que você quis dizer com não querer ter as mãos iguais as minhas? – o pequeno se exalta cada vez mais.

– N-nada. Mas é injusto só eu lavar a louça – Uru desconversa logo.

– Como assim só você lava a louça? A louça do café sou eu que lavo e a do jantar é o Kai – a cada palavra Ruki eleva a voz e a frigideira.

– É. Mas a pior sempre sobra pra mim…

Vendo que essa discussão não terá um final próximo; Kai, que observa tudo em silêncio, se adianta e pega o avental amarelo em cima de uma das cadeiras e se dirige para a pia.

– O que você pensa que vai fazer Yutaka? – rosna Ruki ao perceber as intenções de Kai.

– Lavar a louça – Kai responde simplesmente, dando um de seus mais radiantes sorrisos.

– Mas desse jeito o Uruha nunca vai perder a preguiça.

– Preguiça?! – rebate Uruha. E a discussão recomeça.

Kai sorri para si mesmo enquanto lava a louça. Há três anos que divide o apartamento com seus melhores amigos e desde o primeiro dia Kouyou se recusa a lavar a louça, sempre com desculpas esfarrapadas.

Morar com seus amigos foi uma decisão acertada. Depois de perder a família num trágico acidente e ser traído pelo homem que mais amara, ele pôde encontrar consolo e força junto aos amigos. Da mesma forma que ele, Ruki e Uruha também tinham sofrido muito.

Uruha sempre teve problemas de relacionamento com o pai, um general renomado, que não aceitava a decisão do filho único de não servir o exército. Em toda reunião de família seu pai fazia questão de compará-lo com seus primos, o que o deixava arrasado, pois todos eles eram bem sucedidos em suas carreiras enquanto Uruha apenas trabalhava como garçom em uma lanchonete.

Ruki, por sua vez, não conseguia realizar o sonho de ser um engenheiro renomado. Sustentava os pais já com a idade avançada que moravam numa cidadezinha do interior e o salário curto de um secretário mal dava para ajudar nas despesas do apartamento. Se não fossem os amigos, provavelmente estaria em uma situação bem pior.

Quando Kai entrou na faculdade de comunicação resolveu se mudar para perto do campus. Mas sozinho ele não conseguiria arcar com as despesas da faculdade e do aluguel. Como Takanori estava com enormes dificuldades financeiras e Kouyou não queria mais morar com o pai, resolveram dividir o apartamento. E assim se passaram esses três anos, entre risos e brigas. Juntos eles tinham a força necessária para seguir em frente.

Kai já se habituara a salvar Uruha da fúria de Ruki. Sempre que tinha um tempo a mais se voluntariava a lavar a louça do almoço para alívio de Uruha e desespero de Ruki.

Desistindo de brigar por hora, Ruki vai para a sala assistir televisão. Uruha permanece na cozinha para enxugar a louça enquanto Kai terminava de lavar.

– Arigatou, Kai – agradece observando o moreninho lavando a pia.

– Não foi nada – responde com mais um de seus lindos sorrisos.

Ao terminar de arrumar a cozinha, Kai e Uruha vão até a sala onde um Ruki mal humorado está assistindo ao canal de música. Os dois sorriem da expressão zangada do amigo e num consentimento mudo pegam almofadas no sofá jogando no pequeno. Pego de surpresa, Ruki só teve tempo de se desviar de um segundo ataque, mas acabou caindo do sofá. Kai e Uruha paralisaram, temendo a reação tempestuosa do amigo. Em silêncio o viram se levantar e olhá-los com uma expressão transtornada. Já esperando pelos gritos do amigo os dois se surpreendem com o sorriso radiante que Ruki deu e só perceberam a intenção por trás do sorriso quando levaram almofadadas na cara. Sorrindo os dois aceitaram o desafio implícito e assim se inicia uma guerra no meio da sala, onde as almofadas voadoras eram seguidas pelo som das risadas dos três amigos.

Cansados eles se deixam cair no sofá ainda rindo da brincadeira.

– Fazia tempo que não brincávamos assim – Kai comenta ofegante.

– Eu estava com saudades desses momentos – Uruha se acomoda melhor no sofá e fecha os olhos.

Os rapazes ficam em silêncio, aproveitando a descontração. Com tanto trabalho quase não têm tempo de ficar no apartamento. Só se vêem na hora do almoço e na hora de dormir e nessa correria acabam sentindo falta das bagunças e das conversas entre eles.

O telefone começa a tocar. Ninguém está muito disposto a atender. Kai, como sempre o mais solícito, já se preparava para pegar o telefone quando é interrompido por Ruki:

– Deixa que eu atendo. Não sou preguiçoso como o Uru – sorrindo se desvia de uma almofada jogada pelo loiro de expressão indignada. Ao atender seu sorriso rapidamente se transformou em um esgar de raiva e nojo. Escutou por alguns minutos sem nada dizer. Ao desligar, levantou do sofá e se aproximou da janela onde encostou a testa no vidro. Ficou perdido em pensamentos por alguns instantes e então olhou para Kai com uma expressão de pesar. O moreno percebendo o olhar do outro perguntou preocupado:

– Quem era? Aconteceu alguma coisa?

– Era o Daiki-san – Ruki fala em tom baixo. Kai desvia o olhar ao escutar a resposta.

– E o que aquele infeliz queria? – Uruha fica revoltado. – Será que ele não entende que não deve mais procurar o Kai?

– Ele pediu pro Kai devolver todas as coisas que ele deu. Disse que não quer ter o nome dele envolvido com o Kai nunca mais e que quanto antes ele devolvesse as coisas melhor seria, pois assim nunca mais teria que ouvir falar dele – Ruki olhava para Kai que escutava sem esboçar nenhuma reação.

– Eu não acredito! – Uruha se exalta cada vez mais. – Como ele pode ser tão mesquinho e insensível?

Kai levanta do sofá e se dirige para o quarto. Ruki fica preocupado com o silêncio do amigo.

– Kai, tudo bem com você?

O moreno apenas confirma com a cabeça e continua andando sem dizer nada.

Uruha se levanta do sofá e se aproxima de Ruki que continua perto da janela olhando em direção os quartos.

– O Kai não merece isso – Ruki diz ao sentir a aproximação do loiro que apenas concorda com a cabeça.

ooOoo

Ao entrar no quarto, Kai encosta-se na porta e desliza até sentar no chão, abraçando as pernas num gesto de auto-proteção. Fecha os olhos e deixa que as lembranças tomem conta de seu ser.

Lembra-se então da primeira vez que viu Daiki, quando se apaixonou perdidamente. Lembra do começo do namoro, onde ele era atencioso e carinhoso. Pensa em como se divertia com as brincadeiras do namorado. Tantas lembranças boas manchadas pela traição. Nunca esquecerá o dia em que chegou mais cedo da faculdade e resolveu fazer um jantar romântico no apartamento do namorado. Decisão infeliz. Acabou encontrando seu namorado com outro na cama.

Enfim, deixa as lágrimas banharem seu rosto enquanto as lembranças das brigas vinham lhe mostrar a verdadeira realidade. Tudo estava terminado. Definitivamente acabado.

O moreno estava arrasado. Apesar de sempre sustentar a máscara de felicidade na frente dos amigos, por dentro estava arrasado. Em sua mente repassava cada palavra dita, cada gesto feito, procurando em cada uma delas um erro seu que justificasse a traição de Daiki.

Cansado de se martirizar, Kai levanta-se enxugando as lágrimas que teimam em molhar seu rosto. Lentamente caminha até o guarda-roupa e, abrindo-o, começa a separar as coisas para devolver colocando-as em cima da cama. A cada coisa separada, Kai sentia pontadas dilacerando seu coração.

Ao se deparar com um coelhinho de pelúcia rosa, Kai o abraça. Tinha ganhado aquilo quando completou um ano de namoro. O sentimento de inferioridade invade seu peito, drenando todas as suas forças.

– Onde foi que eu errei? – murmura num tom angustiado, apertando mais o coelhinho contra seu peito enquanto novas lágrimas vinham banhar-lhe o rosto.

Mais uma vez Kai as enxuga, repreendendo-se mentalmente por sua fraqueza coloca o coelhinho junto das outras coisas que separou.

Pegando uma caixa laranja, Kai organiza tudo o que será devolvido de uma forma mecânica. Cartas, roupas, CDs, fotos, tudo o que registrava um ano e seis meses de felicidade e que agora lhe causa tanta dor, estava dentro da caixa, como se fosse um caixão, enterrando seu coração.

Ao tampar, Kai amarra uma grossa fita vermelha em volta da caixa. O símbolo de seu coração ferido.

Ficou a olhar por mais alguns minutos enquanto criava coragem para enfrentar a fria realidade. Dentro daquela caixa estava a prova do mais lindo sonho de amor já vivido por ele. Sonho que terminou por magoá-lo, ferindo seu frágil coração.

Suspirando, pegou a caixa e saiu do quarto.

ooOoo

Em uma boate, no centro de Tóquio, um garoto franzino anda agoniado de um lado para outro enquanto espera ansioso para ser recebido no escritório. Já é quase 18h e o lugar está quase deserto, só há algumas empregadas que organizam tudo para as atividades noturnas.

O garoto, que aparenta não ter mais que 17 anos, duvida que seu chefe esteja de bom humor. Não que o conheça pessoalmente, na verdade nunca teve a oportunidade de encontrar o cabeça da organização, e aquela seria a primeira vez que o encontraria pessoalmente. Para o garoto é uma honra, mas mesmo assim teme por sua vida, afinal não está ali para uma visita social e sim por ser portador de más notícias.

Ele era novato no serviço e queria impressionar. Sabe, pelo que os veteranos haviam lhe contado, que o chefe era muito exigente e não admitia erros e falhas. Aquela demora o aterroriza e isso faz com que acelere os passos, os pensamentos sempre voltados para o encontro que teria a seguir, ansioso por sair vivo dessa entrevista. Não que se preocupasse consigo, mas pensava na mãe adoentada e em seus irmãos caçulas aos quais sustenta. Não queria se envolver na máfia, sempre com o sonho de se tornar jogador de futebol. Mas teve que deixar seus sonhos de lado e entrar no mundo obscuro dos traficantes de drogas. Essa tinha sido sua única opção, a única forma de sustentar a família depois da morte súbita de seu pai em um acidente de carro. Agora estava ali, entre os maiores e mais perigosos mafiosos do Japão, esperando para se encontrar com o líder.

A cada segundo que passa seu nervosismo se eleva a um nível quase insuportável. Já suava frio quando finalmente uma voz grave o manda entrar. Tremendo, abre a porta do escritório e entra em silêncio parando perto da porta.

O garoto observa a sala. É mobiliada com muito bom gosto, em um estilo vitoriano. Em um dos cantos da sala há uma escrivaninha, logo atrás há uma estante com vários livros. Na parede, uma wakizashi e duas katanas cruzadas estão penduradas sobre uma tapeçaria que ilustra um samurai lutando com um dragão vermelho. Na parede oposta à estante, de frente para a janela, há um magnífico piano de cauda. Na parede ao lado do piano há uma tapeçaria mostrando a fusão de um dragão branco com um leão vermelho. No centro da sala está um sofá de couro branco onde dois homens permanecem sentados. Eles tomam sake enquanto fumam.

O garoto se atenta para o primeiro dos homens. Ele é loiro, dá para perceber que é alto mesmo estando sentado. Ele veste uma camisa branca entreaberta e com a gola levantada, um terno preto e um cinto cravejado de brilhantes. Um crucifixo de prata com diamante lhe adorna o pescoço alvo. Está descalço com os pés apoiados em cima do sofá, mas não é isso que mais chama a atenção em sua aparência e sim o fato de ter uma faixa branca lhe cobrindo parcialmente o rosto, dando-lhe mais ênfase aos belos olhos escuros e profundos e à boca bem delineada. Ele detém uma grande áurea de poder. É impossível olhá-lo e não sentir toda a autoridade que emana dele. Com certeza aquele é o cabeça da organização. Akira Suzuki, mais conhecido como Reita. O maior traficante de drogas do Japão. Ninguém se atreve a ficar em seu caminho. A frieza com que trata seus negócios lhe deu a fama de lobo mau, pois não se deteria em matar a própria mãe, caso estivesse atrapalhando seus planos.

O segundo homem só pode ser Shiroyama Yuu, Aoi, o braço direito de Reita, o único em quem o magnata do crime confia plenamente. O garoto nunca viu tanta beleza em um homem. Ele é moreno e tão alto quanto Reita. Veste um terno risca de giz, camisa branca entreaberta deixando exposto uma boa parte de seu peito alvo. Usa inúmeros anéis e, assim como Reita, está descalço. Mas algo atrai a atenção do garoto, Aoi tem um piercing no canto direito de seu lábio inferior. O garoto se pegou imaginando como seria sentir aquele piercing roçando em seu corpo durante carícias ousadas, logo se recriminando por ter tal pensamento num momento como aquele e cora ao perceber que Yuu o encara.

Reita faz um sinal e o garoto que permanecia perto da porta se aproximou lentamente parando em frente ao sofá. Baixa o olhar para os próprios pés. Nunca na vida olhar seu sapato tinha sido tão interessante.

Aoi, dando um profundo trago em seu cigarro se dirige ao garoto:

– Então quer dizer que o novato quer mostrar serviço, hein? – olha fundo nos olhos do garoto que ergue a cabeça – Você disse que conseguiu informações importantes para nós?

– S-sim, senhor. – a voz do garoto não passa de um sussurro.

– Então diga o que é tão importante para que você queira vir pessoalmente contar-nos ao invés de mandar um recado?

– Senhor, tem gente aqui dentro que quer vê-lo cair. – o garoto fala voltando a olhar para o chão.

– Isso não é novidade. Em qualquer lugar sempre tem isso. Há invejosos por todos os lados. – Aoi desdenha as palavras do garoto enquanto Reita apenas toma um gole de sake.

– Mas senhor, não é isso o que eu queria dizer. – o garoto tenta desesperadamente se explicar.

– Então diga logo. Seja direto. – Aoi se impacienta.

– O que eu queria dizer é que entre o seu pessoal há alguém que está sendo pago para deixar vazar informações para Hikaru Hayato – o garoto fala rápido, atento às reações dos dois homens à sua frente.

Não é segredo para ninguém a rivalidade entre Suzuki e Hayato. No começo os dois eram bons amigos, cúmplices no tráfico, mas com a ambição subindo à cabeça de Hayato as relações foram cortadas. Agora Hayato quer tomar o lugar de Reita, o que provoca muitas guerras entre as gangues. Reita sempre sai vencedor. Há meses Hayato não provoca nenhum confronto, mas parece que os tempos tranqüilos acabaram.

– Informações para o Hayato? Que tipo de informações? – Aoi, antes impaciente com o garoto, agora volta a usar de sua indiferença característica.

– Informações sobre possíveis compradores, sobre as negociações atuais e coisas do gênero.

– Então quer dizer que Hayato resolveu colocar suas garras para fora novamente. – Reita, que até agora era um espectador silencioso, resolve se manifestar.

– É por isso que ultimamente nossas negociações têm dado errado. Há um dedo do maldito do Hayato. – Aoi levanta-se revoltado e começa a andar pela sala. – E ainda por cima temos um traidor. Temos que descobrir quem é o desgraçado e fazê-lo pagar por ousar imaginar que nos enganaria.

Reita continua com sua atitude indiferente, como se isso não importasse muito, mas o brilho nos orbes escuros dizia o contrário.

– Temos muitos homens envolvidos na organização e o traidor pode ser qualquer um deles. Pode até ser esse garoto insosso. – Aoi continua com o monólogo enquanto circula pela sala.

– Não sou o traidor, senhor. – O garoto se desespera com a ameaça presente na voz de Aoi e rapidamente tenta se livrar de alguma acusação.

Aoi começa a cercar o garoto, sua atitude extremamente intimidadora.

– E como podemos provar isso? Não acha suspeito tudo isso? Do nada aparece você com essa história de traição. Isso pode ser uma armadilha para nos despistar e realmente você ser o traidor. – Aoi fala num misto de sarcasmo e raiva enquanto diminui a velocidade de seus passos. Reita continua em seu estado letárgico, apenas observando Aoi interrogando o garoto.

O garoto empalidece e fica em silêncio, temendo falar alguma coisa e ser mal-interpretado. Aoi se aproxima do informante:

– Fala logo garoto. Como você conseguiu essa informação?

– Em uma das minhas entregas me escondi em um beco, pois a polícia rondava o lugar. Eu achava que estava sozinho, mas havia um homem falando no celular em um canto mais escuro do beco. Ele não me viu e eu não dei muita importância até ele citar o nome de Hayato. Curioso, me aproximei e percebi que o homem não estava sozinho. Fiquei observando os dois até que o primeiro desligou o celular e começou a conversar com seu acompanhante. Foi aí que consegui ouvir parte da conversa.

– E sobre o que eles falaram?

– Sobre o acordo feito com Hayato. Do dinheiro que receberiam por entregar as informações e do quanto estavam satisfeitos com a futura queda de Suzuki-sama.

Saindo do estado de letargia, Reita joga o cigarro no cinzeiro que está em cima da mesa de centro, levantando-se do sofá e caminhando até a janela do lado oposto da sala com o copo de sake nas mãos. Fica a olhar os carros que passam na rua que àquela hora está bastante movimentada. Aoi observa o chefe e sabe que aquela expressão perdida e o olhar distante revelam que está pensando em cada homem que trabalha para ele, tentando descobrir o possível traidor.

– Garoto, você chegou a ver o rosto do traidor? – Reita pergunta ainda olhando a movimentação da rua.

– Não, senhor.

– Sabe de alguma coisa que possa nos ajudar a encontrar esse desgraçado?

– Ouvi quando ele marcou um encontro hoje para entregar mais uma remessa de informações.

Reita vira-se para o garoto, olhando-o nos olhos.

– Onde?

– O lugar específico eu não sei, senhor, pois não deu para escutar direito, mas sei que ele passará na Rua Miamoto.

– A rua perto da Universidade Kamayura?

– Essa mesmo, senhor.

– Mas é uma rua muito movimentada. Como identificar nosso alvo? – Aoi se afasta do garoto, se apoiando na escrivaninha.

– Os homens de Hayato não conhecem o informante, então ele terá que se identificar se destacando na multidão de pessoas. – o jovem olhou de Reita para Aoi que o encaram em expectativa – Ele estará vestindo um casaco preto e estará carregando uma caixa laranja envolvida com uma fita grossa vermelha.

– Que horas será esse encontro? – Reita pergunta voltando a olhar pela janela.

– O horário exato eu não sei, mas ouvi um deles afirmando que passará na Rua Miamoto às 19 horas, senhor.

– Ele estará sozinho?

– Não sei especificar, senhor.

Então o silêncio toma conta da sala. Por vários minutos Reita fica novamente olhando a movimentação da rua, perdido em seus próprios pensamentos. Aoi fica admirando as espadas que adornam a sala e o garoto fica olhando de Reita para Aoi esperando alguma reação. Reita, então, olha para Aoi que se aproxima, ficando ao seu lado.

Aoi sabe o que se passa na cabeça do loiro. A dor da traição volta a assolá-lo. Afinal, foi por causa de uma traição que o loiro entrou no submundo do crime. Se a sociedade tivesse lhe dado uma chance ele não estaria chefiando essa organização e sim sendo o músico que sempre quis ser. Mas somente Aoi sabe disso. Por medo de uma nova traição Reita se fechou como uma ostra e ninguém, além de Aoi, tem acesso aos seus sentimentos.

– Quero a cabeça desse desgraçado em uma bandeja de prata. – Reita murmura mais para si mesmo do que para Aoi.

Aoi consente em silêncio e caminha até a porta da sala onde calça seus sapatos.

– Você tem carta branca para agir, Yuu. Não importa se você o trará vivo ou morto, apenas quero a cabeça desse maldito traidor. – Reita volta-se para Aoi, que faz um pequeno movimento com a cabeça em concordância. Reita olha para o garoto. – Você me foi muito útil. – e com um gesto despachou o garoto que saiu da sala rapidamente.

Aoi olha para o relógio. São 18h30min. Então se aproxima de Reita que voltara a se sentar no sofá e está ocupado em acender um cigarro.

– Está tudo bem?

– Claro que está Yuu. Estou apenas pensando a que nível chegou Hayato. Contratar um espião. Isso só mostra o quanto é fraco. E esse informante irá me pagar muito caro. Pobre diabo, não imagina com quem se meteu.

– Sei que tenho carta branca, mas você tem alguma preferência quanto à captura do infeliz?

– Já falei Yuu. Não importa como você o traga, o final será o mesmo. Aquele maldito espião pagará com a vida.

Aoi sorri no que é correspondido por Reita.

– Agora vá. Não quero que perca nosso alvo. – o loiro diz com olhar repleto de maldade.

Aoi sai da sala com um sorriso maroto. Reita volta a encher seu copo com sake, e enquanto fuma desvia seu olhar para a janela.

– E o jogo de gato e rato começa agora.

Continua...


N / A: Nem acredito que consegui terminar esse texto. Foram os dois meses mais longos de toda minha vida. Parecia que o mundo conspirava para que eu não conseguisse terminar no prazo, mas, aqui está minha primeira fic.

Bem o título Tsuiseki Fusei Na significa Perseguição Injusta, nem preciso explicar o motivo, né? xD~

Eu não poderia deixar de fazer uma dedicatória nesse 1° capítulo à todas aquelas pessoas que me apoiaram e incentivaram em todo o tempo de produção.

Kaline, foi você que me meteu nessa "fria" e eu agradeço muito. Obrigado por todo o incentivo e força nos piores momentos. Obrigado também por betá-la deliciosamente. Amo você Sensei.

Lady Anúbis, não há palavras o bastante para agradecer todo o apoio, toda a atenção e carinho dispensados à minha pessoa. Perdoe-me por todos os momentos depressivos.
Aprendi muito com nossas conversas.

Railan, obrigado por ser minha cobaia-mor. Valeu por todo incentivo e as ameaças também.

Diego, obrigado por me ajudar com o título, afinal a sua "bíblia" japonesa me foi muito útil.

Gisele, por sua ajuda no laboratório para a cena da boate. Te amo maninha.

Peu, Léo, Barbara, André, Evellyn, Jéssica e Bruna obrigado pelas opiniões e palavras de estimulo. Obrigada por me agüentarem na escola durante minhas crises histéricas. Valeu pela paciência.

Yvone (Ark), por ter salvo meu primeiro arquivo e me ajudado a recuperá-lo quando o computador maluco deletou a fic sozinho. Você salvou minha sanidade.

E agora, que venha o Amigo Secreto...

*rolando pro cantinho escuro*

Espero pelos Reviews!!!

Beijos,

Eri-Chan

18 de Dezembro de 2008