O ano era 1480 quando ele tornou-se vampiro e seu antecessor, antes de morrer, lhe concedeu o trono e o avisou sobre a lenda. De que um dia ele precisaria possuir "a escolhida" para perpetuar a raça. Ele precisou esperar pelo ano, pelo lugar e pelo dia certo. Até que ela nascesse. Mas quando se é o rei de toda uma raça e está acima de tudo e todos, não se imagina que uma simples humana, pode acabar virando seu mundo de pernas para o ar.
~ * Edward PDV * ~
Eu passei pouco mais de 500 anos esperando. O tal ano não chegava nunca. O que tinha sido me avisado, era a data e o local. Mas eu não saberia facilmente que era a criança. Seria preciso olhar uma por uma para achar a tal cicatriz que viria na pele dela. Um forma parecida com uma lua, na sua virilha.
Estávamos em 1991 e eu já tinha me mudado da Romênia para Londres, local exato do nascimento. Naquele 13 de setembro eu coloquei todos os vampiros da Inglaterra para rodarem os hospitais da cidade. Foi numa minúscula clínica na rua Great George St. que ela nasceu.
Fui chamado no meio da madrugada e me dirigi para o local. Fiquei invisível e entrei a ala da maternidade indo direto para o berçário. Só tinham 4 crianças ali e apenas uma era menina. Entrei de qualquer maneira e a enfermeira estranhou a porta balançar. Devia imaginar que era só o vento. Afastei de leve a fralda e pude ver o marca em forma de lua do lado direito da virilha. Era ela. Isabella Swan era o nome que estava na sua pulseirinha.
Acho que o toque da minha mão fria a assustou, porque a criança abriu começou a chorar e eu achei melhor sair logo dali. Durante aqueles dias, eu fiquei impaciente para saber para onde ela seria levada, quem eram os pais dela, tudo mais. Descobri que a casa deles não era muito longe da clínica, logo, era num bairro bom.
Quando os pais fecharam a porta de casa eu pude descansar e voltar para a minha. Tinha comprado uma casa na parte mais deserta da cidade. Lembro que quando fechei o contrato com o corretor, ele ainda me perguntou se eu tinha certeza disso, pois diziam que a tal casa era assombrada. Quis respondê-lo que os fantasmas se assustariam comigo, mas deixei passar.
- Drac...
Peguei Emmet pelo pescoço para fazê-lo se calar. Ele era um bom amigo, mas um pouco tapado.
- Edward! Meu nome aqui é Edward! Quantas vezes eu preciso repetir isso?
- Certo, já entendi! O que eu posso fazer se estou acostumado a te chamar pelo outro nome desde... sempre?
- Acostume-se, Emmet. Drácula ficou na Romênia. Aqui, eu sou Edward Cullen.
- Não vejo o motivo disso tudo.
Ele passou por mim chutando o ar, de cara fechada e bufando.
- Como você acha que as pessoas reagiriam se eu me apresentasse com meu nome verdadeiro, imbecil?
- No máximo elas perguntariam se é por causa do filme...
Ele fazia para irritar, pois sabia que eu tinha verdadeiro ódio dos filmes que falavam sobre minha pessoa.
Eu teria que me acostumar com aquela humilde residência, já que era a maior que eu consegui achar pela cidade. Era uma pena pensar que não se faziam mais castelos... O máximo agora, era chamado de mansão, o que ainda assim, não chegava perto do tamanho de um castelo. Principalmente o meu. O 6º e último andar eu tinha isolado apenas para mim. Não queria ninguém passando por ali, queria calmaria pelo menos, já que espaço seria difícil.
- Edward?
Tinha ouvido Alice se aproximar desde que pisara no início da escada, mas quis deixar ela chegar, para ir me acostumando a ser uma pessoa normal. Esperei ela me chamar para então, olhá-la.
- Sim?
- Agora que ela nasceu... Nós não poderíamos voltar?
- Para a Romênia?
- É... Sinto falta do espaço lá...
- Alice, o fato dela ter nascido não significa que acabou. Ou você acha que eu vou dar tchau e voltar daqui há 17 anos?
Ela arregalou os olhos e eu via o medo dentro dela.
- A-anos?
- Claro. Acompanharei a vida dela. Não vou dar chance para o azar. Ela pode... ser atropelada, ser baleada, ser estuprada...
Acho que a fiz entender meu ponto de vista, já que a pequena revirou os olhos e saiu do meu quarto.
- Ela pode cair de uma árvore, ou cair de alguma ponte...
- EU JÁ ENTENDI, EDWARD!
Fiquei satisfeito pela sua compreensão.
O bom de ser o único, o rei e o mais poderoso dentre eles, é que ninguém me dizia não. E ninguém vinha tirar satisfações comigo. E ninguém também me xingava quando eu colocava todos eles para andarem atrás dos pais dela para cima e para baixo. Ah vai, era legal! Eles estavam conhecendo melhor a cidade. Na primeira vez que ela quase morreu, eu tive vontade de decepar a cabeça oca da mãe dela. Renée. Ela passeava com Isabella deitada no carrinho e estava na calçada para atravessar a rua quando virou-se para trás para falar com uma amiga que a chamou, e simplesmente tirou as mãos do carrinho. Eu estava há pouco mais de um quarteirão de distância quando vi o carrinho deslizando para a rua e os carros vindo.
- Renée, sua incompetente!
Tive que ficar invisível e ir que nem um foguete até ela. Apenas segurei o carrinho, fingindo que ele tinha parado sozinho e fiquei, esperando a belezura parar de conversar. Aquele dia eu precisei me controlar para não deixar a criançã orfã de mãe. Fala sério, até eu sou mais cuidadoso do que essa retardada!
- Vamos para casa, coisa linda da mãe?
Ela falava como se fosse excelente... Paciência!
Quando ela completou 8 anos eu estava apavorado. Criança cresce tão rápido assim? Ou eu que já não sentia mais o tempo passar? Analisando-a agora, eu podia imaginar que ela seria uma mulher bonita. Bella, como eu passei a chamá-la, de tanto que ouvia os outros fazendo isso, tinha os cabelos castanhos e pouco ondulados, até o meio das costas e uma franjinha que quase cobria os olhos. Eu sabia que ela odiava aquilo, mas Renée quase a obrigava a cortar. Ela ficava na hora do recreio bufando e fazendo a franja levantar e abaixar.
- Hey Bella! Quer ver eu contar para todo o colégio que você ainda faz xixi na cama?
Wow! Aquilo não era legal. Realmente ela tinha... um pequeno probleminha para controlar a bexiga. Inúmeras vezes ela sonhava que estava no banheiro, quando na verdade, estava na cama. Bella ficou roxa e cruzou os braços em volta do peito, quase chorando. Criança quando quer, consegue ser má.
- Me deixa!
- Eu vou contar... eu vou contar!
A loirinha enjoada estava atrás dela batendo pé com a mão na cintura.
~ * Bella PDV * ~
Ela queria me fazer chorar! Ia espalhar para o colégio todo que eu faço xixi na cama. Queria sair correndo de perto da Lauren, ela me odiava! Levantei e dei língua para ela antes de correr.
- Não foge Bella! Eu não vou contar para ninguém que voc...
Ela estava gritando e então parou. Parecia ter congelado com os olhos arregalados. Bem-feito, seu nariz tá mal feito!
~ * Edward PDV * ~
Tive que dar um jeito nisso, né? Apertei o pescoço fino até que ela ficasse sem voz. A menina se mijou, coitada.
Naquele dia cheguei em casa para descansar, mas tive que me estressar com problemas de Emmet. Ele entrou no meu quarto sorrindo de um jeito que eu sabia... Tinha transformado alguém.
- Oi.
- Homem ou mulher?
- O que? Nem sei do que você está falando, Dra... Edward.
Eu estava tirando a roupa para ir tomar um banho e tinha me virado de costas para ir ao banheiro. Mas sabia que ele tinha aquele semblante cínico, de quem está mentindo.
- Estou com pressa, Emmet. Se puder ir direto ao assunto, seria melhor.
- Ok, eu conto. É uma mulher e eu queria saber se ela pode ficar aqui.
- E Rosalie?
- O que tem? Nós não temos compromisso nenhum.
Mas o que eu tinha a ver com tudo isso? Por mim ele podia ter uma em cada esquina! Dei de ombros e concordei.
- Traga-a para eu conhecer. Qual seu nome?
- Isabella.
Parei na porta e virei para olhá-lo. Ele sorria sem-graça, coçando a cabeça.
- É, eu sei, o mesmo nome da sua... O que ela é sua, afinal?
- Não a quero aqui.
- Mas...
- Sem mais. Nenhuma Isabella aqui, além dela.
- Ok, Edward... você não acha que a sua Isabella vai demorar um pouquinho para vir aqui?
Ele não estava mesmo discutindo comigo, estava? Fiz Emmet flutuar até o teto e olhei sério.
- Eu não a quero aqui.
- Já entendi.
~ * Bella PDV * ~
- Querida, que tal almoçarmos fora amanhã para comemorar seu aniversário?
- Não quero, mãe.
- Mas Bella... Só um almoço, nada demais.
- Não quero, prefiro ficar em casa lendo.
Ela fez uma careta para mim e me beijou na testa antes de sair do quarto. Eu acho que nunca gostei de aniversários. Lembro que na minha festa de 10 anos, eu passei a tarde toda chorando enquanto meus pais me obrigavam a me vestir. Nossa, como era bom crescer e começar a ser dona do próprio nariz!
~ * Edward PDV * ~
- Vai onde, Edward?
- Não acho que seja da sua conta, mas vou na Bella.
- Fazer?
- O que acha, Emmet? Vou bater um papo, perguntar como ela se sente, falar com os pais dela... Tudo que eu faço sempre!
Ele me olhou confuso e depois pareceu entender a ironia. Sim, ele demorava a entender essas coisas.
- Perguntei por perguntar.
Hoje era 12 de setembro de 2005. Bella faria 14 anos amanhã e eu ia mais uma noite observá-la dormir. Não que eu fizesse isso sempre, ok, eu fazia. Entrei no quarto dela e olhei aquela parede que me irritava profundamente, cheia de fotos de adolescentes que deveriam ter uns 2 ou 3 pentelhos no saco, mas que faziam as meninas da idade dela babarem e gritarem pedindo autógrafos. Hoje ela estava dormindo abraçada com um livro. Coisas de Bella. Tirei-o de seus braços e olhei a capa. Eu mereço. O livro era sobre vampiros.
O que raios ela fazia com um livro sobre vampiros? Não era muito nova para ficar lendo sobre isso? Aí lembrei que a mãe dela era uma incompetente e provavelmente não sabia que a filha já entrava na sessão de terror da biblioteca. Sentei na beira da cama e folheei o livro. A mesma coisa de sempre, que vampiros viram morcego e não gostam de alho... Quanta palhaçada. Tive vontade de dar sumiço no livro, mas não ia fazer isso no aniversário da criatura. Fiquei algum tempo olhando a respiração tranquila dela e me curvei para falar em seu ouvido.
- Feliz aniversário, Bella.
~ * Bella PDV * ~
Sonhei? Sentei rápido na cama e olhei em volta, vendo o quarto vazio. Devia estar sonhando então. Um vento frio passou rápido por ali e eu levantei para ir fechar as janelas, mesmo lembrando de ter fechado-as antes de dormir. Antes de deitar de novo, vi meu livro na beira da cama, mas não lembrava de tê-lo colocado ali. Eu tinha dormido abraçada com ele, tinha certeza!
- Você andou sozinho é?
Abri ele na página que eu tinha parado e dei mais uma lida. Nossa... Seria tão bom se vampiros existissem! Olhei para a janela e sorri.
- Não ia reclamar se um vampirão gostosão entrasse aqui para me morder!
~ * Edward PDV * ~
Ela tinha quantos anos mesmo?
Eu tinha perdido alguma coisa? De onde vinham todos esses hormônios? Eu sabia que ela já tinha sangrado pela primeira vez, e lembro que ela quase morreu de susto, porque estava no meio da rua. Mas dali para cá não aconteceram muitas coisas. Não aconteceu nada para ser mais exato! De onde veio todo esse fogo? Ela tinha um sorriso de satisfação quando fechou os olhos para voltar a dormir. Melhor ir embora ates que eu enlouqueça de tanto tentar achar uma resposta.
- Edward.
- Estou subindo, não me incomodem mais hoje.
Passei sem dar atenção para Alice e Jasper que estavam se lambendo na sala. No meio da escada tive o desprazer de encontrar Emmet, que me parou.
- E aí?
- E aí o que?
- Foi lá na Bella?
- Fui.
- Edward... sem querer me meter...
- Se não quer, não se meta.
Continuei subindo para meu andar e o chato veio atrás. Até hoje eu me perguntou porque escolhi eles para virem comigo.
- Não, sério. Olha só, a garota só não interessa para quando você precisar... Você sabe, cumprir a profecia?
- Sim.
- E por que você se envolve tanto com ela então?
Me senti um idiota pensando numa resposta coerente. Que não veio. Peguei Emmet e joguei lá embaixo.
- Avisei que não queria ser incomodado.
Aquela porra daquela pergunta ficou atazanando minha mente. Que diabos eu estava fazendo? Tentando ser o melhor amigo de Bella? Era tão mais simples eu apenas esperar pelo dia, pegá-la, fazer o que tem que ser feito e pronto! E é como vai ser de agora em diante. Não ficaria mais atrás dela para lá e para cá. Desisti de ficar em casa e achei melhor sair para comer alguma coisa. Estava com fome de ruivas hoje, não sei por que.
- Ué, vai sair?
- Vou.
Fechei a porta antes que chovessem mais perguntas. Não precisei ir muito longe para achar uma presa. Bastou ir até um pub, sorrir para uma ruivinha e sair de lá com ela.
- Qual seu nome?
- Não importa muito.
Conversar para que? Elas adoravam e só tomava meu tempo. Furei logo o pescoço e voltei para casa saciado. No dia seguinte, quando acordei, fiquei pensando no que ia fazer. Inglaterra não era tão legal quanto a Romênia... Que se dane! Não dá para não ficar tomando conta da vida dela. E lá fui eu de novo mais um dia. Mais outro. E mais outro.
Quando se é igual a mim, apesar de eu ser único, há algumas vantagens que os outros não possuem. Tipo, andar de dia, desde que não esteja uma merda de um sol brilhante lá no céu. Não me perguntem o que me fazia assim, mas eu era o único vampiro que conseguia tal proeza sem morrer em chamas. Naquelas duas semanas Londres resolveu virar o inferno na Terra. Não que eu não gostasse de um inferno... Mas não daquele tipo. O sol escaldante lá fora me impossibilitou de ver Bella durante o dia. Eu precisei me contentar com as noites.
- Oi, Edward!
Parei no meio da escada olhando para aquela figura loira na minha frente e olhei em volta.
- Tanya? O que faz aqui?
- Fiquei com vontade de mudar de ares, sabe? Coisa nova...
- E escolheu justo Londres?
Ela deu de ombros e sorriu sedenta como sempre.
- Talvez eu tenha sentido... saudades.
Seu cheiro inebriante de fêmea me querendo, chegou até minhas narinas. Colei meu rosto no seu pescoço, passando a língua pela pele fria, mas voltei a me concentrar nos meus afazeres.
- Já estava de saída. Fica para a próxima.
- Sim senhor.
Ela beijou minha mão e me deixou passar. Na Romênia, Tanya era uma das poucas que tinham livre acesso aos meus aposentos e eu admito que já sentia falta daquele corpo em cima do meu.
Quando cheguei na casa dela, Bella estava no banheiro falando ao telefone. Pela animação dela, deveria ser Angela do outro lado da linha.
- Eu sei que ele popular e tal, mas o que posso fazer se estou afim dele?
Ela deitou de bruços na cama com os pés balançando no alto. Ela está afim de quem? Eu odiava esse sol desgraçado que não me deixava ir no colégio.
- Vou tentar sim! Eu acho que hoje ele bem já deu umas olhadas nas minhas pernas! Amanhã vou de saia mais curta!
Hein? Isso muito me preocupava... Eu precisava dela virgem!
- Já ando até sonhando que estou beijando aquela boca... e outras coisas mais...
Ok, eu teria muito trabalho em mantê-la intocada. Merda! Saí puto dali e fui matar minha fome em outro lugar. Dentro de Tanya.
Entrei em casa e fui atrás do cheiro dela, que vinha do 2º andar.
- Já viu quem está aqui, Edward?
- Já... Não nos interrompa.
Passei direto por Jasper e fui até o quarto dela, totalmente tomado com suas coisas. Mulheres são rápidas...
- Dracul!
- Edward.
- Ah sim... ainda tenho que m acostumar com isso.
Ela se levantou e tirou o roupão de seda, deixando-o cair aos seus pés.
- Pelo visto continua a mesma.
- Sempre ao seu dispor...
Me aproximei dela e a fiz ajoelhar, levando junto minha calça. O bom do sexo com vampiras, era não precisar me preocupar em matá-las ou agradá-las. Ali eu era o agradado. Porém, elas não tinham o calor do corpo das humanas. Não eram quentes como elas.
- Senti falta disso, Edward...
É claro que ela sentia. Qualquer uma sentiria falta de mim. Tanya já estava deitada com a cabeça no meu peito, depois que terminamos. Eu jurava que ela estava achando que tinha alguma propriedade sobre mim. Levantei rápido e me vesti.
- Já vai?
- Até outro dia, Tanya.
- Estarei esperando.
Saí do quarto para descansar um pouco já que estava amanhecendo e eu podia sentir que o sol continuaria aparecendo forte.
Eu achei que fosse poder descansar um pouco durante o dia, mas Emmet, claro, teve que me fazer enxergar que isso não era possível.
- Edward?
Ele entrou no meu quarto com aquela cara de quem queria pedir alguma coisa. Eu não precisava olhá-lo, eu sabia que ele estava com a tal cara.
- Fale.
- Eu vi que Tanya está aqui.
- Ela chegou ontem.
- É...
Abri só um olho e pude vê-lo coçando a cabeça. Emmet não parecia ter congelado na aparência todos esses séculos. Ele parecia ter congelado na mentalidade também.
- Fala logo, Emmet.
- Então... é que Rosalie não tem me dado muita atenção, sabe?
- E?
- Acho que Tanya pode me dar o que estou precisando...
- Quer Tanya para você?
Senti sua voz vacilar com medo.
- Não, claro que não! Bem... talvez um pouco...
- Pode usá-la. Eu não a tomei como única.
- Sério? Não vai se importar?
- Suma daqui logo, Emmet. E boa transa.
Ouvi uma risada de vitória no corredor enquanto ele descia as escadas. Eu estava pouco me lixando para quem Tanya daria ou não. Contanto que ela estivesse disponível quando eu precisasse...
Naquela noite de sábado as coisas não aconteceram como eu havia imaginado. Quando cheguei na rua de Bella, vi ela saindo de casa com uma amiga. Que pais são esses que deixam uma garota de 14 anos andar pela rua às 21h? Resolvi seguí-las de longe e vi quando entraram numa casa dois quarteirões depois. Estava rolando uma festa ali? Eu mereço!
~ * Bella PDV * ~
OMG! Quanto gato! Estufa o peito que você ainda não tem, Bella! Entrei com Jessica na festa, procurando logo por Mike. Eu precisava trocar uns olhares com ele hoje.
- Achou ele, Bella?
- Não. Vou morrer se ele não tiver vindo!
- Também não o vejo...
Ok, aquilo foi estranho... Um calor infernal e do nada, eu sinto um vento frio nas minhas costas.
- Sentiu isso, Jess?
- O que?
- Essa corrente de ar?
Ela me olhou confusa. Será que só eu senti?
- Que ar, Bella? Está um forno aqui!
~ * Edward PDV * ~
Ops. Acho que grudei demais atrás dela. Mal calculado. Mas era preciso, né? Não deixar muito espaço para circulação masculina por ali, era importante.
- Bella! Jess!
Conhecia aquela voz. Era Angela chamando as duas lá no fundão, onde tinha um grupo de garotos vestidos com jaqueta de time de futebol. Qual deles era o tal de Mike?
- Viu? Ele veio!
Olhei para a direção que Jessica olhava e vi um garoto em forma de osso puro e loiro. Era com isso que eu competia? Piada.
- OMG. Ele está lindo! Me segura que vou agarrar, Jess!
Lindo? Ele parecia um girino. Elas foram até o grupo e quando chegaram, o loiro sorriu para Bella.
- Oi, Swan.
- Oi...
Toda derretida. Se cuida, moleque. Quando você crescer vou quebrar teus ossos.
O que eu vim fazer aqui? Se fosse uma festa com orgias e bebidas e sangue, de preferência, tudo bem. Mas só tinha girinos e meninas querendo transformar os sapinhos em príncipes!
- Ei, garotas! Querem o ponche batizado?
- Batizado? Como assim?
- Roubei uma vodca do meu pai...
Ah que lindo! As inocentes sorriram felizes aceitando o ponche "batizado". Bella pegou o copo dela e antes de tomar o primeiro gole, colocou em cima do balcão para ajeitar os cabelos. Eu troquei o copo na velocidade da luz e joguei o batizado fora.
- Está forte, Bella?
- Não! Nem dá para sentir o gosto de álcool...
- Credo... Você já é uma bebum então.
Ah como eu estava me divertindo! Aquela música ultrapassando os limites permitidos de volume e um bando de pirralho querendo ficar bêbado. Não que eu também não gostasse de uma mulher bêbada se jogando em cima de mim. Mas eu não gostava da minha Bella bêbada se jogando em cima do girino.
- Posso falar contigo depois, Bella?
- Aham. Vou no banheiro rapidinho e já volto.
Ela falou nervosa e saiu puxando Angela pela mão. Eu segui, claro.
- Ok, é hoje! Hoje eu perco a virgindade!
- Oi?
Oi? Faço minha a pergunta de Angela.
- Da boca, sua doida!
- Ah! Que susto, cara... quase pensei que fosse... você sabe.
- Ew. Lógico que não!
Bom saber que ela disse "ew". Continue achando nojento por mais longos anos, querida. Notei que suas mãos estavam tremendo quando ela passou-as no cabelos, tentando bagunçá-los.
- Vai com fé, amiga! A fama é que ele beija muito!
- Ai meu Deus, estou nervosa! Tipo, tremendo, olha.
Eu é quem já estava ficando nervoso. Ela ficaria chateada se o futuro ficante morresse afogado?
As duas voltaram para junto do grupo e eu senti que precisava sair um pouco. Não estava dando mais para aguentar a invisibilidade. Fui dar umas voltas pela rua e encontrei um dos meus perambulando sedento por ali.
- Nome?
- Jonas, e o seu?
- Quem você acha que eu sou?
Ele deu dois passos para trás e ficou mais pálido que o normal.
- Dr-drácula?
- O que faz aqui nessa rua?
- Sério, você é ele? Wow! Eu ouvi um lance de que o chefão estava na Inglaterra... mas não sabia que íamos cruzar o mesmo caminho!
Ele olhou meu anel e esticou a mão para beijar. Idiota!
- O que pensa que está fazendo? Estamos em público!
- Me desculpe.
- Pode dar meia volta. Não tem nada aqui que te interesse.
O retardado pareceu querer me desafiar, olhando em direção à casa.
- Mas está tendo uma festa ali.
- Exatamente. E eu acabei de mandá-lo embora, não foi?
- Eu... não posso me alimentar?
- Não aqui.
Ele me olhou mais uma vez e eu parei para olhá-lo diretamente nos olhos. Mandei uma corrente elétrica para ele, que abaixou a cabeça e foi embora. Odeio esses vampiros que não ganham um ensinamento adequado. Tem imbecis por aí que acham que é só morder e largar no mundo! Olhei de volta para a casa e me preparei para voltar ao inferninho.
Quando entrei na casa, Bella estava de maõs dadas com o tal do Mike, subindo as escadas. Vamos parando! Eles não precisam procurar um quarto para se beijarem, ok? Lá fui eu atrás... Preparado para matar um adolescente se fosse preciso.
- Eu achava melhor ficarmos lá com o pessoal, Mike...
Acho o mesmo. Mas ele não a obedeceu e sorriu para ela.
- Aqui é mais tranquilo, só isso. E além do mais, lá embaixo está muito cheio para conversarmos.
Me engana que eu gosto. Quando eu estava dando meu primeiro beijo na boca, seu tataravô nem sonhava em ser um esperma, imbecil! Ela foi nervosa para o quarto que ele abriu e sentou sem jeito na cama. Não senta na porra da cama, Bella!
- Então... acho que você notou que já estou um tempo interessado, né?
- Aham.
- Você é linda!
- Obrigada.
Ele sentou do lado dela e botou a mão na sua coxa. Sobe mais e fica sem os dentes.
- Posso te beijar?
- Sim.
NÃO. Ela é minha, porra! E além do mais, quem é que pergunta se pode beijar? Beijo não se pede!
Ok, eu não posso ver isso. Ela levou a mão delicada ao pescoço dele e deu um selinho. Ótimo, selinhos são ótimos! Podemos ir agora?
- Que boca gostosa!
O rosto dela ficou vermelho e os seus olhos desviaram dos deles. Mas o esqueleto loiro não se satisfez e invadiu a sua boca.
Aquele beijo estava demorando demais. Até pensei em sair dali e deixar um pouco de intimidade para ela, mas aí vi a digníssima mão do girino descendo pelo seu pescoço em direção aos seios dela.
- Olha a mão, Mike...
- O que tem ela?
Ele não deixou Bella terminar de falar e voltou a asfixiá-la com o beijo.
~ * Bella PDV * ~
Nós dois demos um pulo da cama quando a porta abriu e fechou fazendo um barulho.
- Ok... o que foi isso?
- Eu não sei.
- Essa casa é mal-assombrada?
Mike me olhou assustado. Sério que ele ficou com medinho de uma porta batendo?
- E se for?
~ * Edward PDV * ~
Além de tarado, era cagão. Tudo bem, vai... eu não devia ter feito isso. Mas as mãos estavam perto demais e ela tinha deixado claro que não queria!
- Acho melhor voltarmos lá para baixo, Bella.
Mas é muito cagão mesmo! Ela parecia estar aliviada em sair dali, porque ele mal terminou de falar e Bella já estava no corredor, ajeitando a roupa.
- Mike?
- Oi.
- Eu be-beijo bem?
- Dá para o gasto. Vamos?
Ele desceu as escadas e esqueceu ela parada no meio do corredor. Dá para o gasto? Ok, moleque, você pediu. Empurrei ele sem querer da escada, e o esqueletinho saiu rolando até chegar lá embaixo. Vivo, infelizmente.
~ * Bella PDV * ~
OMG. Eu queria morrer! Só me toquei que Mike caiu da escada, quando cheguei lá embaixo. Acho que ele pensou que eu o tivesse empurrado, porque levantou me olhando de cara feia. Céus!
- Bella, está tudo bem?
- Não. Vou embora, Jess!
- Calma aí, o que foi?
- Depois eu te conto...
Saí rápido da festa sem procurar Mike com os olhos. Acho que nunca mais conseguiria encará-lo e ainda teria que rezar para que ele não espalhasse para todo o colégio sobre o meu beijo.
~ * Edward PDV * ~
Eu posso afirmar que nunca vi Bella correr daquele jeito. Ela quase esmagou as pessoas pelo caminho até chegar na rua. Lá fora ela começou a andar rápido para casa e aí caiu no choro. Mas por que ela chorava? Será que não percebia que tinha se livrado de um imbecil? Ela tropeçou nos próprios pés e caiu com as palmas das mãos viradas para o chão.
- Droga!
Isso já não era mais surpresa para mim. Me acostumei a vê-la caindo sem motivos aparentes durante todos esses anos. Ela caía até no parquinho de cara na areia, quando era criança. Vai entender... Ela entrou em casa e eu fiz o caminho mais rápido. Chegou no quarto tirando a roupa. Ok, essa era a parte em que eu não me intrometia. É sério, eu sempre virava de costas... Sou cavalheiro. Tudo bem, eu confesso que a via pelada até os 10 anos. Mas depois parei, já que o corpo dela começava a ganhar formas que me deixariam com tesão incubado. Esperei ouvir o barulho dela se deitando e então, encostei na parede em frente a cama. Ela chorou por mais alguns minutos e levantou de novo para pegar o livro sobre vampiros, deitando abraçada com ele.
- Seria tão bom se vocês existissem mesmo...
Nós existimos. Esperei ela pegar no sono para ir embora, e já estava saindo quando resolvi me aproximar da sua cama. Me curvei sobre ela e beijei de leve seus lábios.
~ * Bella PDV * ~
- Você beija muito bem...
Eu abri os olhos quando senti ser beijada e agarrei o ar! Como? Quando? Onde? Foi real demais para ser um sonho!
