Título: Vidas Cruzadas

Autoria: FireKai

Género: Geral, Romance, Humor

Sumário: Esta história irá acompanhar alguns jovens e adultos, mostrando as suas vidas e o que irá acontecer com eles, desde romances, atropelamentos, momentos de humor, chegando até planos maléficos. As suas vidas vão cruzar-se e mudar.

Vidas Cruzadas

Esta história desenvolve-se à volta de alguns alunos de um colégio, mostrando as suas vidas, as suas relações e também acontecimentos inesperados que podem mudar tudo de um momento para o outro. Além disso, irão mostrar também alguns adultos e as suas vidas. Para já, conheçam as personagens principais:

1. Vanessa Ramires, 18 anos, cabelo castanho comprido, olhos verdes

Vanessa é uma jovem normal, inteligente, que gosta de desporto e ganhou uma bolsa de estudos no colégio, que de outra maneira seria complicado para os seus pais pagarem.

2. Pedro Lacerda, 18 anos, cabelo loiro, olhos azuis

Pedro vem de uma família muito rica e é um rapaz que está sempre de olho em todas as raparigas. Apesar disso é boa pessoa e está à espera de encontrar alguém de quem goste mesmo, para poder começar a namorar a sério e assentar.

3. Fernanda Ramires, 39 anos, Álvaro Ramires, 40 anos, e André Ramires, 15 anos

Fernanda é a mãe de Vanessa, Álvaro é o pai de Vanessa e André é o irmão mais novo. Fernanda faz alguns trabalhos de costura para fora, Álvaro trabalha numa fábrica e André é um rapaz convencido, que anda no mesmo colégio de Vanessa, apesar de não ter uma bolsa de estudo, e que está sempre a queixar-se porque os seus colegas têm coisas que ele não tem.

4. Mariana Valadas, 18 anos, cabelo preto, pelos ombros, encaracolado, olhos azuis

Mariana é a melhor amiga de Vanessa. Ela é uma pessoa muito romântica, que está sempre a pensar no dia em que encontrará aquela pessoa especial. Gosta muito de Vanessa e é a sua confidente para tudo.

5. Bernardo Navarro, 19 anos, cabelo preto e olhos castanhos

Bernardo vem de uma família rica, mas isso não faz com que deixe de se meter em sarilhos. Bernardo gosta de beber bastante, de fumar também e está sempre pronto para arranjar confusão em todo o lado, pois acha que assim é que se deve viver e que só assim se diverte.

6. Sónia Torres de Reis, 18 anos, cabelo preto comprido, olhos cinzentos

Sónia vem de uma família rica, é muito vaidosa e preocupada com a sua aparência, é inteligente e muito persistente, lutando pelo que quer até ao fim. Sónia apaixona-se por Pedro à primeira vista e a partir daí quer ficar com ele.

7. Laura Gouveia, 18 anos, cabelo ruivo pelos ombros, olhos castanhos

Laura é a melhor amiga de Sónia, desde que eram pequenas. Enquanto Sónia é inteligente, Laura nem por isso. Ela é muito influenciável, um pouco vaidosa, mas tal como a amiga, luta pelo que quer.

8. Samuel Miranda, 25 anos, cabelo castanho, olhos verdes

Samuel é o dono do bar que há perto do colégio. Samuel deixou a escola antes de completar o décimo segundo ano. Acabou por ir trabalhar, o que lhe deu uma nova perspectiva da vida e depois, com a ajuda dos pais, conseguiu comprar o bar 48 horas, onde agora trabalha.

9. Artur Ramos, 42 anos, cabelo castanho, olhos castanhos

Artur é o professor de português da turma de Vanessa e companhia. É um professor bastante responsável, solteiro e que é apaixonado pela auxiliar de educação Bernardete.

10. Bernardete Cesaltina, 38 anos, cabelo castanho, comprido, olhos verdes

Bernardete é uma das auxiliares de educação do colégio. O seu grande sonho é ser cantora, mas nunca lhe deram a oportunidade de conseguir ter uma carreira. Apesar disso, Bernardete continua a gostar de cantar e a compor as suas próprias músicas.

E assim, estão feitas as apresentações das personagens. Agora irá começar a história. Boa leitura!

Capítulo 1: Inicio das Aulas

O dia amanheceu solarengo. Vanessa Ramires levantou-se cedo, pois nesse dia começavam as aulas e não queria chegar atrasada. Depois de tomar banho e se despachar, foi até à cozinha onde a sua mãe, Fernanda, estava a terminar de preparar o pequeno-almoço.

"Bom dia, filha. Senta-te. O teu pai saiu há menos de cinco minutos. Se tivesses chegado antes ainda lhe podias ter dado os bons dias antes dele ir trabalhar. Viste o teu irmão? Já está despachado?"

"Não sei, mãe. Não me cruzei com ele no corredor." respondeu Vanessa.

"Aquele rapaz é do pior. Sabe que é o primeiro dia de aulas e mesmo assim não se despacha. Não quero que ele falte. Nós pagamos muito dinheiro para ele andar no colégio e o teu irmão que nem pense em desperdiçar a oportunidade que lhe estamos a dar. O ensino no colégio é do melhor que há. Ao menos tu és inteligente, tens uma bolsa de estudo e és responsável."

Fernanda saiu da cozinha, para ir ver se o filho mais novo, André, já estava despachado. Vanessa começou a tomar o pequeno-almoço, enquanto pensava que seria bom voltar às aulas. Ela até gostava de estudar.

Alguns minutos depois, André apareceu, quase arrastado por Fernanda. Tomou o pequeno-almoço à pressa e ele e Vanessa saíram de casa, em direcção ao colégio.

"Bolas, não me apetecia nada levantar cedo para ir para as aulas." resmungou André.

"Vá, anima-te. Vais rever os teus colegas e vais ter alguns novos colegas que podem vir a ser teus amigos. Nem tudo é mau. Se ao menos gostasses de estudar, isto não seria um sacrifício." disse Vanessa.

Pouco depois, ambos chegaram ao colégio. André despediu-se da irmã e foi para a sua sala de aula e Vanessa fez o mesmo. A meio do caminho, Vanessa cruzou-se com a sua melhor amiga e colega de turma, Mariana.

"Vanessa, que bom ver-te." disse Mariana, sorrindo. "Já não me lembro qual é a sala de aula em que vamos ter a primeira aula e andava meio perdida."

"Só mesmo tu para te esqueceres da sala. Mas a lista dos horários e salas está no hall. Não importa. Eu sei qual é a sala."

Vanessa e Mariana começaram a conversar animadamente. Ao chegarem à sala, avistaram Bernardo, um rapaz de que nenhuma das duas gostava muito. Não lhe dirigiram a palavra. Pouco depois, o professor Artur, professor de português e director da turma chegou e todos os alunos foram para os seus lugares.

"Bem-vindos a mais um ano. Eu sou o professor Artur. Muitos de vocês já me conhecem. Eu vou ser o vosso professor de português e também o vosso director de turma." explicou o professor. "Antes de mais, gostava que se apresentassem."

Um a um, os alunos começaram a apresentar-se. Quando chegou a altura de Sónia, uma nova aluna e muito vaidosa, se apresentar, ela levantou-se.

"Eu chamo-me Sónia Torres de Reis. Sou linda e esplendorosa, como todos podem comprovar. Espero que nos demos todos bem, porque senão vou fazer a vossa vida num inferno."

Sónia voltou a sentar-se e todos ficaram surpreendidos, menos Laura, a melhor amiga de Sónia, que também tinha sido transferida para o colégio nesse ano. Pedro, um novo aluno que estava sentado ao lado de Bernardo, sorriu.

"Aquela rapariga parece engraçada e interessante." disse Pedro. "Não achas?"

"Acho que é demasiado convencida para o meu gosto." respondeu Bernardo.

Depois de todos se terem apresentado, o professor mandou-os preencher umas fichas com os seus dados e depois mandou-os embora, pois não queria dar matéria logo no primeiro dia de aulas. Ao saírem da sala de aula, Pedro e Vanessa chocaram um com o outro.

"Ei, cuidado." disse Vanessa, aborrecida.

"Desculpa boneca, foi sem querer. Mas para te compensar, se quiseres, pago-te um café. E podemos conhecer-nos melhor e tudo." disse Pedro, piscando o olho a Vanessa.

"Pois, mas não, obrigada." disse Vanessa.

"Ai é? Pois um dia hás-de querer estar comigo e eu é que te vou dizer que não." disse Pedro. "Tu é que ficas a perder."

Pedro afastou-se, enquanto Vanessa abria a boca, indignada. Mariana tocou-lhe no ombro.

"Estás bem, Vanessa?"

"Sim. Foi só um encontrão. Mas aquele rapaz é um convencido!" exclamou Vanessa. "Deve pensar que é muito bom e que todas as raparigas lhe caem aos pés. Pois está muito enganado."

"Ena, começaste logo a não gostar dele, só pelo encontrão e pelo que ele te disse?" perguntou Mariana.

"Sabes, às vezes criam-se logo antipatias e este foi o caso." disse Vanessa. "Eu nunca irei dar-me bem com alguém tão convencido como ele."

O resto das aulas passaram depressa. Vanessa e Pedro ainda se entreolharam algumas vezes, cada um achando que o outro era muito estúpido.

No final das aulas, Pedro acabou por ir falar com Sónia.

"Olá linda, eu sou o Pedro." apresentou-se ele. "Adorei as tuas intervenções nas apresentações. Sabes logo como marcar o teu território e fazer-te sobressair entre os outros."

"Obrigada. Eu sei que sou linda e interessante." disse Sónia, agitando o seu cabelo negro. "E tu, Pedro, só te passo confiança se fores alguém com posses e não um desses plebeus que anda aqui só porque os pais conseguiram juntar um dinheirinho mísero para os ter neste colégio ou porque ganharam bolsas de estudo."

"Os meus pais são muito ricos. Temos imensas empresas e hotéis. Até temos um aeroporto."

"Oh, mas isso faz de ti muito mais interessante. Os meus pais também são super ricos, porque isso somos do mesmo meio."

"Posso então convidar-te para ir tomar um café?"

"Oh, claro que sim, Pedro." disse Sónia, sorrindo.

Depois de muita insistência da parte de Pedro, ele conseguiu levar Sónia até ao bar 48 horas, que ficava mesmo em frente ao colégio.

"Devíamos ir a um lugar do nosso nível, mas enfim..." disse Sónia, resignada, encolhendo os ombros.

Laura apareceu pouco depois. Tinha seguido Sónia, porque não queria ir já para casa e por isso andava atrás da amiga, mas não se queria aproximar muito e estragar o clima que se estava a criar entre Pedro e Sónia.

Laura sentou-se numa das mesas e pouco depois Bernardo apareceu e sentou-se ao lado dela.

"Ei! Ninguém te convidou a sentares-te." disse Laura, aborrecida.

"Apeteceu-me. Além disso, é pecado ver uma beldade sozinha."

Laura gaguejou e depois acabou por corar e ficar apenas a sorrir. Pedro e Sónia também se tinham sentado numa das mesas e Samuel, o dono do bar, veio atendê-los.

"Então, o que é que vão querer?" perguntou ele.

"Dois cafés, por favor." pediu Pedro.

"Ok. Vão já sair." disse Samuel, afastando-se.

"Enfim, o meu antigo colégio era muito melhor que este, mas houve um terramoto e desmoronou e pronto, tenho de me contentar com este colégio. E ao lado do minha colégio havia uma casa de chá e não uma espelunca como esta." disse Sónia.

"Não reclames tanto, linda. Assim fazes rugas."

"Ora, faço é rugas quando me rio. Por isso é que eu prefiro estar séria." disse Sónia.

Por essa altura, Vanessa e Mariana entraram no bar e sentaram-se numa das mesas. Olharam para Pedro e Sónia.

"Que maravilha, os dois convencidos juntos." disse Vanessa, de maneira sarcástica. "Estão bem um para o outro."

"Ai, eu é que gostava de me apaixonar. Gosto tanto de romances e nunca me apaixonei por ninguém." disse Mariana, suspirando. "Se calhar fico para tia ou vou para freira..."

"Que disparate. Há-de aparecer a pessoa certa, quando menos esperares."

"Eu gostava que alguém fizesse o meu coração bater mais depressa."

"Não digas isso, que é muito relativo. Olha, se fores na rua e alguém quase te atropelar, o teu coração também começa a bater mais depressa e isso não é bom sinal."

"Ai Vanessa, que comentário parvo. Eu aqui a falar de amor e tu vens com essa conversa?" perguntou Mariana, um pouco aborrecida. "Tu também tens é de começar a namorar e depois vais ficar muito mais romântica."

"Duvido."

Enquanto isso, no colégio, a auxiliar de educação Bernardete andava a limpar uma sala, enquanto cantarolava. Pouco depois apareceu o professor Artur.

"Bernardete? Com licença." disse ele, entrando na sala.

"Olá professor Artur. Então, o que é que anda a fazer por aqui?" perguntou Bernardete.

"Ia a passar e ouvi-a a cantar, portanto decidi vir dizer olá."

"Ah, está bem. Ainda bem que apareceu. O senhor é muito simpático. Não é como a maioria dos professores, que pensam que têm o rei na barriga e que são muito melhores que os auxiliares de educação."

"Isso são os outros. Mas Bernardete, sabe, canta tão bem. Devia gravar um cd."

Bernardete sorriu e corou um pouco.

"Acha? Ai, eu adorava, mas é complicado. Sabe, eu até escrevi umas músicas da minha autoria. Gosto de músicas românticas misturadas com estilo popular."

"Ah, escreveu as suas próprias músicas? Isso é muito interessante."

"Para já só escrevi três músicas, a que chamei Morangos do Amor, Romance de uma Noite de Inverno e Chouriças da Paixão. A melhor música é as Chouriças da Paixão."

"Acredito, acredito. Sabe, se eu fosse a si gravava essas músicas numa cassete ou num cd e enviava-as para uma editora. De certeza que eles iam adorar."

"Não sei... vou pensar nisso."

De volta ao bar 48 horas, Sónia e Pedro estavam a levantar-se para se irem embora. Pedro tinha-se oferecido para levar Sónia a casa e ela tinha aceitado.

Mariana e Vanessa viram-nos ir embora e Vanessa acabou por abanar a cabeça.

"Eles fazem um casal horroroso." disse ela.

"Oh, Vanessa, isso não é verdade. Até fazem um casal muito bonito." disse Mariana. "Ah, o amor anda no ar..."

"Mariana, pára de divagar. Eu acho que eles fazem um casal ridículo, mas enfim... eles é que sabem. Eu não tenho nada a ver com isso."

"Acho que estás ruída de ciúmes. E depois ainda vais andar às turras com o Pedro e acabam por ver que afinal gostam um do outro e ficam juntos."

"O quê? Que ideia, Mariana. Isso não acontece na vida real. Só nas novelas." disse Vanessa. "E eu não quero saber do Pedro para nada."

Mais tarde, Vanessa foi para casa. Perto das seis da tarde chegou o seu pai, Álvaro, que reuniu os filhos e a sua esposa Fernanda na sala.

"O que é que se passa, pai?" perguntou André, curioso.

"Queria dizer-vos que acho que há a possibilidade de eu ficar desempregado." respondeu o pai.

"Desempregado? Oh querido, mas a fábrica vai fechar?" perguntou Fernanda. "Há tantas fábricas que vão à falência agora..."

"Ainda não temos a certeza, mas já se ouvem rumores."

"Bolas, mas assim ficamos sem dinheiro para andar no colégio e comprar coisas boas." queixou-se André e Vanessa deu-lhe um encontrão para o calar.

"Vai correr tudo bem, pai." disse ela. "Talvez a fábrica não feche. E se fechar, eu posso arranjar um part-time para ajudar cá em casa."

"Não, nem pensar." disse Álvaro. "Tu e o teu irmão têm é de estudar. Se a fábrica fechar, eu hei-de arranjar maneira de nos continuar a sustentar."

Fernanda abanou a cabeça, preocupada. Se o marido fosse despedido, então ela iria tentar arranjar trabalho fora de casa, já que apenas fazia alguns trabalhos de costura para fora.

"Se a fábrica falir e o Álvaro for despedido, vou tentar arranjar emprego também." pensou ela. "Não posso deixar que falte nada aos nossos filhos."

No dia seguinte, Vanessa levantou-se cedo para ir para o colégio, enquanto André ficou a dormir, pois só tinha aulas de tarde. Ao chegar ao colégio, Vanessa viu Sónia e Pedro ao pé do portão, a beijarem-se.

"Ah, grandes porcos! Ainda ontem se conheceram e já andam aos beijos." pensou ela, indignada.

Passou por eles sem dizer nada, até porque Sónia e Pedro estavam tão absorvidos um no outro que nem reparavam em mais nada. Ao chegar à sua sala de aula, Vanessa sentou-se ao lado de Mariana, que já tinha chegado e estava a ler um livro. Mariana parou de ler e encarou a amiga.

"O que se passa? Pareces aborrecida." perguntou Mariana.

"Não é nada." respondeu Vanessa. "Nada de especial."

"De certeza? Tem a ver com o Pedro?"

"Não! Quero lá saber do Pedro." disse Vanessa, zangada. "Não vamos falar mais dele, ok?"

Mariana acenou afirmativamente. O resto do dia passou depressa. Quando iam a sair da sala de aula, Pedro e Vanessa chocaram novamente um com o outro.

"Bolas, tu não vês mesmo por onde andas." disse Vanessa, zangada.

"Tu também não, beleza." disse Pedro.

"Ora, vai chamar beleza à tua namorada Sónia, paspalho!"

Sónia já se tinha despedido de Pedro e saído da sala, pois Laura tinha-a puxado, dizendo que tinha um assunto sério para falar com ela.

"Isso são ciúmes?" perguntou Pedro, sorrindo. "A Sónia não é minha namorada. Apenas demos uns beijos e tal."

"Pois pouco me interessa se é tua namorada ou não. Não quero saber nada de ti e chamo-me Vanessa e não beleza."

Vanessa saiu da sala de aula, sendo seguida por Mariana, que ainda sorriu e acenou a Pedro.

"Aquela rapariga é temperamental e desafiadora." pensou ele. "Gosto disso."

Enquanto isso, Laura arrastou Sónia até à casa de banho das raparigas, que estava deserta.

"O que é que se passa, Laura?" perguntou Sónia. "Estás uma pilha de nervos."

"Sim... é que... bem, eu ontem fiquei a conversar com o Bernardo, um colega nosso, no bar 48 horas. E conversa puxa conversa... quando vi já tínhamos saído do bar, ele levou-me para casa dele... não estavam lá os pais... e aconteceu..."

"Sim e daí? Não é como se fosses virgem, rapariga."

"Está bem, mas é que... não usámos protecção. E agora tenho medo de estar grávida."

"Laura! Francamente! Em que século é que tu vives? Então tens relações sexuais e não tomas precauções? Isso é uma grande irresponsabilidade." disse Sónia, aborrecida. "Além de poderes ficar grávida, ainda podes apanhar uma doença grave."

"O Bernardo garantiu-me que não tinha doença nenhuma. Estou é preocupada de poder estar grávida."

"Pronto, isso tem solução. Anda, vamos até a uma farmácia comprar a pílula do dia seguinte."

Sónia e Laura foram até à farmácia mais próxima e ao chegaram à porta da farmácia, Sónia puxou o braço da amiga para a fazer parar.

"Agora vais lá dentro e compras a pílula do dia seguinte, para prevenir a gravidez. Eu fico aqui fora." disse Sónia.

"Porquê? Entra comigo."

"Mas tu estás doida? Os meus pais são ricos e conhecidos. E se há por aí algum fotógrafo escondido, pronto a tirar fotos e publicar uma notícia a dizer que eu vim a uma farmácia com uma amiga, comprar a pílula do dia seguinte? Inventam logo uma mentira, a dizer que eu estou grávida. Por isso entras tu e eu fico cá fora à espera."

"Ah, quer dizer, para entrares comigo não podes, mas não te lembraste que quando ficaste de manhã a beijar o Pedro à porta da colégio também te podiam fotografar." disse Laura, aborrecida.

"Ora, o Pedro também é rico. Se aparecêssemos os dois na capa de uma revista até era uma coisa boa. E ele é um querido. Hum, acho que o vou fazer meu namorado. Agora vai mais é comprar a porcaria da pílula e não me aborreças."

Laura encolheu os ombros e entrou na farmácia. Tirou uma senha e esperou que chegasse a sua vez. Um farmacêutico jovem atendeu-a e Laura ficou bastante nervosa.

"Então, o que pretende?" perguntou ele.

"Er... eu queria... umas pastilhas para a garganta." mentiu Laura.

Um quarto de hora mais tarde, Sónia já estava impaciente por ter de esperar por Laura.

"Mas o raio da rapariga nunca mais vem? Porque é que está a demorar tanto tempo?" perguntou-se Sónia.

Apesar de alguns momentos de hesitação, Sónia acabou por decidir entrar na farmácia. Viu Laura, que continuava a ser atendida pelo farmacêutico jovem e que já tinha perto de si a maioria das variedades dos medicamentos que haviam na farmácia. Laura disse ao farmacêutico jovem que queria também umas aspirinas e ele afastou-se para as ir buscar.

"Mas o que é isto, Laura? Tem aqui imensos medicamentos. Não era só para comprares a pílula do dia seguinte?" perguntou Sónia, aborrecida.

"Sim, mas fiquei com vergonha. E então, fui pedindo tudo o que me lembrei. Agora a seguir peço a pílula do dia seguinte e o farmacêutico não vai prestar atenção e assim não passo vergonhas."

"Ai sim? Mas assim tens de levar estes medicamentos todos. Laura, és mesmo burra às vezes. Deixa as coisas comigo."

O farmacêutico regressou pouco depois com as aspirinas.

"Mais alguma coisa?" perguntou ele, atenciosamente, apesar de já estar farto de ver a Laura a pedir sempre mais coisas para ele ir buscar.

"Olhe, a minha amiga é um bocado... deficiente e atrapalha-se com as coisas. Ela não quer nada destas coisas. Quer é a pílula do dia seguinte. Então, mexa esse rabo e vá buscar a pílula para ela, se faz favor." disse Sónia.

O farmacêutico ainda hesitou, mas acabou por ir buscar a pílula do dia seguinte. Sónia tirou uma nota da carteira e entregou-a ao farmacêutico.

"Fique com o troco." disse ela, pegando na embalagem da pílula.

"Então e os outros medicamentos?" perguntou o farmacêutico.

"Ora, já disse que não queremos nada disto. Pode ir arrumar isso tudo. Adeus."

Sónia puxou Laura para fora da farmácia, enquanto o farmacêutico bufava de raiva por ter de ir arrumar tudo nos lugares novamente.

"Agora vamos para minha casa e tomas lá a pílula. E para a próxima, usa protecção, ouviste? Não brinques com a gravidez, nem com as doenças que podes apanhar."

"Está bem. Prometo que nunca mais tenho relações sem usar protecção." disse Laura.

Enquanto isso, Bernardo estava no bar 48 horas e já tinha bebido duas cervejas.

"Traz-me outra cerveja." disse ele a Samuel.

"Não achas que já bebeste demais?" perguntou Samuel.

"Ora, não bebi nada demais. E tu estás aqui é para servir os clientes e ganhares dinheiro com o que eles consomem, não é?" perguntou Bernardo, aborrecido. "Traz-me a outra cerveja e não me aborreças mais."

Samuel encolheu os ombros e foi buscar a cerveja. Por essa altura, Mariana e Vanessa entraram no bar.

"Aquele Pedro tira-me do sério." disse Vanessa.

"Acalma-te amiga. Eu bem digo que vocês vão acabar por cair nos braços um do outro. Ele a chamar-te beleza e tu toda nervosa." disse Mariana, sorrindo.

"Mariana, vai ver se eu estou na esquina, está bem?"

"Ora, não estás na esquina. Estás aqui à minha frente." disse Mariana, continuando a sorrir. "Diz lá, sentes alguma coisa pelo Pedro ou não?"

"Já te disse que não. Só sinto mesmo raiva e nada mais. Ouviste? Nada mais."

E assim termina o primeiro capítulo da história. Será que irá acontecer um romance entre Pedro e Vanessa? E quanto a Sónia, será que ela quer mesmo que Pedro seja o seu namorado? No próximo capítulo, mais novidades. Até lá.