Ela arrastava-se e com os últimos fios de força que ainda lhe restava tentava correr, mas era impossível, um corte enorme e fundo em sua perna direita deixava um rasto de sangue pelo caminho percorrido evidenciando assim sua tentativa de fuga daquele horror de acabara de vivenciar, na mão esquerda três dedos quebrados a faziam tremer de dor. Lágrimas de desespero e medo escorriam sobre seu rosto sujo de sangue e fuligem. Suas roupas em farrapos evidenciavam um ataque ao qual ela ainda se questionava o motivo. Se apoiando nas paredes da casa desesperada clamava através sussurros por ajuda, pôs a voz já não tinha mais forças para gritar. Exausta e desesperada, deixou-se escorregar através da parede até alcançar o chão. Estaria desistindo de lutar? Mas porque continuar? Havia perdido tudo, sua família, sua casa e agora sua vida estava se esvaindo aos poucos através daquela ferida que não parava de sangrar. Odiou-se, odiou-se mil vezes por ter confiado em quem não deveria. Por que fizera isso a si se sempre dissera que ela era sua razão de viver. Não soube responder, aliais não havia respostas possíveis para aquilo. Chorou em desespero vendo sua casa sendo engolida pelas chamas. A fumaça e o calor a impossibilitavam ainda mais de continuar lutando, sentia seus pulmões queimarem e se encherem cada vez mais com a fumaça negra causada pelo incêndio. Enfim, deixou-se ir totalmente ao chão. Inerte, entregue. Vozes vindas do lado de fora a fizeram voltar sua a cabeça em direção a elas, viu também que havia vultos correndo em desespero em volta da residência quase totalmente consumida pelo fogo, devagar voltou seus olhos para porta e viu que próximo ainda resistia ali um pequeno criado mudo com uma foto de sua família. Nela todos sorriam e ela lembrou-se de quando haviam tirado aquele retrato. Havia sido na viagem que fizeram, lembrou-se de como seu irmão menor corria e brincava na areia do mar da Grécia deslumbrado com a beleza do lugar, lembrou-se de seus pais abraçados sorrindo também admirando a beleza esplendida daquele mar. Perguntou-se como pudera demorar a convencer os pais a irem aquele lugar tão esplendoroso. Nunca em toda sua vida vira um mar como aquele. A sensação de ter a areia macia sob seus pés, o cheiro do mar entrando por suas narinas era como o melhor dos perfumes e de como ajudara seu irmão a construir vários castelinhos de areia aquilo, nunca esqueceria. Ao mesmo tempo, sentiu ser consumida pelo desespero ao lembrar-se que nunca mais veria aqueles sorrisos outra vez, desejou morrer ali, queimada por aquele fogo que já destruirá quase que completamente o lar onde nascera e crescera, culpava-se impiedosamente por ter causado aquela dor a eles. A culpa fora sua, foi tola a se deixar enganar, confiara em que não merecia. "Será real? "Questionou-se, "não pode ser real, isso é um pesadelo". As lágrimas que agora banhavam seu rosto pela dor emocional nem se comparava a dor física. Se sobrevivesse, as feridas físicas cicatrizariam com o tempo, as emocionais... nunca! Seria torturada constantemente pela lembrança dos gritos deles, a imagem de seus rostos em desespero e dor ficariam talhados em sua memória, sentiu como se uma espada entrasse em seu peito, atravessando seu coração, fazendo-o em pedaços. Carregaria por todo o resto de sua vida medíocre a dor que causou a eles, pois nunca, jamais se perdoaria. Pensando bem, não merecia viver, não era justo, a causadora de tudo ser a única a sobreviver? Era melhor que morresse.
O som de lâminas tilintando a tirou de seu devaneio sentiu seu corpo ser sacudido por um tremor de pavor sem igual, voltou os olhos na direção do som e viu, os olhos azuis céu era a única coisa a se destacar completamente em meio a fumaça. Um azul tão límpido que ela jamais esqueceria emanava felicidade, felicidade em vê-la daquela forma, desesperada, apavorada, humilhada, quase implorando para que aquilo tudo simplesmente acabasse.
–Ahh meu anjo...não foi nada cordial de sua parte fugir de mim assim. – A voz baixa, calma e melosa ecoou pelo local – Sabia que fica ainda mais bela quando chora? Sempre gostei muito mais ver seu lindo rosto banhado por lágrimas do que aquele seu "so-ri-zi-nho." O medo e o desespero fazem você adquirir expressões que nem imagina minha cara. – Falou se aproximando devagar.
–Por quê? – Falou em quase um grito – Por que fez isso a eles? Eles não mereciam... meu irmão, ...meus pais...não...ele...não... Isso não pode ser...real! – Lágrimas de dor e desespero rolaram por seu rosto transtornado até tocarem o chão em que se encontrava caída, sabia que não iria obter a resposta que tanto ansiava, mas aquilo era a única frase que ecoava em sua mente.
– Ouvi vozes vindas lá de dentro, acho que ainda tem gente lá. Precisamos ajudar rápido, chamem os bombeiros. – Som de algo batendo forte contra a porta fez com que os dois ainda presentes no local voltassem seus olhos na direção da mesma. Por instinto, abrigou-se a retirar forças de onde não tinha, arrancando o grito mais alto que já dera clamando por socorro, sentiu gosto de sangue na garganta tamanha a força feita pela mesma para emitir tal apelo. No limite de suas forças, viu quando o "vulto de olhos azuis" se afastou e desapareceu diante das chamas. A porta de entrada fora derrubada por alguém que não soube identificar, já não conseguia distinguir os acontecimentos a sua volta, seus sentidos estavam a abandonando, por fim cansada de lutar, entregou-se ao cansaço, mas antes de fechar completamente os olhos levou-os pela última vez ao porta-retratos e enfim tudo ficou escuro.
Grécia 5 anos depois.
– Agrrrr...porra! Maldição, essa droga travou outra vez. – Rosnou Kardia.
– Ei calma grego, não precisa rosnar.
– Olha Esther, se não fosse minha "chefa" a mandaria tomar em um lugar que por sinal eu adoro. – Sorriu com escárnio. – Essa maldita mesa digitalizadora já era, essa geringonça já não aguenta mais nada. – Empurrou o equipamento quase o levando ao chão.
– Pela sua resposta malcriada Kardia, ficará com essa geringonça tomando no "lugar" para onde pensou em me mandar pelos próximos 10 anos, o que acha? – Respondeu Esther em tom de ironia e levando as mãos a cintura fazendo com que o grego se arrependesse pela malcriação feita anteriormente.
–Ãhnnn...Esther me perdoa vai, por favor! Isso não, eu preciso de uma mesa melhor. Por que não fazemos o seguinte. – Levantou-se e a segurou pelos ombros. – Podemos fazer uma lista de todos os equipamentos do escritório e suas condições de uso, levamos aos Gêmeos para que vejam a necessidade que temos na troca de alguns, o que acha? – Falou com seu tom mais gentil e convincente fazendo com que Esther o olhasse com certa desconfiança, pois Kardia sendo tão meigo não era uma coisa que se via todos os dias, era inteligente e muito convincente quando queria, mas meigo? Isso era raro, muitooo raro. Levou uma das mãos ao queixo e levantou uma sobrancelha fazendo cara de quem estava desconfiando de algo.
–Olha, pensa bem Estherzinha, podemos resolver meu problema e o de muitos aqui, com isso o trabalho fluirá mais rápido, a produção será melhor e ganharemos tempo com isso se tivermos equipamentos melhores. – Pensando por esse lado Kardia tinha razão, havia algum tempo que a empresa não trocava os equipamentos de seus ilustres funcionários que por sinal eram os melhores da Grécia. A empresa de Designer Óros Ólimbos, assim como o monte mais alto da Grécia era conhecida mundialmente. A melhor e mais conceituada empresa de Designer do País, recebendo por vários trabalhos destaque e prêmios consecutivos em outros países e por isso ela mantinha gratidão ao grupo que trabalharam dia e noite arduamente para elevar seu nome a tal posição, todos lutavam por uma oportunidade de fazer parte do melhor grupo de designers da Grécia. Comandada a "punhos de ferro" pelos Irmãos Gêmeos Aspros e Defteros Eyfyis, a empresa teve seus momentos de dificuldades até chegar ao seu posto de destaque e receber seu tão merecido reconhecimento e respeito, sempre centrados e com perseverança, os irmãos juntos com a ajuda de seus dois amigos de infância Esther e Sísifos lutaram anos e anos arduamente até alcançarem tal posto, mantendo sempre a humildade e o respeito acima de tudo e principalmente por aqueles que por amor ao trabalho que faziam ajudaram e muito elevara sua empresa a tal reconhecimento.
– Está bem, você tem razão. Providencie a lista e eu falarei com os gêmeos ok?! – Concordou e saiu caminhando de volta para sua sala com alguns projetos em mãos.
A sempre gentil Esther Mahsati juntamente com Sísifus Eilikrinis era a 3ª no comando. Seus pais Egípcios saíram do Egito quando sua irmã mais velha Mathure Mahsati possuía sete anos e ela apenas quatro para tentarem uma nova oportunidade de emprego que surgira na Grécia. Mesmo em meio às dificuldades de adaptação Esther se tornou amiga dos gêmeos gregos no primeiro ano da escola juntamente com Sísifos que simplesmente se apaixonara por ela no momento que foram apresentados. Suas longas madeixas extremamente lisas em formato degrade na cor prata chamava e muito a atenção. Seus olhos azuis acinzentados era uma cor que não se via todos os dias ainda mais combinado com a pele morena que a mesma possuía. Lábios carnudos bem desenhados e o nariz fino, seu jeito delicado e meigo de falar completavam seu visual levando muitos a se questionar: De onde sairá alguém tão exótica? E por essas e outras qualidades que desde crianças Esther era a dona do coração do também grego Sísifos. Os 4 amigos enfrentam a dura batalha da formação superior na melhor universidade da Grécia. Sempre juntos batalharam até que a Óros Ólimbos desse certo e chegasse ao seu posto atual.
– Ei, ei...pessoal! Tenho novidades. – Falou como se cochichasse reunindo o grupo de designers mais antigo composto pelo grego Kardia Eidikos, o Italiano Manigold Fortini, o Francês Degel Marchand, a Egípcia Mathure Mahsati, o jovem Regulus Eilikrinis e até os mais sérios o espanhol El Cid Gallardo e o Indiano Asmita Rajeev não conseguiram segura a curiosidade para saber a tal "novidades" que a agitada "Xu" trazia consigo.
– Ouvi Aspros dizer que mandará Esther até o centro de Athenas buscar um "novo integrante" para nossa equipe.
– Peraí! – Interrompeu Mathure com uma expressão de quem não entendia nada. A mais velha das irmãs Egípcias era quase idêntica a sua irmã menor, as diferenças entre elas era a forma como cortara seus longos cabelos negros repicados ao estremo com navalhas, uma franja também repicada cobrindo suas sobrancelhas e seus olhos possuíam a cor caramelo, a expressão da primogênita dos Mahsati era mais séria e não tão amigável como de Esther, mas isso não fazia de Mathure uma má companhia, pelo contrário, sua inteligência e sagacidade eram uma excelente arma para fechar negócios e era nessa área que era ela expert. – Mas porque DIABOS Esther precisar ir até o centro buscar um novato? Ele é tão importante assim?- Falou com desdenho.
– Cazzo, quem será esse infelice? – Bradou Manigold
– Ihhhhh isso eu não sei, mas parece que ele chega hoje à tarde. – Completou a jovem japonesa Akemi Ogawa, mais conhecida por seus amigos como Xu, pôs sempre que alguém falava mais alto ela emitia um som, "xuuuuuuu" o que era motivo de zuanção entre os marmanjos e que acabou dando origem a seu apelido.
– Puff...sabia que não deveria ser grandes coisas. – Resmungou o budista.
– Ei...como assim não é grandes coisas? Temos que fica sempre atentos aos novos que chegam aqui. Só falta esse cara ser um pé no saco. Mierda! – Rosnou baixo o espanhol.
– Non sei porque a preocupação antecipada sobre isso? O novato ainda nem pôs os pés aqui.
– Degel tem razão. O jeito cambada é esperar. Melhor voltarmos aos afazeres, se um dos gêmeos ver esses furdunço por causa do "segredo" nada secreto deles...aff...os planetas cairão sobre nossas cabeças – Resmungou Kardia fazendo gestos com as mãos e todos voltaram a seus lugares, ainda havia muito trabalho a terminar. Degel por sua vez de imediato percebera que Sísifos possuía uma expressão que misturava preocupação e certa irritação. O francês levantou-se calmamente e como sempre discretamente dirigiu-se ao amigo. - Algum problema mon cher? - Perguntou o francês
– Ah...Degel! - sorriu sem jeito - Não...eu...bem, só estou um pouco preocupado sabe. —Disse ao amigo abaixando a cabeça em seguida.
– Preocupado? Hum...seria por que Esther será a responsável em buscar o novato em Atenas sem que você tenha sido informado?
Sísifos levantou a cabeça rápido e levou os olhos arregalados para o rosto calmo do francês –Sim...está tão obvio assim? - Deu um sorriso sem jeito levando uma das mãos atrás da cabeça.
– Para mim...oui, é muito obvio.
– Ah Degel eu...confio em Esther, mas fiquei me perguntando porque ela tinha que ir sozinha? Nem sabemos quem ele é e de onde veio. Aspros e Defteros não disseram nada nem para mim, só pediram que ela fosse a Atenas e buscasse esse "tal novo membro da equipe". – Levou as mãos para o alto sacudindo-as.
– Hummm...entendo perfeitamente sua preocupação mon cher e acho que você tem toda razão em estar preocupado, mas se os gêmeos agiram assim algum motivo tem e pode ter certeza que non seria por um motivo fútil. – Calmamente, Degel pousou a mão no ombro esquerdo do amigo como uma forma de dar apoio, no fundo achava exagero da parte do sagitariano, mas sabia que o amigo estava realmente preocupado com sua deusa.
—Tem razão Degel. Terei que me conformar com isso e assim como vocês esperar até que ela retorne. - Respondeu Sísifos cabisbaixo, o que poderia fazer? Somente esperar e confiar nos gêmeos como Degel aconselhara.
— Bom, vou indo, nos vemos no almoço ok?!
Sísifos deu um leve sorriso e acenou levemente com a cabeça concordando com o amigo. Resolveu tentar não sofrer por antecipação, falaria com Esther antes que ela partisse quem sabe assim não acalmaria um pouco seu coração.
Depois de meia hora Esther enfim foi dispensada pelos gêmeos. Antes de sair da sala olhou de um lado para o outro e vendo que não havia nenhum deles no caminho, rapidamente caminhou em direção ao elevador, não queria se atrasar em seu compromisso, sabia que todos estavam curiosos e que assim que pudessem a cercariam e a pressionariam até que falasse algo sobre o "novato". Abaixou a cabeça e quase que agachada chegou até o elevador sem ser abordada por ninguém do grupo, apertou o botão para chamar o mesmo quando ouviu a voz rouca que lhe fazia arrepiar até o último fio de cabelo desde a mocidade.
– Não vai se despedir de mim? Não acredito que faria isso. - Reclamou Sísifos com o cenho franzido fazendo suas sobrancelhas quase que se tornarem uma só.
– Ah Sísifos, lógico que não, mas é que...- Deu um sorriso e se aproximou do grego o enlaçando pelo pescoço. Amava Sísifos demais e sabia que o grego estaria preocupado e enciumado e não queria magoá-lo ainda mais. - Não estou fugindo de você e sim deles. Olha prometo não demorar ok?!
– Promete voltar para o almoço? - Rodeou os braços pela cintura fina da egípcia levando a boca até seu ouvido sussurrando. - Não suporto ficar longe de você, ainda mais sabendo que estará sozinha com alguém que não conheço, odeio olhares cobiçando o que me pertence. - As palavras do grego entraram em seus ouvidos causando-lhe um arrepio na espinha e um formigamento em seu sexo. Aproveitando a proximidade Esther cuidadosamente e muito discretamente deslizou uma das mãos pelo peito definido do sagitariano descendo pelo abdômen até tocar levemente o volume que já começava a despontar. Aquele leve toque fez o grego estremecer. Querendo mais de Esther, apertou a ainda mais contra seu corpo fazendo o soltar um leve suspiro, mas o maldito som do elevador o avisara que já era hora de deixa-la ir. Muito a contragosto, afastaram seus corpos que já ansiavam um pelo outro.
– Prometo que não demoro. Voltarei para o almoço. Eu te amo. – Jogou- lhe um beijo e a porta do elevador se fechou deixando um Sísifos enciumado e agora excitado. Resolveu tomar uma água bem gelada para ver se assim o calor que sentia no momento pelo anseio do corpo daquela que era dona de seu coração o deixava sossegado.
Já havia se passado quase três horas desde que Esther partira e até então não havia dado notícias, Sísifos já andava de um lado para o outro tamanha ansiedade em saber por que Esther estaria demorando. O centro de Atenas não ficava nem 20 minutos de Pireas, onde a Óros Ólimbos se localizava então, porque ela estaria demorando tanto? Será que algo havia dado errado? E se esse "novato" não fosse de confiança? E se tivesse feito algum mau a sua Esther? SIM...SUA ESTHER, a única mulher que dominava os pensamentos do grego.
– As to thialo! (Vá pro inferno!) Já estou cheio de esperar. – Saiu de sua sala batendo a porta atrás de si e sem pensar partiu em direção a sala dos Gêmeos, sentiu uma mão segurar seu braço e virou irritado esbravejando. – Droga!
– Ei, calminha ai amigão, onde pensa que vai com todo esse mal humor?
– Me solte El Cid, será melhor não se meter nisso. Estou cansado de ficar esperando sem notícias. – Disse com a voz cheia de raiva e preocupação.
– Sísifos? Mi amigo, se fosse yo em tu lugar estaria igual. Sei que é difícil, mas no se desentenda com os gêmeos por conta de seus ciúmes. – Com a voz baixa, El cid tentava controlar o sagitariano que no momento era corroído pelo ciúme. – Ahora, venha comi... – El cid foi interrompido por uma Xu eufórica avisando que Esther acabara de entrar no prédio. Sísifos sentiu-se envergonhado e agradeceu aos deuses por El cid tê-lo impedido de cometer uma louca por mero ciúmes, ele sabia e admitia que a maior parte de sua fúria momentânea era por ciúmes de Esther, coisa que para ele era difícil por demais controlar. Os cochichos começaram, os olhares curiosos se voltaram para o painel do elevador que começou a contar 0 – 1 – 2 – 3... – 4 e finalmente o aviso de que o elevador acabara de chegar ao seu destino, o 5º andar do um luxuoso prédio em Pireas. Quando muitos curiosos ameaçam a erguer suas cabeças por cimas de suas estações para ver quem era o "novato" que Aspros fizera questão de mandar além de seu braço direito e sua amiga busca-lo pessoalmente, os curiosos ouviram o som da porta feita de madeira rustica sendo aberta e automaticamente voltaram a se sentar. Aspros e Defteros haviam saídos de suas salas e iriam recepcionar o "novato" pessoalmente? Como isso era possível? Tudo bem que os Gêmeos eram extremamente educados e cordiais, mas sair de seus "tronos" por conta de um "novato"? Isso era surreal! Impossível não haver curiosidade em saber quem era o felizardo.
A porta do elevador se abriu e foi possível se ouvir o som de uma bola de chiclete se estourar, a música que saia possivelmente de um headphone em volume alto era ouvida pelos mais próximos.
Você está na estrada
Mas você não tem destino
Você está na lama
No labirinto da imaginação dela
(Você está na estrada
Mas não tem destino
Você está na lama
No labirinto da imaginação dela)
O som de saltos batendo contra o mármore preto do chão ia aumentando para uns e se distanciando de outros assim como a música.
Você ama esta
cidade, mesmo que isso não soe verdadeiro conhece
ela
inteira, e ela tem sido em cima de você
(Você ama esta cidade
Ainda que isso não soe verdadeiro
Você esteve em todo lugar
E ela esteve em você todo)
O som de outra bola de chiclete sendo estourada ecoou, cada vez mais a curiosidade tomava conta do lugar, mas deveriam se conter afinal logo eles saberiam quem seria o novo integrante da turma.
É um lindo dia
Não deixe escapar
É um lindo dia
(É um lindo dia
Não o deixe escapar
É um lindo dia)
Toque-me
Leve-me para aquele outro lugar
Ensina-me
Eu sei que não sou um caso perdido
(Toque-me
Leve-me para aquele outro lugar
Ensine-Me
Eu sei que não sou um caso perdido)
A voz firme e altiva de Aspros pode ser ouvida pelos que estavam mais próximos. – Entre, fiquei a vontade! – Falou cordial e o som da porta se fechando e a música que era ouvida sessou.
– Cazzo! Ainda mais essa?! - Esbravejou o italiano
– Calma carcamano, já esperamos até agora o que é esperar um pouco mais. – Kardia disse, batendo uma mão no ombro do Canceriano que encontrava-se em sua cadeira.
– Olha, seja lá quem for esse aí só pode ter vindo dos céus. – Mathure comentou levando o dedo indicador até o queixo questionando-se. – Ou quem sabe tenha vindo dos infernos para acabar com nossas vidas. – Gargalhou levando outros a rirem consigo.
– Melhor que tenha vindo dos céus Mathures, já chega os problemas que temos, agora mais essa? – Falou o Indiano calmamente.
– O loiro budista virgem tem razão, tomara mesmo que esse felizardo tenha vindo dos Elízios. – Manigold falou elevando as mãos para os céus e balançando-as conforme as palavras iam saindo de sua boca. Asmita, lógicamente não gostou nada do termo usado pelo italiano e rapidamente e muito educamente revidou. – Eu sei que tenho razão e a propósito. – Fez uma pequena pausa. – Budista-virgem é suo padre. – Manigold respondeu com um olhar de desprezo e cara de nojo mas nada disse.
De repente o som da porta se abrindo pode ser ouvida outra vez, som de passos vindo da sala dos Gêmeos gregos pode ser ouvido novamente e a voz de Aspros ecoou pelo salão chamando a atenção do grupo de curiosos.
–Pessoal, preciso da atenção de vocês por um momento. - O grupo se levantou calmamente, não deixando suas ansiedades serem transparecidas, exceto pelo jovem Regulus que mal podia se aguentar para conhecer seu novo companheiro de trabalho.
– Hoje eu solicitei a Esther que fosse a Atenas acompanhar um novo membro para nossa equipe, imagino que algum de vocês já devem ter ouvido boatos sobre isso e por isso resolvi apresenta-lo pessoalmente a vocês. – Já de saco cheio de tanto esperar, Kardia aproximou-se do ouvido do Frances e em um cochicho reclama. – Que saco! Por que ele não cala logo a boca e mostra de uma vez quem é o novato? Esse cara só pode ser um idiota. – Degel que não gostou nada do comentário fora de hora do amigo lhe lançou um olhar fuzilando o amigo. O escorpiano se afastou e com apenas movimentos de lábios pedir-lhe desculpas. – Enfim, pessoal quero que conheçam Jim Kinneas! – Depois de pronunciar o nome, Aspros deu um passo para o lado afastando-se e dando a visão que todos tanto ansiavam. Jim andou três passos ficando entre Esther e Aspros, Defteros que estava logo atras observava atentamente a reação de todos.
Regulus que estava mais próximo ficou de boca aberta, parecia ter visto a deusa de seus sonhos, Kardia e Manigold não perderam tempo em fazer uma análise completa do visual da novata. Sim! O "tal" novato era na verdade uma...no-va-ta! Até os mais recatados El cid não segurou - Dios mío! – O indiano sentiu o rosto queimar e os olhos automaticamente realizarem uma análise da nova integrante. Mathure parecia ter visto um fantasma, seus olhos caramelo ficaram arregalados, as sobrancelhas levantadas e a boca levemente aberta como se não acreditasse no que estava a sua frente. Sísifos que assim com os outros não sabia quem seria o novo integrante do grupo pareceu absorver a reação de Mathure, levanto Esther a dar um leve sorriso. Degel ficou paralisado, sentiu seu coração falhar uma batida quando a viu, seus olhos dançaram em cada detalhe, por um segundo pensou ser um sonho, mas depois percebeu ser real, pôs seus amigos também estavam vendo aquela que com certeza teria vindo dos Elísios. Xu que havia saído para buscar água assim que retornou levou um susto, deixando o copo ir ao chão fazendo com que Degel voltasse à realidade, sem pensar a japonesa soltou seu comentário.
– Ãhn?! O novato é uma garota? – Falou levantando uma sobrancelha. Jim que não gostou muito do comentário finalmente deixou sua voz ser ouvida por todos.
– Por que o espanto? Esperava um homem?
– Bom... é...não é bem isso...é que. Gomen-nassai(Desculpe-me)! – Pediu Xu envergonhando-se pelo seu mau comentário.
– Daijoubu.(Está tudo bem) – Respondeu Jim. Xu e os outros ficaram ainda mais surpresos. Jim era japonesa e conseguia ser tão exótica quando Esther, ela usava um coturno preto até o meio da panturrilha, a bermuda não muito justa na cor verde escuro ia pouco abaixo de seus joelhos, a blusa colada branca de alças finas por cima de um top da mesma cor com alças mais grossas deixavam um pequeno pedaço de seu abdômen exposto , o headphone preto e branco conectado ao celular em seu bolso esquerdo agora se encontrava em silencio e pendurado em seu pescoço, um relógio com pulseira grossa feita de couro no braço esquerdo vinha acompanhado de uma pulseira no formato de trança na cor prata, as unhas quadradas estavam pintadas na cor preta, a mochila surrada feita de jeans enfeitada com vários bótons diferentes era carregada em seu ombro direito. Mas o que realmente chamava a atenção era a combinação de seus cabelos enormes cor de carmesim juntamente com seus olhos que pareciam mais duas esmeralda causando um contraste enorme sob sua pele branca, as sobrancelhas finas arqueadas dava um ar mais sensual ainda aqueles olhos incríveis, os lábios rosados e canudos estavam sérios e o nariz fino era coberto por leves sardas que iam até suas bochechas.
Aspros por sua vez começou as apresentações a Jim que ouvia e observava atentamente.
– Jim, esse é nosso estagiário o jovem Regulus Eilikrinis. – Levou a mão em direção ao leonino que corou com o olhar que Jim lanchou sobre si, a ruiva o analisou dos pés a cabeça como se quisesse memorizar o que Aspros havia lhe mostrado. – Muito prazer Jim! – Respondeu o leonino com entusiasmo.
– Aquele ali é nosso Arquiteto, Manigold Fortini. – O italiano correspondeu à análise da ruiva com um olhar que parecia deixá-la nua. - Ciao rossa. – Jim não entendeu uma letra do que ele havia lhe dito, mas preferiu não perguntar.
– O loiro da pinta na testa é Asmita Rajeev, nosso traineer. – O budista nada disse, somente acenou com a cabeça.
– Akemi Ogawa é a Assistente de Arquiteto, trabalha diretamente com Manigold. – A loirinha platinada de cabelos ondulados e olhos azul turquesa até o meio das costas deu um aceno com a direita e completou apenas com um "Olá" que foi correspondido com um leve sorriso.
– Aquele. – Apontou o gêmeo mais velho. – É Kardia Eidikos nosso melhor desenhista e cadista. – Kardia rapidamente cumprimentou a ruiva deixando-a corada. – Olá Ruiva. – fez uma pausa correndo seus olhos por todo corpo de Jim. – Eu já imaginava que seriamos surpreendidos, mas...não esperava que seria tanto assim. – E soltou seu sorriso sacana, Jim não disse nada apenas desviou os olhos por alguns instantes e depois voltou a observa-lo.
– Mathure Mahsati nossa representante e a melhor que conheço. – A Egípcia sorriu e abaixou a cabeça rapidamente, depois voltou seus olhos para Aspros. – Não é pra tanto. Seja bem vinda Kinneas.
– Por fim...Nosso Designer e coordenador do grupo Degel Marchand. – Jim levou suas esmeraldas até onde Aspros havia lhe indicado e quando seus olhos bateram no francês ela paralisou. Pensou como podia não haver notado aquele príncipe ali antes, seus olhos automaticamente se moviam em cada detalhe da face do francês, os olhos violetas pareciam estar lendo seus pensamentos, as sobrancelhas longas e arqueadas era coberta pela franja desconexa que o francês usava em seu longo cabelo verde oliva, os lábios finos se abriram lentamente para que ela pudesse ouvir sua voz. – Seja bem vinda, ma chérie. –A voz firme de Degel carregada com um forte sotaque francês entrou pelos ouvidos de Jim fazendo-a sentir como se houvessem milhares de borboletas em seu estômago e sem conseguir se conter deixou escapar seu sorriso onde seus dentes ficaram a mostra, Esther que percebera a reação diferente da ruiva trocou um olhar desconfiado com o namorado. Kardia que conhecia o amigo de infância assim como Sísifo já havia percebido que Degel ficara encantado quando Jim deu as caras, o que Kardia não pensará era que a recíproca fosse verdadeira e a ruiva que ainda não havia notado o amigo no meio de todos quando o fez acabou caindo nas graças do francês. O pior era saber que Degel nem devia ter notado aquilo o que deixava o escorpiano extremamente irritado. O amigo havia ganhado a ruiva sem o menor esforço e sabia que o mesmo levaria uma vida para tomar a decisão de demonstrar ou não seu interesse a ruivinha o que era algo inaceitável para alguém com gênio como de Kardia. Aspros novamente voltou a falar, explicou a Jim que Esther e Sísifo eram os terceiros no comando, desejou a ruiva boa sorte e após dispensou seu grupo retornando a sua sala. Defteros que deixou que o irmão fosse o responsável por tudo aquilo nada disse, apenas voltou em silencio para sua sala. Manigold, Kardia e Regulus se aproximaram ainda mais de Jim que os olhou com desconfiança.
– Che occhi belli, não se vê esmeraldas assim todos os dias. – Aproximou-se ainda mais do rosto da ruiva com um sorriso sacana olhando dentro de seus olhos, Jim com as sobrancelhas levantadas automaticamente afastou o rosto.
– Puxa... são de verdade mesmo? – Regulus se aproximou, também queria ver a ruiva mais de perto. Jim voltou seus olhos para o leonino e respondeu sem jeito. – Ãhn...sim. – Kardia percebendo o embaraço da novata se aproximou empurrando os curiosos.
–Dá pra vocês deixaram a garota em paz ela mal chegou e vocês já estão como urubus em cima da carniça. Saiam daqui e deixem a boneca respirar! – Kardia colocou as mãos na cintura e levou o corpo a ficar na altura de Jim. – E aí ruiva tá com fome? São quase 15:00 e a galera ainda não almoçou então, o que acha de ir com a gente matar a fome?
– Até que enfim você disse algo que presta Kardia, estou faminta. – Disse Esther fazendo um muxoxo levando as mãos ao estômago que acabara de emitir um ruído. Todos concordaram e Kardia rodeou um dos braços em volta dos ombros de Jim guiando-a para a saída juntamente com o grupo. Quando o grupo entrou no elevador Jim acabou de frente para o budista que e lhe deu um sorriso e lhe falou:
– Seja bem vinda a Óros Ólimbos, Jim Kinneas.
Continua ..
