Diferenças
Santo, como era bom o som do silêncio. Sentira tanta falta disso. Durante os seis longos meses em que ela estivera na casa, não havia estado calada a menos um instante. Ele se lembrou de cada escândalo, cada grito, cada sussurro e cada palavra pronunciada. Aquela casa estava infectada pelo som – mesmo sem qualquer barulho agora – ele podia ouvir. Sabia exatamente o que ela faria e diria a seguir. Aprendeu seus costumes, conseguiu reconhece-la. Depois de cada passo, ou movimento, sentia a sensação de ouvi-la em seu tom costumeiramente animado. Então o silencio passou de reconfortante a cruel.
Senhor, que diferença. Sentia-se incrivelmente feliz por estar sozinha, sem precisar se esforçar para entender os pensamentos do outro. Foram seis meses para aprender a entendê-lo. Ela tentara manter conversas inúteis apenas para evitar aquele silencio incomodo entre os dois, mas ele não ajudara. Impedia-a com todas as forças. Nunca respondia, apenas continuava ali, uma presença indesejada. No inicio simplesmente ignorara, algumas vezes olhara-a de soslaio e, em casos raros, analisara a garota de cima a baixo – sem nunca perder o ar superior. Longe dele, passou a imaginar suas reações e pegara-se – não poucas vezes – dizendo baboseiras como: "Agora ele olharia desse jeito", imitando jocosamente as caretas dele. A convivência, mesmo que forçosamente, acostumara-a com a distância estabelecida – não física. Irritava-a o fato dele jamais se descontrolar, ou falar mais que o necessário. Deveria parar de pensar nele, estava sozinha agora e ficaria feliz por isso. Então por que sua mente não processava outra informação que não relativa a ele?
Já não aguentavam, precisavam sair para espairecer. Ocuparem-se com banalidades, qualquer coisa para esquecer um ao outro.
O primeiro lugar que veio a mente dele era perto de sua casa, então saiu andando calmamente.
Veio-lhe a lembrança de um lugar familiar, saiu rapidamente com o semblante alegre.
Ele andava observando as pessoas e ouvindo atentamente tudo ao redor. Achou intrigantes as ações dos transeuntes.
Ela ignorou tudo, apenas olhara para o céu enquanto perdeu-se em pensamentos.
Ao fim do dia, deram-se conta de que, afinal, o outro não era tão ruim. As diferenças – falante e calado, alegre e sombrio – foram boas para ambos. Eles aprenderam a respeitar um ao outro e respeitar-se mutuamente. As brigas foram intensas no inicio, mas ao fim poderiam chamar-se amigos.
Ok, sei que não está muito boa. Ficou uma fluffy extremamente doce e melosa, mas não foi minha culpa, eu acho. Era apenas um trabalho de português que me instigou a escrever. Como se trata sobre amizade e diferenças eu não pude não lembrar desse casal tão fofo que eu amo de paixão. Acho que é só isso, espero que gostem, e peço reviews, elas me ajudam a melhorar.
