Autora: Naomi

título original: A One Night Without a Stars

Tradutora: Tina-chan

Revisoras: Illy-chan Himura Wakai e Cris Kanaschiro.

Gênero: Yaoi, Romance.

Censura: Nenhuma.

Casal: 2+1

Advertências: Um pouco de Angústia, Suspense, Mistério e Assombração em geral.

Retratações: Os personagens de Gundan Wing e todos os relatos depois da colonização não me pertencem, mas aos seus criadores (Bandai, Sunrise, Sotsu Agency & TV Asahi). Eu estou simplesmente me divertindo um pouco com eles, sem nenhum propósito lucrativo.

Nota da Tradutora – Tina-chan

Eu dedico todo o esforço e incentivo para esta tradução a uma pessoa muito especial...

Eu dedico esta tradução a Você, minha querida amiga Illyana, por todo apoio que recebi!!!! Linda, agradeço, de coração, toda a gentileza que recebi de você para que este trabalho saísse... Portanto, este trabalho é tão meu, quanto seu, espero que te agrade...

Há! E não menos importante:

Agradeço também, à Naomi pela autorização, e incentivo para o trabalho – bem como a paciência em responder minhas dúvidas...

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capítulo 01

"Querida, chegueeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!". Duo chamou alegremente e deixou suas malas caírem no chão. Ainda sorrindo ele olhou da esquerda para a direita, examinando sua nova residência pelas próximas duas semanas.

"Offf... Parece que este lugar está abandonado a séculos..." Ele assoviou admirado, seus olhos vagando pela cara mobília. Ainda que fosse início da tarde, a casa parecia ser muito escura.

Havia uma enorme janela na sala de estar, escondida atrás de espessas e empoeiradas cortinas, permitindo apenas muito pouca luz solar passar por elas. Os tímidos raios solares iluminavam somente um pouco a sala, as paredes eram escuras e a mobília sombria. Partículas de pó dançavam preguiçosamente, dando ao lugar um sentimento depressivo e obscuro.

"Eu chamei algumas pessoas para limpar o lugar para nós".A voz de Quatre veio de trás, enquanto o loiro árabe entrava na casa, carregando suas próprias malas. Ele empurrou Duo gentilmente, já que o garoto de trança ainda estava parado na porta. "A vista também é muito agradável".

O largo sorriso de Duo não vacilou enquanto ele pegava suas malas. "Tinha que ser, senão, por que estaríamos aqui? Nada como um bom panorama para ajudar a entender a missão, por os pés para cima e relaxar por enquanto...".

"É uma missão de observação, Duo". A voz de Trowa também se juntou quando o piloto do Heavyarms entrou na casa enorme, carregando sua própria bagagem. "E você deve levá-la mais a sério do que qualquer outra missão." Ele continuou, mandando a Duo um olhar sério.

O Americano suspirou e balançou a cabeça. "Sim. Eu sei... Eu sei..." Ele resmungou, andando para o interior da casa. Era o meio da primavera, e lá fora o tempo estava bom e morno, o perfume das flores no ar. Mas dentro, Duo percebeu que estava muito frio. O ar estava obviamente frio fazendo Duo arrepiar-se. Determinado, andou e abriu as cortinas, deixando o sol morno entrar. Feito isto, voltou-se para olhar a porta, observando Wufei entrar.

"Eu achei a base, é logo abaixo da montanha." O piloto chinês informou. "É uma boa coisa esta casa estar montanha acima, isto nos dá uma vantagem. Nós teremos que encontrar um bom lugar para montar um posto de vigilância, e nós fixaremos". Ele concluiu, colocando uma grande caixa com equipamento de vigilância no chão.

"Isto é ótimo". Duo comentou, terminando de abrir as cortinas. Isto será pouco para amenizar o ar frio. Franzindo as sobrancelhas, ele olhou para a janela.

"Quem fará o primeiro turno?" Trowa perguntou enquanto retornava para a sala, depois de colocar suas coisas no andar superior.

Wufei encolheu os ombros. "Imagino que Yuy tenha a escala".

Naquele momento, os olhos de Duo arregalaram-se e ele saltou para a porta. "Falando nisso, onde está Heero?". Perguntou andando para fora.

"Eu acho que ele está desempacotando o restante do equipamento".Trowa respondeu gesticulando para a porta.

"Talvez ele esteja procurando um lugar para colocá-lo". Adicionou Wufei.

"Ch! Sempre trabalho com aquele cara...". Duo resmungou e caminhou para fora.

Ele não encontrou Heero na van, então decidiu ir procurar por ele ao redor da casa. A enorme casa de campo de três andares estava situada no topo da montanha verde, rodeada por árvores e outras montanhas menores. Abaixo em um pequeno vale, estava a base que eles deveriam espionar. Duo andou ao redor da casa, deleitando-se com o morno e agradável ar, apreciando o cenário. Não existiam muitas flores crescendo ao redor, ao contrário das outras montanhas. Na verdade, não existiam flores, o que era estranho para aquela região, especialmente na primavera.

A única vegetação ao redor eram ervas daninhas e arbustos crescendo até demais. Eles eram satisfatoriamente verdes, mas observando de perto, eles pareciam ter uma cor um pouco apagada, como se estivessem murchando. Todos os arbustos e árvores estavam tombados parecendo dobrados, nos galhos feios cresciam algumas poucas folhas.

Duo encontrou seu amigo em um pequeno pomar de semelhante aparência, aproximadamente uns cem metros atrás da casa. Ele estava ajoelhado no chão juntando várias peças do equipamento que estavam espalhadas sobre o solo úmido.

Duo sorriu para si mesmo e sacudiu a cabeça. Ele se aproximou de Heero por trás. "Ei, qual é o problema, Heero deixou cair alguma coisa?" Ele chegou provocando o garoto agachado.

"Hn. Ajude ou cale a boca". Ele resmungou sem levantar seus olhos para cima.

"Nossa... agora nós estamos mal humorados?". Duo suspirou e começou ajudar seu amigo. Heero era sempre assim. Tão... Perturbado. Sempre censurando e irritado demais. Ele falaria o necessário, apesar de tudo, ele sempre se mantinha assim. Depois de estarem juntos em algumas missões; Duo ainda não podia dizer que realmente conhecia o cara. Mas ele estava curioso. Bastante curioso, para dizer a verdade. Havia alguma coisa em Heero. Algo muito solitário e muito triste, que fazia Duo querer saber mais. Ele queria ver o garoto japonês se abrir. Ele gostaria que ele fizesse parte do grupo, não apenas nas missões, mas fora delas também.

Inferno, até mesmo Trowa parecia estar trabalhando muito bem junto com eles. E ele seria amaldiçoado se ele fizesse o mesmo com ele, Heero não seria o mesmo. Não. Duo prometeu a si mesmo que faria o garoto sair de sua concha. Não importava como o faria. Ele já havia prometido a si mesmo que ele e Heero seriam amigos. É claro que ele não esperava que eles fossem melhores amigos... Nah, ele teve apenas um melhor amigo, e ele havia morrido há muito tempo atrás...

Ninguém poderia tomar o lugar dele. Chk! NÃO especialmente Heero. Ele era tão...Heero. Não existia outra palavra para defini-lo. Heero era a própria definição de si mesmo.

Não, por mais que ele gostasse do garoto japonês, ele sabia que nunca poderia ser tão próximo do japonês da mesma maneira que fora de Solo. Heero era apenas... Um desafio, talvez. É, é definitivamente um desafio, trazer Heero para fora de sua concha fria. E Duo Maxwell NUNCA recusava um bom desafio.

Duo olhou para seu companheiro com um pequeno sorriso em sua face. Heero NÃO tinha a menor idéia de com quem ele estava lidando...

Ele viu Heero estender a mão e limpar o suor de sua testa, e então continuar a trabalhar. Duo franziu as sobrancelhas. Não estava TÃO quente. Na verdade, estava começando a esfriar, ele tinha certeza que iria chover logo. Ele imaginou porque Heero estava suando já que ele estava vestindo sua costumeira regata e spandex, e deveria estar relativamente fresco.

Sua linha de pensamentos foi cortada quando ouviu algumas peças do equipamento caírem no chão outra vez com um alto ruído. Franziu as sobrancelhas quanto ele viu Heero parecer estarrecido com a bagunça que tinha feito, suas mãos tremiam levemente.

Agora ele estava preocupado. Heero NUNCA derrubava as coisas, especialmente DUAS VEZES seguidas. Alguma coisa só podia estar errada.

Levantou os olhos e examinou a face de Heero. O suor estava pingando de suas têmporas e sua aparência demonstrava cansaço, como se ele não dormisse há uma semana. Duo sabia que este não era o caso, já que Heero tinha dormido o caminho inteiro, outra coisa muito incomum nele.

"Heero? Você está bem?" Ele finalmente perguntou estendendo sua mão na direção do amigo.

Heero afastou-se e começou a arrumar sua bagunça. "Estou bem". Ele resmungou numa voz rouca. "Apenas cansado". Ele adicionou rapidamente, virando de costas para Duo enquanto colocava suas coisas na caixa.

Duo franziu suas sobrancelhas novamente, descontente com a resposta. "Você tem certeza?" Ele tentou novamente, com preocupação na voz. "Você não parece tão bem".

"Estou bem" Heero respondeu com a voz aguda, então tossiu, ficando em pé.

Duo levantou-se também, seus olhos observando Heero preocupadamente. O garoto japonês estava apenas parado lá, a caixa em suas mãos, tão firme quanto uma rocha. Ele estava olhando para baixo no final da montanha íngreme, aonde algumas rochas enormes apareciam fora da beirada do precipício, abaixo da base. Mais abaixo, poderiam ser avistadas luzes cintilantes. O sol estava assentando-se no horizonte e algumas nuvens escuras viajavam através do céu tingido de carmesim.

De repente Heero recuou e rapidamente olhou além do rochedo onde estava parado.

Duo olhou para ele confuso. Estava para dizer alguma coisa quando Heero passou por ele, com sua cabeça mergulhada entre os ombros.

"Vamos". Foi tudo o que o piloto do Wing disse enquanto marchava de volta para a casa.

Os olhos de Duo estreitaram-se enquanto o observava retirar-se. Tornou a olhar sobre seus ombros, para o vertical desfiladeiro, juntando suas sobrancelhas. Não havia nada lá.

Suspirando internamente, Duo balançou sua cabeça e rumou de volta para dentro da casa.

Suspirando profundamente, Duo pegou a comida com seu garfo. Estavam todos eles sentados em uma velha e enorme cozinha, jantando. Era tarde da noite e a escura cozinha estava iluminada por algumas velas fracas. Não era permitido que acendessem as luzes, para que a presença deles na casa não fosse notada.

Cobriram todas a janelas com pesadas e escuras cortinas e colocaram apenas umas poucas velas ao redor da casa, nos aposentos mais importantes. As sombras dançavam por todos os cantos, e as pequenas chamas debatiam-se contra o ar frio. Do lado de fora o vento soprava forte, assoviando contra as fendas das paredes e janelas.

Seria uma semana sofrida, Duo sabia disto. Semanas assim eram sempre sofridas. Ele odiava esta época do ano. Lembranças muito ruins vinham à tona. Como sempre... Apenas assim… Até mesmo quando tentava não pensar nisto. Mas elas sempre vinham. Ele apenas poderia SENTIR que os pesadelos chegariam esta noite. Ele tremeu só em pensar.

Mas era sua culpa. Era sua culpa por ter pensado enquanto estava lá fora com Heero. Ele NUNCA deveria pensar sobre ele. NÃO especialmente nesta época do ano... Não quando aquele dia estava tão perto... Quase perto... Daquela data...Aquela data horrível... Uma lembrança do passado. O passado, quando ele tinha perdido seu melhor amigo, sua única família, seu tudo...

Duo suspirou e chacoalhou a cabeça com força. Ele devia para de pensar sobre isto! Não havia utilidade em reviver no passado! Ele deveria desfrutar seu tempo AQUI e AGORA, com seus amigos. Aquilo é o que ele tem agora... Eles são tudo o que ele tem. Igualmente como ele não tinha um melhor amigo e um ombro para chorar. Era por isto que ele havia parado de chorar, em primeiro lugar. Não era uma coisa boa chorar quando não se tinha um ombro consolador.

Respirando profundamente, Duo olhou para cima, e forçou todos os obscuros pensamentos para fora de sua cabeça. Ele olhou para sua refeição – Argh, pensou - e olhou de volta para Quatre. "Não tem nada mais para comer?".

Quatre balançou sua cabeça, desculpando-se. "Desculpe Duo, mas isto foi tudo o que pude conseguir nesse pouco de tempo".

"Oh!" Foi tudo o que Duo conseguiu dizer, olhando para seu prato. "Droga".

Quatre franziu as sobrancelhas, preocupado e desacostumado com o curto e taciturno comentário vindo de Duo. Geralmente, o garoto trançado teria algumas palavras melhores para dizer sobre a refeição, ou pelo menos uma infinita reclamação. Hoje, ele estava quieto. Quieto demais, o que era muito estranho. A casa estava silenciosa demais, sem uma única risada ou uma gargalhada para preencher assustador silêncio. Isto era estranho.

"Duo?" O loiro finalmente decidiu quebrar o silêncio, levantando o olhar para seu amigo. "Está tudo bem?".

Duo suspirou novamente examinando sua refeição por todos os lados. Ele olhou para o lado, para o prato que estava ao lado dele e franziu as sobrancelhas. Ele notou que ao contrário dos outros, Heero não tinha nenhum bife em seu prato, e a comida estava intacta. Olhando para cima, viu que Heero apenas estava parado em frente a sua refeição, as mãos ao lado, os ombros arriados, o rosto cansado e suado.

Duo fez uma careta, preocupado, mas pode sentir o olhar fixo de Quatre sobre ele, então se voltou para o piloto e respondeu. "Estou bem. Apenas pensando"

"Sempre tem uma primeira vez..." Wufei resmungou para si enquanto recebia um rápido e duro olhar de Duo. Mas então os olhos sombrios de Duo olharam para um ponto distante.

"Sobre o que você estava pensando?" Trowa surpreendentemente quebrou o silencio.

O restante dos pilotos, com a exceção de Heero, olharam para ele, esperando por uma resposta.

Duo suspirou mexendo-se desconfortável em sua cadeira. "Oh, nada. Apenas na data".

"Na data?!" Wufei perguntou levantando uma sobrancelha. "Porquê você estaria pensando na data?! Nós estamos aqui apenas por quatro horas e você JÁ está pensando em ir embora?!".

Duo forçou-se a rir, brincando com a comida. "Não Woofei. Eu seria o ÚLTIMO a reclamar sobre uma semana livre... Mas..." O que eu posso contar a eles? Eu não quero mentir... O que eu posso dizer? Oh Deus...Eu odeio ficar deprimido! Atenção DEMAIS sobre você!

Subitamente, Heero moveu a cabeça para cima, olhando para o teto estreitando os olhos.

Duo virou o olhar para ele, confuso. "Você está bem, Hee-man?".

Heero manteve o silêncio e a imobilidade. Voltando o olhar para baixo fixamente para o nada, o olhar fixo e desfocado.

"Heero?" Duo tentou novamente, mas não obteve resposta. Levantando a mão, tocou levemente no ombro de Heero. "Heero".

A cabeça do garoto virou rapidamente, e olhou para Duo surpreso.

Quatre e Duo trocaram um olhar preocupado, e olharam novamente para Heero.

"Heero, você está se sentindo bem?" O loiro perguntou preocupado.

"Estou..." Heero começou, e então parou, levantando os olhos para o teto novamente. E rapidamente voltou seu olhar para baixo. "Eu estou bem."

Wufei franziu e Trowa levantou uma sobrancelha.

"Alguma coisa errada?" Perguntou Trowa apontando o teto com seu garfo.

Heero suspirou e chacoalhou sua cabeça. "Eu pensei ter ouvido alguma coisa".

"Não há mais ninguém aqui, exceto nós".Duo o assegurou."Nós checamos um bilhão de vezes só para termos certeza". Forçou um sorriso, dando pancadinhas leves no ombro de Heero. "Apenas relaxe e tente aproveitar este tempinho livre, eh?".

"NÃO é tempo livre, Maxwell. Nós estamos em uma missão!". Wufei relembrou-o pela DÉCIMA vez neste dia.

"Que seja" Duo virou os olhos para cima. Ele voltou-se para Heero; subitamente sentindo-se melhor do que aquela atenção que estava sobre ele. " Hey! Eu aposto que seu mau humor é porque você está no quarto rosa, certo? É! Deve ser isto! Heh, combina com seu jeito tão gracioso! Você demorou tanto para chegar aqui que os outros quartos foram ocupados!."

"Hn!" Heero grunhiu e afastou-se do toque de Duo. Ele lentamente pegou seu garfo e começou a pegar sua refeição sem carne. Mas nenhuma comida veio para sua boca.

"Gracioso?" Quatre perguntou sufocando um sorriso. Era bom ver Duo de volta ao seu normal. Por mais divertido que fosse, de todas as pessoas, fora Heero quem provocara nele o alegre riso novamente. "Alguma coisa aconteceu?!"

"Oh! Nada demais. Heero apenas achou que espalhar o equipamento de vigilância no pomar seria uma boa idéia..." Duo perguntou com um grande sorriso. "Certo Heero?"".

"…"

"Viu? Ele está se sentindo melhor agora."

Heero suspirou e jogou seu garfo para o lado. Lentamente levantou-se e se preparou para sair da cozinha.

"Hey, Heero onde você está indo?" Duo chamou atrás dele.

"Cama". Foi tudo o que o garoto japonês disse, antes de deixar a grande cozinha.

Duo fez uma careta, olhando para seu relógio. Era cedo demais para ir para a cama.

"Então, quem fará o primeiro turno?" Trowa perguntou e Duo forçou-se a juntar a conversa, sua mente estava em Heero todo o tempo.

No dia seguinte, perto do meio dia, Duo saiu de seu quarto esfregando os olhos cansados. Ele tinha feito o primeiro turno depois do jantar, querendo escapar dos domínios do sono e pesadelos por enquanto. Ele decidiu que faria somente turnos à noite, então ele dormiria melhor. Os pesadelos não eram tão ruins durante o dia. Se ele pudesse apenas esperar até que esta data horrível passasse, então ele iria ficar bem. Ele contou aos rapazes que Shinigami preferia trabalhar a noite, e então riu loucamente. Os rapazes deram-lhe um olhar curioso, mas eles concordaram e inscreveram-no em todos os turnos noturnos. Ele terminou seu turno pelas cinco da manhã, então Trowa trocou de lugar com ele.

Ele correu a mão sobre a franja castanha desarrumada, que estava arrepiada para todas as direções, ainda desarrumada do sono. Com uma toalha causalmente jogada sobre seus ombros, ele caminhou pelo corredor abaixo, para o banheiro.

Bocejando, ele acenou para Quatre, que estava de passagem. O árabe loiro sorriu de volta, enquanto passavam um pelo outro.

Uma vez pronto, ele saltitou escada abaixo para tomar seu café da manhã. Wufei estava sentado na grande mesa de madeira, com alguns relatórios de vigilância em sua mão, ocultando sua face.

"Trabalhando tão cedo Wu-man?". Duo o provocou enquanto servia-se de um pouco de chocolate.

"Humph! Nada que você já não soubesse Maxwell". Rosnou o piloto do Shenlong, misturando seus papéis.

"Pois fique sabendo que eu trabalhei duro para escrever estes relatórios!" Ele se jogou para trás, sentando-se e fixando-se no garoto chinês. "Não é uma tarefa fácil quando você está morto de cansaço às três horas da manhã!".

"Chk!" Wufei rosnou. "Você escreveu 'militar' errado. Duas vezes!"

Duo enrubesceu baixando a cabeça entre seus ombros. "Hey! Nossa, dá um tempo! Estava escuro como o inferno lá fora!".

Quatre gargalhou comentando, sentando entre os dois. "Leve uma vela com você da próxima vez"

Duo virou os olhos. "Eu levei, mas a maldita ventania apagava! Chk!. Dê-me uma boa lamparina! Eu odeio equipamento da idade média!"

Wufei virou os olhos e Quatre riu silenciosamente. Ele deu uma rápida olhada no relógio da cozinha, e então franziu as sobrancelhas. Ele olhou para trás sobre seus ombros, mirando a porta da cozinha, com um profundo desagrado. E olhou o relógio novamente.

Duo levantou uma sobrancelha questionando. "Alguma coisa errada?" Perguntou bebendo seu chocolate quente.

Quatre suspirou e olhou novamente para os dois. "Bem eu apenas estava pensando, que é estranho que Heero não tenha decido ainda. Seu turno começa em quinze minutos". Ele olhou pela janela da cozinha para o pequeno pomar onde eles esconderam estação de vigilância.

Duo franziu as sobrancelhas olhando para a janela também. Por fim ele encolheu os ombros."Ah! Talvez ele tenha dormido demais!".

Wufei largou os papéis sobre a mesa, e Quatre virou de boca aberta para o Americano trançado.

Nenhum deles acreditava nisto.

Vinte e cinco minutos mais tarde, os três pilotos olharam para cima quando ouviram passos silenciosos aproximando-se da cozinha. Duo sorriu e abaixou sua caneca.

"Bom dia Heer..." Ele parou no minuto em que percebeu que era Trowa entrando na cozinha, aparentando muito cansaço.

"T-Trowa!" Quatre exclamou, levantando de sua cadeira. Ele apressou-se para fazer café para o garoto.

"Meu turno terminou há dez minutos atrás". Trowa chamou a atenção calmamente, sufocando um bocejo. "Ninguém apareceu". Ele terminou, inspecionando a grande cozinha com seus olhos verdes. Piscou algumas vezes, tentando ficar acordado. "Onde está Heero?".

Ambos Wufei e Quatre levantaram os ombros, e Duo apenas fez uma careta.

"Hm" O piloto do Heavyarms grunhiu, pegando uma cadeira da mesa. "As câmeras ainda estão gravando, mas eu estou cansado demais para continuar assistindo. É melhor alguém ir fazer isso no meu lugar."

Duo suspirou profundamente e levantou-se. "Ta bom... Ta bom... Eu vou checar...". Murmurou, e suspirou preocupado consigo mesmo. Era MUITO estranho Heero estar tão atrasado.

Ele parou enfrente a porta do quarto de Heero respirando fundo antes de bater. Quando não veio nenhuma resposta, ele bateu novamente, mais corajosamente desta vez.

Porém novamente houve apenas silencio.

"Heero?" Duo chamou, virando os seus olhos. "Heero, vamos homem, abra!" Ele chamou, batendo firme. "Heero, seu turno começou há quinze minutos atrás! Lembra-se? Turno? Olhar a base? Missão?! Hellllllloooo! Alguém aí!? Terra para Heero! Abra a porta, cara!".

Finalmente cansado de conversar com a porta, Duo decidiu testar a maçaneta. Ele ficou surpreso por encontrá-la aberta. Aquilo era estranho. Heero SEMPRE trancava sua porta. Talvez ele estivesse cansado demais a noite passada esquecendo então de trancá-la. O que, mais uma vez, era uma coisa muito estranha por si só.

Abrindo lentamente a porta, Duo atreveu-se a espiar dentro do quarto. Primeiramente, poderia afirmar que o quarto estava sufocante. Não havia ar fresco preenchendo o quarto, a porta e a janela devem ter ficado fechados à noite inteira.

Balançando sua cabeça, Duo andou silenciosamente para dentro do quarto, caminhando até a grande janela, que ficava no lado oposto do quarto. Ele abriu as dobras da cortina, franzindo seu nariz quando o pó voou sobre ele. Fortes raios solares entraram dentro do quarto, momentaneamente cegando Duo. Ele rapidamente abriu a janela, deixando algum ar fresco entrar, então ele examinou o quarto.

Ele não pode deixar de rir quando observou. As paredes, num forte e brilhante rosa, um contraste cortante com as trevas de momentos atrás. Os papéis de parede rosa pareciam velhos e gastos, descascando nas paredes em alguns lugares. As cortinas eram de um tom mais leve de rosa, e também pareciam gastas. A mobília do quarto era toda em miniatura, pequenas cadeiras, mesa, escrivaninha e cômoda para uma criança de seis anos de idade. O quarto parecia velho e empoeirado como o restante da casa, o tapete branco cheio de sujeira, mas ainda parecia bonito e delicado.

Se você fosse uma garotinha. E um único olhar para a pequena cama no meio do quarto, imediatamente sugeria que o ocupante do quarto rosa não era de maneira ALGUMA, uma garotinha. Era um adormecido Heero que estava totalmente esparramado sobre a pequena cama de menina, parecendo um homem morto com sua cabeça inclinada próxima ao travesseiro, e um cobertor rosa pálido escorregando de seu corpo para o chão.

Duo riu e balançou a cabeça. Ele nunca seria pego dormindo como MORTO nesta cama!

Ele lentamente aproximou-se da cama, ainda sorrindo maliciosamente com seus olhos embriagando-se ao lado de seu companheiro coberto de reluzentes lençóis rosa. Ele parou ao lado da cama, apenas olhando para ele por alguns instantes. Não podia evitar. Havia alguma coisa em Heero quando ele dormia. Sua face não era tão inflexível, ele parecia relaxado, pacifico até. Inocente. Seus lábios esticados abertos, sua respiração suave, seus cabelos bagunçados, enquanto eles pousavam sobre toda sua face.

Duo sorriu quando ele percebeu que a mão de Heero estava fechada ao redor do travesseiro, segurando-o. Ele lembrava uma criança pequena; dormindo assim.

Ele ia abaixar-se e cutucar Heero acordando-o, quando alguma coisa despertou nele. Ele parou sua mão na metade do caminho. Fez uma careta a milímetros perto de Heero, olhando para sua face mais de perto.

Seus olhos estreitam-se pensando, quando ele notou as pequenas gotas de suor escorrendo das têmporas de Heero. Isto era estranho, o quarto estava completamente fresco e Heero não estava coberto com seu cobertor, e vestindo nada além de seus shorts e uma camiseta.

Atenta e cuidadosamente, Duo podia ouvir agora que a respiração estava difícil. Fraca e algumas vezes irregular. Seus olhos arregaçaram-se preocupados, ele rapidamente pousou a mão na testa de Heero.

O garoto gemeu baixinho ao toque frio, tentando afastar-se.

Duo ofegou compreendendo. "Heero você está queimando de febre!" Ele disse preocupado.

Os olhos azuis cobalto lentamente agitaram-se abrindo, a principio desfocados, olhando para frente.

"Heero?" Duo perguntou atenciosamente, lentamente ajoelhando-se na frente da cama. Ele baixou o olhar para dentro dos olhos vidrados de Heero. "Heero? Você está se sentindo bem?".

Aqueles olhos azul oceano piscaram novamente, e levaram um momento para entrar em foco. Então Heero suspirou profundamente, e subitamente tossiu.

"Duo..." Ele murmurou, rouco. "Que...Horas?"

A curta pergunta foi seguida por algumas tosses secas e Heero fechou seus olhos respirando profundamente.

"Hora de você descansar mais!" Duo exclamou, pulando em pé. "Eu vou falar aos rapazes que você está doente!"

Heero tossiu novamente, e Duo pode vê-lo negar com a cabeça. "... Duo".

"Sem reclamações, Heero!" O garoto quase gritou, subitamente preocupado. Era tolice dele tornar-se tão preocupado. Isto provavelmente era apenas um maldito e simples resfriado, mas por alguma razão, isto o fazia sentir-se um pouco amedrontado. Talvez fosse o pensamento de ver Heero, o único imbatível, dominado na cama por causa de uma pequena e simples gripe. E pensar que uma coisa assim estava acontecendo nunca o acalmaria.

"Você precisa ficar bem aqui na cama enquanto eu trago algum remédio ou coisa assim!" Ele adicionou enquanto aflito, corria para a porta.

"Não..." Heero murmurou retornando vagarosamente para sua cama. Acometido por uma tontura parou, as mãos agarrando os lençóis. Respirando profundamente, tentando parar a bílis que estava subindo em sua garganta; mudo, ele olhou para o teto. Subitamente arregalou seus olhos compreendendo.

"Eu estarei de volta logo, Heero, não se ATREVA a levantar!" Duo disse enquanto andava para a porta.

"Duo!" A voz rouca de Heero chamou depois dele, e o trançado rodopiou ao redor, pronto para zangar-se com o garoto. "Heero eu disse sem recla--".

"Que dia é hoje?".

"Hum?" Duo respondeu piscando, sem fala.

Heero suspirou silenciosamente, rolando para deitar de lado encarando Duo. "O dia."

Duo boquiaberto: "Você quer saber a data?!" Que diabos há de errado com ele?! Por quê iria querer saber a data?! Por quê agora?! Por quê então chegar ao dia quando... Duo balançou a cabeça, forçando-se a voltar para o 'aqui e agora'.

"Bem, uh... é, hum, Abril... uh, dia três. Por quê?".

Os olhos de Heero piscaram lúgubres, e ele voltou-se, gemendo com esforço. Suas costas estavam de frente para Duo, e ele lentamente pegou seu cobertor. Infelizmente para ele, o cobertor acabou escorregando da cama e caiu para o chão.

Suspirando e balançando sua cabeça, Duo andou de volta para a cama e recolheu o cobertor. Ele cobriu Heero completamente, olhando preocupado como o corpo do garoto tremia levemente, sua pele bronzeada arrepiada e coberta de suor ao mesmo tempo.

Ele podia não ser um médico, mas sabia que aquilo não era bom.

"Espere bem aqui Heero. Eu trarei para você um pouco de água". Falou a seu amigo batendo levemente em seu ombro quando ele levantou.

"Não". Heero resmungou olhando para Duo. "Eu preciso do meu laptop". Disse ele limpando o suor da testa.

Duo virou os olhos. "Heero você está doente! Isto significa SEM laptop, SEM missão! Eu irei trazer alguma..." Duo parou no mesmo momento em que Heero tentava se levantar, empurrando-se da cama com muito esforço. "Heero! Eu disse não!". Duo chamou nervoso, empurrando o teimoso garoto de volta para a cama.

Ele quase recuou quando sentiu o quanto a pele o garoto estava quente. Ele estava queimando.

"Heero! Fique deitado!"

Mas o adolescente não queria ouvir, empurrando Duo para o lado. Normalmente tal movimento o lançaria alguns passos para trás, mas parecia que a força de Heero estava diminuindo. Duo virou os olhos e empenhou-se em por Heero de volta sobre a cama.

"Heero, outra pessoa irá cobrir seu turno, ok?" Ele tentou mais suavemente desta vez esperando que Heero escutasse a voz da razão ao menos uma vez na sua vida. "Heero, por favor. Você está doente." Ele saiu, seus olhos violetas silenciosamente apelando para o garoto atendê-lo.

Os olhos azul cobalto, fixaram-se sobre ele ríspidos por longos minutos, antes que Heero finalmente tombasse de costas sobre a cama.

Suspirando melancolicamente, Duo forçou-se a sorrir. "Bom garoto". Ele saiu lentamente. "Eu trarei um pouco de água para você".

"E então, ele vem vindo?" Quatre perguntou no minuto em que Duo voltou para a cozinha.

"Temo que não".Duo respondeu, chacoalhando sua cabeça.

Wufei levantou os olhos de seus papéis, levantando uma sobrancelha. "E porque não?".

Duo suspirou, colocando um pouco de água da torneira em um copo. "Doente".

"Doente?!" Todos exclamaram juntos.

Duo suspirou novamente. "É. Doente" Ele virou seu rosto para seus companheiros pilotos, silenciosamente notando que Trowa se fora. Provavelmente fora a dormir ou saíra, esperando por Heero. Ele suspirou preparando-se para deixar a cozinha novamente.

"E o que há de errado com ele?" Quatre perguntou caminhando atrás de Duo.

"Ele está queimando de febre." O garoto trançado respondeu subindo as escadas. "Ele realmente parece doente, então eu disse a ele para ficar na cama".

"Ele agora ouve você?!" Quatre perguntou assombrado.

"Bem, eu espero que sim".Duo murmurou, enquanto os dois andavam até a porta de Heero."Isto iria fazê-lo um pouco mais humilde, e se ele sair fora..." Ele parou quando abriu a porta, imediatamente vendo a cama vazia... Virando os olhos, ele empurrou a porta aberta e tempestuosamente entrou no quarto.

"Heero! Eu falei para você ficar na ca--"

Ambos, Quatre e ele ofegaram quando entraram no quarto e encontraram Heero tremendo estatelado no chão. Ele estava deitado ao lado de uma mesinha, onde estava seu laptop.

"Heero!" Duo exclamou preocupado, e correu até o garoto. "Heero eu disse para você não se levantar!" Ele aproximou-se ajoelhando perto do garoto caído. Heero estava respirando mal, o suor encharcando o leve tecido de sua camiseta.

"O que aconteceu?" Duo perguntou enquanto ele ajudava o garoto a levantar-se.

"Tontura". Heero sussurrou enquanto respondia grunhindo um pouco quando Duo levantou-o e o guiou de volta para a cama.

"Então por quê você levantou?!" Duo insistiu, ajudando Heero a deitar-se. "Você é tão teimoso às vezes. Eu juro que eu não sei o que faz--"

"O que é isto?" A voz de Quatre interrompeu a conversa de Duo, e ambos os garotos olharam para onde Quatre estava parado, segurando a tampa e apontando a tela.

Heero suspirou e olhou para frente.

"O que você estava tentando fazer?" O garoto loiro perguntou preocupado, olhando para a tela abaixo.

Duo andou até o computador portátil e também observou. Havia uma mensagem na caixa de texto e uma 'Emergência!' Piscando sobre ela. Ele olhou de volta para a cama.

"O que é isto? Alguma coisa errada? Outra missão?" Duo perguntou estreitando seus olhos repentinamente irados."Você não está planejando sair nestas condições, está!?" Ele reclamou severo, colocando suas mãos sobre os quadris. "Porque eu não vou deixá-lo sair nestas condições!"

Heero apenas tossiu e silenciosamente olhou para frente. "Não é isto". Ele murmurou rouco. Ele voltou o olhar para o laptop. "Duo, apenas me dê isto".

"Não! Eu já disse! Não! Maldito seja! Porque você não quer me ouvir!?"

"Duo! É VOCÊ quem não está me ouvindo!" Heero gritou de volta ofegando com o esforço. "Apenas me dê isto aqui, então eu posso... eu pos... poss...!!" Ele foi parado por um alto acesso de tosse, sem ar e esforçando-se para respirar. Ele levou a mão na boca, inalando profundamente, tentando buscar sua respiração.

Duo assistiu horrorizado como Heero lutava por ar, apertando seu próprio peito, sua face tornando-se vermelha com o esforço. Mas o acesso de tosse não cessava, e Duo podia ver os olhos vidrados de Heero por falta oxigênio. Aterrorizado lançou-se para a cama, desesperado para ajudar o amigo.

Mas ele apenas chegou a tempo de segurar o corpo de Heero quando ele tombou para frente. Ele havia desmaiado.

"HEERO!"

Mergulhando um pano macio em água fria, Duo voltou-se vagarosamente para a pequena cama, abaixou-se para passar o pano gentilmente sobre a face fervente de Heero.

Ele e Quatre puseram alguns travesseiros grandes atrás de Heero, sustentando a parte superior do corpo para tornar a respiração um pouco mais fácil. Heero não havia recuperado a consciência e ainda estava irradiando calor. Eles deram a ele alguns antibióticos para manter a febre baixa, mas eles pouco ajudaram. Isto era estranho, deixando Duo doente de preocupação.

Wufei havia coberto o turno de Heero e estava espionando a base, Trowa estava no quarto dormindo, enquanto Quatre estava no andar de baixo tentando encontrar um meio de quebrar o silencio de rádio e conseguir remédios para ajudar Heero. Do que Duo podia deduzir, isto pouco ajudaria.

Um silencioso gemido cortou a corrente de pensamentos de Duo, e ele olhou para baixo sorrindo um pouco quando viu que Heero estava voltando. Aqueles olhos azul cobalto olhavam para ele enevoados, então piscou algumas vezes somente para mantê-los fechados.

"Heero?" Duo perguntou atentamente, pegando a mão do amigo. Estava quente e suada também fazendo Duo estremecer com o contato."Heero, você está acordado?".

Nada além do silêncio o respondeu por um longo tempo, até ele ouvir Heero respirar fundo e seus lábios rachados abrirem-se lentamente.

"Lap... Top..."

Duo virou os olhos, a raiva fervendo dentro dele novamente. Respirando fundo ele tentou conter a sua raiva. "Heero, nós já discutimos sobre isto!".

"Não..." O garoto japonês resmungou esforçando-se para abrir seus olhos. Ele levantou os olhos para Duo, piscando mediante a forte luz que o estava cegando. "Preciso disto... Traga... Aqui...".

Duo suspirou soltando a mão de Heero. "Você é muito teimoso, sabia disto?" Ele grunhiu se levantando, e andando até o amaldiçoado laptop. Vendo que estava conectado a um pequeno transmissor, ele franziu as sobrancelhas. "O que é isto?" Ele perguntou tornando a olhar para Heero, que ainda estava deitado na cama agora com os olhos fechados.

"... Digite".

Duo piscou confuso. "Digitar?! O que é 'di..." Ele parou a si próprio no minuto em que percebeu seu simples engano. "Oh!" Ele ficou olhando para o teclado. "Digitar o quê?" Perguntou finalmente colocando o indicador sobre a caixa de texto que piscava 'Emergência!'.

Heero respirou fundo antes de finalmente começar a falar. "Co-confir... Confirmação... Zero... Um..." ele resmungou e então de repente ofegou.

Preocupado com Heero desmaiando novamente, mas querendo ajudar, Duo digitou aquilo. A caixa de texto apagou-se, e alguns minutos depois outra apareceu. Duo fez uma careta "Ok... está dizendo 'Por favor, especifique'".

Respirando fundo outra vez, Heero piscou algumas vezes levantando os olhos para o teto.

Os dedos de Duo aguardavam sobre o teclado.

"V...". Heero finalmente falou, e Duo pressionou a tecla 'V'.

"Zero...".

Duo pressionou o botão 'zero'

"Oito...".

Os olhos de Duo olhavam para a tela onde o código estava sendo formado. Ele digitou '8'.

"...Sete...".

Uma pequena carranca formou-se na face de Duo, seus olhos examinando as letras escritas.

"Quatro...".

Lentamente os olhos de Duo arregalaram-se.

"Quatro".

Ele ofegou, piscando rapidamente enquanto estudava a tela. "V...0...8744???". Ele ofegou novamente, girando em volta e olhando para Heero. "V08744? Como a colônia L2?! Aquele tipo de V08744?!?!"

Heero não respondeu, mas Duo podia vê-lo assentir debilmente. Estava quase abrindo a boca e adicionando alguma coisa a mais, mas então o laptop bipou. Ele voltou para encará-lo, ainda meio entorpecido pelo choque. V08744... Aquela era sua colônia! Aquela era onde ele estava... Quando todas as coisas... Aonde as pessoas... Aquela era SUA colônia!

Uma nova mensagem piscou na tela e, Duo forçou sua mente confusa a lê-la até o final. Lentamente, ele leu aquilo para Heero. "Está perguntando qual o estágio".

Ele disse subitamente numa voz fria e imparcial.

Mas, Heero não respondeu.

"Heero, qual o estágio?" Duo perguntou lentamente olhando do computador. "O que isto tudo significa?"

Dando um profundo e superficial suspiro, Heero agitou seus olhos abertos. "...Dois"

"Huh?!" Duo perguntou mudo, chocado demais e confuso para compreender qualquer coisa naquele momento. "Dois o quê?" A colônia?

"Estágio... Dois..." Heero murmurou tossindo fracamente. Ele gemeu silencioso voltando a deitar-se de lado "Digite 'estágio dois'...".

Concordando com sua cabeça ligeiramente, Duo fez o que foi dito. Havia este som então, como um hardware trabalhando arduamente sobre alguma coisa, e então o pequeno transmissor começou a zunir feito louco. Duo olhou-o imparcialmente, sua mente subitamente entorpecida.

O que Heero tinha que fazer em sua colônia?! Ele havia sido enviado em uma missão lá?! Ele estava indo destruir seu... Lar? Matar MAIS pessoas lá? O que estava acontecendo?!?!

"Heh, faz cerca de cinco anos desde que você quebrou o silêncio de rádio, Heero". Uma voz áspera de repente chamou, e Duo pulou em sua cadeira assustado.

Sobre a cama; enrolado nos lençóis suados e sem energia, Heero gemia silencioso.

A voz estalou sombria, e então suspirou.

Duo virou para encarar o laptop e aproximou-se estremecendo, enquanto ele estava confrontando face a face um muito entretido Doutor J.

Os olhos de Duo estreitaram-se. "Mas como você chegou aqui?!"

J olhou para ele movendo a sobrancelha."Oh Zero Dois... Que surpresa. Então ele não pôde sair da cama para fazer isto?"

"Huh?" Duo ofegou perplexo para ele. "Como você sabia?"

"Você me contou não é? Eu não pensei que Heero confiasse em alguém mais para fazer isto para ele, ainda que..."

Duo franziu as sobrancelhas. Que diabo significava aquilo?! "Contei a você?! Tudo o que fiz foi simplesmente digitar. E que merda é esta com a colônia L2! O que está acontecendo aqui?!"

"... Duo...". Sussurro de Heero veio da cama, sua voz estava rouca e fraca. Duo voltou a olhar para ele, mas tudo o que podia ver era que ele estava deitado curvado em uma posição fetal, sua face escondida atrás das cobertas.

Do laptop J suspirou. "Isto aparenta ser mais sério do que pensei. Você foi descuidado, Heero".

Da cama Heero tossiu. "Sem... tempo...".

"Sempre há tempo. Especialmente para isto. Agora olhe só para você, doente no meio de uma missão!"

Novamente o garoto japonês tossiu. "G-gomen..." Ele sussurrou tossindo novamente, mas sem olhar para a tela. "... Medicamento...?".

Novamente J suspirou, chacoalhando sua cabeça. "Eu não sei se eu consigo. Vou levar um tempo para chegar até você".

"Quanto... tempo?" Heero gaguejou ofegando dolorosamente.

Duo voltou seu olhar atordoado para a tela vendo J franzir as sobrancelhas pensando. "Três dias. Talvez quatro. Pode ser mais. Você consegue agüentar?"

Heero ficou em silêncio por um longo tempo, aparentemente pensando. Finalmente ele tossiu, movendo-se um pouco na cama. "Tempo... Demais..."

Duo fez uma careta. "O que? O que é muito tempo? Que inferno está acontecendo?!" Ele suplicou batendo na mesinha. Virou-se para olhar diretamente para J. "Escute aqui, velhote, é melhor você começar a cuspir respostas logo ou eu ire...".

"Não há necessidade de ameaças, Zero Dois." O velho cientista cortou-o. "Os fatos são realmente simples, na verdade".

Duo virou os olhos. "Então me explique!"

O Doutor suspirou e Heero tossiu atrás. "Você deve estar familiarizado com a praga que devastou L2 V08744; alguns anos trás".

Duo estremeceu, mas obrigou-se a concordar.

O Doutor viu e continuou. "Bem, naquela época, Heero passou algum tempo naquela colônia."

Os olhos de Duo arregalaram-se, Heero estava em V08744? i

J continuou sem notar as pálidas feições de Duo. "...Seu mentor. Ele foi infectado com esta doença, mas na ocasião recebeu o antídoto, apenas no momento critico, como eles disseram".

Duo franziu as sobrancelhas não entendendo aonde isto iria chegar.

"Ele foi salvo, mas como a vacina foi aplicada nele quando a doença já estava muito avançada, o antídoto não teve sucesso em eliminar a infecção completamente". Aqui, o Doutor pausou suspirando silenciosamente. "Ela volta todos os anos, por volta da mesma época quando ele ficou doente pela primeira vez."

Os olhos de Duo arregalaram-se, o dia três de Abril, Heero adoeceu no dia três de Abril... Solo morreu no dia sete de Abril... Também da praga.

Rapidamente olhou além da tela, lutando contra as lágrimas. Solo morrera daquela praga. Quase ninguém soubera que ele morrera disto. E agora Heero a tinha... E agora... Agora Heero poderia morrer também... Como... Como qualquer um...Como... Como Solo...

"... Durante seu treinamento, eu estava sempre apto a dar-lhe o antídoto, mas agora com a guerra, seria muito difícil de fazê-lo então". O homem mais velho concluiu, olhando severamente na direção da cama. "Você deveria ter me lembrado mais cedo Heero".

O garoto na cama não respondeu.

Suspirando pesarosamente, o Doutor voltou-se para Duo. "Eu irei enviar a vacina, mas pode levar tempo. Tempo que Heero não tem. Uma vez acordado, o vírus reage de forma inacreditavelmente rápida. Ele leva cerca..."

"Quatro dias". Duo replicou infeliz, voltando o olhar penetrante para o Doutor.

"Quatro a cinco dias. Eu sei." Ele adicionou, seus olhos subitamente escurecendo.

J examinou o jovem piloto por um momento, depois assentindo em seguida brevemente. "Precisamente. Eu irei enviá-lo a você, mas com a OZ ao redor de todos os serviços de transporte para a Terra, eu não estou certo de que chegará a tempo."

Não tendo mais nada a dizer, Duo concordou. Aquela sensação fria correu em suas veias emergindo nele, fazendo seu corpo estremecer em choque. Ele podia ouvir seu coração batendo, lentamente, alto, ecoando através de todo o seu corpo. Ele sentiu-se doente repentinamente. Frio. Entorpecido. Chocado. E mais que tudo, apavorado. Pela primeira vez em muito tempo, Duo Maxwell estava com medo.

Ele estava assustado, porque repentinamente, aquela compreensão abateu-se sobre ele. Aquilo caiu sobre ele tão duro quanto uma rocha. Ele compreendeu que naquele lugar, neste quarto, estava seu melhor amigo. E também compreendeu que novamente ele estava perto de perder aquele melhor amigo.

Nota da Autora – Naomi:

i Humm... Se alguém estiver interessado sobre a estória por trás disto... Bem, isto faz parte de uma fic que escrevi, chamada: "Sharttered Moments""Momentos Perturbadores."

Eu estou me referindo a esta fic, dentro das lembranças desta fic - eu escrevi em meio ao roteiro, mas "Sharttered Moments" não é uma leitura essencial para compreender o roteiro da "A Night Without Stars."