1: Super Campeões não me pertence, uma pena...
2: Esta fic foi baseada no filme "Ela é O Cara", na minha opinião um grande filme.
3: Com exceção dos personagens da série Super Campeões (Captain Tsubasa), todos são de minha autoria.
4: Nenhum dos rapazes conhece as garotas e vice-versa, isto inclui as próprias Sanae, Yoshiko e Yayoi da série.
5: Todos os protagonistas dos times principais que se enfrentaram no anime (versão Road to 2002) são do mesmo time nesta fic.
6: É aconselhável ver o anime de Super Campeões, versão 2002, para ler esta fic.
7: Para checar a tabela que vem com esta fanfic, confiram a mesma história no Nyah! Fanfiction ou no meu blog, Fãnime.
Cap. 1
As Rainhas do Futebol
Silja
Tarde do fim de mais uma semana. Ao término de outro treino, Fuji, o time de futebol masculino do país, vai para o vestiário destinado a eles na limitação da quadra de treino futebolístico da universidade Tilibra. Todos se aprontam pra voltar para suas casas e descansar.
Pepe – Nossa, o treino de hoje foi mais puxado do que de costume! – vai reclamando enquanto guarda as chuteiras em seu armário.
Karl – É porque o campeonato está chegando. – dá de ombros.
Oliver – O Roberto falou que ia receber visita no campo agora. Alguém sabe quem é?
Misaki – Só se for o crítico esportivo que chegou mais cedo. A vida dele de técnico é cheia de dor de cabeça... Mas pelo menos o Roberto é feliz.
Ken – Ou então ele finalmente resolveu arrumar uma namorada! – todos começam a rir com gosto – Aí sim ele ficaria mais feliz!
Kojiro – Certo; vocês querem parar com isso, seus idiotas? Vamos embora!
Lui – Afirmativo capitão. Eu tô louco pra tirar um cochilo!
Assim que saem, conversando contentes e com suas mochilas carregadas com o material de treino, eles ouvem vozes vindas da arquibancada e vão verificar. Garotas, em um mesmo número que eles, riem animadas por alguma coisa, mas param assim que os veem.
Gino – Quem são elas? – começa a sussurrar entre a roda.
Carlos – Eu nunca as vi, podem ser fãs.
Rivaul – Mas elas não parecem ser daqui.
Roberto – Ah, oi pessoal! – todos se viram para o técnico, vindo pelo gramado – Ainda estão aqui?
Hikaru – Roberto, quem são elas? – aponta discretamente.
Roberto – Elas? – ele se volta – Ora, vejam isso, eu não achei que elas fossem entrar na quadra.
- O que está acontecendo Roberto? – uma jovem mulher de cabelo acinzentado, olhos castanhos, cintura fina, com salto alto e saia rodada se aproxima do grupo.
Roberto – Suas garotas entraram em campo, Emília.
Emília – Ah, estou vendo. Bom, já me sinto bem só por virem até aqui.
Benji – Será que alguém pode explicar?
Emília – Ah nossa, desculpem a minha indelicadeza! Meu nome é Emília Alves Monterrey. Sou a técnica da equipe de futebol feminino de Braja. Muito prazer. – os rapazes retribuem o cumprimento.
Jun – Então, se você é a técnica, aquelas garotas na arquibancada são as meninas do time Fever?
Roberto – Sim. Emília é uma antiga amiga minha no ramo de esportes, e veio hoje me pedir ajuda com seu problema, um problema dos grandes em minha opinião.
Juan – E qual é o seu grande problema?
Emília – O presidente de Braja, Carlo Monetti, resolveu cortar nosso time do campeonato depois que nós ficamos sem fundos para manter as bolsas de estudos das garotas na escola esportiva, então eu me lembrei da fama que Fuji tem e pedi ao Roberto uma força.
Roberto – A questão é que parece que o time não poderá ser escalado se não derrotar os membros de outro time, e o único que se ofereceu para jogar contra elas foi o Fórtica!
Shingo – Fórtica? Eles são o time da casa de Jyrdan, e ainda por cima é um time masculino!
Emília – Exato, mas, infelizmente, não tem outro jeito.
Jun – Nós estamos em rivalidade com esse time já faz muito tempo. – alguns dos rapazes olham ao capitão da equipe discretamente – Se jogarem com eles podem acabar sofrendo um acidente sério!
Emília – Mas precisamos tentar. Felizmente, se tem uma coisa em que eu tenho muita confiança é no talento das minhas meninas! Bom, obrigada por tudo Roberto.
Roberto – Tudo bem. Você sabe que pode contar sempre comigo Emília. – apertam-se as mãos e das arquibancadas as garotas levantam, descendo de encontro a eles.
- Ei técnica, vamos logo, temos que pegar o avião! – chama uma linda moça com longos cabelos castanhos e olhos azuis quando passa por último pelos rapazes, encarando o capitão Kojiro rapidamente.
Emília – Ok Gabriele, por favor, tenha calma! Até! – acena e começa a segui-las.
No dia seguinte, alguns membros do Fuji saem bem cedo para buscar as novas chuteiras que foram encomendadas em sua loja favorita, uma revendedora da Indústria Sports World, e encontram as mesmas jovens do dia anterior em um ônibus no meio da rua, parado. O motorista, tentando trocar o pneu furado sobre o calor do sol e a supervisão de Emília ao seu lado, acaba furando o estepe.
Alan – Ei, elas não deviam ter viajado ontem?
Leo – O voo deve ter atrasado. Mas é melhor voltarmos. Roberto pediu que a gente se exercitasse uma última vez antes de viajar para Jyrdan essa tarde.
Pierre – Esperem, por que não vamos ver se elas não precisam de ajuda? Nem sequer tem uma oficina por perto! Seria falta de cavalheirismo nosso deixar as coisas como estão.
Kojiro – Lá vem você com seu cavalheirismo! – revira os olhos – Está bem, vamos. Contanto que não demore muito... – suspira, aproximando-se junto aos outros do ônibus.
- Que hora pra acontecer isso, ninguém merece! – uma das impacientes garotas reclama, batendo um pé e fazendo balançar os cachos ruivos sobre os olhos azuis.
- Não pode dizer nada Natália! Você aperreou o pobre motorista para se apressar e ele não teve tempo de desviar do buraco! – devolve a amiga de longos cabelos negros, igualmente chateada ao cruzar os braços e estreitar os olhos amendoados.
Emília – Certo, Hannele, chega! Vamos ver o que fazemos...
Hikaru – Oi! – interrompe e acena – Estão precisando de ajuda?
- Ah, estamos sim, é que... – antes de terminar a frase, a outra ruiva dos orbes negros sofre uma cotovelada nada discreta e resmunga.
Gabriele – Não Gisela! Estamos muito bem.
Oliver – Tem certeza? Podemos chamar alguém.
Emília – Para falar a verdade, seria ótimo se pudessem avisar ao Roberto que nós perdemos o voo ontem e parece que também não vamos chegar a tempo de pegar o próximo. Eu quero falar com ele.
Gino – Certo, eu ligo pra ele. – abre o celular, discando, e após uns segundos passa para ela.
Emília – Roberto? Oi, é a Emília! Ah... Tivemos um problema. Estranhamente, o nosso voo ontem foi cancelado e hoje, enquanto nós tentávamos chegar ao aeroporto, o pneu do ônibus furou. – ela pausa – Claro, sim. Obrigada! Até. – desliga e entrega o celular – Bem meninas, Roberto disse para voltarmos à universidade com os rapazes. Ele vai esperar no portão.
- Então eu vou chamar o reboque. – avisa o motorista.
Emília – Sim, muito obrigada senhor. – sorri antes do homem se afastar.
Pierre – Neste caso, eu vou ligar para os mordomos nos buscarem. – começa a pegar seu celular.
- "Mordomos"?! – uma atraente loira de olhos verdes repete surpresa e empolgada.
Hannele – Lá vai a Anastásia de novo...
Anastásia – Eu não posso me animar dois segundos não?
Gisela – Como eles vão vir nos buscar?
Pepe – Provavelmente, com o jatinho particular.
A resposta já deixa as jovens impressionadas, mas a maior surpresa aparece depois, quando o jato surge. O grupo chega chamando a atenção de toda universidade e, após deixar os passageiros no campo da quadra de futebol, o jato vai embora tão rápido como apareceu.
Roberto – Que entrada! – aproxima-se rindo, acompanhando dos outros membros do Fuji – Pensei que estivessem em apuros. Será que me enganei?
- Foi um pouco de exagero, verdade. – boceja a jovem dos fios negros e lisos, espremendo os olhos marrons com sonolência – Só estamos precisando de carona até o aeroporto para viajar.
Emília – Lupita está certa, tivemos somente um contratempo.
Roberto – Desculpe discordar Emília, mas você não acha que esses contratempos têm acontecido com muita frequência? – sussurra ao puxá-la para perto, apenas alto o bastante para ouvirem os de dentro da roda – Não quero alarmar ninguém, mas isso é muito estranho.
- Podemos saber do que vocês estão falando? – uma fofa loira se debruça com as mãos atrás das costas, deixando parte da franja cobrir os olhos verdes.
Emília – Nada demais Camila querida. Vamos nos preocupar em como chegaremos a Jyrdan, sim? – observa o relógio de pulso – Ah, o pior é que há essa hora de jeito nenhum poderemos manter a nossa reserva no hotel! Como vou conseguir quartos para todo mundo?
Karl – Bem, eu posso resolver o problema. Tenho uma casa de verão em Jyrdan e posso acomodar todos lá. Acredito que o Pierre aceite de bom grado levar todo mundo no avião particular da família.
Pierre – Certamente! Estávamos mesmo planejando viajar para Jyrdan hoje à tarde, e se sairmos logo nós chegaremos com duas semanas de antecedência para a abertura.
Anastásia – E os organizadores aceitariam abrir o evento sem suas grandes estrelas?
Benji – Ora, o Campeonato Esportivo Mundial acontece todo ano. Além disso, todos os tipos de atletas competem pelas taças de diferentes modalidades. Não é como se a nossa presença fosse essencial.
Pepe – Também não é assim, né Benji?! Não precisa abaixar a nossa bola! – quase todos riem.
Gabriele – Gente rica é mesmo de outro nível social... – sussurra, pondo uma mão na sua cintura e erguendo a sobrancelha direita em sinal de aborrecimento, este que Kojiro percebe.
– Se me perguntarem, acho que é uma proposta tentadora e eu aceitaria. – a atraente moça próxima a Karl remexe os cabelos dourados e pisca suas esmeraldas para ele.
Gabriele – Flora, você só acha isso porque ele é bonito. – todos se voltam para a mais visivelmente emburrada garota – Deixe de ser atirada.
Flora – Como é? Eu não disse nada disso!
Gabriele – Vai negar que ainda ontem estava comentando isso?
- Vocês vão começar a brigar aqui mesmo? – a bela das medianas mechas cor da castanha estreita seus orbes escuros e aparta a briga.
Flora – Ela começou Jamile! É uma encrenqueira!
Gabriele – Você podia parar de encher minha paciência!
Jamile – Respira Gabriele! – a jovem bufa nervosamente e quem suspira é ela – Pelo menos você não está arranjando uma briga com a Natália. – a dita cuja entra na frente das três e sorri meio irritada.
Natália – Querem saber, não queremos incomodar, então é melhor passar essa.
Gino – Não terá problema. De qualquer forma o campeonato vai ser em Jyrdan, então o convite é o mesmo que oferecer uma carona.
Camila – Carona de avião particular é realmente uma coisa inédita. – a maioria das moças ri.
Emília – Ok, então eu acho que podemos aceitar. Obrigada!
Pierre chama os seus empregados novamente, o que aparenta trazer alegria a Anastásia outra vez. Durante o percurso, sentam um casal a cada fileira e os jovens conseguem fazê-las se abrir. Cada uma teve uma história de vida diferente para contar, mas todas elas envolvendo o mesmo apego ao futebol e o carinho por sua técnica. Kojiro é o único que não chega a puxar assunto com sua colega de poltrona, justo a capitã Gabriele. Pensando no desconforto das amigas em tê-la por perto, sentar com ele foi sua solução.
Ainda assim, sabendo da longevidade da viagem, o rapaz se vê obrigado a conversar para quebrar o tédio instalando do seu lado, então aproveita a deixa quando Emília lhes oferece biscoitos do pacote que divide com Roberto ao lado, ambos nas poltronas da frente, e oferece uma garrafa de refrigerante à moça.
Gabriele – Obrigada. – ela destampa o objeto e toma um gole do conteúdo – Você é meio caladão.
Kojiro – Eu ia dizer a mesma coisa de você.
Gabriele – Bem, eu não sou de falar muito. – os dois ouvem uma risada ao fundo e a garota franze o cenho – Embora algumas pessoas achem o contrário. – esticando o seu pescoço para ver melhor, Kojiro suprime uma risada ao notar algumas das amigas dela rindo.
Kojiro – Desculpe dizer, mas vocês não são jogadoras muito famosas. – volta a sua posição normal – Jogam futebol há muito tempo?
Gabriele – Muitas de nós jogamos desde que éramos crianças. Eu sou uma delas.
Kojiro – Sei... – gira os olhos, sem saber como continuar – Como vocês se conheceram?
Gabriele – Bom... Acho que se pode dizer que tudo começou comigo. – ela serve-se do pacote de biscoito em mãos – Eu estava em um orfanato quando a Emília veio e me adotou.
Kojiro – Ah, então você não é...? – a colega nega com a cabeça.
Gabriele – Não sou filha dela. A Emília me acolheu sem pedir nada em troca e me ensinou a jogar até que eu me especializei e virei uma atacante, modéstia a parte, muito boa. Depois montamos o time.
Apesar de estar contando sua vida para um quase desconhecido, Gabriele parece não se importar com a situação enquanto joga um olhar perdido nas nuvens pela janela. Depois de alguns segundos é que ela se volta para Kojiro e observa as amigas, direcionando o indicador.
Gabriele – Nós conhecemos a fama de vocês há tempos. Hannele e Elaine também são atacantes. Hannele Varoen, você está vendo? – ele confirma com um aceno – Ela sempre admirou o Leo. Dá pra ver de longe que, com aquele jeito cauteloso e indeciso, ela não sabe o que dizer sobre seja qual for o assunto deles, mas Hannele sempre teve muita certeza do que ela quer quando quer. A Elaine Stanckovyt: apesar de não admitir, se sentiu atraída pelo Lui assim que o viu jogando pela tevê. Ela é do tipo que se esforça pra chegar naquilo que deseja porque é muito forte e justa, mas vive grudada na Anastásia quando arranja briga ou fica perdida sobre como deve agir. Por isso elas estão conversando com o Pierre e o Lui juntas, pra ter mais assunto e não se perderem.
Kojiro – Parece que você entende muito suas amigas. – ela sorri pelo canto dos lábios e fica de joelhos na cadeira, se reclinando um pouco mais para perto dele, e continua apontando.
Gabriele – É que eu vivo observando todo mundo... Olha, a Anastásia Goulart fica no meio-campo com a Brigite Lara. Elas são experientes no futebol, mesmo não tendo desenvolvido este gosto tão cedo quanto à maioria, e o talento da Brigite faz dela alguém muito prática, independente de ser tão carinhosa, o que provavelmente também deve ter sido o impulso pra ela ficar ligada no Juan. Voltando a Anastásia, a amizade da Elaine com ela vem da maneira com a qual a Anastásia usa a astúcia com os outros. Acredite em mim: mesmo o juiz dando falta na hora do jogo, ela pode conseguir convencer ele do contrário!
Kojiro – Nossa! Essa é uma habilidade que o Pierre ia apreciar.
Gabriele – Justamente por isso é que eles devem estar se dando tão bem juntos agora. Olha só. – os dois voltam os olhos para o casal sorridente.
Kojiro – Quais as laterais do seu time?
Gabriele – Flora Hossomi e Camila Estevam. Você deve se lembrar da Flora; eu comecei a discutir com ela sobre o Karl naquela hora e ela ficou negando que gosta dele, mesmo ele sendo "lindo o bastante para tapar a beleza da lua", segundo as próprias palavras dela. – os dois riem.
Kojiro – Claro, eu me lembro disso sim! Mas por que ela...?
Gabriele – Começou a gostar dele? – o interrompe – Geralmente ela é um ser bastante controlado, raramente responde aos grosseiros que chamam a sua atenção na rua se sentindo atraídos por ela. Porém, vez ou outra a Flora dá o deslize fatal nos momentos de nervosismo. Sempre que a gente fala com ela do Karl a criatura se enrola toda, e eu acho até hoje que se aqueles dois chegassem a ficar juntos, seus filhos iam nascer narcisistas! Eu digo isso a ela!
Kojiro – Ou talvez o ego fosse repartido com as crianças.
Gabriele – Tem essa possibilidade. – concorda rindo – Se você concorda comigo é porque o meu ponto de vista deve ser verdade. Ele se acha "O cara"?
Kojiro – É por aí. Ele é muito confiante, isso é verdade. – Gabriele dá de ombros.
Gabriele – A Camila é que é um doce. Ela é tão simpática e alegre. Adora qualquer ser vivo e se dedica a tudo escolhido por ela e pelos outros pra fazer. Por outro lado, a Camila acaba se distraindo fácil porque gosta de viver sem carregar fardos de preocupação a cada instante. Um casal que eu concordaria em unir seria justinho ela e o...
- Shingo! – a dupla fala ao mesmo tempo, então a moça senta corretamente para não ser pega no momento em que o rapaz levanta a cabeça, procurando quem o chamou.
Kojiro – É sim, eu também pensei nisso. – os dois trocam mais uma gargalhada baixa – Ele é forte e tem amor pela vida. É um bom rapaz.
Gabriele – Não é?! De quebra é bonito! – abafa um riso.
Kojiro – No time também tem goleira, não é?!
Gabriele – Mas claro! Elas são a Deise Castro, ali com o Ken, e a Lupita Martínez, junto do Benji. – abaixa sua mão e começa a balançar a cabeça no ritmo da explicação – A Deise é insistente, eu diria até otimista. Ou ela usa a sua intuição ou faz uma análise da situação, já que é muito perceptiva. Segundo ela, seu interesse no Ken é puramente científico, porque cisma na evolução do talento dele como um goleiro e acredita poder aprender com ele também. Lupita, bastante diferente dela, tem um jeito mais sofisticado e não gosta de correr atrás do segundo melhor. Pra ela, ou é ótimo ou não é!
Kojiro – Então ela é muito rigorosa nos treinos?
Gabriele – Não, o estranho é que não. A Lupita é uma pessoa gentil e até engraçada quando quer. Ela, inclusive, é a única fora eu que não tem o menor interesse exclusivo em nenhum dos dois membros restantes do time Fuji que estão na lista do nosso time.
Kojiro – Mas ainda sobraram alguns jogadores.
Gabriele – Negativo. Se for analisar, só sobrariam você e o Benji.
Kojiro – Só nós dois? Ainda tem outros que não foram citados na lista de interesse de vocês.
Gabriele – De "vocês" não, não inclua nem a mim e nem a Lupita, já disse!
Kojiro – Então me explica ai que eu ainda não entendi.
Gabriele – Ok, preste atenção que você vai ver... A Gisela e a Jamile são volantes. O sobrenome da Gisela é Zafira, o que eu acho muito estanho. Ela vem de uma família mais humilde que todas as nossas juntas, e talvez seja por isso que ela é tão sincera, mas além de tudo a Gisela é muito rápida em campo. O problema é quando ela leva a velocidade das pernas pra boca, e então fala até cansar, ou dar dor de cabeça nela ou pra quem tá escutando. Neste caso então, ela simpatizou com o Pepe porque ele gosta de escutar e também por estar acostumado a uma vida difícil.
Kojiro – Pelo visto vocês pesquisaram nossa vida no Google.
Gabriele – A vida de vocês está exposta em redes sociais e nos jornais, então não é segredo.
Kojiro – É verdade. Então, e a outra volante?
Gabriele – Jamile Fayad. Ela é muito ciumenta, tanto quanto é confiável. Quando está jogando, ela não teme nada e nem ninguém, mas fora de campo é a mesma coisa, por isso nunca leva desaforo pra casa e vive nos defendendo e parando nossas brigas. Quando discutíamos para saber se íamos vir pedir a ajuda do Roberto, quem terminou a discussão foi ela. Mas é claro que a Mile deve ter nos convencido a viajar também com a intenção de ver de perto o Misaki, seu ídolo de espírito tão parceiro.
Kojiro – Penso se deveria contar ao Misaki isso... – riem baixinho outra vez – Mas continue; delas, quem são centroavantes?
Gabriele – Ah, são a Inara Roland e a Molly Jung. Inara é uma garota um tanto bobinha demais, isso porque é muito bondosa e fiel; chega a parecer uma criança algumas vezes. O maior exemplo disso é ver o nível em que pode chegar toda criatividade dela. Inara já criou muitas manobras de futebol ótimas. De todas, com ela é bem mais evidente o vício com um dos jogadores daqui, que no caso é o Alan. – pausa para os dois verem a cena – Ela está igualzinha a uma pirralhinha mais nova idolatrando o irmão mais velho. – ri, tentando não elevar muito a voz – A Molly, por outro lado, apesar de ser tão leal quanto ela, é muito honesta com todos, tanto que chega a machucar algumas vezes! Rivaul é o único até hoje, que eu saiba, capaz de agradar todos esses seus padrões altamente exigentes de comportamento.
Kojiro – Verdade? Então ela deve gostar mais de homens calados. Ele fala tanto quanto o Carlos. – ergue uma das sobrancelhas, achando graça.
Gabriele – Falando dele, a que está ao seu lado é a Selena Dainesi. Ela á uma zagueira que nem a Natália Bolchi, aquela ali com o Gino e que a Jamile mencionou que é a com quem eu vivo discutindo.
Kojiro – E por que você briga tanto com ela?
Gabriele – Porque ela é muito certinha! Normalmente tem preguiça pra fazer um monte de coisas, até jogar futebol, mas quando estamos no meio de algo que ela goste a doida tem um ataque de ansiedade! Foi assim que aquele motorista careca furou o pneu, distraído com o vai e vem dela pelo ônibus.
Kojiro – Entendi... – tenta controlar o riso pela expressão emburrada de Gabriele – E a outra?
Gabriele – Sim, a Selena... Com certeza ela é a mais inteligente do nosso time, mas também a mais delicada, tanto que nem sei o motivo dela ter começado a jogar futebol. Ou melhor, sei, só não entendo!
Kojiro – E qual a razão dela? Ah, não me diga, foi...!
Gabriele – Foi o próprio Carlos! Quando ela o viu jogando se derreteu toda, isso porque é do tipo de garota romântica e seu fetiche é homem misterioso. Achou que entrando para um time de futebol logo estaria mais perto dele... – olha de banda para a garota e se vira – De certo modo ela acertou... Mas enfim, você viu? Só restaria você e Benji para virarem objeto de estudo meu e da Lupita, um pra cada uma, não tem pra onde correr! Mas fique tranquilo que nenhum dos dois corre perigo com a gente. – ri.
Kojiro – Certo. E eu devia achar isso bom ou ruim?
Gabriele – Isso é bom para nós pelo menos, embora vocês não fiquem com o ego massageado. Por exemplo, eu achava que a Selena era mais esperta do que isso.
Kojiro – O que quer dizer? – volta a encará-la.
Gabriele – Começar a praticar um esporte sobre o qual não sabe nada a respeito e nem tem vontade de praticar só por causa de um cara... Tudo bem que hoje ela ama tanto o futebol quanto qualquer uma de nós, mas ainda acho que o jeito como o qual ela começou a praticar foi muita burrice!
Kojiro – Verdade? – gira o rosto para ela – Algum trauma com homens?
Gabriele – São os seres mais idiotas da face da terra. Nada mais a dizer.
Kojiro – Hunhum... – ele controla novamente a vontade de rir pela expressão dela e em minutos de silêncio mais tarde quebra o silêncio de novo – Eu gostaria de jogar uma partida contra você algum dia.
Gabriele – Mesmo? Eu conheço bem você, já te vi jogando várias vezes. Tem certeza de que quer me enfrentar? – sorri confiante.
Kojiro – Claro. Eu adoro desafios de risco! – o sorriso dela diminui conforme o dele aumenta até que Gabriele fecha completamente a expressão.
Gabriele – Por que esse interesse repentino em jogar contra mim?
Kojiro – É que eu conheço a sua fama também, mesmo não dando muita atenção ao time feminino de Braja até agora. Quero ver a força da intitulada RAINHA do futebol. – Gabriele se mantém calada por algum tempo, absorvendo suas palavras.
Gabriele – Então eu sou um desafio tão grande assim? – sorri com desdém.
Kojiro – Já ouvi alguns boatos sobre a poderosa rainha, mas apenas boatos, já que o seu time não chegou a competir em nenhum jogo realmente importante.
Gabriele – Oh! – a moça dobra a língua diante a ousadia – Fique sabendo neste caso que nenhum desses boatos é falso. Podemos nunca ter tido uma disputa séria contra outro time, mas somos muito boas e eu tenho confiança no meu talento!
Kojiro – Ora, melhor ainda! E outra coisa... – pausa e se aproxima mais dela – Você citou o perfil de todas as suas amigas, em detalhes, menos o seu.
Gabriele – Ninguém tem o ego grande o bastante pra falar de si mesmo! – ela pausa – A não ser, talvez, a Flora, o Karl e os filhos desenvolvidos por simbiose e luz solar deles, mas fora eles... – Kojiro ri.
Kojiro – Segundo o meu ponto de vista, te acho agitada, teimosa e linda.
Gabriele – Eu não sou teimo... – engasga nas próprias palavras e cora – Linda?! – ele ri de novo.
Depois de tanto tempo finalmente Gabriele se calou, e sem os dois perceberem os outros presentes no voo sorriem para si mesmos ou se entreolhando. Os capitães terão de responder perguntas mais tarde.
