"STRONG TO LiVE"
Disclaimer:
Os personagens e elementos da CLAMP não me pertencem. Eu só escrevo essas lindas fanfic's para entretenimento próprio e de outros fãs,que assim como eu escrevem histórias com os maravilhosos personagens de xxxHOLiC.
Aviso:
Por conter alguns assuntos pesados aconselho essa fanfic para maiores de 14 anos. Mas, quem tiver menos e for uma pessoa de mente aberta podem ler à vontade. E a história também possui yaoi, ou BL, como preferirem. Portanto, se você é daquela pessoas que tem "nojinho" de ver dois garotos apaixonados um pelo outro, por favor saia daqui imediatamente!
Correr. Essa era a única coisa que a minha mente me dizia. Correr para longe daquele lugar, daquelas pessoas… não poderia mais viver com eles. Meus olhos azuis estavam marejados, mas eu as segurava com toda a força que ainda tinha. Não podia chorar no meio da rua, senão podiam me parar e perguntar o que tinha ocorrido, e isto era a última coisa que eu queria fazer. Minhas pernas doíam mais que qualquer parte do meu corpo. Não sei como consegui agüentar tanto tempo, mas aquilo foi a gota d'água. Não podia mais dormir, até mesmo viver sob o mesmo teto que eles.
Parei em frente à uma avenida movimentada. Os faróis dos carros começavam a me deixar zonzo e meu corpo não queria obedecer meus comandos. Minha calça jeans estava encharcada de sangue, assim como minha camisa branca. Meus óculos estavam tortos, mas mesmo assim eu continuei. Consegui chegar até uma clinica particular muito suntuosa e imponente. Mas quando estava à ponto de entrar no estacionamento minhas pernas fraquejaram e eu desabei no chão. As últimas coisas que eu senti foram meus óculos se partindo, minha cabeça batendo com força no chão, uma brisa leve e uma mão suave tocando meu braço. Seria a morte?
PRiMEiRO – THiS iS HOW i DiSAPPEAR
Meus olhos se abriram devagar e eu os fechei rapidamente ao receber a luz do sol. Assim que me acostumei com a claridade tateei a cama e a mesa-de-cabeceira à procura de meus óculos, mas não os encontrei. Resolvi esperar. O lugar era limpo e perfumado. Eu não estava em um hospital, pois no outro extremo do aposento eu encontrei uma estante com muitos livros e uma poltrona ao lado da janela. Foi quando eu escutei alguém bater na porta e perguntar:
- Posso entrar?!
Era uma voz masculina. Mas não era dele. Era uma voz calma e que naquele momento me transmitiu conforto ao invés de preocupação. Um pouco receoso me ajeitei na cama e respondi:
- Sim.
Com um clique suave a porta se abriu, deixando um homem alto, de ombros largos que trajava um quimono preto com estampas de raios amarelos entrar, carregando uma bandeja com café da manhã. Ele colocou a bandeja na mesa e pousou a mão em minha testa, era macia e fria e meu corpo pareceu ter tomado um choque ao entrar em contato com a pele dele. Ele sorriu e disse:
- A febre passou. Você se sente melhor?
- Acho que sim. – respondi incerto. – Quem é você?
- Meu nome é Shizuka Doumeki. Trabalho na Clinica Piffle, foi onde te encontrei ontem. Estava desmaiado e sangrando muito. Eu te trouxe aqui pra casa, pois imaginei que você não era cliente…
- Sim. – cortei-o desviando o olhar. – Muito obrigado por cuidar de mim, mas já estou indo embora e…
Mas antes que eu pudesse me levantar ele pousou sua mão em meu peito e me forçou a deitar novamente. Seus olhos castanhos demonstravam preocupação e não tranqüilidade, como anteriormente. Ele consultou o relógio na parede e lançou um olhar à bandeja ainda intocada.
- Coma o que conseguir. Se quiser tomar banho eu deixei uma pilha de roupas e toalhas no banheiro. Fica ao lado do quarto. E se quiser assistir televisão fique à vontade. Só peço que você espere eu voltar. Não acho que tem condições de voltar para casa no estado que está. O telefone também fica na sala, caso queira ligar para sua mãe.
- Eu não tenho mãe! – respondi agressivamente. – E também não preciso de uma babá!
- Não sou uma babá. – ele disse com uma voz gentil e calma. – Tampouco quero ser sua mãe. Mas acho que você deve ter motivos pra ter fugido de casa ontem… me espere voltar, é a única coisa que eu peço.
E deixando a porta aberta ao passar ele saiu me deixando sozinho no quarto. Olhei surpreso para a bandeja, pois além da comida também estavam meus óculos, pelo menos eram parecidos, pois não estavam enferrujados, ou com as lentes arranhadas, mas novinho em folha. Resolvi não rejeitar ajuda e coloquei-o no rosto, devorando um pão de minuto com voracidade.
Terminei o café e resolvi levar a bandeja até a cozinha. Quando passei por um espelho no corredor notei que alguém tinha feito curativos nos meus machucados. Pus a bandeja em cima da mesa e me dirigi até a sala onde sentei no sofá e liguei a televisão. Como ainda era cedo a maioria dos canais ainda não começara a exibir sua programação e optei pelo canal de desenhos. Aos poucos fui me sentindo mais à vontade e resolvi ir tomar banho. Entrei no banheiro que era muito espaçoso e elegante. Além de uma ducha existia uma banheira.
Optei pela banheira. E assim que estava cheia me joguei dentro, deixando que meu corpo dolorido pudesse ir sendo amaciado pela água quente e reconfortante. Fechei os olhos e encostei-me à borda da banheira. O perfume de rosas do sabonete inebriou meus sentidos. Tudo estava perfeito, até que uma visão da noite anterior prepassou sobre minhas pálpebras.
"Cala a boca sua vadia!" gritava ele enquanto ela dava gargalhadas de prazer.
Meu coração batia acelerado enquanto era puxado pelo corredor que levava ao quarto da empregada. Fui jogado com força no colchão e senti algo duro bater no meu rosto. Cuspi sangue no chão e logo meu rosto estava dolorido e inchado.
"Agora é sua vez…"
"Não!" eu gritei. Mas foi em vão.
"Eu não quero mais isso pra mim!" pensei comigo enquanto me levantava e começava a me enxugar em uma toalha felpuda e macia. Coloquei o moletom que o homem havia deixado pra mim e estendi a toalha na janela do quarto onde eu dormi. Fiquei olhando as pessoas na rua alguns andares abaixo. Muitas pareciam atarefadas demais para notar um cego que tentava sem sucesso atravessar a rua, ou até mesmo o mendigo com a mão estendida na calçada imunda.
O barulho de chaves me despertou e fui até a sala ver quem havia chegado. Era o homem que tinha cuidado de mim, o Shizuka Doumeki. Mas ele estava com uma garotinha no colo, ela tinha cabelos negros como o do pai, mas os seus eram compridos e presos em duas marias-chiquinhas. Seus olhos estranhamente lilases me notaram e ela perguntou:
- Quem é esse garoto papai?!
- É um amigo do papai. – responde ele pondo a garota no chão e colocando a mochila dela no sofá.
A garotinha se aproximou de mim e estendeu a mão que não estava ocupada com o ursinho de pelúcia e falou:
- Meu nome é Tomoyo Daidouji Kunogi. Qual o seu nome?!
Cumprimentei a garotinha e com um sorriso respondi:
- Meu nome é Kimihiro Watanuki. E na verdade, eu não sou amigo do…
- Tomoyo! – exclamou ele chamando a filha. – Leve sua mochila pro seu quarto e espere pelo papai lá está bem? Você vai encontrar um presente em cima da cama, pode abrir, porque é seu.
- Tudo bem papai. – obedeceu a garota. – Até logo Sr. Watanuki.
Doumeki sentou-se no sofá e indicou para que eu sentasse no outro. Obedeci e sentei-me em sua companhia. Ele me observou por alguns instantes antes de dizer:
- Não deveria ter dito aquilo pra minha filha. A mãe dela já é uma pedra no meu sapato, literalmente dizendo, e o que ela poderia fazer se soubesse que eu estou trazendo pessoas desconhecidas pro meu apartamento?!
- Me desculpe Sr. Shizuka. – respondi envergonhado.
- Não. É apenas Doumeki. Mas me diga, porque você estava fugindo ontem?
Ele sabia de alguma forma que eu não estava correndo por livre e espontânea vontade. Não conseguia imaginar nada pra dizer ali naquele momento, então optei pela verdade. Ao menos uma parte dela.
- Estava fugindo de casa. Tenho só dezesseis anos, existe algum problema nisso?!
- É lógico que não tem. – respondeu ele gentilmente, me fitando com aqueles olhos absurdamente castanhos. – Mas quando eu tinha sua idade eu não pensava em fugas e sim na minha faculdade de psiquiatria e medicina.
Estranhei. Como ele podia dizer aquilo. Estava tudo muito fácil.
- Quantos anos você tem? – arrisquei.
- Tenho 22 anos.
- E já conseguiu fazer duas faculdades?! – perguntei espantado.
- Sim. Não querendo me gabar, mas eu era um aluno muito querido pelos professores da escola onde estudei, e assim que saí de lá eles conseguiram uma vaga na faculdade de medicina e psiquiatria.
Ele deveria ser muito esperto mesmo. Seu jeito prendado e seu rosto mostravam que ele tinha dinheiro, mas do que isso, ele tinha cara de gente podre de rica. Isso explicava o apartamento decorado com tanto bom gosto. Eu só não consegui entender porque ele tinha me levado pra sua casa.
- Bom, eu quero te agradecer muito por ter me deixado passar a noite aqui, mas eu não posso abusar mais. Hoje mesmo eu vou embora, tudo bem?
Mas quando eu me levantei ele segurou meu braço e também se pôs de pé. Nossos olhos se encontraram e eu senti uma estranha sensação dentro do estômago. Era como se tudo estivesse congelado e em seguida derretendo rapidamente.
- Fica mais um pouco. – ele pediu. – Hoje eu tenho o dia livre e posso ficar com minha filha. Gostaria que você fosse passear com a gente.
- E sua mulher? – perguntei assustado. – Porque não vai com ela?! Acho que ela não gostaria nem um pouco se visse o marido dela com um garoto à tirar colo. Eu vou embora mesmo Sr. Shiz… quer dizer, Doumeki.
- Minha mulher e eu nos separamos faz um ano. Ela conseguiu a guarda da minha filha e eu só posso vê-la um dia por semana. Fica com a gente hoje, por favor?
- Mas porque você quer isso?! Nem me conhece!
- Não importa…
E para minha surpresa ele tocou meu rosto. Sua mão macia e fria tocou no lugar onde na noite anterior eu tinha apanhado. O choque foi inevitável e eu me separei dele, olhando-o com medo.
- Eu sei o que você quer de mim! – exclamei, sem me importar com nada. – Quer abusar de mim, não é?! Me achou na rua e pensa que eu sou uma dessas pessoas que vende o corpo por qualquer quantia!
Mas ao contrario de gritar ou me bater ele sorriu. Enfiou a mão nos bolsos e disse:
- Tudo bem. Se é isso que você imagina eu não posso fazer você discordar. Mas saiba que eu não autorizei o segurança do prédio te deixar sair… você terá que ficar aqui até eu bem entender. Ou até que eu veja que você tem condições de ir embora. O que acha Watanuki? Vai querer ficar assistindo TV o dia todo?
"Me solta!" eu gritava, enquanto chutava e esperneava. O peso dele era demais e meu corpo aos poucos ia parando de reagir.
"Você está preso aqui moleque!" disse ele ao meu ouvido. O bafo de cigarro e álcool era quase insuportável. "Hoje você não me escapa!"
"Não! Alguém me ajuda!"
- Maldito! O que você está pensando em fazer?
Doumeki me olhou de forma avaliadora. Por fim, respondeu tranqüilo:
- Te ajudar. Só isso que eu quero. Nesses três anos que eu tenho trabalhado na clinica muitos jovens já passaram por minhas consultas. Todos eles vêem me procurar, pois tem receio ou medo de dizerem o que sentem para os pais. Muitos deles fumam, bebem, ou até mesmo transam sem proteção. Mas os pais deles não estão nem aí pra nada. São ricos, pra que se preocupar com algo tão insignificante quanto seu próprio filho?!
Engoli em seco. Ele não parecia querer o meu mal realmente. Mas ainda assim eu não conseguia confiar plenamente nele. Sentei-me novamente no sofá e disse:
- Ótimo. Pode ir com sua filha passear. Eu vou ficar aqui e assistir televisão o dia todo, até vocês voltarem!
- Papai?! – perguntou a garotinha que tinha voltado à sala. – Eu ouvi alguém gritar…
- Não foi nada querida. É que o amigo do papai não quer ir com a gente passear hoje.
Ela ficou surpresa e para meu espanto se dirigiu à mim:
- Porque não quer vir com a gente Sr. Watanuki?
O jeito meigo e preocupado da garota mexeu comigo. Eu repensei nas possibilidades e vi que não podia haver nada de mal em ir com eles.
- Quem disse que eu não vou Tomoyo?! – exclamei, me pondo de pé. – Só que eu não vou querer mais te ver me chamando de Sr. Watanuki. Quero que me chame apenas de Watanuki, certo?
- Tudo bem! – respondeu ela correndo em minha direção e me dando um abraço.
Eu correspondi e a abracei com força. Levantei meus olhos e pude ver Doumeki, que tinha os braços cruzados e sorria de orelha à orelha.
- Então… vamos?! – chamou ele pegando a chave na mesa.
- Sim! – exclamou Tomoyo me puxando.
Quando passei pela porta Doumeki sussurrou em meu ouvido:
- Obrigado.
Respondi com um sorriso. O mais sincero que dei até aquele momento.
Mesmo com a cabeça cheia de problemas eu não poderia fraquejar. Mesmo sabendo que em qualquer esquina poderia me dar de cara com ele eu não poderia correr o risco de viver nas sombras. Mesmo tendo medo de ser feliz novamente eu não poderia deixar que as chances passassem por mim sem eu fazer nada. Talvez eu ainda tivesse uma chance. Quem sabe?
N/A: Yo \o/
Alguns devem estar pensando: "Como o Gustavo.Friend está escrevendo fanfic's baixo-astral atualmente?!". Mas deixa eu me explicar:
Já faz algum tempo que eu tenho passado por algumas coisas que muitas vezes só nós que somos adolescentes sabe como são difíceis. No meu caso é mais difícil ainda, pois mesmo eu tendo uma mãe maravilhosa que é muito minha amiga e confidente, e alguns amigos maravilhosos eu não tenho confiança em algumas dessas pessoas.
Quando eu estava escrevendo a WATER OF DEATH a idéia de escrever essa daqui já tinha passeado na minha mente e nas minhas anotações, mas eu ainda não havia decidido como ia ser e quais personagens ia usar. Foi quando eu me deparei com o perfeito "sofredor" atual da CLAMP: Watanuki Kimihiro. Quem mais além dele entende de problemas "que não podem ser ditos às pessoas?"
Minha proposta inicial para a STRONG OF LiVE era de um capítulo apenas, ou seja uma oneshot. Mas eu acabei me empolgando com a história, que mesmo tratando de situações e problemas bem dark's também terá seus momentos de alegria. Resolvi dividi-la em três capítulos. Nesses vocês puderam conhecer os personagens principais. No próximo saberão do que se trata o "problema" do Watanuki, para os que ainda não perceberam. E no último… bom, vocês terão que ler pra saber!
Por enquanto a única coisa que eu peço à todos vocês é paciência, compreensão e reviews.
À todos que leram o primeiro capítulo um muito obrigado, e espero de coração que tenham gostado, caso contrário podem falar sobre os pontos negativos também!
Sayonara… "/
