And I waited for you, and I waited for you…
Just a picture and a feeling and a face.
How could I forget your touch your warm embrace?
And the shoes you wore with long black satin lace as you walked into my mind?
Acho que poucas pessoas conhecem a sensação.
E a verdade é que por pior que eu seja, ainda sim não a desejo pra ninguém.
Toda essa angustia, e a ansiedade, e os cantos das unhas comidos até que sangrem, o tempo passando cada vez mais lentamente, e logo em seguida estava passando rápido demais, e então vinha a culpa, e o remorso, e toda a repulsa por não conseguir controlar um sentimento que mesmo que eu detestasse admitir sempre fez parte de mim.
É incrível quando se tem um leque tão grande de opções, e mais incrível ainda quando você já provou de cada uma delas, uma, duas, dez vezes... Mas ainda sim, a opção que te chama, que basicamente grita por você, é justamente aquela ali, inatingível, que pertence a uma outra prateleira, e está sendo vigiada constantemente, o leque em que ela se encontra está estampado Não é para o seu bico com todas as letras, em negrito, itálico e sublinhado, estariam cantando pra te recordar se tentasse se aproximar... Mas ainda sim, eu não conseguia evitar.
Certa vez me convenci de que eram os olhos, mas quando falo dos olhos, não digo a cor deles, olhos claros não me chamam atenção, eu convivo com os meus desde que me entendo por gente, já os vejo azuis sempre que olho no espelho, são comuns, frios e inexpressivos.
Os dela não.
Os olhos dela eram castanhos, como chocolate ao leite, como chocolate quente em uma manhã de inverno, cheios de calor, harmonia, esbanjavam felicidade, simplicidade, cumplicidade. Pareciam quase liquidos, prestes a escorrerem e criarem um caminho doce até seus lábios rosados... Eu poderia ficar olhando pra eles por todo o tempo do mundo, se ela não me notasse e logo em seguida fizesse sua melhor cara de desprezo me obrigando a voltar para minha posição, de onde na verdade, eu nunca deveria ter saído.
Existem coisas na vida que não precisam ser explicadas, devem ser compreendidas. Coisas que não vão mudar, mesmo que a gente deseje com todo o coração, mesmo que a gente espere, e continue esperando, elas vão tomar sempre o mesmo rumo. São coisas como o fato de que você não pode aparatar antes dos 16, e tem de se contentar com isso, e não pode fazer magia fora da escola antes dos 15, e deve se contentar com isso.
Ela é uma Weasley, e eu sou um Malfoy.
E eu preciso me contentar com isso.
Ela vai estar sempre rodeada pelos seus parentes de cabeça vermelha (ou não tão vermelha assim), vai tentar seguir o padrão da sua mãe cdf mesmo que esteja tão óbvio quando se dá uma olhada mais atenta que ela não gosta de ocupar aquele lugar, não que precise se esforçar, na verdade ela não precisa... Mas deixa claro a cada vez que bufa ao responder uma pergunta que lhe é direcionada, que ela não gostaria de ser vista como a mais nova Hermione Granger. Ela vai sempre me olhar com desprezo e desdém, mesmo que algumas vezes eu tenha a pegado olhando pra mim com algo diferente nos olhos, algo que eu não pude identificar... Pra ela eu vou ser sempre do time dos badguys, eu carrego o sobrenome da desonra, a vergonha do meu pai nas costas que resultou em tentar criar um filho digno, automaticamente sem preconceitos, mas com algumas pequenas linhas a seguir, uma delas, era não chegar perto dos Weasleys ou dos Potters.
Os Potters, papai já tinha superado...
James e eu arrancávamos rabo um do outro pelo menos três vezes ao dia desde que pus os pés no castelo, mas ainda sim jogávamos juntos no time, e fazíamos alguma coisa aqui e ali como festinhas proibidas e regadas a álcool, e então tinha Albs. Que por ironia do destino, era um Potter, e era meu melhor amigo.
Albus Potter sabia de cada mísero detalhe da minha vida, isso incluía minhas pegadas com qualquer garota – incluso Dominique, que era minha melhor amiga também, só não tinha um saco e um pau no meio das pernas, o que na verdade era muito bom às vezes – e os meus problemas familiares, e os meus medos, e enfim, todas as minhas viadices, que eu precisava manter em algum lugar para continuar com a pose que um Malfoy deveria ter...
Ele sabia de tudo, ou de quase tudo.
Tudo menos a minha paixão platônica e inexplicável por sua prima favorita.
- Malfoy o que você tá fazendo com a foto da minha prima nas mãos? _ Albus Potter entrou no quarto, lerdo como uma preguiça e caminhando tão lentamente que me dava sono.
- Nada demais, só vendo o quanto ela consegue ser esquisita até mesmo em uma foto. _ resmunguei como quem não quer nada e recoloquei a foto no criado mudo que ficava entre a minha cama e a dele, no meio exato, não virada para a extremidade de Albs como ela estava quando coloquei as mãos nela.
- Rose não é esquisita. _ ele sorriu de lado e se sentou na cama de frente pra mim _ Ela só não é despachada como a Nique, ou ruiva como Lilly... Ela meio, tem o jeito dela sabe? Não curte muito esse lance de ser vista como uma Weasley, ou mesmo uma Granger.
- Pelo menos alguém na sua família tem sanidade mental de reparar que isso não é vantagem pra ninguém.
- Quem pisou no seu calo hoje? _ Albs gargalhou e jogou as costas na cama, eu aproveitei a deixa para fazer a mesma coisa e poder continuar com a minha cara de bobo, que ele tinha feito o favor de interromper.
- Ninguém cara, qual é o seu problema? Pegou o espírito psicólogo hoje? Resolveu atormentar minha vida?
- Não, na verdade não. Só tô tentando me distrair o suficiente pra não fazer nenhuma merda e tentar entender que cada um tem sua própria vida e faz dela o que bem quiser e entender e que eu não vou mandar corujas nem emails e nem sms pra ninguém pra falar da vida alheia.
- Gostei dessa sua superação da Rainha da Fofoca. _ gargalhei, algo aqui deveria ser dito, Albus adorava tomar conta da vida de todo mundo, era um instinto meio paternal bizarro sei lá.
- Não vai me perguntar o que é? Se eu sou a Rainha da Fofoca você é a Rainha da Curiosidade. _ ele retrucou, já deixando claro um pouco do seu péssimo humor.
- Não sou Rainha de nada, véi. Me erre. Mas vá, diga ai o que tá rolando. _ não ia me matar perguntar, eu sabia que não levava jeito pra coisa, mas enfim, não ia me matar... Ele sempre ouvia minhas histórias, por pior que fossem.
- Rose está saindo com Goyle.
Imagine a sensação do céu por inteiro caindo bem em cima da sua cabeça.
Foi o que aconteceu, o céu, e o dossel da cama, e todo o castelo caiu na minha cabeça, era peso demais, era coisa demais e meu cérebro parecia estar ficando mais lento e meu raciocínio não conseguia se completar. De repente meu rosto começou a me denunciar, e antes de ficar rosado, ou qualquer outra cor que me desse uma desculpa apropriada como muito sol no rosto, ele adquiriu um tom vermelho, minha respiração se acelerou e eu já estava na porta do dormitório.
- Scorpius que...? _ Albus se sentou na cama me olhando com sua cara de Potter Pai, aquela, que dá a entender que ele nunca entende nada do que a gente esta falando.
- Quem aquele asno pensa que é? _ eu tentei controlar a voz, mas o berro saiu, junto com toda a minha vontade de socar Goyle e o partir no meio sem sombra de dúvidas. _ Aquele estúpido não tem um pingo de noção na cabeça? É retardado! Retardado igual ao pai dele, que nunca soube fazer porra nenhuma a não ser andar atrás de mim, exatamente como o pai dele fazia!
- Aparentemente nem tanto, já que ele conseguiu convencer Rose de sair com ele. _ Albus resmungou, ainda sentado enquanto eu me debatia com o meu orgulho próprio sobre descer e socar a cara dele, sem que fosse óbvia a razão.
- O que a sua prima tem na cabeça? _ berrei de volta, como se ele estivesse no Salão Comunal e não pudesse me ouvir perfeitamente de sua cama, pra descontrair a raiva, e a ansiedade e me forçar a não descer e causar uma cena que seria bastante prejudicial pra mim, dei as costas para as camas e soquei a parede.
Qual é? Todo cara soca a parede uma vez na vida.
Socar a parede pra mim já era algo tão normal, que eu quase não sentia mais a dor nas juntas dos dedos depois, e eu precisava extravasar. Eu tinha que por toda aquela raiva pra fora, e gritar com Albus não ia resolver nada, justo quando ele tinha de pagar de primo super protetor o que ele faz? Fica na dele, não conta pros pais dela, não toma nenhuma providencia... Não faz nada, GRANDE PRIMO Albus, você é foda.
- Cabelos? E provavelmente mais cérebro que você. _ uma voz doce respondeu a minha pergunta, e então o cheiro do quarto se modificou automáticamente.
Eu não podia mais sentir suor, meias sujas, e chulé...
O perfume dela tinha cheiro de flor, de rosas, pra ser mais exato.
Era doce, suave, mas parecia pairar no ar quase como se já fizesse parte dele, era o suficiente pra me deixar sem fala, sem reação, sem nada para rebater ao que ela tinha dito, completamente de mãos atadas, bobo, ridículo e sem noção.
O cheiro dela se misturava com cheiro de chocolate branco, e quando eu criei coragem para olhar pra porta, de onde vinha a voz dela, assim, por entre os espaços que meus braços escorados na parede me deixavam, vi que ela realmente trazia uma barra de chocolate branco nas mãos, abertos, na extremidade direita dos lábios dela, tinha um pouquinho de chocolate – que ela provavelmente não tinha se dado conta ainda -, seus cabelos estavam de um castanho avermelhado, brilhavam e eram mais escorridos que os meus, seus olhos ainda carregavam o mesmo desdém ao me encarar, mas ela sorria.
- Você queria. _ retruquei com a voz falhando e me virando para encostar as costas na parede e de frente para o quarto, eu estava pressentindo que Albus logo se transformaria em uma panela de pressão. _ Mas não se preocupe, não pretendo tomar o seu posto de cdf.
- Claro que não pretende, o seu posto de galinha te serve muito bem. _ ela retrucou dando uma outra mordida no chocolate, mas seus olhos não desgrudavam de mim. _ Mas não vim aqui pra falar com você... Albs?
- Claro, mas provavelmente não se importou em ficar secando minha barriga. _ cutuquei, eu estava sem camisa, e vamos lá, eu tenho um bom físico, ninguém ali é burro, muito menos cego, a garota tinha ficado bestificada comigo.
- Não, apesar de ter aproveitado o momento pra isso, também não vim secar sua barriga. Albs, podemos conversar em particular?
- Na verdade se você veio aqui pra falar do Goyle, eu adoraria que o Malfoy ficasse, tenho certeza absoluta que ele tem muito mais conhecimento de causa do que eu, e argumentos.
Ela bufou, levantou os olhos em desgosto e passou por mim batendo os saltos baixos do seu sapato de verniz, bem cuidados e brilhando, amarrados em sua perna, até pouco abaixo do joelho, com uma fita preta de cetim, meus olhos azuis percorreram o caminho em zig zag que ele fazia em cada uma das pernas, era inevitável.
Usava uma meia calça preta, dessas mais grossas que não deixa a gente ver direito o que tem ali, dá todo aquele toque de mistério, me deixava louco, e ela usava aquelas malditas meias desde o primeiro ano – provavelmente porque o pai dela a torrou pra isso – e o uniforme nela não ficava ruim, pelo contrário, tinha um caimento digamos... Interessante.
A blusa branca não parecia um saco, porque ela tinha peitos, e deixava isso bem claro porque ela desabotoava os três primeiros botões e usava a gravata mais larguinha, bem no meio. Se não queria matar a população masculina, ela devia parar com isso, alguém deveria dizer isso a ela. Sua saia não era das maiores, como a boa prima de Dominique Weasley, ela provavelmente comprava saias de números menores, e saia por ai exibindo as coxas, ou quase, se aquela merda de meia calça não tapasse a minha visão.
- Desde quando ele tem alguma coisa haver com a minha vida? _ ela retrucou, e com um tom até atrevido, se ela soubesse que eu gostava quando ela ficava toda nervosinha e atrevida pra cima de mim provavelmente não faria esse tipo de coisa...
- Desde quando você se interessa por Sonserinos? _ questionei, porque na verdade era uma curiosidade, eu realmente achei que não sair com Sonserinos estava em toda sua política correta.
- Desde que não carreguem o sobrenome Malfoy e não sejam estúpidos como você, mas Albs, eu não quero ele aqui! _ ela bateu o pé no chão de forma autoritária, parecia uma daquelas garotas mimadas acostumadas a ter tudo o que quer, e ela realmente tinha.
- Como entrou aqui? _ perguntei denovo, deixando a curiosidade me levar, e a fazendo soltar outra bufada de desgosto por ter de responder a tudo aquilo, quando na verdade eu realmente não tinha conta com a sua vida.
- AHA! EU SABIA! ELE TE DEU A SENHA! _ Albus se levantou como se tivesse tomado um choque elétrico, ou como se sua cama estivesse povoada de explosivins. _ Porque ele te daria a senha? PORQUE ELE QUER COMER VOCÊ, PARE DE SER ESTÚPIDA!
- Eu não sou estúpida! _ ela respondeu baixo, mas suas bochechas coradas denunciaram suas verdadeiras intenções, nada diplomáticas eu diria _ E ninguém quer me comer, e mesmo que quisesse, você já parou pra se perguntar Albus Potter se eu por acaso quero? Então comece a se perguntar, porque olhe pra mim, EU SOU UMA GAROTA! Eu também tenho peitos, e todo o resto. Eu também tenho uma vida, e eu não quero viver só de livros, não me chamo Hermione Granger e não pretendo casar virgem. Eu nem sou mais virgem, agora vá, corra e conte para o meu pai seu fofoqueiro de uma figa!
- Como assim você não é mais virgem? _ eu e Albus perguntamos ao mesmo tempo, aquela carinha de casta dela escondia um sangue quente, sempre soube.
- Isso não é da sua conta Malfoy, o que diabos você ainda está fazendo aqui? _ ela batia os dois pés no chão, o pacote vazio do chocolate apertado entre os seus dedos _ Albs, me deixe viver minha vida. Goyle é um cara legal, pare de ser estúpido com uma droga de um sobrenome.
- Não sou eu quem levo como política numero um a distancia de um Malfoy, Rose Weasley. _ Albus disse com desdém, ali eu reconheci seu lado Sonserino, orgulhoso, cheio de si. ORGULHO dos meus pupilos, eu sabia que algum dia o Potter ia por as manguinhas de fora...
- Malfoys são Malfoys, é diferente. _ ela respondeu revirando os olhos.
- Qual é o seu problema? _ eu me enfiei no meio, tudo bem que eu entendia bem essa coisa de Malfoys e Weasleys mas qual é, era tão... ridículo. Não éramos mais do que porras nos sacos dos nossos pais quando eles começaram com essa putaria, porque a gente tinha que arcar com as conseqüências. _ É só um sobrenome também.
- E de que isso importa? Eu só quero que me deixe ver Goyle em paz, posso ter sua palavra? _ ela pediu, um tonzinho de suplica no fim de sua voz orgulhosa, mas não foi ele quem respondeu.
- Não, não pode. Goyle é um ridículo, o cérebro dele é do tamanho de um amendoim se é que consegue alcançar tanto. Ao contrário dos Malfoys, os Goyle não abandonaram suas velhas crenças, e eu sei disso porque esse foi o motivo que o meu pai cortou relações com eles. Agora vá em frente, se deixe enganar por um par de olhos verdes e um papo furado, eu pensei que você fosse melhor do que isso. E realmente Weasley, eu não tenho conta com a sua vida, mas se você insistir em sair com aquele estrupício, quem vai escrever para o seu pai sou eu.
Ela não tentou segurar o grito dessa vez, nem os braços. Quando dei por mim ela já estava se jogando de socos e tapas, e por sorte, sua baixa estatura privilegiava o meu rosto que quase não era pego pelos seus golpes não tão leves quanto sua aparência dá a entender. Eu deixei que ela batesse o quanto quisesse, até que se cansasse, tentando a segurar uma vez ou outra, ela tinha todo o direito de extravasar sua raiva, mas eu gostava dela, e eu não ia deixar ela se foder. Ela só não precisava saber disso, pra todos os fins, estava fazendo isso pelo Potter. Qualquer um deles, não me importava. Qualquer um era uma desculpa perfeita.
- Porque você não some da minha vida? _ ela falou entre dentes quando por fim eu segurei seus pulsos a fazendo parar, propositalmente com o corpo bem perto do meu. _ Eu odeio você, você é a pessoa mais nojenta, mais intrometida que eu já conheci na vida.
- Muito obrigado pelos elogios, mas você vai me agradecer depois. Ou o seu pai. _ eu não podia perder a piada.
- Você me dá nojo. _ ela falou devagar enquanto seus olhos percorriam meu rosto, e iam descendo devagar, por um momento eu pensei que ela fosse cuspir em mim, mas isso não aconteceu.
- Só isso? _ sussurrei, fala sério, a garota estava me secando pela segunda vez, eu não consegui ficar calado.
- Náuseas, Alergias, Vômitos, Raiva, Repulsa... quer que eu diga mais alguns? _ ela respondeu tão baixo quanto eu, seu nariz arrebitado estava a milímetros do meu.
- Faniquitos geralmente são características de atração física. _ respondi com um sorriso torto e levei o dedão até o sujo de chocolate no canto da boca dela _ Faniquitos me agradam, muito.
