As duas amigas conversavam animadamente acerca de um livro. Um livro estranho, de conteúdo erótico. Elas riam baixinho e eram cuidadosas, pois estavam em um bar movimentado em Sabaody. Uma tinha os cabelos castanhos, com reflexos dourados nas pontas, com uma longa franja cobrindo seu olho esquerdo e os olhos da mesma cor que eles. A outra tinha os cabelos |cor dos seus|, e os olhos |cor dos seus|.
De longe, as duas eram observadas por um jovem homem. Uma delas era a mais observada: |seu nome|. |Você| não era uma simples pessoa naquele lugar, para aquele homem. Era mais que uma mulher poderia ser para um homem apaixonado. Ele não imaginava que |te| veria ali, justamente ali, depois da última vez que se viram. Era louco e mágico aquele momento. Para aquele homem, ver aquela que a amou (e ainda ama) no passado ali, num simples bar em Sabaody... era como a luz do Sol penetrando por nuvens nubladas e iluminando sua cara naquele momento.
– Amiga, vou até o toalete. – disse a amiga para |você|.
– Pode ir, eu vou ficar esperando aqui. – |você| concordou, voltando a ler o livro com os lábios curvados em um sorriso.
– Volto já, está bem?
|Seu nome| estava sozinha naquela mesa. O tal homem coçou o peito nu por dentro do grande casaco que vestia. Ele sabia que a outra só estava saindo para ir ao toalete e logo voltaria. Ele queria vê-la mais perto, tocar nela... talvez... tocar naquele vestido cor de |sua cor favorita| que já tinha visto no |seu| corpo uma vez. Ele pegou seu copo de uísque e ficou brincando com o gelo, esperando a decisão interna de sua cabeça e de seu coração. Mais da cabeça, ali o coração não poderia agir totalmente. Os olhos da cor do pôr-do-sol olhavam fixamente e discretamente aquela criatura de vestido |sua cor preferida|.
|Você| estava distraída com o livro, mas com um pouco da memória longe daquele momento atual. Lembrava-se do momento em que, em uma mesa perto de onde estava, estava com um certo homem que a fez despertar uma paixão proibida em seu coração. Um homem tão diferente e tão igual a ela ao mesmo tempo. Personalidades similares e diferentes que se combinavam em uma atração deliciosamente fatal. Um homem perigoso, fora dos conceitos que envolviam as leis do mar. Uma bela fisionomia. Um belo sorriso. Um belo corpo. Se não fosse a impossibilidade que existia entre eles desde o começo. Mesmo tudo o que se passou, ainda não havia esquecido aquele pirata... insano e atrevido, que conseguiu roubar seu coração do mesmo jeito que |você| havia feito facilmente dele, desde quando ele a viu e sentiu-se atraído à primeira vista.
A amiga demorava a aparecer. Hora de se levantar dali. O homem tomou a decisão e foi até a tal pessoa que estava de olho desde o momento que a viu ali. Calmamente, com um dos cantos de sua boca cor forte de carmesim se curvavam em um sorriso. E |você| pressentiu que alguém se aproximava ali de sua mesa, fazendo olhar para quem vinha. |Seus| olhos se fixaram no ser que viu. Não... não podia ser. Não... ele?
– ...eu achei que nunca mais a veria. – disse a voz de tom profundo e levemente rouco, de forma também ligeiramente sedutora.
– ...eu também achava... que não o veria mais. – |você| disse baixo, surpresa e... ainda apaixonada. Viu ali que nada havia mudado depois de um bom tempo distante dele. E ele já sabia, e fazia questão também, que continuava |te| amando. Como se fosse ainda o auge daqueles dias em que estiveram tão próximos e tão íntimos.
Ambos ficaram silenciosos, olhando um ao outro. A amiga que |te| acompanhava espiava de longe a mesa, temendo aproximar. Ela sabia quem era aquela figura diante de |você|. O notório e cruel pirata Eustass Kid. "Capitão" Kid. Ele era um pirata conhecido por aquelas bandas. Ela engolia seco, sem saber como reagir, vendo a amiga e o pirata aparentemente conversando.
– E como tem passado? Ainda está com aquele homem? – perguntou com um tom mais sério.
– ...sim. Ainda estou. – |você| abaixou um pouco a cabeça, confirmando.
– Entendo... é um cara de sorte. Mas é a vida... cada um de nós temos objetivos diferentes...
– Sim... se tudo tivesse acontecido antes de conhece-lo... talvez desse um pouco mais certo.
– É como já tinha explicado uma vez... mas cada um de nós temos que seguir nossos caminhos. – ele pega uma das cadeiras vazias na mesa e se senta, olhando para |você| – E... está cada vez mais bonita, |seu apelido|.
– ...posso dizer o mesmo de você, Kid? – |você| disse, com as mãos apoiadas no tal livro, que estava fechado agora.
O ruivo com os cabelos penteados para cima olhou para aquelas mãos e para aquele livro.
– O que está lendo?
|Você| olhou para o livro e não sabia com o que fazer para esconder aquilo. Logo ele, curioso em conhecer aquele livro. Não, não podia. Mas ele pegou o livro, sem ela ter tempo de impedir. Kid folheou o livro e viu umas figuras eróticas. Olhou para |você| e sorriu malicioso.
– Saudades do último encontro, |seu apelido|?
|Você| sentiu suas bochechas arderem, |seus| olhos pareciam dançar em suas órbitas. Não, |você| não estava preparada para aquilo. |Você| não estava preparada para retornar todos aqueles sentimentos que já estavam cessados. |Você| achava que tudo tinha se consolidado. Achava que sua vida já estava em ordem, novamente. Até aquele(a) |seu dia da semana favorito|... naquele momento em que estava sozinha ali na mesa, naquele bar, no mesmo bar em que conheceu o pirata enorme e muscular que estava sentado à mesa com ela.
Kid sorria folheando aquele livro, depois a devolvendo.
– Não sabia que gostava de ler desses livros.
– Na verdade... é de uma amiga e ela me mostrou...
O ruivo fez uma pequena careta para ela, como se não acreditasse.
– ...e sim, eu gosto de ler. Nada demais e proibido para uma pessoa adulta.
Kid riu rapidamente. |Você| não conseguia tirar os olhos dele e ele percebeu, até porque não deixava de olhar para |você|.
– ...você... parece gostar também... não é, Kid?
– ...mais de fazer do que ler... – aproximava-se do rosto dela, olhando fixamente com a cabeça levemente curvada para o lado – sabe muito bem disso, |seu nome|.
|Você| respirou um pouco mais profundamente. |Seus| lábios se soltaram um do outro. |Você| olhava-o com a cabeça uma pouco mais baixa.
– ...sei bem disso.
– E você... gosta mais de ler, imaginar... ou de fazer, pôr em prática? – e a voz parecia mais sedutora, agradava-|te| vê-lo falar lento, sedutor, desejoso como sempre. E de repente, sentiu-se intimidada, ao mesmo tempo atraída novamente, e recuou um pouco, ainda olhando para ele. E como ele estava lindo, mais atraente... perigosamente atraente. Proibido. Ainda proibido para ela.
– Kid...
– |Seu nome|, |seu apelido|... – exibiu um pequeno sorriso provocador.
Estava horrível para |você| resistir aquele belo rapaz... seus sentidos ficaram mais aguçados e nostálgicos naquele minuto. Parecia voltar a sua boca o gosto dos lábios dele, aos ouvidos o sussurro dele, ao nariz o cheiro das roupas dele, a suavidade e a maciez de sua carne em suas mãos... e a nudez dele diante de seus olhos, mesmo que ele ainda estivesse vestido com sua mesma roupa, com aquele casaco felpudo e de cor bordô. O peito despido por baixo dele. E ele parecia mais robusto. O pescoço grosso, quase maior que a cabeça.
– Foi... foi muito bom revê-lo, saber que está bem. – deixou escapar aquilo dos lábios.
Ela fazia menção de se levantar, mas ele pôs sua mão grossa e enorme sobre as suas mãos |tipo delas|.
– Será que... podemos nos ver assim, rapidamente? Sempre vem aqui nesses dias?
– Bem... sim... mas... – |você| tirou as mãos debaixo da dele, e continuou sentada.
– Se quiser continuar mantendo a distância, vou respeitar. Como o prometido no nosso último encontro.
– Eu... posso permitir ao menos que me veja. No mínimo isso. Você sabe... as circunstâncias...
– Sei sim. – ele fez com a mão sinal para parar de falar. Ele já imaginou que ela lhe lembraria do namorado que estava prestes a ficar noiva. Isso não o interessava. Nunca interessou.
– Eu estou surpreso, pois desde quando partiu, achávamos que nunca mais nos veríamos. Não é?
– Exatamente. Minha vida voltava aos poucos ao normal, e parece que o destino quer bagunçar minha vida de novo.
– Você me ama, eu sei... como eu a amo. Mas nem eu e nem você podemos largar tudo para vivermos juntos... eu tenho minhas ambições... e você tem esse seu homem que não quer magoar...
– Sim, Kid... não relembra de novo essas coisas. Isso também me fez sofrer.
– Ainda faz... não é? – terminou de falar colocando as duas enormes pernas cruzadas em cima da mesa. Uns mais próximos também o observavam calados, e temendo por |você|. |Você| começou a perceber isso e ficou sem jeito.
– ...o que está olhando para os lados? – cruzando os braços, Kid olhava para você, curtindo aquele momento e aquela reação tímida e desconfiada de sempre de |seu nome|.
– Minha amiga ainda não voltou. Estou preocupada. – |você| disfarçou.
– Ela deve estar esperando eu sair, escondida em algum canto pelo bar. – ele arqueou uma sobrancelha, imaginando o que era de fato. Ele também observava o discreto decote do vestido, também observava a fisionomia delicada, os braços desnudos de cor |seu tom de pele| e seus cabelos |tipo de comprimento deles| que sobressaíam bem em |seu| tipo de rosto.
– ...bem, eu vou sair e ver com meus homens... virei com mais frequência aqui... visto que também aparecerá por aqui, a partir dos dias que virão. – descruzando os braços, ele tira os pés da mesa e se levanta, colocando a cadeira em que estava sentado no lugar. |Você| continuava sentada, apenas olhando para ele. Sem medo e sem receio de lhe falar... porém de se aproximar dele como no passado, sim. Já estava tão resolvida com seu namorado, curada de sua secreta caída em seu relacionamento... e agora, ele arranjava pretextos para vê-la com frequência, mesmo de longe. Não... isso não daria certo. Ela sabia que não.
– Até mais, Kid... podemos nos ver por aí. – |você| disse.
– ...não sairei até ouvi-la me chamar de "Capitão"... só mais uma vez.
|Você| fechou brevemente os olhos, depois olhando para ele. Aquilo parecia significar muito para ele e ele queria ouvi-la novamente lhe chamar assim.
– Até mais então... Capitão.
Ele sorriu, satisfeito.
– Até mais, minha |seu apelido|... minha.
Ele se despediu piscando rapidamente um olho provocantemente para |você|. |Você| assistia-o caminhar em direção à porta. Aquele andar dele... |te| fazia lembrar um predador em busca de uma presa para abater. Costas largas, ainda aparentando mais largura naquele casaco grande e comprido. O andar firme, de porte altivo... lá fora estava um dos homens dele que havia conhecido. Era o braço direito dele. Aquele homem... parece que toda aquela fase em que conviveu com o doce assédio até o mais tórrido momento íntimo entre ambos. |Você| esfregou os olhos, tentava se recompor. E a amiga aparecia novamente.
– Sente-se bem, amiga?
– Ah! – assustou-se por breves segundos – Ah... só agora que você aparece?
– Ah, |seu nome|... você teve fibra, viu? Você sabe que esse homem é um pirata, não é?
– Sei sim. – comentou calmamente, olhando para a porta do bar por onde Eustass saiu.
– ...que olhar é esse, amiga? Não é um homem para se admirar!
– Admirar? Qual nada! – ela se recompôs, pegando o livro e segurando-o – assim como você, fiquei assustada.
– E o que ele queria?
– Perguntou-me se eu estava sozinha e falei que não. Enrolou com algumas coisas mas eu fui fria.
– Ele parecia realmente querer alguma intimidade... notei isso.
– Ficou espiando?
– Sim, e querendo fazer alguma coisa para te tirar do alcance dele! Se estivéssemos aqui com seu namorado, jamais ele se aproximaria para pequenos galanteios! – disse cruzando os braços, logo olhando seu livro nas |suas| mãos – quer ficar com o meu livro?
– Toma! – devolvendo para a jovem de cabelos castanhos à altura das clavículas.
– Mas nem leu todo!
– Depois eu leio.
A amiga sacode a cabeça rindo.
– Tudo bem. – pegando o livro de |suas| mãos – Quando quiser lê-lo, vou te emprestar.
– Certo. Vamos embora?
– Já quer ir para sua casa? – a amiga coloca uma mecha de |seus| cabelos para trás da orelha.
– Não me sinto bem...
– ...foi esse pirata que te assustou, não é?
– ... acho que sim.
– Claro que foi! Coitadinha... mas tem outros que circulam "civilmente" por aqui... mas são perigosos do mesmo jeito... e eu me desculpo por não ter me aproximado antes, mas que poder eu teria de intimidar ele?
– Não liga para isso... eu... tentarei evitar pisar aqui.
– Bobeira! É vir acompanhada pelo seu namorado... assim intimida mais.
– E... e se atacarem meu marido por causa disso?
– Aí... aí é sorte. Só sei que nós duas sozinhas por aqui não parece mais seguro. Acho... mas não é por isso que devemos ficar trancafiadas em nossas casas por causa dos perigos fora delas, não é?
– ...de acordo. – disse |você|, voltando a olhar para a porta.
...
Já em casa, |você| lavava seu rosto com água fria, logo decidindo a tomar uma ducha de água fria. Seu corpo ardia. As lembranças com aquele homem despertava novamente aquela chama proibida e insensata: sua paixão proibida por Kid. Debaixo do chuveiro, percebeu que aquela chama só estava fraca e não apagada. Mas |você| amava seu namorado, que estava prestes a firmar noivado de anos. Contudo, ao conhecer aquele ruivo com um delicioso toque de irônico, as coisas mudaram. Um fogo maior do que o que |seu| quase noivo havia acendido.
Enxugou-se, secou os cabelos e foi para seu quarto. Você morava em um apartamento de aluguel com mais uma pessoa. Ela chegava em casa, gritando que já havia chegado para |te| avisar.
|Você| não respondeu, estava sentada diante da janela, olhando pensativa o céu. Esta bateu a porta bem forte, o suficiente para |te| despertar dos pensamentos e abrir a porta.
– Trouxe o jantar para nós!
– Obrigada... depois eu como.
– Não quer agora?
– Estou sem fome... depois eu como.
– Hummm... deixo a metade para você, então. Mas que bicho te mordeu?
– Nada... só sem fome, mesmo. Mas eu vou comer!
– Está bem. Até mais!
Você fechou a porta, jogando-|se| de bruços na cama. Vinha em sua mente as vezes em que foi tocada por Eustass Kid, e logo |você| sacudia a cabeça, colocando as mãos nela.
– Eu já havia resolvido tudo isso dentro de mim... não é agora que vou me deixar abalar... não posso... decepcionar meu amor... minha família... nem a mim mesma... – |você| prometia para si. E quanto mais |você| fugia, mais atraía justamente as mais picantes lembranças que tinha dele. Como era terrível se enganar daquele forma, e aquela estava sendo a mais pesada e incômoda dor em sua alma. Embora tenha resistido inicialmente quando o conheceu, nunca estava sendo tão forte aquela falha sensação de querer fugir.
E ele ainda queria vê-la, "nem que fosse de longe". Claro que não seria assim, ela teve experiência disso no passado. E a vida parecia querer contrariá-la, sempre metendo aquele pirata no meio do seu caminho.
– Kid... – pronunciou seu nome baixinho, antes de cair definitivamente no sono e dormir.
