Disclaimer: Saint Seiya não nos pertence, eles são propriedades da Toei, Bandai e Masami Kurumada. Esse trabalho não possui fins lucrativos

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Já eram 23:00 quando Mu chegou perto do quarteirão onde morava. Havia saído novamente, pois tinha esquecido de comprar o pequeno bolo de laranja, todo coberto de açúcar, que Claire tanto gostava. Estavam a mais ou menos um mês afastados, Mu ficara em Nova York, enquanto Claire viajou para a Califórnia. Ela havia sido escolhida para ser a nova garota-propaganda de uma famosa marca de perfumes e, depois da temporada fora, finalmente voltaria para casa na sexta. Hoje era quarta.

"Melhor me apressar, já está tarde..." O clima já começava a esfriar, devido à época do ano, e Mu calçava um tênis branco e cinza, trajava uma calça de moletom também cinza, uma blusa de mangas compridas e um casaco pretos. A brisa brincava com seus cabelos soltos, enquanto caminhava com umas cinco sacolas da lojinha de conveniências.

Passou por diversos becos, queria logo chegar em casa. Saindo em uma das ruas de onde já avistava, um pouco mais à frente, seu apartamento, estranhou. As poucas lojas que existiam no local estavam todas fechadas, não havia ninguém nas ruas.

Estava quase chegando à entrada, quando ouviu um grito feminino, vindo da área onde ficavam as lixeiras do prédio. "Meu Deus!" Mu largou as compras e correu na direção da voz. Poderia estar correndo direto para o perigo, mas algo o dizia que tinha que ir até aquele lugar.

Alguns segundos depois, arrependeu-se profundamente de ter ido até lá. Uma mulher de cabelos negros e cacheados, na altura dos ombros e olhos castanhos, vidrados, encontrava-se caída no chão, nua e com a garganta cortada. O corpo parecia ter sido abandonado ali. Tinha vários arranhões e hematomas por todo o corpo, além de alguns símbolos, que Mu não reconheceu, desenhados em sua coxa direita e em seus seios. "Serial-killer...?" Mesmo com medo, e um certo enjôo, algo o impedia de sair dali. Era quase como se esperasse que a mulher voltasse à vida e lhe contasse o que aconteceu.

-Hora errada, lugar errado... –Mu estremeceu, diante daquela voz firme e estranhamente familiar. Olhou em direção ao dono dela, que estava parado a alguns passos atrás dele. Não conseguiu ver muita coisa do estranho, apenas que tinha cabelos longos e lisos, aparentemente loiros, e que trajava um sobretudo preto.

-Quem é você?

-Você sabe quem eu sou, mas não temos muito tempo para conversas. Esqueça o que aconteceu, nós nos veremos novamente em outra ocasião... –uma luz forte envolveu o lugar, ofuscando a visão.

Eram 7:30 da manhã, quando Mu abriu os olhos. Estava apenas com sua roupa de baixo, deitado em sua cama. Levantou-se rapidamente, calçou os chinelos e foi até o banheiro. Lavou o rosto e encarou-se no espelho. "Será que foi um sonho?"

Foi até a cozinha, separada da sala de estar por uma pequena bancada, onde estavam enfileiradas as compras da noite anterior.

-Então... Não foi um sonho... –abriu a geladeira e pegou um copo d'água, apoiando-se na pia e tentando entender o que estava acontecendo. Olhou em direção à sala, onde avistou a secretária eletrônica que piscava, denunciando que tinha mensagens. Foi até o pequeno aparelho, apertando o "Play" e ouvindo da voz feminina que tinha três mensagens.

Hey, Mu, é o Oria. É só para lembrar que hoje temos que ir à galeria da Maison Street, pra ver como ficou a organização, se as posições das peças estão como você queria. Eu passo lá no estúdio por volta das 16 horas, beleza? Até mais!

-Tenho que me lembrar de estar pronto nesse horário... –disse, anotando em um papelzinho e o colocando em cima da mesa de centro.

Oi, lindinho! Onde você anda? Pegando todas, né?... Eu sei, vó, eu sei... Ele é noivo daquela meti... Ah, da Claire. Bem, Mu, eu tô ligando pra ver se a gente tenta sair um dia desses. Não se esqueça da sua priminha-gêmea, hein? Beijão!

Mu não pôde deixar de rir, sua prima sempre fora meio louca desse jeito. Eles haviam sido criados juntos, gostavam das mesmas coisas e até nasceram no mesmo dia. Mas ela agora estava expandindo sua clínica pediátrica e ele seguira a carreira de pintor. Sentia falta da época em que passava um dia inteiro só em companhia dela.

Amor? Você esta aí?... Bem, eu só liguei para saber como você está e para avisar que ficarei aqui por mais alguns dias... Devo voltar lá pela quarta-feira... Estou morrendo de saudades! Me liga de volta, ok? Te amo.

Mu olhou para o aparelho um tanto quanto decepcionado. Ligar de volta? Sempre que ele ligava para o hotel, ela não estava, e quando tentava o celular, ou estava desligado ou simplesmente só dava tempo de trocar algumas palavras, pois ela estava no meio de alguma sessão de fotos.

Preparou um café e algumas torradas, enquanto assistia ao noticiário da manhã. Foi até seu armário, separando uma roupa para vestir: um tênis preto, bem cuidado, uma calça jeans escura, uma camisa branca e, por cima, um suéter azul-marinho.

Certificou-se de que tudo estava desligado e trancado, pegou uma pasta branca, seu celular e saiu. Já na rua, não resistiu e voltou ao mesmo lugar da noite passada. "Isso, vá até lá e confirme que nada disso aconteceu, foi tudo fruto de seu cansaço mental."

Para sua alegria, não havia nada ali, além de uns restos de jantar.

-Sem sangue, sem corpo, sem nada...

-Falando sozinho, Mu? –disse uma mulher baixa e meio gordinha, de cabelos claros e pele branca. Tinha olhos pequenos, em comparação com o enorme nariz. Usava um hobbe rosa, rendado na ponta e segurava um saco de lixo nas mãos.

-Não, Sra. Johnson, eu estava pensando alto.

-Sei... –disse, depositando o lixo na grande lixeira e olhando desconfiada para Mu –Cuidado para não pensar alto de mais, os outros podem ouvir. Sabe, tem coisas que a gente pensa que nunca deveriam sair de nossas cabeças...

-Claro... Com licença, Sra. Johnson, eu já vou indo... Mande lembranças ao seu marido...

-Humpf, aquele imprestável, ele...

-Eu realmente tenho que ir, nos falamos depois, tenha um bom dia – e saiu apressado, realmente não queria ouvir a Sra. Johnson reclamando de como o marido era preguiçoso e não merecia a esposa que tinham.

Mu dirigiu-se até a esquina onde, nos últimos dois anos, o mesmo táxi o levava para o estúdio. Não demorou muito para que o carro amarelo aparecesse e parasse em frente a ele, sem que ao menos fizesse qualquer sinal.

-Buenos Dias, Sr. Hannigan

-Buenos Dias, Sr. Gonzáles.

-¿Pronto para más un dia de trabajo?

-Sim, vamos lá.

Depois de uns vinte minutos parados no trânsito matinal de NY,uma das maiores cidades do mundo, finalmente pararam em frente a um prédio simples, de quinze andares, onde Mu desceu. Algumas pessoas já circulavam pela entrada do prédio. Eram, em sua maioria, donas de pequenos negócios, como o detetive particular, a pequena empresa de informática, o ateliê, o consultório odontológico... Mas todos eram donos de seus próprios negócios. Mu podia dizer isso, e com muito orgulho. Fazia mais ou menos dois anos que ele alugara um dos maiores apartamentos do prédio, no nono andar, e fizera desse lugar seu estúdio. Agora suas pinturas já começavam a fazer fama nos círculos de pequenos apreciadores de arte e suas exposições já começavam a lotar.

Foi pensando na exposição que aconteceria mais tarde que Mu entrou em seu estúdio, abrindo as cortinas das grandes janelas em arco romano, de mais ou menos um metro de altura. Era um lugar típico de pintura, um grande armário abarrotado de tintas a um canto, algumas telas secando, espalhadas pelo espaço, vários panos e plásticos cobrindo o chão, algumas telas, ainda em branco, apoiadas em cavaletes e alguns jalecos, originalmente brancos, pendurados em um cabideiro de aço, embutido na parede. Mu andou em direção aos jalecos, enquanto prendia os cabelos em um coque baixo, vestindo-os em seguida e descalçando os sapatos, ficando apenas com suas meias coloridas, com a carinha do "Smile" na frente. Repetia esse ritual sempre.

Separou algumas últimas peças que levaria para a galeria e ligou o pequeno rádio, gostava de trabalhar ouvindo música. Estava colocando um plástico de proteção na última pintura, quando olhou em direção a uma tela em branco, apoiada na parede a um canto. Uma vontade louca de pintar o tomou. Pegou a tela, de uns 70 cm de altura por 50 de largura, colocando-a em um cavalete. Selecionou umas tintas, apenas preto e cinza, e começou a pintar. Suas mãos pareciam ter vida própria, ele sentia como se estivesse observando de fora alguém pintar, os seus movimentos lentos pareciam hipnotizá-lo.

-E aí, Mu? –Mu saiu de seu transe ao sentir a mão de Aioria em seu ombro –Pintura nova?

-Hã? Você chegou cedo, Aioria... –Mu olhou seu relógio de pulso e viu que este marcava 15:55 –Mas já!

-Nossa, vai me dizer que você perdeu a noção do tempo de novo? –disse Aioria, puxando uma cadeira e sentando-se perto do outro.

-Eu... Ah, deixa pra lá.

-Essa daí também vai para a exposição? –perguntou, indicando a tela à frente de Mu. Era uma tela escura, toda em preto, onde podia-se ver, no centro e em cinza, os contornos meio difusos de um homem de cabelos longos e roupas compridas. –Quem é?

-Eu... Não sei... –não conseguia se lembrar de ter pintado aquilo, mas sabia que era o homem com quem havia sonhado naquela noite. Pelo menos, ele achava que havia sido um sonho. –Esquece, essa não vai para a galeria, somente aquelas com plástico –indicou outras quatro telas.

-Muito bem, então, mãos à obra! –disse Aioria, arregaçando as mangas da camisa social vermelha que usava.

Depois de colocar todas as telas com cuidado no porta-malas do carro de Aioria, os dois rumaram em direção à galeria. Iam conversando durante todo o trajeto. Pelo menos, Aioria falava, e muito. Não parava de falar sobre sua esposa, grávida de sete meses.

-A Marin está muito feliz, nossa Lithos vai ser linda! –ele continuou falando, enquanto Mu apenas sorria e confirmava com a cabeça, de vez em quando. Sua mente estava longe, pensando no "sonho" que tivera na noite anterior. Fora muito real, embora sequer se lembrasse de ter subido com as compras. A última coisa de que conseguia se lembrar era daquele estranho com quem, se cruzasse na rua, não saberia nem se reconheceria, mas que não lhe saía da cabeça. "Você sabe quem eu sou... Mas eu não conheço assassinos..." Foi então que fez-se a luz. Se não fosse um sonho, talvez aquele maníaco o estivesse seguindo e observando, esperando apenas o momento certo de atacar...

-Foi apenas um sonho... –disse Mu baixinho

-O que disse, Mu?

-Ahh... Não foi nada... Chegamos –Aioria estacionou o carro e, com a ajuda de Mu, carregou todas as telas para dentro. A exposição ocorreria num salão amplo, todo branco, com poucas janelas, bem espalhadas pelo local. O grande dia seria no sábado à noite, e ainda faltavam uns últimos retoques para dar.

Mu distraía-se, dando ordens a alguns homens, quando ouviu dois deles comentarem sobre algo que lhe chamou atenção.

-Hey, você ouviu falar do suicídio do casal Smith?

-Suicídio? Não... Quando aconteceu?

-Acho que uns dois dias atrás, mas os corpos só foram achados ontem à noite.

-Como você soube disso?

-Ta no jornal, eles eram pessoas importantes. Se quiser ler a reportagem, eu deixei em cima daquela cadeira ali... –disse, apontando para um canto. Mu não resistiu, deu as últimas instruções e foi até o jornal. Sentiu seu coração dar saltos em seu peito, ao ver a foto impressa.

Segundo a reportagem, o casal estava de férias no Caribe, mas algo acontecera e o Sr. Smith havia cortado a garganta da própria esposa e, logo depois, os seus próprios pulsos. Mu não podia acreditar, mas tinha certeza que a mulher da foto era a mesma de seu "sonho". Continuou lendo a reportagem, mas ela não falava nada sobre escritas estranhas ou algo parecido. Suas mãos começaram a tremer, seria aquilo o que chamavam de premonição? "Só se for premonição retardada, porque o suicídio aconteceu dois dias atrás..."

-Ei, Mu, acho que já fechamos aqui –disse Aioria, se aproximando do outro –Vamos para casa? –Mu fez um gesto afirmativo com a cabeça, deixando o jornal de lado e seguindo Aioria até o carro. A viagem de volta não foi muito diferente da ida, a não ser pelo fato de Mu estar ainda mais distraído.

Algum tempo depois, Mu já se encontrava na entrada de seu prédio, se despedindo de Aioria, com um pequeno sorriso no rosto. Lançou um olhar à área das lixeiras, mas decidiu ignorá-las, balançando a cabeça e entrando no prédio. Já dentro de seu apartamento, acendeu todas as luzes, vestiu uma calça preta, uma blusa de mangas compridas branca, preparou um chá e sentou-se para assistir televisão. Desistiu logo depois, todos os canais só falavam sobre a morte dos Smith. Ficou sentado no sofá, divagando sobre várias coisas, sem realmente prestar muita atenção nelas. Cogitou várias vezes ligar para sua prima Hina, mas não queria aborrecê-la com algo que nem julgava ser exatamente real.

Levantou-se, indo até a cozinha, pegar um copo d'água e, logo depois, indo até o banheiro, atrás de um comprimido para dormir. Foi até a cama e deitou-se, caindo logo em um sono profundo e sem sonhos.

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Os dias passaram rápido. Mu estava bastante ocupado, mas conseguiu marcar um encontro com Hina para a próxima terça e teve chance de conversar mais decentemente com Claire.

A exposição ocorrera conforme o planejado, apenas com o detalhe de que as peças venderam acima do esperado, o que era muitíssimo bom. Aioria decidira dar uma pequena festa em sua casa, em comemoração ao sucesso de Mu, que só saíra da casa dele quando já era madrugada, decidindo-se por pegar um táxi para voltar para casa. Estava tão cansado que não precisou nem de seus remédios para dormir.

O tempo passou, parecendo correr de maneira que não fosse assimilado por Mu, que, quando deu conta de si mesmo, já estava em um outro táxi, a caminho do aeroporto, com um buquê de flores na mão, pronto para receber Claire de volta. "Portão 7, vôo das 17:30..." Olhou pelas janelas do lugar, o tempo estava feio, parecia que ia chover.

Como ocorre em todo aeroporto em hora de desembarque de passageiros, o saguão estava lotado de gente chegando, muitos rostos sorridentes na multidão, outros absurdamente vermelhos, outras figuras de terno falando rapidamente em celulares, mas nenhum que sequer lembrasse sua Claire.

Já eram 20:00, e Mu ainda esperava algum sinal de Claire, quando seu celular tocou, anunciando que uma mensagem havia sido recebida: Terei de ficar aqui até o final da semana. Sinto muito. Beijos e Amor, Claire

Mu ficou encarando seu celular ainda por algum tempo. Não queria acreditar que Claire havia esquecido dele, que só havia lembrado de avisá-lo que não voltaria depois que ele já a estava esperando faziam três horas.

Jogou o buquê no lixo, pegou um táxi e voltou para casa, estava deprimido demais. Em vez de subir para seu apartamento, resolveu dar uma volta para esfriar a cabeça.

Andou sem rumo por um longo tempo, não se importava de se perder. Caminhava olhando para o chão, sem prestar muita atenção à sua volta, acabando por entrar em uma rua não muito movimentada. Só levantou o rosto quando sentiu algo esbarrar acima de seu ombro esquerdo.Olhou para cima e teve que recuar alguns passos, horrorizado com a cena que viu.

Uma garotinha de mais ou menos 10 anos, cabelos e olhos claros, estava pendurada pelo pescoço na beirada de uma escadaria de incêndio. Estava com a camisola toda suja de sangue e os mesmo símbolos que Mu vira antes, só que, dessa vez, espalhados pelos braços dela.

-Dessa vez, você chegou num péssimo horário –Mu olhou para o lado e viu aquele mesmo homem de antes, parado e apoiado na parede, meio ofegante. Agora Mu conseguia vê-lo com clareza. Tinha longos e lisos cabelos dourados, olhos de um azul incrível. Trajava um sobretudo preto, que só permitia ver que o loiro usava um par de botas negras. Tinha uma das mãos pressionando o abdome, que sangrava muito, um corte no rosto e outro nos lábios.

-Meu Deus, você está ferido!

-Eu estou bem... Mas você... –foi então que Mu sentiu uma ardência na altura do peito. De repente, parecia que os sons do lugar haviam cessado, sua visão começou a turvar. Levou as mãos até o local, sentindo o líquido quente e vendo-o tingir sua blusa de rubro. Sentiu seu corpo cair devagar, enquanto um terceiro homem entrava no seu campo de visão, ainda com o cano da pistola quente, devido ao tiro recente.

-Pobre garoto, muito azar, hein? –e começou a rir, uma risada que só demonstrava sarcasmo –Parece que errei de novo... Mas até que valeu à pena, não é, Shaka?

-Idiota –a última coisa que Mu viu foi o homem chamado Shaka avançando em direção ao homem que o matara.

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Fiiiiiimmmmmm!

Hikaru: Eu amo esse bixinhuuuu .  Esse: OoO

Tsuki: Puutz ¬¬''

Hikaru: Bem isso é o final do cap 1 v Please, mandem reviws T.T

Tsuki: Isso ae, povo, mandem reviws e tornem essa criança feliz ainda mais feliz! xD