Marian falando!

Esta é uma fic conjunta com o James, e o título ainda é provisório. De verdade. Precisamos de um novo, e estamos abertos (para coisas novas ;D) para sugestões XD

Warnings: Personagens Originais (OCs), Slash (MUITO slash), incesto (entre primos), violência física, caras bonitões e QUASE-pedofilia 8D Se não gostar de nenhuma dessas coisas, NÃO LEIA! Fichas de ALGUNS personagens no próximo capítulo! Aproveitem a leitura!


BORN TO SUFFER

Em toda a minha vida, nunca aprendi a amar. Minha família não era exatamente o que se possa chamar de uma família feliz. Meu pai, sempre fiel ao Lorde das Trevas, me treinou desde pequeno para odiar e matar. Minha mãe, em Azkaban desde que me conheço por gente, nunca foi muito... presente na minha vida. Nunca senti na pele o verdadeiro significado da palavra "afeto" ou derivados. O mais próximo que já cheguei de receber afeto foi quando o Lorde das Trevas em pessoa me disse que eu era "importante" para sua "missão", da qual até agora não tenho uma idéia muito clara do que se trata.
Acho que nasci para sofrer.


CAPÍTULO I

- E tome muito cuidado, meu filho! – Exclamou a voz chorosa da mãe, abraçando algo que ela esperava ser seu filho perdido em algum lugar dentro de uma armadura de vestes quentes e fofas. O garotinho somente conseguiu responder após uma árdua batalha para tornar sua cabeça anormalmente avermelhada para fora do envólucro sufocante.

- Sim, mãe...

- E não esqueça de separar suas roupas e arrumá-las por ordem de cores, como eu te ensinei!

- Sim, mãe...

- E não se esqueça de lavar suas cuecas na bacia que eu te comprei!

- Sim, mãe...

- E não esqueça de alimentar sua coruja!

- Sim, mã... Eu tenho uma coruja?

Como se respondesse à pergunta do garotinho, uma enorme coruja das torres, de plumagem marrom-dejetos-humanos passou em vôo rasante por cima de sua cabeça, não a decepando por meros centímetros ao mesmo tempo em que exibia seus dotes de cabeleireiro com as madeixas vermelho-sangue do menino.

- O nome dele é Fluffy! – Exclamou a mãe, sorrindo meigamente.

- Oh, sim, muito fluffy ele... – O garoto resmungou, sem tirar os olhos da coruja que rodeava sua cabeça perigosamente. A mãe continuou sua lista de recomendações:

- E não se esqueça de alimentar o Gato, o Sapo e o Rato.

- Eu tenho um gato, um sapo e um rato?

- Não, você tem a coruja Fluffy, o sapo Gato, o rato Sapo e o gato Rato!!

- Essa conversa está fazendo muito sentido para mim...

- Só que o Sapo e o Rato ainda não chegaram, por isso posso só te dar o Gato.

- Ótimo, uma bola de pêlos quicantes e de unhas afiadas para me encher o saco na viagem...

Naquele momento, sua mãe tirava de dentro de sua bolsa magicamente ampliada uma gaiola pequena e tapada por alguma coisa que provavelmente já fora um pano, mas que agora não passava de um fiapo fedorento e mal-cheiroso. A gaiola começou a pular na mão da senhora enquanto um barulho semelhante a um coaxo preenchia o ambiente.

- Gato?

A gaiola se rompeu e um animal verde com notável capacidade de pular grandes distâncias saiu praticamente quicando do local, logo perdendo-se das vistas da criança e sua mãe. Desesperado, o menino atravessou a estação gritando "Sapo, hey, sapo, volte aqui!", enquanto sua mãe, a poucos passos de distância, gritava "É Gato! É Gato!" e toda a comunidade bruxa reunida no local os observava fingindo que na verdade estavam olhando para uma mosca muito barulhenta para ao menos se fingirem de pessoas educadas.

Sem perceber, o menino ultrapassou os limites seguros da estação 9 ¾ para voltar novamente ao mundo dos trouxas. Antes que pudesse entender o que havia feito, ou como havia feito, sua cabeça se chocou contra algo muito duro que o forçou a cair para trás, com parte do corpo para dentro da barreira e apenas cabeça e membros para fora dela.

A coisa muito dura provou ser um garoto mais velho do que ele, e mais forte também, além de incrivelmente alto. Ao que parecia, ele havia levado uma cabeçada no peito e buscava recuperar o ar apoiando-se em uma lata de lixo. As mangas de suas camisas estavam dobradas até perto do cotovelo, misteriosamente atraindo a atenção do menino ruivo. Incapaz de conter sua curiosidade, este se aproximou até chegar a ponto de estar com o nariz quase se encostando ao braço do outro, os olhos brilhando de tanta excitação.

- Wow! Cool! Onde você conseguiu isso?

Em resposta, o outro apenas ergueu a sobrancelha, intrigado. Somente alguns segundos depois foi que se pronunciou:

- Você tem quantos anos?

- Hum... 14, e você?

- Isso não vem ao caso agora, apenas olhe para onde anda... pirralho. E a propósito, o que você procura não está muito longe de você, apenas olhe na direção do braço que você ficou cheirando... cachorrinho.

- Eu não sou cacho... Sapo!!!

- É GATO! QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE TE EXPLICAR! – Ouviu-se a voz longínqua que ainda assim parecia realmente alta e clara, como uma espécie de berrador humano, com a diferença de que este não entraria em combustão ao terminar de transmitir seu recado... ele apenas o repetiria. Quantas vezes fosse necessário.

O garoto misterioso aproveitou a oportunidade para sumir rapidamente do local, atravessando a barreira sólida que o levaria para o Expresso de Hogwarts. A mãe do menino ruivo chegou, logo em seguida.

- Já conseguiu encontrar o Gato, querido? – Ela perguntou, preocupada.

- Não, mãe, mas... – O ruivo se interrompeu, afundado em pensamentos e olhando para o lugar onde o garoto maior estava, antes de sumir "magicamente" – Aquele cara...

- Que cara? Algum trouxa andou fazendo mal para o meu bebê? Me diz que eu acerto, ah se acerto!

- Não, mãe! Ele... ele tinha uma tatuagem cool de serpente no braço esquerdo – disse o menino, deliciado com a lembrança.

A mãe congelou por alguns segundos, incapaz de pronunciar palavra alguma. Com suas mãos, agora trêmulas, segurou o rosto do filho e o encarou com os olhos marejados.

- Ele... Essa tatuagem... –gaguejou, apertando o rosto do garoto entre suas mãos – Essa cobra... Tinha uma caveira...? E a cobra...

- Saía da caveira? Siim, siiim, mãe! Quando eu for mais velho, você me deixa fazer uma dessas?

A pobre mãe não agüentou e desatou a chorar. Chorava sonoramente, como um cachorro uivando em noites de lua cheia. O menino, desconcertado, apenas a observava chorar, incapaz de entender o que se passava com ela.

Um coaxo repentino interrompeu o choro da mãe, que parou o que estava fazendo para procurar a origem do som. Não vinha de muito longe – saía de um garoto a alguns metros dali – e ficava cada vez mais nítido, a cada coaxar. Assimilando rapidamente os fatos, a mulher correu na direção do som, usando de sua voz megafônica de berrador:

- GAAAAATO! DEVOLVA O MEU GAAAATO!

O garoto, origem dos sons estranhos, arregalou os olhos ao vê-la, horrorizado com a idéia de ser esmagado por uma mulher enorme gritando por um gato quando ele só tinha em mãos dois sapos, um de origem desconhecida e o outro, que atendia pelo nome de Trevo, seu próprio animal de estimação.

A mulher interrompeu-se ao notar que o garoto estava segurando DOIS sapos. Qual deles seria o seu amado Gato, que lhe havia custado dez galões, oito sicles e cinco nuques – sim, ela era um tanto pão dura, a ponto de lembrar do preço de cada Feijãozinho de Todos os Sabores que comprara, desde o dia de seu casamento – e que iria fazer companhia ao seu amado – e talvez meio retardado – filho?

Respondendo a sua pergunta, o garoto gaguejou, nervoso:

- Ah... qual deles será o seu...?

- GATO!!! - a mulher gritou, instintivamente, fazendo um dos sapos saltar das mãos trêmulas do pobre garoto e ir parar no colo dela.

Ela sorriu e agradeceu rapidamente ao menino, desaparecendo com o filho logo em seguida.

Longbottom apenas olhou, intrigado, e Trevo coaxou alegremente, despedindo-se do seu mais novo amigo.

-x-

Ainda na estação, uma garota de traços orientais procurava, desesperada, pela plataforma. Segurava um malão, uma pequena gaiola com um animal que lembrava um pufoso em miniatura e vários livros extremamente grandes, grossos e empoeirados. Andava bastante desajeitada devido a essa grande quantidade de bagagem, e não havia ninguém que pudesse ajudá-la. Não muito longe, outra garota, morena com cabelos sedosos e crespos, parecia igualmente perdida. Logo, os olhares das duas se cruzaram e elas pediram, em um inglês gramaticalmente incorreto, por ajuda.

- Você podê ajuda? – a oriental perguntou, descrente de que a outra pudesse entender.

- Mim precisar ajuda! – respondeu a morena, no mesmo instante.

As duas se olharam e riram, desconcertadas. Logo pararam, porém, assustadas com um estampido seguido de um grito vindo de algum lugar nas proximidades. Os gritos aumentavam à medida que se aproximavam e elas ainda não conseguiam reunir forças para espiar, devido ao conteúdo impróprio para menores contido neles. Foram obrigadas a fazê-lo, entretanto, quando os gritos literalmente esbarraram nelas.

- FUCKING BRASILEÑO! – urrou uma das vozes, vinda de um garoto loiro e alto, cujo olho esquerdo apresentava uma mancha roxa consideravelmente grande.

- ARGENTINO DE MERDA! CAIU NESSA! HÁÁ! – berrou a outra voz, dessa vez vinda de um menino menor que o primeiro e moreno, com olhos verdes faiscantes de triunfo.

Ambos gritavam em idiomas desconhecidos pelas pessoas ao redor, que os olhavam, pasmos. A garota morena, porém, reconhecia duas ou três palavras do que o loiro falava, o que lhe deu a coragem necessária para tentar interromper a discussão e falar com ele.

- Err... com licença... – ela falou baxinho, em um espanhol perfeito.

Mas os dois garotos a ignoraram legal. E continuaram a gritar, cada vez mais alto, chamando mais ainda a atenção de toda a Estação King's Cross.

- Com licença... – Ela repetiu, mais alto, ainda em espanhol.

E eles continuaram a discutir, mais alto ainda.

- ah, em Beauxbatons era tão mais fácil... VOCÊS! FIQUEM QUIETOS, PELO AMOR DE DEUS!

Os dois se calaram imediatamente, o loiro finalmente notando que ela estava falando em Español. Ele imediatamente esqueceu que estava no meio de uma discussão "acalorada" com seu maior rival e passou a conversar alegremente com a morena, como se fossem velhos amigos que se conheciam desde o início dos tempos.

Ignorados pelos dois falantes de espanhol, a oriental e o brasileiro acabaram se aproximando, encarando-se sem dizer nada por alguns minutos, até o silêncio entre eles tornar-se realmente constrangedor. Foi o garoto que tentou iniciar uma conversa, desta vez falando inglês:

- Então... Como é o seu nome?

A oriental sorriu de volta com os olhos fechados – ou talvez abertos? – e permaneceu nesta posição por alguns segundos até perceber que estavam falando com ela.

- Hum?

- Seu... nome? – Tentou novamente o moreno, mais devagar e tentando pronunciar o melhor possível as palavras com seu sotaque de estrangeiro.

- Ah! – Exclamou ela, logo após pronunciando um conjunto de sons que talvez tivesse algum significado no extremo oriente, mas nada que parecesse compreensível para o brasileiro.

- Cuma? – Percebendo rapidamente que se expressara em português, tratou de mudar rapidamente o idioma – Quer dizer... O que?

Após alguns segundos para processar a informação, a oriental repetiu o conjunto de sons incompreensíveis, desta vez um pouco mais devagar:

- Minsun. – Foi o que o brasileiro conseguiu captar.

- Oh, certo, Minsun! Eu sou Carlos Cabral! Não o Cabral que descobriu o Brasil, mas um parente próximo! Prazer em conhecer! – Feliz por ter finalmente conseguido entender alguma coisa, o brasileiro se apresentou, puxando a mão da oriental e apertando-a vigorosamente.

Carlos estava pronto para fazer mais perguntas sobre a misteriosa garota a sua frente quando uma voz feminina, a da garota que antes andava com a oriental, pronunciou apenas uma palavra, o suficiente para que as duas garotas se afastassem, abandonando os meninos com caras de tontos.

- Parede.

-x-

- CALA A BOCA, SEU CABEÇA DE PEIXE!

- Mas... Mas... Maneke não quer!

Em algum lugar da estação, uma garota alta, anormalmente magra, cabelos pretos presos em maria-chiquinha, gritava com alguém que, para os olhos dos trouxas comuns da estação, não estava à vista. Eram poucos os que conseguiam compreender que a criatura para a qual os berros astronômicos estavam dirigidos encontrava-se no colo da menina e tinha um aspecto horrivelmente feio e assustador, com olhos extremamente grandes e pele gosmenta cheia de pêlos encravados. Somente os bruxos eram capazes de reconhecer o elfo doméstico que ela carregava.

- MAS EU VOU, CABEÇA DE PEIXE!

- Não, por favor, Mokona-sama! Maneke não quer lavar a louça suja de gente desconhecida!

- BLÁ, BLÁ, BLÁ, SEUS FRICOTES!

Os tímpanos das pessoas inocentes ao redor continuaram sendo brutalmente estourados até a garota atravessar a barreira que separava o mundo dos trouxas do mundo dos bruxos.

-x-

O Expresso de Hogwarts deu seu derradeiro sinal, avisando a todos que estava de saída. Pais se despediam emocionados de seus filhos enquanto alguns atrasados corriam para não perderem a única chance de embarcar para a escola. Mães choravam, pais acenavam, corujas piavam enquanto dentro do trem iniciava-se uma luta para conseguir um lugar nos vagões superlotados.

Quando a ordem foi finalmente estabelecida dentro do trem, uma determinada cabine acabou com apenas dois ocupantes, ambos muito brancos, capazes de se camuflarem perfeitamente em uma tempestade de neve. O menor deles tinha cabelos castanho-claros na altura do pescoço extremamente desarrumados, enquanto o maior tinha longos cabelos loiros, muito loiros, quase brancos, presos em um rabo de cavalo deixando apenas duas mechas soltas na frente dos ombros. Conversavam alegremente, alheios ao que acontecia no corredor ou nas outras cabines. Acabaram sendo surpreendidos quando uma voz esganiçada entrou cabine adentro gritando:

- GAAAAATO! VOLTA AQUI!

O menor dos garotos foi saudado por uma criatura verde e gosmenta com pernas grandes que pulava, fazendo com que ele caísse em cima de seu companheiro, derrubando-o no chão.

- TIRA! TIRA! TIRA ESSA COISA DE CIMA DE MIM! TIRA!

- O bicho é seu, Kenny? – Calmamente, como se cenas como essa acontecessem todos os dias, o garoto mais alto retirou o sapo chamado Gato do rosto de seu pequeno amigo, cessando os gritos por parte deste, que rapidamente virou de costas para abraçar seu mais novo salvador da pátria, agradecendo.

- Hum... é... – Respondeu o garoto de cabelos anormalmente vermelhos, um tanto envergonhado. – Não percebi que tinha gente nessa cabine e que vocês estavam... hum... ocupados...

- Ah, que nada, Kenny! – Respondeu o loiro, ignorando a súbita fantasia de tomate que o moreno adotara alguns instantes antes. – Somos apenas primos. Este é Christer Länsmans, do terceiro ano da Corvinal.

O máximo que Christer conseguiu fazer foi acenar timidamente para o ruivo, ainda coberto por sua própria máscara vermelha.

- Olá, eu sou Kenny Kennedy, colega de aula do Johan. Dividimos o dormitório também! Então você é o Christer que ele tanto fala? Nossa, estava morrendo de vontade de te conhecer! Não acredito que em todos esses anos nós nunca nos cruzamos nos corredores!

Como se fosse possível, a face de Christer tornou-se ainda mais vermelha, a ponto de brilhar como um sinalizador. Achando a cena um tanto engraçadinha, Johan passou a mão pelos cabelos do primo menor, rindo.

Um certo silêncio dominou a cena depois disso, enquanto Johan esfregava a mão no cabelo do primo, este cada vez mais vermelho e Kenny sentia-se um tanto desconfortável, com uma irritante sensação de estar atrapalhando alguma coisa. Gato finalmente se rendeu e pulou em seu colo, aquietando-se por hora.

A paz, ou constrangimento, não durou muito para Kenny, visto que passados apenas alguns minutos seu corpo foi brutalmente arremessado contra a parede por duas meninas que sem cerimônia invadiram o vagão, sentaram-se nos assentos vazios, largando suas bagagens nos assentos antes ocupados pelos outros garotos.

- Vão dizer "bom dia" ou vocês são do tipo que falam por suas ações? – Perguntou Johan, aborrecido, finalmente largando o cabelo do primo.

As duas garotas, uma morena de crespos e longos cabelos negros, olhos verdes, com uma rosa presa no cabelo, e outra com traços orientais muito fortes, encararam o quartanista com ares de dúvida por alguns segundos, até a primeira murmurar, em espanhol:

- Lá em Beauxbatons os meninos não eram tão bonitos... – Sua fala foi acompanhada por uma risadinha fina abafada por suas mãos.

- Hum... você me entendeu ou quer que eu repita em velocidade tartaruga? – Perguntou Johan novamente, com a voz arrastada.

- Ah... Johan... acho que elas não falam a nossa língua... – Sussurrou Christer, puxando a camisa do primo. Esquecera-se completamente que deveria estar com a cara pintada de sinal vermelho de trânsito.

- Vocês... vir... onde? – Perguntou Kenny, tentando parecer gentil em sua primeira manifestação após se recompor do choque contra a parede.

- Espania! – Respondeu a morena. – Mim estudava Beauxbatons.

- China. – Respondeu timidamente a oriental. Não disse mais nada depois disso, talvez porque não tivesse o que dizer, embora houvesse a possibilidade de ela não saber exatamente como dizer o que gostaria.

- Eu Manuella Salvador. Ela, Minsun. – A espanhola apresentou-se e a sua amiga.

- Johan Adamsson. Sou da Finlândia.

- Kenny Kennedy. Prazer em conhecer.

- Eu sou Christer... KENNEDY? – Christer voltou-se para o colega de seu primo com os olhos levemente saltados, em êxtase.

- Kennedy... Vocês... irmãos? – Perguntou Manuella, apontando para Christer e Kenny.

- Não, não, não! Eu sou Christer Länsmans, da Suécia, nada a ver com ele!

Manuella balançou a cabeça, tentando sinalizar que entendera, embora continuasse achando que Christer e Kenny eram parentes e Länsmans era apenas outra palavra em inglês cujo significado ela desconhecia.

O grupo passou o resto da viagem tentando manter um diálogo com mais de duas palavras com as recém-chegadas, sem muito sucesso.

-x-

Alguns vagões adiante, sob gritos esganiçados de garotas em êxtase, um rapaz tentava, a todo custo, escapar das mãos que insistiam em tentar tocá-lo e arrancar um pedaço de sua roupa ou um dos doze piercings espalhados por seu corpo. Acabou entrando em uma cabine qualquer, ansioso por encontrar paz e tranqüilidade, sem olhar para seus ocupantes. Sentou-se rapidamente, cobrindo o rosto com uma das mãos e suspirando pesadamente. Ao abrir os olhos, percebeu que não estava sozinho, tinha a companhia de um pequeno garoto ruivo que parecia dormir tranqüilamente. Pelo seu tamanho, não parecia ter mais do que nove anos de idade, embora o fato de estar embarcando no Expresso de Hogwarts detonasse essa hipótese. Havia sardas espalhadas por toda sua face delicada, ao menos a parte visível que os cabelos alaranjados não cobriam.

Aproximou-se, negando estar curioso, sentindo uma certa indiferença, misturada a uma atração inexplicável, um interesse que ele não sabia de onde vinha. Esticou o braço para tocar uma das mechas caídas do menino e, antes que pudesse reagir, sentiu uma dor latejante em seu dedo indicador. Uma olhada mais atenta revelou um lagarto branco com olhos ferozes a encará-lo como se o desafiasse para a luta. Apesar da dor, não gritou como pessoas normais fariam, apenas encarou a criatura com o mesmo tipo de olhar. Sacudiu o dedo para se livrar do bicho e voltou ao seu lugar, concentrando-se na paisagem em movimento.

Alguns minutos depois, uma voz feminina sobressaiu-se a tantas outras que rondavam o corredor aos berros à procura do garoto de piercings. A voz se aproximou, ralhando com qualquer um que estivesse em seu caminho, até entrar na cabine ocupada pelos dois garotos.

- Ah, finalmente te achei! – A garota se aproximou do ruivinho adormecido, acariciando sua cabeça gentilmente. O lagarto, escondido em seu bolso, não deu nenhum sinal de que atacaria ou se daria ao trabalho de mexer um único músculo e sair da posição confortável em que se encontrava. – Te procurei pelo trem inteiro, nunca imaginei que você estivesse... – nesse momento seu olhar se cruzou com o do outro ocupante da cabine, e sua expressão mudou de serena para uma de desdém. – Ah, sim, agora eu entendo...

Sem dizer mais nada, sentou-se ao lado do garotinho, ajeitando seus cabelos longos e opacos de modo a não atrapalharem seus movimentos. Não era o que podia chamar de uma garota atraente, mas nunca se preocupara com o fato ao longo de seus quase dezesseis anos de vida.

Até o fim da viagem, os dois adolescentes permaneceram em uma espécie de jogo do sério que não chegou a se encerrar.


Esperamos do fundo do coração que tenham gostado! Deixem reviews! 8D

James Hiwatari, Marian Ivanohv