Título:Fugindo da Realidade
Autor:Grace Black
Beta:Mônica Black
Categoria:" Vencedor em 3º lugar do 2º Challenge HP – Ships Secundários do forum Need For Fic", Drama
Advertências:HP5, Personagem Original, Sirius/Bellatrix
Classificação:P-13
Capítulos:One-shot
Completa:[ X] Yes
Resumo:Sirius não suporta mais permanecer trancado dentro da casa que ele sempre detestou. Em uma noite onde tudo se torna excessivo, ele foge pela noite em sua forma animaga em busca de um pouco de sanidade.
Fugindo da Realidade
A cozinha de Grimmauld Place 12 ainda era o lugar mais limpo e arrumado da casa inteira. Sirius passava os dias vagando pela casa, ou simplesmente sentado em uma cadeira na cozinha, com os pés apoiados sobre a mesa, fitando o nada. O imenso nada que sua vida havia se tornado.
Perdera tudo. Perdera seus melhores amigos, perdera 12 anos em Azkabam, onde também perdera sua sanidade, e agora, preso naquela odiosa casa, perdia sua liberdade.
O seu precioso tempo de vida se esvaia ali, entre aquelas paredes mofadas, mergulhado em lembranças amargas. Precisava sair dali. Necessitava acima de tudo buscar um pouco de ar fresco que lhe enchesse o pulmão de vida e sanidade. Aquela casa tinha um efeito sobre si tão devastador quanto os dementadores de Azkaban tinham. Sugava as suas forças, o deixava doente com as lembranças que ele lutava por esquecer.
Se a Ordem da Fênix não o deixava lutar, ele precisava encontrar um novo motivo para sua vida. Cuidar de Harry e o proteger não era o suficiente se não lhe deixavam lutar.
Perdido em seus pensamentos nefastos, foi tirado se seu torpor ao ouvir Kreacher resmungar em seu minúsculo quarto. E aquele simples resmungo do elfo doméstico, foi a gota d'água que fez a taça de paciência de Sirius estourar.
Ele precisava se mexer, viver, ver outras pessoas, conversar. A semana havia corrido no ritmo veloz e ao mesmo tempo lento, que aqueles que se isolam do mundo costumam sentir. Não havia visto ninguém à semana inteira. Ninguém da Ordem sequer se dera o trabalho de passar pela sede e dar um "alô" a Sirius. E aquele isolamento o perturbava de uma forma insana.
Quanto mais tempo ele passava ali sozinho, mais ele constatava que definitivamente era um Black. Ia enlouquecer como sua mãe havia enlouquecido sozinha naquela casa no auge da guerra. Ia enlouquecer como a maioria dos Blacks enlouquecia, e pereceria na loucura.
Levantou-se de um salto da cadeira e saiu da cozinha. Iria sair dali naquele exato instante e ninguém sequer saberia, já que ninguém havia aparecido à semana toda, não seria agora que alguém se daria ao trabalho. Subiu até seu quarto e vestiu seu casaco preto de viagem. Londres podia ser bem úmida e fria naquela época do ano.
Ao sair pela porta da frente de Grimmauld Place, Sirus parou no degrau de entrada, olhou bem para os lados, observando se alguém estava vigiando o local. Já era quase meia noite e nenhuma alma viva se encontrava na rua e na praça em frente. Satisfeito pela rua deserta que lhe proporcionar uma fuga fácil, ele se transformou em sua forma animaga e se esgueirou pela rua vagando como um bom cachorro vadio.
Era maravilhoso poder esticar as pernas e sentir a brisa gelada de Londres.
Andou sem rumo por várias ruas, preferindo a sombra escura ao invés da parte iluminada pelos postes.
Enquanto andava, vendo o movimento do início da madrugada londrina, imaginava onde poderia ir. Então, lembrou-se de um beco escuro e mal freqüentado por tipos estranhos trouxas, que ele e James costumavam freqüentar muitos anos atrás. A bartender era bonita, disso ele se lembrava. Mas a vida dele não dera uma pausa enquanto estivera em Azkaban. Os dias correram, e talvez ela nem estivesse mais lá.
Talvez o bar escuro, sujo e mal freqüentado, não mais existisse. Mas não custava nada ele verificar. Rumou veloz pelos becos dos subúrbios londrino até encontrar a rua certa.
Havia motos estacionadas no final do beco, o que com certeza significava que o bar ainda existia. Entrando em um local mais escuro da rua, Sirius voltou á sua forma humana, e foi de encontro ao final do beco e ao tão prometido bar.
O ambiente era quase o mesmo que ele se lembrava, lúgubre, com tipos estranhos, duas mesas de sinuca, algumas mesas de madeira com dois ou quatro bancos, o balcão do bar e a morena de cabelos negros e olhos azuis servindo bebidas. No canto do bar, um senhor de cabelos brancos sentado em um banco baixo, fumando um cigarro apoiado na espingarda que avisava a todos a lei do lugar: Comporte-se, aproveite a noite.
Com a cabeça baixa, tentando chamar o mínimo de atenção, Sirius se dirigiu ao balcão. Sentou-se em um dos bancos altos e pediu uma dose de wisky. A garota logo o atendeu.
Mas ela não era mais tão 'garota', era uma mulher. Bonita ainda, com os traços que ele se lembrava de anos atrás. E da mesma forma que ele era capaz de se lembrar dela, ela parecia capaz de se lembrar dele, apesar dos anos em Azkaban terem devastado grande parte da beleza de seu rosto.
Não havia mais ninguém a quem ela deveria servir no balcão. Todos já estavam com as suas bebidas e fitavam o copo enquanto pensavam na vida.
Ela se aproximou novamente de Sirius e colocou a garrafa de wisky em sua frente. Apoiou-se com os cotovelos no balcão e o fitou de modo intenso. Ele sentiu-se obrigado a olhar para ela, e se assustou com o que viu.
Lembrou-se do porque sempre insistia com James para freqüentarem o local, lembrou dos lábios cheios e aparentemente suculentos que a boca da garota do bar lhe lembrava. Lembrou-se do formato e da cor dos olhos, do sorriso de lado, do nariz empinado, o cabelo longo e negro caindo pelas costas, a voz aveludada e o corpo bem feito da pessoa que a garota do bar lhe fazia lembrar.
Aquele bar era o refúgio que ele a muito utilizava para fugir da insanidade que a mulher, que a garota do bar lhe lembrava, o colocara. Da infinitude de 'ses' que a sua mente lhe bombardeava cada vez que ele se encontrava com a cabeça desocupada com qualquer coisa que o levasse para longe daqueles pensamentos que ele lutava por afastar. Do desejo que o consumia e que ele lutava por esquecer.
As infinitas possibilidades que sua vida teria se a realidade não fosse como fosse, perturbava-o desde muitos anos. Desde que entrara em Hogwarts ainda menino, imaginava sua vida como a de outra pessoa. Uma realidade alternativa talvez. Mais feliz, mais alegre, mais bonita, melhor realizada, e não aquele monte de merda em que se encontrava.
A mulher a sua frente sorriu um riso aberto quando ele a fitou.
_Me lembro de você. - ela disse o fitando curiosa.
_Eu também me lembro de você – Sirius entrou no papo. Não era por isso que ele ansiara? Alguém com quem conversar?
_Você tinha uma bonita moto, e sempre vinha acompanhado de um amigo. Depois de um tempo, parou de aparecer.
Sirus acenou com a cabeça confirmando a boa memória da mulher.
_O lugar continua o mesmo, e você só ganhou alguns anos. Continua bonita, como sempre foi. – ela riu com o elogio, e jogou os cabelos para trás.
_Ainda te lembro a pessoa pela qual você passava horas me fitando e imaginando que um dia pudesse ter? – ela perguntou de forma astuta. Sirius demorou a responder a esta indagação. A mirou novamente, cada traço, cada detalhe, lhe lembrando uma época que a muito ficara para trás.
_Você lembra o que ela poderia ter se tornado. Não o que ela é hoje, perigosa, nenhum pouco confiável, insana e obsessiva. Você é a visão da saudade que eu sinto, de todas as realidades alternativas que eu gostaria de estar vivendo agora, ao invés desta que me prende em vida. – ele conseguiu por fim responder. E ao analisar aquelas palavras novamente, ele percebeu o quanto daquilo era verdade, e o quanto ele desejava que a vida tivesse tomado um rumo diferente daquele.
_ Você nunca a teve?
_ Ela nunca me pertenceu, se a tive como inteiramente minha, foi apenas por pouco tempo. Ela era um desejo rebelde e juvenil, a única parte da minha vida familiar que eu gostaria de ter ao meu lado, mas para isso eu precisaria passar para o "lado dela" e eu não venderia a minha alma ao demônio para ser jogado ao segundo plano em sua roda obsessiva e louca.
_ Mas tudo na vida é relativo não é? E se você tivesse vendido sua alma e ficado com ela, talvez a sanidade dela não tivesse sido corrompida.
_ Esta é uma das realidades alternativas que eu imagino às vezes, nas se eu tivesse me vendido, teria eu, ficado mais insano do que ela. Pois não conseguiria viver comigo mesmo, sabendo que traíra meus amigos por ela. Quando os dois lados da balança se encheram, o lado dela não tinha assim tantos momentos que me fizessem abdicar do resto da minha.
_ Então você escolheu o seu caminho, e não deve se arrepender dele.
_Não me arrependo. Só gostaria de não ter tomado alguns decisões que influíram significantemente na merda em que tudo se tornou. Perdi tudo há 15 anos, e hoje quase não tenho pelo que viver. Tenho apenas uma sombra do que fui, e uma sombra pelo o que lutar.
_ Mas pelo menos você tem essa sombra. E se não tivesse nada?
_Se eu não tivesse nada, teria permanecido em Azkaban. Preso e louco. – ela franziu o cenho devido àquelas palavras que ela não entendia ao todo. Mas ao menos agora sabia por que ele não voltara mais ao bar por todos aqueles anos. Estivera preso. Bem, imaginara algo do tipo. Todos os freqüentadores do local eram pessoas que já haviam passado por algo semelhante.
_ Bom, mas você ainda tem uma vida não é? Então faça que o restante dela valha a pena.
Sirius sorriu para a mulher a sua frente, enquanto enchia mais uma vez o copo com uma generosa dose de wisky. Firewiky era mais forte e mais saboroso, mas Sirius sempre gostara das bebidas trouxas.
E a mulher á sua frente tinha razão. Ele deveria viver o que lhe restava, não era?
Já que talvez sua vida não fosse tão longa assim, pois a mulher que se parecia com ela, havia jurado uma vez limpar o nome da família e matar todos aqueles que a haviam desonrado. Sua obsessão ultrapassou qualquer sentimento que pudesse ter. Na lista negra dos traidores Sirius e Andrômeda despontavam como os maiores inimigos. Resolveu não pensar mais naquilo. Se tivesse de acontecer, aconteceria.
Mudou de assunto, perguntou sobre o tempo. Sobre Londres dos últimos anos. Ela respondeu, conversou, fez perguntas, riu, gargalhou um riso solto e contagiante quando ele fez uma piada. Fê-lo sentir-se vivo. Aquela fuga da sede da Ordem valera a pena. Revisitar aquele bar valera a pena.
A madrugada corria solta, e o sol ameaça despontar quando Sirius resolveu ir embora e voltar para sua prisão de paredes mofadas, para os ecos estridentes do horrível quadro de sua mãe, para os resmungos de Kreacher. Mas ele voltaria àquele refúgio mais vezes. Conviver e conversar com alguém que estava de fora de toda aquela loucura contra Voldemort lhe deram um sopro de vida. Quase como se realmente estivesse em uma de suas realidades alternativas que imaginava. Quando se levantou para ir embora se lembrou de uma pergunta que há muito tempo queria fazer.
_ Freqüentava este bar há anos, e pretendo continuar de agora em diante, por mais que escapar do lugar que eu estou seja complicado. E apesar de todo este tempo, jamais perguntei o seu nome.
_É verdade, ambos não sabemos os nomes um do outro. O meu é Isabella, e o seu?
_Sirius.
_Muito Prazer Sirius. Volte sempre.
_Eu voltarei.
Sirius saiu para a rua mal acreditando naquele nome. Isabella soava tão Bella de Bellatrix, que a aparência que lhe lembrava a tão odiada prima parecia uma face do destino a zombar do amor que ele sentiu e do rumo que ele gostaria que sua vida tivesse tomado.
N/A: Olá, sentei para escrever uma Remus/Tonks e saiu essa sobre o Sirius. Ele simplesmente tem VIDA PROPRIA , e domina tudo o que eu vou escrever. Huahuahuah.
Assim que terminei essa fic, mostrei para as minhas amigas lindinhas e de todas a Ly Anne Black foi a única que me exigiu uma NC, então esta fic feita para o chall, é one-shot, mas ela tem um bônus NC que eu fiz para a Ly. Posso postá-lo no futuro,nem que seja apenas no FF para vocês poderem ler. Espero que tenham gostado. Agradecimentos a Mônica que betou pra mim . *Ly me perdoa eu sei que vc queria betar ela, mas a sua facu estava te matando*
bjusssss
