Bom é uma ONESHOT em duas partes. O que com certeza a transforma em outra coisa que eu não sei nominar. Hahaha!

Não sou acostumada a escrever em primeira pessoa, mas achei que o drama merecia. - Passado, presente e futuro na mesma FIC!

Aguardo coments!

Novembro – 2018

"-Papaaaaai" – Vejo aquelas perninhas finas e ágeis em minha direção.

"-Sua sapeca, tá ficando grandinha demais para eu te carregar". Seguro Alice em meio aos risos nos meus braços.

Ainda era difícil acreditar que ela já tinha 5 anos, seu cabelos castanhos cresciam a cada dia, seus olhinhos eram expressivos como o da mãe, era linda, perfeita e tinha uma vozinha de anjo. Era meu orgulho, meu chão, minha vida. Nunca imaginei que ficaria tão bobo ao lado de uma criança. Nunca imaginei que me sentiria tão realizado só de olhar ela comendo, correndo ou contando suas peripécias. Era tão parecida comigo e ao mesmo tempo a cópia escrita dela. Era muito nossa.

" - Mamãe anda tão triste, pai" – Saio dos meus devaneios para ver sua mãozinha me tocando.

"-Será que ela tá chateada comi..." – Nem deixo ela concluir seus pensamentos.

"-Jamais princesa, sua mãe te ama demais, ela só tá um pouco dodói ok? Vamos lá pular em cima dela?"

Era difícil não deixar me contagiar com as risadas que vinham do corredor. Eram inconfundíveis, pai e filha um mais criança que o outro.

Não deixo de sentir um pouco de remorso por estar nessa situação. Eu juro que quero, juro que tento, mas anda tão difícil. Porque? Porque comigo?

" - Bolinho na mamãeeeeeeeee" – Escuto meu marido gritar em alto e bom som, e logo sou tomada por corpos voadores, vendo meu livro ir parar no chão.

"- Mamãeeee tá fofinha com esse tanto de coberta, haha" –

" - Dona Alice Marie Sarfati Montheit está chamando sua mãe de gorda?!

"-Não Mamãe mais linda do mundo" – Ela fala sorrindo e olhando para o Cory com um sorriso travesso, ela sabia que quando eu a chamava pelo nome completo viria bronca na certa. Tudo bem, agora eu estava brincando, se bem que eu sabia que tinha ganhado uns quilinhos a mais depois que aquilo aconteceu.

C

Há vi com olhar perdido como era comum nos últimos meses, abracei enquanto ela fechava os olhos. Era tão triste vê-la desse jeito, nunca senti meu coração tão castigado quanto naquele dia fatídico, nunca me senti tão impotente, nunca a vi tão inconsolável. Tive que ser forte, tive que ser seu porto seguro, mais que isso tenho que ser ancora que suporta todo peso do barco na navegação, tive e tenho que ser todos os dias, até agora.

"- Como passou o dia amor?" – Falei enquanto Alice se distraia com os canais da televisão, deitada na beirada da cama.

"-Normal, terminei mais um livro, John me ligou, e minha mãe pediu para eu ir vê-la" – falou com sem me olhar nos olhos.

" - Lea, você sabe que seria bom ver seus pais né amor?" – Segurei seu queixo na esperança que ela me olhasse.

"-Sei, mas eu não tenho vontade, não tenho a mínima vontade..."

Novembro – 2012

"- Cory para, paraaaaaaa você quer me matar sufocada" – Acho que era a décima guerra de neve em apenas um dia. Lutava, esperneava mas não adianta, fisicamente ele sempre terá uma vantagem sobre mim".

"-Sério você me trouxe para passar o dia de ação de graças no Canadá para me torturar né?"

"Imagina amor, só queria ver alguns tombos seus, nada além disso" – BLOFT – Joguei uma bola imensa de neve nele.

" – Não sei onde estava com a cabeça quando aceitei fazer snowboarding com você, estou toda roxa, já cai mil vezes, e ainda vou voltar com uma dor de gargante tremenda".

Vi ele se aproximar e me abraçar

" – Já falei que curo todos esses roxos pelo corpo com beijos, e logo a garganta sara, não acha que vale a pena?!"

Oh, se vale a pena, ele sempre tinha o poder de me tirar do meu rumo diário. Quando nos apaixonamos em 2009 jamais imaginei que hoje estaria aqui. Algumas pessoas podem me taxar de chata, metida, mas poucas, pouquíssimas me conhecem como ele. Só ele consegue me fazer imaginar, querer e ansiar por uma vida em família. Só ele desperta em mim o desejo pelo seu toque, pela sua pele. Só ele me deixa com as pernas moles, a mão gelada e o estômago borbulhando quando apenas escuto meu nome nos seus lábios.

Experimento sensações que nunca imaginei na vida ao lado dele. Um exemplo? Viver com a família do namorado um feriado todo. Confesso, estou amando compartilhar receitas e histórias com a Ann, não só pelo telefone ou internet como fazíamos. Fazer o almoço ao lado dela e das tias do Cory é uma das coisas mais divertidas da vida.

"-Tia? Quando você e o Tio Cory vão casar?" – Escuto a sobrinha do Cory, Caroline de apenas 6 anos com muitos interrogatórios.

" – Pequena, pergunta pro seu tio, ele que tá me enrolando" – Falei apontando para Cory e Shaun que estão discutindo algo sobre o Canucks na sala.

" – Tio, papai disse que você já está velho, precisa casar" – Hahaha – Ouvi risadas de todos na sala.

" – Velho? Aaaah velho você vai ver sua pestinha" – Cory saiu correndo atrás dela que desapareceu pela porta do quarto. Não podia deixar de concordar, também acho que ele estava ficando velho.

C

" – Está sorrindo porque? Concordou com ela? " – Me aproximei beijando aqueles grandes lábios.

" – Dizem que as crianças não mentem né Cory?" – Ouvi ela sair com aquele sorrisinho debochado e único. Eu sei, dessa vez iria surpreendê-la".

Esperei ansioso toda aquela tarde. Acho que até transpareci um pouco para Lea. Não parei de checar o celular e o e-mail. Acho que nunca fiquei tão nervoso na vida.

Enfim, depois de uma tarde de risos e brincadeiras com Carol e as amiguinhas, ela subiu para o banho e eu peguei minhas chaves saindo correndo.

Eu sei, algumas pessoas vão julgar e achar precipitado, principalmente à imprensa. E quem liga pra isso? Ok assumo eu ligo um pouco, quer dizer já liguei quando diziam coisas infundadas a meu respeito, até que estava traindo a Lea. Desse vez, eu não estava nem ai. Estava decidido, como nunca estive antes na minha vida. Precisava compartilhar com o mundo minha certeza. E ia ser hoje, tinha que ser hoje.

Novembro – 2017

"-Feriado de ação de graças é nosso favorito né mamãe"? – Fui acordar papai e mamãe na cama, ela andava meio nervoso, decidi ser uma filha melhor nesses dias, só queria ver mamãe feliz.

" – Sim meu amor, nós temos essa tradição, desde que você é pequenininha, e veja agora você já tem 4 anos" – Ela disse me colocando em seu colo, como eu amava aquele colo.

"- Quatro anos, já sou grandinha né? Mesmo assim quero seu colo e do papai pra sempre" – Ouvi mamãe rir alto e a porta do quarto abrir

"- Cheguei princesas"

" – Né papai que eu posso ficar no seu colo pra sempre?"

" – Babe, vai chegar o dia que você vai querer o colo de outra pessoa" – Mamãe falo rindo alto, enquanto papai fazia cara braba, entendi nada foi.

" – Para Lea, não quero pensar nisso" – Eles se beijaram e ouvi papai sussurrar algo.

Sabia que ela estava apreensiva com o resultado, mas não pude deixar de pedir pra que ela aproveitasse nosso feriado favorito ao lado de Alice, fazia apenas 3 meses que sua versão de Wicked na Broadway havia acabado, e agora ela podia curtir mais nossa filha.

" – Eu prometo, não vou pensar nisso agora amor."

Novembro – 2012

Desci as escadas da casa da família dele já pronta para o jantar. Ia vestir algo simples, mas ele disse que teríamos visitas especiais, não entendi muito bem, coloquei um vestido preto, casaco cinza e botas de salto alto. Quase dei um grito quando cheguei no último degrau.

" – Mãe? Pai?...o que...q...vc..s tão fazendo aqui?"

" – Viemos em uma missão dada pelo Cory"

Sim, missão. Missão de transforma-la em mulher da minha vida. Respirei fundo enquanto via seu olhar colado no meu, incrédulo e arregalado.

Fui ao centro da sala, que a esta hora estava cheia com minha família toda reunida e os pais dela. Comecei. Uma hora eu tinha que começar.

" – Parece um pouco egoísta da minha parte fazer isso aqui, e convocar sua família pra vir pra cá, mas foi mais forte do que." – Senti o suor descendo o meu rosto.

"- Pensei, planejei e revivi tanto esses momentos na minha mente que até parece que não é real. Eu pensei em fazer em Los Angeles, NY, Paris ou na beira das montanhas, pensei em pedir um flashmob para nossos fãs, mas acho que o surto seria grande demais, risos. Então decidi fazer aqui, aqui em Vitória, longe de tudo e de todos, porém com a presença de todos da família."

" – Fala de uma vez Tiooooo" – Ouvi Carol gritar, enquanto Shaun a reprendia.

Não sentia o ar, não sentia as pernas, não sabia onde estava e provavelmente se me perguntassem nem meu nome completo eu saberia.

C

Vi aquele homem imenso, lindo com um terno cinza, ajoelhado a minha frente, e só consegui ouvi-lo

" Quero dizer que você é a mulher da minha vida, mais do que imaginei que seria possível, com você eu sonho todas as noites, e acordo com a certeza de que a realidade é bem melhor que qualquer sonho meu. Quero transformar essa realidade em dia a dia, quero poder dizer ao mundo que você é minha. Quero ser parte da sua família, quero que você seja a mãe incrível aos meus filhos. Quero ouvir você cantar com essa voz que toca o meu coração, todos os dias, seja no chuveiro, no sofá no avião, porque eu sei que você ama cantarolar em todos os lugares. Quero dizer que eu te amo do amanhecer ao anoitecer, e olhar para sempre essa aliança, no seu dedo."

" – Lea Michele, você aceita casar comigo?"

Ela ficou parada atônita. E eu pingando de suor. Os amigos? Familiares? Todos parados como se eu tivesse dado pause em um filme.

" Siiiim " – Ela conseguiu me responder em meio as lágrimas.

Chorei também, a abracei, beijei. Não queria largar, mas fomos tomados pela multidão que nos cercava chorando mais que nós dois juntos.

" – Eu sou daminha, já vou avisando" – Ouvi minha pequena sobrinha gritando. E sim, ela seria, e como seria.

C

Vivi o dia mais feliz da minha vida. Meus pais estavam repletos de felicidade, mimaram o genro o dia todo. Já minha sogra só falava em enxoval e outras coisas que nem eu entendia. Obvio, eu sabia que não íamos casar agora, e que esse segredo ainda seria mantido. Estamos no meio da quarta temporada de Glee, é impossível. Mesmo assim, nos amamos como nunca essa noite. Ele tocou todos os centímetros do meu corpo. Começamos e recomeçamos tantas vezes que demorei acreditar que amar assim fosse tão forte.

Vencidos pelo cansaço somente ouvir: " – Boa noite, NOIVA"

"- Boa noite meu NOIVO."

Novembro – 2018

"- Acho que nós precisamos fazer algo Edith, estou desesperado". Falei já sem saber o que fazer, há dias a situação estava ficando pior e pior. A aproximação do feriado a deixava ainda mais triste. E eu de mãos atadas.

" – Cory porque você não deixa Alice conosco e a carrega a força? Vão para Paris, eu não sei eu sinto que ela só precisa se sentir viva novamente. Os médicos já disseram que ela não tem nada..."

" – Eu sei, mas você sabe que ela é teimosa, recebe milhões de convites para peças, festas, e até filmes, tentei ver se o trabalho a animava, mas nada. Ainda bem que conseguimos manter a imprensa longe disso, ia ser tão difícil, está tão difícil."

" – Eu sinto tanto por isso ter acontecido com vocês, com minha filha, e sinto por ela não consegui superar, meu genro, ela não precisa de trabalho, Lea já conquistou todos os prêmios que poderia, ela só precisa de vocês."

Voltei pra casa com as ideias martelando na cabeça, sabia que ela já tinha conquistado o mundo, todos os mundos, principalmente o meu. Eu ainda amava tanto, amava da mesma maneira que amei quando senti seus lábios nos meus naquele primeiro beijo de Finn e Rachel no auditório. Não importa quanto tempo passou, ela ainda sabia me deixar maluca apenas com um olhar.

C

Cheguei em casa e a vi deitada, como sempre, assistindo algum filme triste. Olhei para Alice dormindo e para ela chorando novamente.

Limpei suas lágrimas, puxei em meus braços. Olhei nos seus olhos e disse.

" – Alice está indo agora para casa dos seus pais." - Ela me olhou interrogativa.

" – Você e eu estamos indo viajar."

" – Cory eu nã..." – Shiu, fechei seus lábios.

"Hoje eu decido, por favor?" Arrume suas malas.

31 de Dezembro de 2012

Estou me arrumando para noite de ano novo na BIG APPLE. Olhei para meu vestido branco, passei a mão pelos cabelos. Abri a gaveta e peguei o envelope. O envelope que mudaria nossas vidas para sempre.

No estúdio há uma semanas.

" Sim Kurt, eu já te disse que não liguei pro Finn...quantas vezes...te...n..h" – Senti meu mundo girar e corri para o banheiro enquanto ouvia o diretor gritar CORTA!

Era terceira vez nesta semana que isso acontecia. Abri a privada e coloquei tudo pra fora.

" – Acho que você devia ir a farmácia Lea" – Ouvi Chris atrás de mim, coincidentemente ele estava presente nas três cenas que eu tive que correr."

" – Não precisa, já comprei remédio para estômago" – " Isso é culpa do Cory que me tirou da dieta vegan...e..."

"Sim meu bem, é culpa dele, mas por outro motivo Lea Michele" – Ouvi ele me falar e apontar para uma caixa na sua mão – "Apenas verifique"

Encarei a porta do banheiro. Sai, respirei, ainda estava bem enjoada na verdade. Vi ele me olhando sorrindo, sorri junto, o abracei.

" – Esse vai ser o melhor ano novo da nossa vida!" – Ele me puxou me dando incessantes beijos no pescoço que me tiravam o ar.

" – Sim noiva, 2013...quem sabe..." – Shiu, não o deixei concluir, " – não é só por isso, cory"

Entreguei o papel, ele me olhava ainda mais interrogativo do que eu há algumas semanas no pedido feito no Canadá.

Vi ele arregalar os olhos, assentir com a cabeça me perguntando. Confirmei, e ouvi ele derramar silenciosamente uma solitária lágrima.

" – Sim, você vai ser pai, Cory".

" Como?...des..dee quando?"

" Estou de 7 semanas" – Falei passando a mão, já inconscientemente na barriga – O vi fazer as contas mentalmente.

" Entã...o" – Ele não conseguiu completar.

" Sim, estávamos no Canadá, será uma pequena ou um pequeno Canadense"

" Eu sábia que tinha sido o melhor ação de graças da minha vida..."

28 de Agosto de 2013

Precisa dizer que minha vida tinha dado um salto de 360 graus? Tivemos um ano de 2013 lotado, conturbado, mas muito, muito feliz. Só conseguimos contar a noticia para família, assim que acertamos nosso contrato com a FOX, sim a princesinha resolveu vir e abalar o mundo, nosso mundo, de forma nada planejada. Aliás, já tinha dito que era uma menina? Sim, uma linda grande e saudável menina que neste momento esta fazendo sua mãe sofrer com as contrações, enquanto eu concentro ou tento me concentrar no volante a caminho do hospital. Tudo isso nas vésperas do aniversário da mãe. Alguém duvida que essa criaturinha vai ter personalidade?

Pois é, sofremos um pouco. Tivemos que dar um tempo em Glee. Ryan deu jeito de dar um fim para nossos personagens. (juntos, obviamente, para delírio dos fãs), mas todos concordamos que ver a cena de Rachel Berry grávida aos 18 anos choraria um pouco o País.

Apesar da nossa despedida e tristeza, eu não podia deixar de me sentir mais feliz, acho que já estava na idade pra ser pai. Eu sei que sim, e o relógio da Lea também apitava por um tempo. Claro, pra ela, sempre foi mais complicado, lidar com corpo, hormônios, despedida, imprensa, e uma cerimônia de casamento, a deixou a beira de loucura em diversos momentos. Mas eu sou muito esperto, bastava uns carinhos e tudo se acalmava.

Nos casamos em uma intima e belíssima cerimônia. A sua imagem entrando na Igreja é uma das coisas mais lindas que vi na vida. Nossos amigos e familiares se emocionaram muito. E a pequena Alice também, pelos chutes que pude sentir.

Agora ela entrou na sala de parto, e eu percorro toda sala cavando um buraco no chão.

" – Sr Cory," – Ouvi o médico me chamar.

" – Infelizmente teremos que fazer uma cesárea, Lea não está apresentando boa pressão arterial, temo os riscos por ela e pelo nenêm."

Meu chão desabou, assinei toda papelada e fui tranquilizado pelos meus sogros e amigos no telefone.

A cesárea demorou quatro horas. Era um entra e sai maldito naquela sala. Ninguém me dizia nada. Eu estava extremamente nervoso. Até que um dos especialistas me chamou.

" – Sua filha nasceu papai, ela ainda tem que ficar um tempo na incubadora, mas está plenamente bem, parabéns".

Sorri, alivei, quase gritei de felicidade. – " Quando posso vê-la?" " – E a Lea como está? "

" – Sobre isso que vim falar, infelizmente Lea apresentou um quadro de coagulo que não conhecíamos, ela passa bem porém após a gravidez terá que fazer um tratamento, caso contrário, talvez não consiga mais ter filhos ao longo da vida."

Sabia que isso seria muito sofrido, sabia que queríamos ter mais filhos, sabia de tanto coisa, mas naquele momento abstrai. Conversei com o Doutor que só contaríamos isso a ela mais pra frente, a mulher fica muito debilitada após uma cesárea.

C

Se eu achava que felicidade era ser pedida em casamento pelo homem que ama? Sim, era sim. Se eu achava que feliz era descobrir que esta esperando um filho do homem mais doce do mundo? Sim, era sim.

Se eu achava que felicidade foi olhar nos olhos dele e dizer: SIM naquela cerimônia de casamento. Sim, era sim.

Mas nada, nada no mundo se compara a segurar sua filha nos seus braços pela primeira vez na vida.

" – Ela é...perfeita Cory" – Ainda não tinha forças para falar, só conseguia sorrir para aquelas mãozinhas.

" – Obrigado..." – Ouvi ele dizer com a voz entrecortada "- Pelo melhor, presente da minha vida".

" – Eu te amo, eu te amo..."

28 de Agosto de 2015

Alice completava 2 anos e eu já sentia falta de ter um bebê em meus braços. Voltei para Broadway neste meio tempo, gravei outro cd solo, enquanto Cory andava premiado no cinema. Meu marido tinha se consagrado um dos melhores vilões de Hollywood, quem diria hein?! De bobão do Finn e Sr. Maldade nos filmes. Morria de orgulho.

Olhei para ela correndo junto ao pai.

" – Parece que foi ontem né? " – Ouvi John me segurar pelas mãos.

" – Sim, ela é tão doce né?, e tão mimada pelo padrinho ai" – Rimos juntos. John sempre foi e sempre será meu melhor amigo.

" – E então, sobre a proposta daquele filme que te falei?

" – Acho que não por agora amigo, eu e o marido estamos pensando em aumentar a produção, se é que você me entende" .

C

Deixei Alice um pouco com a babá para paparicar minha mulher.

" – A mãe mais bonita dessa festa me daria a honra de uma dança?"

Vi ela sorrir e revirar os olhos

" – Cor...está tocando música de criança...não tem dança."

" – Bom você sabe que eu nunca consegui dançar, quem sabe essa eu consiga hein?"

Ela aceitou, como sempre aceitaria. Sempre tivemos discussões e momentos, mas sempre sabíamos contornar nossas situações.

" – Amor, falei com John, e recusei o papel no filme...mesmo"

" – Mas Lea...voc..."

Ia contestar mas ela não deixou.

" – Eu quero outro filho, você sabe..."

" – E você também sabe...que talvez...isso, er...não aconteça." – Sei que era difícil pra ele falar isso.

" – Sim, eu sei...mas tenho fé...podemos, tentar?..."

" – É claro, sempre..."

Novembro - 2018

Olhei ela dormir serenamente no avião. Nem parecia o semblante de alguém tão aflito. Pousamos no aeroporto de Paris e a acordei.

Passamos pela alfandega e me dirigi a um carro.

" – Se quiser dormir mais um pouco, ainda temos viagem pela frente." – Falei ouvindo seus gemidos de sono.

" – Onde estamos indo?" – Ela me perguntou.

" – Lion" – Falei sem hesitar.

" – Lion?"

" – Sim no mesmo lugar que ficamos em 2012" – " Foi bem difícil achar , tive que fazer um super esforço na minha cabecinha."

Há vi sorrir pela primeira vez desde que saímos de casa. Meu coração parou, meu sorriso congelou. Será que precisava de tão pouco assim?

Não sei, estava decidido, apesar de ferida, triste e depressiva, ela não estava sozinha. Ela tinha a sua filha, tinha a mim. Só queria reavivar na sua memória nossos momentos juntos naquela cidade. Quero trazer aquela Lea de volta, pra ter esse sorriso de volta. Eu sou capaz, capaz de tudo. E quando eu digo tudo, é tudo mesmo.