SANGUE E LÁGRIMAS

Uma fanfic de Rurouni Kenshin por: Igarashi-Chan!

Okita Souji x OC


Disclaimer - Rurouni Kenshin não me pertençe!

Informações adicionais:

Os nomes dos guerreiros que entram nesta fanfic e não entram no anime/manga foram membros reais dos Shinsengumi!

A personagem "Ichiru" é meramente ficional, inventada por mim!


CAPÍTULO I

"Bela Rosa com Espinhos e Lágrimas"

Na sede dos Shinsengumi, os hitokiri bebiam saké e divertiam-se! Tinham tido uma noite estafante a matar os revolucionários! Saito conversava com Okita e Takeda. Os restantes membros, muitos deles já bêbados, contavam anedotas sem graça nenhuma, falavam sobre Battousai, sobre mulheres, digamos, jeitosas e um até tinha adormecido num canto!

A barulhenta sede silenciou-se quando Tödö entrou de rompante com uma corda a puxar um vulto preto!

- Boa noite camaradas! – sorriu Tödö.

- Outro bêbado! – murmurou, entre dentes, Saito.

- Como eu sou um gajo muito porreiro foi buscar diversão! – riu-se, mas ninguém percebeu a piada.

- Diversão?! – exclamou Takeda.

- Sim, diversão! – confirmou Tödö – Andamos todos muito preocupados com esta coisa da guerra e de matar revolucionários, apesar de ser extremamente divertido! Eu resolvi comprar uma "prenda" para nós nos entretermos nos próximos dias!

Dito isto, Tödö puxou o vulto para si, que se debatia para tentar escapar! Trazia os pés e as mão amarradas, e na cabeça um saco preto que Yamazaki tirou mostrado o rosto de uma bela jovem de 18 anos. A sede assobiou! Realmente era uma bela "prenda"! Os compridos cabelos pretos chegavam-lhe á cintura, olhos claros e trazia um quimono muito decotado (tipo o da Yumi, a mulher do Shishio).

- Tu compraste uma mulher?! – Okita parecia indignado!

- Depois de lhe dares uso vais gostar! – riu-se Tödö.

Okita abanou a cabeça em sinal de negação. Não achava correcto uma mulher ser tratada daquela maneira! A jovem debatia-se enquanto os membros de Shinsengumi a examinavam com as suas mãos. Tudo passou as marcas quando começaram a elaborar um quadro diário de quem ficava com a rapariga á noite! Hoje era a vez de Takeda, que já estava a pensar em coisas perversas. No dia seguinte seria Saito e por aí em adiante. Okita ficou á sexta-feira porque Saito preferia assim.

- Não quero que faças sexo com aquela mulher! – murmurou Saito.

- Não vou fazer! – assegurou – Mas tu vais!

- Talvez! – sorriu maliciosamente Saito.

- E porque é que tu podes e eu não?

- Porque não te quero partilhar com mais ninguém!

- Já conversámos sobre esse assunto, Saito!

- Porquê que não me aceitas? Por favor Okita!

- Vai pensando no que queres que a rapariga te faça! – disse friamente, completamente diferente do seu tom habitual, Okita, afastando-se do capitão do terceiro esquadrão.

Okita estava farto de estar naquele ambiente ridículo e machista. Resolveu subir para o seu quarto, tentou adormecer mas era impossível porque conseguia ouvir tudo o que se passava no quarto de Takeda! Ouvia os gemidos dele e não era difícil deduzir o que estava a acontecer naquele quarto!

Mas se dormiu mal na noite passada, as outras noites de Okita foram iguais! Era impossível dormir naquela casa! Ponderou a hipótese de ir para uma pousada mas não se podia dar ao luxo de gastar o seu dinheiro, por isso teve de se habituar ao barulho irritante!

Era sexta-feira! A noite de Okita ficar com a rapariga. Saito estava enlouquecido de ciúmes porque não queria que o seu amada dormisse com outros! Passou a maior parte do dia a repetir-lhe isso! Mas Okita não tinha intenção de fazer sexo com a rapariga. Achava uma barbaridade o que estavam a fazer com ela. Por isso esta noite já podia dormir! Mandava a rapariga para o quarto dela e podia, finalmente, dormir em paz!

Quando se enroscou na cama, pronto para adormecer, ouviu a porta do seu quarto a ser aberta e um vulto feminino entrou.

- Podes ir para o teu quarto! – disse Okita.

Mas a rapariga pareceu não ter ouvido e fechou a porta. Dirigiu-se ao futondo rapaz e sentou-se ao seu lado. A sua mão entrou nos cobertores e alcançou aquele lugar mais íntimo de Okita, que ao sentir a mão da rapariga no seu sexo, se levantou de imediato, corado.

- O que é que estás a fazer?!

- O meu trabalho!

Okita afastou a mão da jovem. Sentia uma tristeza na voz dela. Levantou-se do futon e abriu a janela da varanda para a luz do luar iluminar o quarto.

- Podes ir para o teu quarto – disse por fim, Okita, de costas – Não concordo com o que te estão a fazer.

A rapariga permaneceu em silêncio, Okita olhou-a. Talvez pela primeira vez. Era realmente linda. Podia ver pequenas lágrimas a brilharem nos cantos dos olhos claros. Okita suspirou e baixou a cabeça.

- Não quero que me faças nenhum "trabalho"!

A rapariga levantou-se e dirigiu-se ao jovem capitão. Viu como ele era bonito. O cabelo preto solto chegava-lhe até á cintura.

- Tu és … diferentes dos outros! – disse ela por fim.

Okita esboçou um leve sorriso. Reparou que a jovem estava com frio, devido ao reduzido quimono que a obrigavam a usar. O capitão tratou de encontrar uma manta e de tapar a rapariga.

- O-Obrigada! – gaguejou ela.

Okita sentou-se no seu futon. A jovem seguiu-lhe o exemplo, mas timidamente. Sentia-se sensibilizada pela bondade do jovem capitão, que estava a arrancar o chão de madeira! O que deixou a jovem intrigada! Debaixo das tábuas estava um baú com … doces! A jovem sorriu quando viu que o rapaz adorava doces.

- Queres um? – perguntou, gentilmente, Okita.

- Pode ser! – aceitou a jovem, contagiada pelo sorriso dele.

Okita passou o doce á rapariga que o comeu com satisfação. Ela ficou a olhá-lo. Ele realmente era diferente dos outros. Era sem dúvida o mais bonito, de longos cabelos negros e olhos claros, sorriso constante e gentileza. O que está um jovem destes a fazer nos Shinsengumi?!

- Ainda não me disseste o teu nome – disse Okita.

A jovem ficou em silêncio durante um bom tempo, a saborear o doce e a ponderar se devia ou não dizer o seu nome ao capitão.

- Ichiru.

- Huh?

- O meu nome é Ichiru. – disse por fim, a jovem.

Okita olhou para ela e deu um sorriso, bastante simpático.

- Okita Souji, capitão do primeiro esquadrão dos Shinsengumi.

- Capitão?! – Ichiru parecia surpreendida com o estatuto do jovem.

Okita olhou para a lua. Sentia-se uma criança inocente sempre que olhava para ela. Como se o tempo não tivesse passado.

- Humm … capitão Okita.

- Chama-me apenas Souji.

- Err … Souji … - começou Ichiru – Porque não me estás a fazer o mesmo que os outros?

- Preferias que eu estivesse a abusar de ti?

- NÃO! – respondeu automaticamente, Ichiru. – É só que … nenhum dos outros é como tu. Mais ninguém teve piedade …

- Eu não tenho piedade! – interrompeu Okita, num tom de voz sério – Eu tenho respeito por ti.

- Desculpe, não o queria ofender! – disse Ichiru, baixando a cabeça.

- Não ofendes! – sorriu Okita – Peço desculpa pela minha brutalidade. Mas trata-me por "tu".

- Está bem. – disse Ichiru – É só que … não estou habituada a tratar as outras pessoas por "tu". Também … raramente falo com pessoas.

Okita olhou para ela, e sobre o reflexo lunar viu uma pequena lágrima a brilhar nos olhos dela.

- Desculpa, podes tratar-me por "você" se assim desejares! – emendou, rapidamente, Okita, antes que a jovem começasse a chorar. – Mas por favor … não chores!

- A culpa não é sua … quer dizer tua! – disse Ichiru – A única pessoa que tem a culpa de eu ser uma fraca sou eu mesma!

- Tu não és fraca! – disse Okita, Ichiru olhou espantada para o jovem capitão.

- Como podes dizer isso? – indignou-se Ichiru – Não me conheces!

- Pelo que tens aguentado esta semana, és bem forte – disse Okita – Ninguém iria aguentar uma semana a ser praticamente violada por homens diferentes.

Ichiru sorriu ironicamente.

- Esse é o meu trabalho desde que sou criança! – disse ela.

- Trabalho …?

- Os meus pais venderam-me a uma casa de prostituição como paga de impostos! - disse Ichiru – Sempre tive esta vida miserável! Sempre fui "praticamente violada" desde os meus 9 anos!

Okita olhou para ela e percebeu a tristeza constante dos seus olhos. Também ele não tivera uma vida fácil mas ao pelo menos tinha amigos e pessoas que se importavam com ele. Ichiru, pelo que se notava, não tivera nem uma coisa nem outra.

- Nove anos … foi a idade com que eu peguei pela primeira vez numa catana! – disse Okita – Doze anos … a primeira vez que matei alguém! Quinze anos … era mestre de espadas!

Ichiru levantou-se, estava cansada daquela conversa. Alias nunca conversara tanto tempo com uma pessoa! Okita também se levantou. Olharam-se. Eram praticamente da mesma altura, só que Okita era uns 2 centímetros mais alto. Um leve vento invadiu o quarto, esvoaçando o cabelo de Ichiru e os olhos brilharam com o lunar, fazendo-a parecer ainda mais bela.

- Precisas de descansar! – disse, por fim, Ichiru – Estás com um ar cansado!

- É … - disse, timidamente, Okita - Não tenho dormido quase nada!

- Peço desculpa. – disse, com uma lágrima escorrendo pelo rosto, Ichiru – Prometo que gritarei mais baixo, de modo a que não ouças nada e possas dormir em paz.

Okita sorriu, mas sentiu uma raiva a crescer dentro de si. "Prometo que gritarei mais baixo"! Estas palavras ecoaram na cabeça de Okita! Ao ver a lágrima a escorrer-lhe pelo belo rosto, Okita limpou-a com a manga do quimono e Ichiru deu por si a corar. Ichiru agradeceu timidamente. Deu um suave beijo na face de Okita e despedindo-se, abandonou o quarto do capitão.

Okita deitou-se no seu futon e fechou os olhos. Mas a única imagem que lhe surgia á memória era ela! Ichiru! Ignorou estes pensamentos e adormeceu.


CONTINUA no próximo capítulo: "Vento e cerejeiras"