Nome da Fic: Home

Autor: Roxane Norris

Beta-reader: Shey Snape

Par: Severus Snape / Personagem Original

Censura: PG- 13

Gênero: Romance, drama

Avisos: Essa song é um presente para uma amiga muito especial, Clau Rabelo

Sumário: Quanto tempo pode demorar para se viver um grande amor?

Disclaimer: Esses personagens são de J. K. Rowling, eu só peguei emprestado para proporcionar entretenimento aos meus leitores. Não vou ganhar dinheiro com eles.

HOME

Eu estou pegando novamente o avião, mas desta vez estou voltando para a Inglaterra... Para casa! – pensou ao sentar no confortável assento de primeira classe. A janela ao seu lado lhe permitia ver o sol pálido sumir por entre as nuvens, mas ela só se permitiu um longo suspiro diante da bela paisagem de Atenas. Não era só a distância que a separava de casa, mas também os longos anos de ausência. Anos que não voltariam, anos em que dedicou sua vida a salvar vidas, e se tornar tudo o que era agora, Cláudia Rabelo. O peso dessa assinatura em receituários e livros era sua melhor recompensa pelos anos afastada de casa, era sua grande recompensa por tê-lo deixado...

Outro dia de verão

Que vem e vai embora

Em Paris ou em Roma

Mas eu quero ir para casa

Os olhos presos aos raios de sol translúcidos a levaram para longe, arremessando-a contra suas escolhas... O homem de cabelos pretos surgiu em sua mente, os lábios próximos, a respiração quente, e um único toque. Apenas um toque, os dedos dele passando de leve sobre seu rosto e enxugando a lágrima que rolou. Inconsciente, ela levou a mão ao mesmo lugar em que a dele estivera anos antes, e pode sentir o mesmo calor sobre sua pele. Como ele ainda pode mexer tanto comigo assim? – o pensamento cruzou sua mente como um raio, e ela tentou negar todos os sentimentos que aquele pequeno gesto despertou em si mesma.

Talvez cercado de

um milhão de pessoas, eu

ainda me sinto totalmente sozinho

Eu somente quero ir para casa

Eu sinto sua falta, sabe?

A guerra acabara há muito tempo, e muitas coisas tinham acontecido em Londres. Muitas coisas. As acusações de assassinato que pesaram sobre ele, os dias presos em Azkaban, o tormento de se ver afastado de suas atividades como professor, a falta de alguém próximo... Um apoio. Ela se fora cedo demais, deixara-o no momento em que ele mais precisara dela, mas não fizera isso por querer. Simplesmente não podia ficar mais, sua vida corria perigo desde que salvara Harry. Então a carta chegou, convidando-a a estudar em Paris, no famoso Hospital de Magia de Versalhes, e ele a fez aceitar. Não pensou, apenas deixou-se conduzir por aquelas mãos, por sua voz, e quando se deu conta de tudo, o avião levantou vôo... Uma longa viagem de recomeço.

Eu continuo guardando todas as cartas que te escrevi

Em cada uma delas, uma ou duas linhas

"Estou bem baby, como você está?"

Bem, eu as enviaria, mas sei que isto não é o bastante

minhas palavras eram frias e vazias

E você merece mais do que isto.

Sozinha, andando por Paris, tanto nas noites frias, quanto nas quentes, e apenas um pensamento... Ele. Os anos passaram, as notícias sempre chegavam, e muitas vezes teve vontade de largar tudo e ir, correr para os braços dele. Só que algo a impedia de mudar sua rota, e o avião partia, enquanto ela tomava seu lugar na primeira classe para Roma. Acompanhou de longe a queda de Voldemort, e soube por fontes seguras, que ele havia resistido, e depois, recuperado seu prestígio. Essas poucas linhas da carta de uma amiga, a deixara mais feliz. Ele voltara para Hogwarts... Ela ainda não podia voltar.

Outro avião

Outro lugar ensolarado

Eu tenho sorte, eu sei

mas eu quero ir para casa

tenho que ir para casa

Deixe-me ir para casa

Estou tão longe

de onde você está

Eu quero ir para casa

Nesse momento o que a prendia não era mais a guerra, ou o fato de ser perseguida, era apenas sua carreira. Chegara tão longe que não podia parar, construíra uma sólida reputação, era uma medibruxa reconhecida, e em nome disso enterrou seu passado. Os dias, os meses, os anos... Mais uma viagem, mais um país, mais uma palestra. As cartas deixadas em cima da mesa, recém escritas, e as amareladas na gaveta. Cartas que nunca foram enviadas, por falta de tempo, ou por achar que era tempo perdido. As entrevistas para os jornais, as revistas, os livros publicados... E enfim, a fama!

Sinto como se estivesse vivendo a vida de outra pessoa

É como se eu acabasse de sair

Quando estava indo tudo bem

E eu sei exatamente porque você não poderia

vir junto comigo

Isto não era o seu sonho

Mas você sempre acreditou em mim

Na noite de autógrafo na Universidade de Moscou ela recebeu a carta... A carta de seu passado, as linhas bem escritas pelas mãos fortes que a levariam de volta para casa. A carta com o lacre de Hogwarts e assinada por seu diretor. Não tinha o que esperar, não podia esperar mais um ano... Ele a chamava. Pousou a pena, deslizou para fora de cadeira, deixou todos sem palavras e voltou ao Hotel. No quarto, a mala aberta era preenchida por suas roupas, e minutos depois, o táxi seguia para o aeroporto. As pessoas no hospital? Explicação?, pensou, Qual? Que a vida a chamava? Decididamente não tinha mais tempo para isso, precisava correr.

Outro dia de inverno veio

e já foi embora

E mesmo em Paris ou Roma

E eu quero ir para casa

Deixe-me ir para casa

E estou cercado por um milhão de pessoas

Ainda me sinto sozinho

Deixe-me ir para casa

Sinto sua falta você sabe

Agora ela estava ali, no avião em Atenas, indo para Londres... Voltando para casa. Passara os últimos anos pensando se voltaria, e, no entanto, hoje não tinha mais dúvidas. O avião decolou, as nuvens passaram rápidas pela janela, os raios de sol sumiram nas espessas camadas escuras que assomaram a sua frente. A chuva começou de leve a lançar seus pingos finos contra o vidro, mas depois se tornou intensa, e soube, depois de horas, que estava em casa. Londres surgiu cinzenta, cercada de névoa e sob uma forte chuva.

Me deixa ir para casa

Eu tive minha chance

Baby, acabei

Estou indo para casa

Me deixa ir para casa

Ficará tudo bem

Estarei em casa hoje a noite

Estou voltando para casa

( Home – Michael Bublé )

12 de dezembro de 2006, o calendário a sua frente no saguão do aeroporto não deixava margens a dúvidas, chegara no dia do seu aniversário. O fiscal liberou a bagagem, e ela pegou sua valise caminhando em direção a porta de vidro que a separava de Londres. Uma leve apreensão revirou o seu estômago antes da porta se abrir e libertá-la para o mundo. Ajeitou os cabelos, e tentou se controlar, enquanto a porta deslizava suavemente para os lados. Os olhos percorreram a multidão a sua frente, e dando passos seguros, venceu-a em poucos minutos. Já estava desistindo de seus pensamentos tolos quanto a encontrá-lo ali, quando a voz aveludada soou ao seu ouvido:

- Srta. Rabelo?

- Sim – a resposta veio num sussurro, enquanto se virava.

Os olhos pararam na figura de preto a sua frente; os mesmos cabelos negros, os mesmos olhos, talvez apenas um pouco esmaecidos pelos anos, mas era real. Enfim acordara daquele pesadelo. Ela sorriu sem falar nada, presa por aqueles olhos, e ele rompeu o silêncio mais uma vez.

- Feliz aniversário, Clau! – A voz veio firme e quente, numa emoção disfarçada.

- Você está atrasado 10 anos, Severus. – ela rebateu incerta. As lágrimas desceram, mas ela pode vislumbrar o que ele trazia algo na mão... Um buquê.

- Você não... – disse crispando os lábios e ofertando-lhe as rosas – Pelo menos as flores não irão murchar... – Ele a fitou longamente, se adiantando mais um pouco e passando os dedos longos nos cabelos dela. - Eu não me atrasei, apenas esperei o momento certo para trazê-la em segurança. Espero que fique.

- É um pedido? – Ela o fitou docemente.

- Não... – Ele se aproximou dela, tomando-a nos braços, enquanto os lábios se tocaram suavemente. Um tempo depois ele a afastou dizendo: - É uma ordem!

Ela sorriu abraçando-o mais uma vez, enquanto a chuva aumentava lá fora. O avião decolou, desta vez, vazio... Ela estava em casa, ao lado dele, em terra firme...

FIM

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N/A: Esta Songfic é dedicada a minha amiga, Clau Rabelo. Um presente de aniversário de coração para uma pessoa especial... Felicidades linda! Obrigada a Shey pela paciência em betar a fic e me aturar... Xeruuuuuu!

Bjus enormes,

Roxane Norris