As ruas de Namimori nunca estiveram tão vazias como naquele dia. O inverno japonês era bastante rigoroso e era muito mais interessante para os moradores estarem debaixo de suas cobertas do que desbravando a cidade coberta de neve. Mas corajosos eram aqueles que cumpriam suas obrigações mesmo com aquele tempo insistente .
Os olhos azuis fitavam a rua vazia e qualquer movimento era motivo para se olhar com interesse, já estava ficando cansativo e tedioso aquele silêncio na agência e a falta de clientes. Dos poucos funcionaram que restaram, dois faltaram, o que deixava uma baixa e um total de oito trabalhadores entediados na grande sala, que por ser feito de concreto estava congelando.
- No inverno as pessoas deveriam procurar um amor...
Comentou baixo o ruivo olhando ainda para o lado de fora e ajeitando melhor o longo cachecol que cobria metade do seu rosto e dos fios rubros. Quando finalmente captou um movimento, parecia uma mulher pelas roupas e ela se movia com dificuldade, talvez pelos ventos frios lhe cortando a pele, mas ela parecia persistente, e adentrou em algum lugar, e era o mesmo que o observador se encontrava.
Girou na cadeira e ficou olhando para a escada, quem sabe um novo cliente não o tirasse daquele tédio. Já tinha acabado com a caixa de grampos no dia anterior, e cartas eram proibidas no local de trabalho. E ninguém parecia muito disposto a conversar. Um suspiro deixou os delicados lábios do ruivo chamando a atenção dos poucos funcionários que estavam por perto, mas logo eles voltavam e encarar suas telas do computador ou dos celulares.
Levantou-se e foi espreguiçando-se com preguiça enquanto caminhava para a escada, sorria levemente como uma predador prestes a dar o bote na sua presa, ao que parecia só ele tinha se dado conta que um cliente havia chegado, e a teria para si antes que outro alguém aparecesse, quando estava perto da escada de mármore um vulto grande apareceu em sua frente, e se não fosse por seus reflexos rápidos teria esbarrado nele e ambos rolariam pela escada.
- Abel, o ar condicionado na copa não esta funcionando bem... você teria... o telefone de algum técnico? Ou do seguro...?
A fala mole daquele homem estava o deixando furioso e aflito, já era possível ouvir o bater dos saltos altos na pedra cara, já podia ver algumas cabeças se levantando como se pressentissem a presença de um intruso. Podia sentir sua presa escapar entre seus dedos como água enquanto aquela boca mucha falava de forma lenta e os olhos desinteressados não focavam em nada, nem se dava ao trabalho de olhar para o menor.
Ele pode sentir um perfume adocicado passar por si, e logo em seguida viu a figura da secretaria Diana surgir, ele virou o rosto e seus olhos se encontraram com os dela, ela sorriu e entregou a cliente aos serviços de Watanuki. Ela não podia fazer pior. Entrega-la nas mãos de seu pior inimigo naquela agencia.
Grunhiu com raiva e deu um sonoro tapa na face do homem a sua frente. Ninguém fazia Abel Fluer perder um cliente, ainda mais por causa de um aquecedor na copa. Ele nunca ia na copa. Quem fosse que se virasse. Todos os presentes olharam a cena e viram um ruivo sair furioso do andar e um grande homem ficar abobalhado olhando ele ir. A mais nova cliente olhava a cena assustada e como pouca desgraça é bobagem, o ar condicionado do andar principal começou fazer barulhos estranhos novamente, já era o terceiro da semana, antes de parar totalmente de funcionar.
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A sala estava em total silêncio, todos concentrados em fazer absolutamente nada até o final do expediente, outros tentavam tirar o atraso da papelada e alguns se viravam no telefone e na internet. Parecia que o pessoal do marketing nunca descansava.
Uma mulher se levantou, ajeitou a saia preta e foi se retirando do local com sua bolsa duas horas antes do turno terminar. Um certo ruivo acompanhava os movimentos dela indignado e confuso, e era visível na sua face tal pensamento, foi quando um colega de trabalho sentou-se em sua mesa branca tomando um café quente que perfumava todo o local e deixava uma outra caneca estendida para o dono do local.
- Com duas colheres de açúcar, como você gosta.
- Obrigado...
Pegou a peça de porcelana e soprou o líquido antes de sorvê-lo. A ponta do nariz estava vermelha deixando o rapaz adorável ao olhar de todos naquele local, prestariam mais atenção se não estivessem todos congelando naquele local.
- Sarah teve que sair mais cedo, ela não estava se sentindo muito bem e marcou médico hoje daqui a pouco... Deu para ver na sua cara que você estava perguntando ''onde aquela vadia pensa que vai?''
O outro riu tomando o liquido escuro e repousou o restante em cima de um papel, sabia que o outro ficaria locou se uma única mancha de caneca estivessem impregnados na madeira branca.
- Eu não ia a chamar de vadia...
- Há algo pior que vadia?
O mesmo voltou a rir recebendo um chute fraco em resposta. Via o corpo magro tremendo e retirou o grosso casaco negro que usava deixando nos ombros pequenos vendo os olhos azuis dobrarem de tamanho e a surpresa estampar a face alheia.
- Pra que isso?
- Você esta tremendo mais que uma vara... fora que se você ficar doente vai ser bem complicado... Na saída me devolva, eu te dou uma carona em compensação.
- E pra onde pretende me levar?
- Sabe... você pegou duas ótimas clientes que seriam minhas...
A mão grande foi subindo do joelho até a coxa, exercendo pressão e de forma lenta, assim como o sorriso malicioso não se desmanchava e nem o aperto na perna alheia.
- Esta bem frio... não sente frio Abel? Eu posso te esquentar...
- Cai fora, já fiz o pagamento daquelas duas no banheiro da empresa a três semanas, e tenho cara de prostituta que se vende por tão pouco?
- Bem—
- Não responda se não quiser ir mandar fazer uma dentadura.
As palavras foram ditas rápidas e de forma um pouco irritada, a risada do loiro preencheu o local e este se levantou, não sem antes bagunçar os belos fios ruivos e sair andando levando sua caneca.
- Você sabe meu número caso mude de ideia.
O loiro se curvou brevemente em um comprimento ao homem que vinha no sentido contrario ao seu, e este fez o mesmo. O dono de cabelos exóticos tomou o lugar ao lado do que se encontrava sentado e esperou que este lhe olhasse para começar sue discurso. Oo belos olhos azuis puderam captar algumas fichas nas mãos grandes do outro e ficou curioso, ao menos não se entediaria mais naquele dia.
- Diana está muito preguiçosa ao te entregar as coisas... Ou faz de proposito para poder me ver?
O sorriso do ruivo foi de canto, mas expressava certa malicia, mas o corpo ficou relaxado e se reclinou na cadeira indo um pouco para trás com ela sem perder o sorriso, assim como o pé ia passando nas pernas do moreno.
O moreno esperou o pé do ruivo da Agência chegar a um certo ponto, para então prendê-lo com as pernas longas que tinha. Tudo para o "Caçador de Homens" não fugir, enquanto distribuía algumas fichas na mesa de frente a Abel, demorando-se para separar por ordem de datas, retirando-as de uma pasta com o selo da Agência.
- Enfim, acabei de separar algumas clientes novas para você, Abel. E não fale assim da Diana, sim? Ela é muito trabalhadora. E claro, você também... Desde que se tratam de lésbicas. - Wanuki suspirou.
- E quem mandou você separar minhas fichas?
Falava entre dentes enquanto tentava se livrar do aperto do outro, sem muito sucesso, fora que aquela cadeira de rodinha não ajudava em nada, só transmitia para o fugitivo que ele iria cair a qualquer momento.
- Pare de se remexer, Abel, vai cair assim. - Avisou, deslizando uma ficha para mais perto do colega. - E bem, assim fica mais fácil e rápido para todos. - Largou o pé do outro e se afastou, levantando-se em seguida e assim evitando qualquer chute em áreas não tão fortes assim. - Agora... - Os olhos escuros do mais velho seguiram uma rota até chegar a nuca do funcionário loiro de antes, vendo-o se arrepiar e petrificar no lugar, enquanto o amigo tentava trazê-lo de volta a realidade. - ... Com licença, preciso passar um sermão.
Abel suspirou aborrecido e abriu a ficha vendo que não era o seu nome que se encontrava lá, mas sim de seu colega que andava faltando nos últimos dias por causa de uma gripe. Pegou a ficha com força e a arremessou de forma certeira na cabeça do arroxado esbravejando com ele.
- Se for entregar alguma coisa, que entregue certo pelo menos!
Wanuki pegou o papel e desamassou, virando e voltando para perto do ruivo. Já o loiro que estava atrás de Abel aproveitou a chance para correr dali.
- Abel, você é um dos fundadores da Agência, e ainda líder de um time. Precisa arcar com clientes dos outros, quando estes ficam doentes. Infelizmente. E além do mais, essa cliente precisa de alguém... Eu separei para você porque acredito que consiga ajudar ela. - Entregou a ficha para o ruivinho de novo, persistente.
- Mas que pé no saco em! E você esta no mesmo patamar que eu, não fale como um superior!
Bateu na cabeça do de cabelos exóticos e se arrumou na cadeira resmungando e dando uma olhava nos papeis parecendo muito ofendido.
O moreno de tatuagens deu de ombros, pedindo para o mais novo se acalmar até a próxima hora marcada com uma cliente da agenda.
- Obrigado por entender... Bom trabalho. - Disse, virando e indo caçar o tal loiro que estava brincando de um jeito muito inadequado no trabalho. Mesmo se tratando de Abel, que era um dos símbolos mais falados da Agência, Wanuki não podia ignorar.
- Aquele idiota... pensa que só porque é gato pode ficar falando assim comigo?
Ainda esbravejava o ruivo que já trabalhava enquanto praguejava sem perder o foco do que fazia. Era curioso o fato dele nunca perder a concentração no trabalho mesmo jogando praga nos outros, o que costumava fazer com frequência quando o caso era seu não tão querido assim colega de trabalho.
Mais um dia comum na Agência de relacionamentos Di Reborn.
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O local estaria completamente vazio se não fosse pelos dois chefes do setor, Abel e Watanuki. Cada um em sua distinta mesa trabalhando sem desviar a atenção do que faziam, as luzes já haviam se apagado a pelo menos duas horas tendo apenas como iluminação seus respectivos abajures instalados em suas mesas. O ar condicionado ainda não funcionava e de noite o frio só piorava, os dentes do ruivo já estavam batendo um contra o outro e os dedos congelados estavam digitando com muita dificuldade, mas não daria o braço a torcer. Sempre fazia hora extra e não é porque era inverno e estava muito frio que iria parar de fazer isso.
O ruivo soprou o ar de seus pulmões e de lá saiu uma fumaça branca, que serviu para aquecer, mesmo que momentaneamente, os dedos já roxos. Seus brilhantes olhos azuis desviaram-se da tela do computador para a xicara vazia de café do seu lado e assim se levantou a pegando.
- Quer café?
Dirigiu a pergunta ao único que se encontrava ainda ali, a metro de distancia de si. Graças a Deus.
Wanuki ergueu a cabeça em direção ao ruivo, aproveitando para esfregar um olho. - Sim, por favor...
Apesar da luta para se manter acordado, Wanuki não estava sentindo tanto frio, necessariamente. O uniforme da Agência cobria a necessidade de modo eficaz. Enfim, o moreno antes despreocupado, sendo isso o normal, estava agora descabelado, fazendo as mechas pretas, roxas e lilases parecerem uma obra de arte modernista. Alguns clientes davam realmente muito trabalho.
Não se fez nem cinco minutos que o ruivo foi para a cozinha que este deu um grito e saiu correndo de volta tão rápido quanto um raio, pulou no colo do maior se agarrando a ele, e isso fez com que ambos fossem empurrados para longe, por causa da cadeira de rodinhas, mas o rosto do menor não desviava da porta da cozinha, nem mesmo aparava de tremer e agarrar o terno do outro.
- I-invadiram!
Seria adorável ver o ruivo tremendo daquela forma tão fofa e vulnerável, mas o caso era tão sério que não se podia pensar em mais nada.
- Como? O quê?! - Ainda com a mente um pouco atrasada, por falta de cafeína, acabou acordando apenas quando a parte de trás da cadeira bateu contra a parede, e Abel estava sobre si. Levantou-se com Abel, colocando-o ao lado e o maior foi para perto da janela, onde tinha uma escadaria de ferro. - Vamos logo, Abel!
- E-está louco? Meus documentos! Tudo está aqui!
Mesmo com a fala do ruivo, o corpo deste tremia tanto e parecia uma criança assustada pela forma que agarrava o blazer do maior. Os barulhos foram aumentando e se transformando em falas, mas eram tão abafadas que não se distinguia o que era dito. Com isso, o menor dos dois pegou um guarda-chuva que sempre ficava perto da janela e olhou decidido para o de cabelos exóticos. Mesmo tremendo.
- Acho que um guarda-chuva não vai salvar sua vida, Abel...! - Murmurou, mas admitia, era melhor do que nada. - Está com o seu celular? - Empurrou o rapaz para as escadarias, indicando que era para ele descer primeiro. - Eu retardo eles, vá em frente e ligue para Reborn ou a polícia. É melhor do que nada.
Abel olhou para o lado de fora e engoliu em seco, iria morrer se tentasse descer por ali de tanto que tremia, fora que suas mãos suavam e todo o frio havia passado de tanto que seu coração batia acelerado. Não conseguia nem se quer do seu colega de trabalho e dava para ver o medo através dos olhos azuis do italiano.
-Va-vamos juntos... – Falou baixo e prendeu um grito na garganta enquanto se grudava em sue interlocutor e escondia o pequeno rosto no peito largo, conforme barulho de algo caindo na cozinha eram ouvidos.
- Ah... - Wanuki concordou, em meio a um barulho mais alto, enquanto se posicionava ao lado de Abel, guiando-o. Já que não tinha jeito... Afinal, os documentos estavam todos ali. Mordendo os lábios, Nuki desceu os primeiros degraus, dando apoio para Abel seguir.
Além de seguir o outro, acabou tendo seus olhos cheios de lgrimas e não conseguia soltar o mais velho. Era claro que não conseguiria descer, fora que aquelas escadas só um conseguiria descer por vez, e as lágrimas foram descendo e outro grito preso acompanhado de mãos no ouvido e um abaixar e encolhimento contra uma parede se fez quando a porta abrindo se fez presente.
Wanuki teve que arriscar. Esperava que Abel fosse realmente bem leve, para assim conseguir fazer a "performace". Pegou o ruivo, puxando-o para ficar em cima dos ombros e foi descendo as escadas pulando algumas partes de cada vez, tomando o cuidado para equilibrar a ambos. Os músculos do moreno doíam, e ainda mais a mente do músico, que sentia os tendões das mãos puxarem. Infelizmente, não tinha seguido as orientações de Reborn e comprado uma metralhadora.
E falando no diabo, este apareceu no parapeito da janela olhando para o ''casal fugitivo'' e soltou um de seus bordões – Ciaossu. – Atraindo assim a atenção daqueles dois. Abel bem que tentou olhar para cima, mas isso fez com que se desequilibrasse e caísse dos ombros do maior. Mesmo caindo não conseguiu gritar, tudo o que fez foi fechar os olhos esperando pelo pior.
Que não veio.
Ao perceber que foi uma queda razoavelmente tranquila, os olhos azuis deram novamente o ar de sua graça visualizando um sorriso de canto e grandes olhos vermelhos lhe fitando.
- Ora, ora... demônios caem do céu agora?
E definitivamente o ruivo ficou da cor dos olhos alheios, uma mescla de vergonha com raiva e é claro, xingamentos em italiano de todos os tipos puderam ser ouvidos naquela noite tão fria, fora as agressões e os movimentos ríspidos para se soltar. O que o maior fez foi simplesmente soltar o peso que caia e coçar a orelha com um dedo.
- Aaaah, quanto barulho...
E um ruivo morrendo de dor e congelando pela neve ter entrado em contado com sua pele quentinha foram motivos para novas lagrimas brotarem nos olhos claros, e ao perceber o que causara o moreno ficou assustado e se agaixou no chão.
- Hey... não chore, vamos... preferiria que eu te chamasse de anjo? Eles são tão chatos! Demônios são sexys pelo menos. - E piscou para o ruivo sorrindo de canto, tentando fazer o outro ao menos parar de chorar. Não era o consolo perfeito, mas entendeu que acabou chateando o outro ao o derrubar no chão.
Wanuki estava no chão, próximo ao local onde Abel tinha caído, de olhos fechados. Tudo tinha acontecido muito rápido, e o sono quase o fez dormir e desmaiar ali mesmo, se não fosse um corpinho de bebê caindo sobre si, acordando-o. Por que só ele levava tapas e chutes?
- Cof, cof...! - Abriu os olhos, olhando ao redor. - ... Devia saber que era você, Reborn...
O sorriso de canto do bebê permanecia o mesmo, e nunca se sabia o que aquilo podia significar, aos poucos a janela foi se enchendo de cabeças, dentre eles, o de uma funcionaria que até então se sabia que estava de férias.
Nuki olhou para cima, vendo os tais "invasores". Só esperava não ser alunos da mafia que Reborn estava treinando.
- Wanuki-sama! Abel-sama! Estão todos bem? - Yui Tsuki Hanako. Esta era o nome da funcionária, braço direito de Wanuki, e sempre prestativa no trabalho, praticamente um dos anjos da Agência. Olhava para baixo com preocupação, desaparecendo da janela, talvez para ajudá-los ali em baixo.
- ... Yui, que bom te ver...! - Wanuki acenou, tentando reconhecer os outros, porém não conseguiu. Talvez pela vista cansada. Olhou para o lado e viu Abel em uma posição estranha, e com cuidado, foi para perto dele.
- Ei, Abel... já passou. - Tocou nos ombros, retirando os montes de neve que estavam cobrindo o ruivo. Então, olhou para a pessoa que estava próximo dele. - ... Hum, e você é...?
- Harihima Yuki!
Disse orgulhoso o dono dos olhos vermelhos com seu sorriso sarcástico ajoelhado na neve já esquecendo até que foi o causador das lágrimas de alguém.
- Eles vão ser os novos funcionários Watanuki-kun, Abel-san... Cuidem bem deles!
Reborn falou já transformando Leon em um helicóptero de chapéu e saiu sobrevoando a cidade.
- Abel?
Perguntou confuso o jovem que acabou de salvar o ruivo olhando para o mesmo que se limpava da neve ainda tremendo de frio.
- É...
- Mas isso não é nome de homem?
- Eu sou homem!
E recebeu um tapa muito bem dado na cabeça. Um pequeno agradecimento por ter sido derrubado no chão e confundido com uma garota. O que era de praxe já que era idêntico a uma, ainda mais com seus fios longos. E aquele monte de casaco não ajudava a ver se havia peitos por debaixo deles.
- Mentira! Deixa eu ver!
Sua curiosidade era maior do que seus puderes, e já foi abrindo a calça do outro querendo confirmar aquela historia, e novamente xingamentos eram soltos como água em um dia de chuva, e uma luta para que nada fosse revelado em plena rua de madrugada, alguns vizinhos abriram a janela para ver o que ocorria pensando ser uma tentativa de estupro já pegavam seus telefones, mas é claro, Reborn conseguiu imobilizar estes com seus dardos com sonífero quando passou por eles em seu voo.
Nuki pensou que tinha gostado do rapaz... Uma pessoa para dividir os tapas. Embora isso não fosse bom, claro, violência contra funcionários.
- Espere, novos funcionários...? Hum, Yuki-kun... você por acaso faz parte da máfia? - Ergueu a sobrancelha, afinal, era alguém ligado ao Reborn. Bem, quando terminou de dizer, o próprio deu um jeito nos dois.
- ...
- Wanuki-senpaiiiiiii! - Atirando-se sobre a figura do moreno, apareceu um rapaz de cabelo curto, sedoso e preto, usando orelhinhas na cabeça. Esfregava o rosto no peito de Wanuki, fazendo o pobre rapaz deitar na neve novamente, com o pestinha em cima. Era outra pessoa que não via há algum tempo, visto que ainda iria entrar em contato com ele para validar a entrada. Tinha trabalhado como estagiário.
- Selian... Selian, estou machucado... Selian Kurayami, se comporte!
- Ah! D-desculpe...! Não sei o que deu em mim... Quero dizer, a pele de senpai contrastando com a neve é bem diferente de se ver...
Abel conseguiu se livrar de seu molestador mostrando o que este queria e lhe chutando, o deixando inconsciente no chão indo caminhando até aqueles dois com um sorriso sarcástico no rosto e se abaixou olhando para o de cabelos exóticos parecendo um demônio com aquele sorriso diabólico.
- Né Watanuki~ Romances são proibidos...
E tirou uma foto do ''casal'' na esperança poder se livrar daquele mala que era seu colega de trabalho. Enquanto isso, um rapaz com um tapa olho olhava toda a situação da janela interessado naquela personalidade do seu chara de cor de cabelo.
- Hum, tome cuidado com as suas palavras, Abel. - Murmurou, olhando-o de um modo a transmitir "Caçador de Homens". Então, cutucou a testa de Selian, que o ajudava a levantar.
- Não é nada disso, Abel-senpai! Isso é apenas respeito! - O jovem de orelhinhas e olhos purpuras corou, ficando cada vez mais emocional. Isso era uma falta nele, porém, como era jovem, Wanuki tinha esperanças de que Selian seria capaz de se controlar como um adulto, um dia.
- Bem... Como está tudo bem... - Foi se aproximando de Yuki, para pega-lo no colo e trazer para dentro da Agência, visto que estava desmaiado.
- Vejo que gosta de morenos!
Bufou e cruzou os braços reparando que estava sendo observado olhou para cima vendo uma garota e um rapaz de tapa olho que lhe intrigou e fez com que pensasse ''por que diabos alguém usaria isso?'', mas quando espirrou todo o seu corpo tremeu e teve que sair correndo para dentro da agencia se não quisesse morrer de frio.
Wanuki enfim conseguiu levar o pequeno azarento para dentro, colocando-o sobre um dos sofás do hall de entrada. E os olhos dele pousaram em uma figura feminina, quieta em meio a toda a agitação e trazendo uma bandeja de canecas de achocolatado. Parecia esperar por algo, e ao ver o moreno olhando para ela, se aproximou.
- ...
- Hum, você...
- Sou Harper, mandei minha ficha há uma semana. Prazer.
- Ah, sim... Fez achocolatado para todos? - Sorriu, pegando uma caneca e afagando a cabeça dela. A garota séria tinha cabelos e olhos roxos, além de uma feição juvenil muito bonitinha. A pele branca contrastava com a mão do moreno, dois roxos de tons diferentes.
- Yui-Tsuki-san foi quem pediu... - Murmurou, esperando os outros pegarem as canecas.
Abel retornou bem a tempo de ver a cena e fechar a cara, passou por ele e fez questão de esbarrar em Watanuki para que este derrubasse seu achocolatado, e foi andando como se nada fosse para o andar de cima, tendo que parar no ultimo degrau pois outro ruivo estava parado a sua frente com as mãos no bolso lhe encarando com o único olho amarelo visível.
- É um dos novatos?
- Sou...
- Uma pirralha fez chocolate quente, vá beber
Foi andando até sua mesa retirando o casaco molhado e tentando se secar com um pequeno lenço resmungando, isso tudo sob o olhar atento do intruso.
- O quê?!
Perguntou raivoso o ruivo que retirava seu próprio blazer para poder se secar.
- É que sua camisa esta transparente. – disse apontando para o peito do ruivo, que abaixou sua cabeça vendo os mamilos rosados enrijecidos pelos frio, o que lhe causou uma vermelhidão automática e que o casaco, mesmo molhado, fosse levado ao peito. O de tapa olhos não conseguiu evitar de rir da cara do outro e isso chamou a atenção.
Abel estava paralisado olhando o outro rir. Ele era tão fofo fazendo aquilo. Não se segurou e o abraçou com força, fazendo com que o riso se cessasse da parte do de olhos dourados, mas o dono das joias azuis estava a sorrir e a se esfregar no outro ruivo.
- Você é tão fofo!
E foi a vez do japonês começar a praguejar e a insultar o outro por ter sido chamado dessa forma, ficando ainda mais fofo na opinião de Abel que começava a ficar vermelho e se desdobrando pela fofura do outro. E essa 'tortura' só acabou quando o mais experiente voltou a espirrar e a tremer de frio.
- Ah... qual seu nome?
- Kaiwan Hirayuki
- Vai estar no meu time, Kaiwan-chan.
- ...chan?
- É que você é bem fofo!
E selou os lábios dele, o que o deixou paralisado e completamente vermelho sem notar seu novo gerente sair andando remexendo nas coisas alheias.
- Ah, olha só, um casaco! – e o colou, logo em seguida pegou sua bolsa, voltou a beijar o de tapa olhos que ficou ainda mais vermelho e desceu as escadas.
No andar de baixo Wanuki suspirou, ouvindo o barulho nada sutil vindo do andar de cima. Yui-Tsuki andou para perto das escadas, porém foi impedida pelo chefe tatuado e não demorou muito para que o ruivo tivesse que parar novamente na ponta da escada por esta estar sendo interditada.
- Com licença.
- ... Onde você vai, Abel? - Perguntou Wanuki, prendendo a atenção nele.
- O que te interessa? É madrugada, meu turno já acabou – Bateu o pé no mármore cruzando os braços enquanto seu olhar ficava sério nos olhos do outro. – A não ser que você diga que esta com ciúmes, dai quem sabe eu não te diga – sorriu de canto colocando um dedo sobre os lábios pecaminosos enquanto o olhava com luxuria.
- ... - Suspirou, voltando a atenção para a bagunça. - Tome cuidado, então. - Deu as costas para ele, indo ver como o corpo... quero dizer, como Yuki estava. Era a prioridade, um ferido desmaiado.
Talvez lá no fundo Abel tenha se chateado com aquela reação do outro, não que esperasse outra coisa já que conhecia a cinco anos o tatuado, mas mesmo assim algo dentro dele pedia um pouco mais de atenção. Sorriu de maneira melancólica e foi andando na direção do de cabelos exóticos sussurrando em seu ouvido.
- Trabalhar... – Beijou a bochecha deste e saiu andando até sair do prédio não dando tempo para ouvir qualquer que fosse a resposta ou ver qualquer reação.
Wanuki acompanhou o mais novo com os olhos, às vezes não entendendo o que ele fazia. Ouvindo alguns comentários de Yui-tsuki e Selian sobre Yuki, a atenção do moreno novamente foi sugada para os novatos, quase desamparados, com a saída de um dos gerentes.
X-X-X-X-X
Noites frias com certeza era o melhor momento para alguém se desesperar por amor, era isso o que Abel pensava, e por isso andava pelas ruas aquela hora da noite perto dos principais centros noturnos da cidade. Um cliente a mais sempre era bom, ainda mais se a comissão fosse para si, mas naquele dia em questão não estava procurando um cliente, mas sim aquele que fez o coração de sua cliente bater mais rápido e foi se recordando da reunião que teve mais cedo com ela.
Flashback
A sala para receber os clientes ficava no terceiro andar e era muito aconchegante, cheio de sofás macios e brancos, um enorme tapete felpudo creme e várias flores naturais adornando o local. Fora as mesas bem distantes uma da outra para oferecer melhor privacidade aos clientes.
Abel estava com seu melhor sorriso e a cliente lhe devolveu o mesmo sorriso, só que de forma tímida e brincando com a alça de sua bolsa negra. Ela era uma linda mulher, longos fios loiros encaracolados, olhos verdes como a grama e seios fartos. Muito fartos. Se fosse heterossexual, certamente teria se interessado pela beleza europeia dela, mas gostava de trabalhar com mulheres, por justamente saber que não se interessaria por nenhuma, apesar de que corria seus riscos trabalhar com lésbicas, já que algumas davam em cima de si pensando ser uma bela mulher também. Qual o desespero de ambas as partes nessa situação.
- Então, já tem alguém que faz seu coração disparar?
- S-sim
Outro sorriso para tentar reconfortar aquela pobre loiro que ficava vermelha, provavelmente por lembrar-se de sua amada. Porvavelmente ela era do tipo tímida. Esse tipo o incomodava muito, mas não aparecia muitas homossexuais na agencia, então tinha que fazer o que fosse para ter o trabalho.
- Onde se conheceram?
- Minhas amigas me levaram para conhecer uma balada nova que abriu... e ela trabalha lá... eu fiquei realmente apaixonada por ela... aqueles fios ruivos
A mulher suspirou apaixonada se lembrando do dia que a conheceu.
- Já chegaram a conversar?
- N-não! Trocamos apenas alguns olhares... Mas muitas pessoas a olhavam, ela era tão linda – suspirou de maneira triste.
- Não precisa se preocupar, até agora tivemos 100% de sucesso em todos os nossos casos. – segurou a mão pálida da garota que sorriu ao ver a confiança nos olhos azuis concordando em contratar os serviços daquela agencia.
Flashback off
Mais um trabalho e estaria tudo bem. Se ela não fosse uma dançariana de uma boate destinada para lesbicas. Sério. Eles deveriam colocar aquele tipo de informação nas observações, antes de pagar, de fechar contrato. Não quando se esta saindo da sala vomitando aquela informação.
Abel precisava de alguma forma para atrair a atenção da dançarina, por isso mandou seu currículo para a empresa, e por causa de sua beleza logo foi aceito. O detalhe é que não poderia tirar as roupas se não todo seu plano iria para o fundo do poço. As vantagens de trabalhar para um mafioso era que documentos falsos eram feitos de forma rápida e eram muito autênticos.
Entrou em um banheiro de um fast-food onde um conhecido seu trabalhava e aproveitou que estava vazio para trocar de roupas lá sem chamar muita atenção. Primeiro os seios falsos, depois o vestido curto e justo que ironicamente lhe caiu muito bem, depois a peruca e a maquiagem. Sua irmã era modelo e adorava maquiar os dois irmãos, fora que ele próprio já participou de algumas publicidades, logo se maquiar era algo fácil para ele.
Saiu de lá deixando suas roupas com seu amigo e rumou para a balada com o crachá na mão. Teve que servir as mesas com um salto altíssimo que certamente ferraria sua coluna se o usasse por alguns anos, mas a missão duraria no máximo algumas semanas e logo estaria livre daquele martírio. Avistou a sua cliente e foi a servir lhe entregando um microfone e uma escuta e assim se afastou.
Não foi difícil ver por quem a loira havia se apaixonado, era uma ruiva realmente linda que dançava com os seios de fora em um patamar a cima da pista de dança, apenas para exposição, várias mulheres faziam o mesmo, mas aquela realmente chamava a atenção, e olha que o motivo nem era a dança sensual, quase vulgar.
Se aproximou dela com um copo de água e esta sorriu de leve desceu do patamar com sua ajuda, ambas foram caminhando para o camarim que era a prova de som e assim a ruiva tomou a água num gole só.
- Você é nova por aqui, não é?
- Sou sim, me chamo Andely.
- É um belo nome... Sou Anne.
- Começamos com ''A'', somos quase charas. – Deu um risinho simpático, recebendo um outro sorriso de volta.
- Sim, sim... Até quando será o seu turno?
- Terei que ajudar na limpeza, então ficarei até às 5 horas.
- A chefe está fazendo uma novata trabalhar tanto assim? Que cruel...
- É sim... mas há varias moças bonitas por aqui que eu nem me incomodo.
- Sim, é verdade
- É lesbica também?
- Sou "Bi", na verdade. – E esta riu com gosto. – Está dando em cima de mim por acaso?
- Ah, não, não! Você é muito bonita, mas eu já estou de olho em alguém. – Fingiu uma certo vergonha, uma que não possuía.
- Que pena...
- Bem... eu reparei em alguém olhando para você... e não de uma forma que seja para te levar para cama...
- Quem? – Perguntou, curiosa.
- Uma loira bem bonita, ela esta na ala Vip...
- A... a loira peituda... ela é uma gracinha.
- Não é mesmo?
- Bem... Eu não sei, ela parece do tipo patricinha sabe? Que não sabe bem o que está fazendo aqui...
- Por que não tenta falar com ela? Se quiser eu posso dar um recado para ela ficar até a balada fechar para te encontrar do lado de fora...
A ruiva ficou olhando para a falsa garçonete por um tempo e acabou suspirando indo até sua penteadeira tirando de lá um pedaço de papel escrevendo nele com uma caneta luxuosa.
- Entregue para ela então... Por acaso é um cupido de balada?
- Oooô, me comparar a um anjo? Estou longe disso, talvez... alguém que consiga ver quando alguém se apaixona...?
- Parece que tem experiência com esse tipo de olhar.
Abel ficou surpreso por um instante, mas pela primeira vez naquela noite deu um sorriso verdadeiro, fraco, um pouco hesitante e talvez melancólico, mas verdadeiro.
- É...
- Certo, tentarei ver esses olhos apaixonados por mim mesma então, espero que não tenha se enganado.
- Nunca me engano.
Tomou os papéis entre seus dedos e foi andando para fora carregando sua bandeja e continuando seu trabalho. Talvez durasse apenas alguns dias aquele trabalho, e um bônus bem gordo era o que estava esperando como recompensa. De uma coisa o ruivo sabia, apenas ele se aventurava daquela forma por seus clientes, a maioria na agencia, isso incluía Watanuki, apenas arranjava encontro as cegas entre os clientes na agência, mas não era culpa deles, poucos chegavam já apaixonados e querendo determinada pessoa, e apenas Diana sabia que esse tipo de caso se passava unicamente para Abel. Era meio que o segredo dele, da secretaria e de Reborn. Por isso fazia questão de esconder tudo aquilo.
Com o fim da noite chegando, tudo o que teve que fazer foi falar as palavras certas no microfone e ir vendo a mágica acontecendo entre aquelas duas. Não houve beijo, mas sim uma promessa de se encontrarem de dia para um novo encontra, o que era muito bom.
- Mais um dia perfeito!
Bocejou e se alongou voltando a espirrar. Se molhar na neve, colocar um vestido curto naquele em pleno inverno não fazia bem para sua suade, nem mesmo ficar acordado até as 6 da manhã sendo que deveria estar na agência às 8 horas. O máximo que conseguiria seria tomar um banho rápido em algum hotel e se trocar, mas ao menos ver o nascer do sol fez seu ânimo melhorar e esquecer que não dormia a pelo menos 36 horas.
- Que dia lindo...
Respirou fundo o ar puro da manhã e caminhou pelas ruas quadriculadas com aqueles saltos gigantes. Ele andava muito bem neles, fora que seu bumbum ficava ainda mais atraente, o que era muito bom. Talvez os adotasse em seu cotidiano.
OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO
Reneev: É isso pessoas =D
Abely: Espero que tenham gostado!
Reneev: como estamos em dupla cada uma de nós vai pegar um capitulo e só o ultimo faremos totalmente em conjunto, bem... Cada uma de nós pegou dois personagens, no caso da Abely foram três, ela tem um ótimo coração e acho que não sabe contar (sussurra para os leitores)
Abely- É que Yui-Tsuki é uma boa servent- Quer dizer, funcionária... E Harper é cute... consegui visualizar bem elas ao lado de Wanuki.
Reneev: pois então =D voltando as informações principais, como ficou dois pra mim e dois pra ela, quando for nosso cap daremos mais destaques a eles, mas todos iram aparecer, não se preocupem
Agora vamos aos escolhidos e aos times!
Time do Watanuki, que é personagem de Abely:
Selian – daAkira Hanai
Yui-Tsuki – daYue Emi Tsuki
Harper- daHarper
Time do Abel, que é personagem de Reneev:
- Harihima Yuki da Stefany_Zanoni
- Kaiwan Hirayuki da Haria Ana
Bem é isso, espero que tenham gostado n.n
Bjs
sz
