Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem. Esta fanfiction não possui fins lucrativos.

Categoria: Aventura, Drama, Romance.

Censura: M.

Sinopse: Pedro foi morto e a comunidade está assustada novamente. Jack está determinado a descobrir que ligação existe entre o aparecimento da mulher misteriosa e a morte de Pedro. Benjamin Linus prometeu à Locke que ele finalmente teria seu encontro com Jacob. Ana-Lucia suspeita que pode estar grávida novamente mas dessa vez ela não tem certeza de quem seria o pai. Locke aparece e convence Sawyer a segui-lo para dentro da floresta.

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Nos episódios anteriores:

- Charlie, me conte como isso aconteceu?- disse Jack.

– Encontramos uma mulher na selva, ela caiu de pára-quedas e está muito ferida.

- Ontem eu tive um sonho estranho.- Shannon comentou. - Sonhei que alguém entrava na minha tenda e tirava o meu sangue. E eu queria gritar mas não podia porque estava dopada ou algo assim.

"São nove horas da manhã."- disse uma voz masculina desconhecida na fita. "Os exames com as amostras que já foram entregues estão concluídos. As mulheres grávidas são a Rutherford e a Lewis. As demais não estão prenhes..."

- John Locke?

Locke não disse uma palavra a ele, apenas lhe apontou uma arma e atirou a sangue frio. Pedro morreu na hora, junto com seus sonhos de grandeza. Uma vida inteira de mentiras tinha se esvaído sem ter valido a pena.

- Vomitando de novo, Ana?- ela perguntou com o semblante preocupado.

- Está tudo bem.- disse Ana, tentando não ficar irritada pois já sabia o que a amiga iria dizer.

- Já falou com o Sawyer sobre isso?

- Sobre o quê, Libby? Pelo amor de Deus!

- Que você está grávida de novo!- Libby sussurrou.

- Yd, finalmente aconteceu! Eu estou grávida! Vou ter um filho seu!

- Shannon...

- Não está feliz?

- Bem...eu... – ele parecia um pouco desnorteado.

- James!- a voz repetiu e Sawyer reconheceu o timbre daquela voz.

- Locke, é você?- indagou, surpreso.

- Venha comigo!- disse John. – Tem uma coisa que eu preciso te mostrar!

- Ana-Lucia, você não pode ir!

- E por que não? E se algo tiver acontecido com ele? Preciso achá-lo!

- Mas é perigoso e você está grávida!- Libby apelou.

- O que houve, meu amor?- Hurley perguntou.

- O bebê...eu acho que vai nascer...

O rosto de Hurley ficou tenso.

- Dude!- ele exclamou olhando para Jack. – Precisamos fazer alguma coisa.

- Onde está me levando, Locke?- Sawyer perguntou de repente, interrompendo o silêncio desconfortável que Locke empreendera entre eles depois que o convidou a segui-lo para a floresta.

- Eu disse que tenho uma coisa que preciso te mostrar, James.

Ana-Lucia fora atrás de Sawyer no meio da noite e Kate prometeu não contar nada a Jack.

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Episódio 3x1

Desmoronado

Os olhos dela se abriram de repente, mas ela não conseguiu ver mais que a luz da lua porque estava muito escuro. Percebeu que estava caída no chão no meio da floresta, mas não se lembrava como tinha ido parar lá. Tentou se levantar mas uma cólica repentina como uma contração a fez parar.

Ela procurou por sua lanterna. Tinha certeza de que tinha trazido uma, mas não a encontrou. Ouviu um sussurro vindo por entre as árvores e começou a olhar em todas as direções. Ouviu o sussurro novamente e dessa vez discerniu seu nome.

- Ana-Lucia...

- Quem está aí?- ela gritou e de repente se deparou com um homem de profundos olhos azuis sentado bem na frente dela.

- Olá, Ana-Lucia.

Ana ficou com o grito preso na garganta.

Flashfoward

O advogado de James Ford atirou os papeis sobre a mesa e encarou Ana-Lucia.

- Já está pronta para assinar os papeis do divórcio, Sra. Ford?

Ela revirou os olhos e disse ao advogado do ex-marido:

- Como se não tivesse sido eu quem pediu o divórcio.

Ana olhou para os papeis e seu coração apertou, mas o que estava feito estava feito, não tinha mais como voltar atrás. Pegou a caneta e começou a assinar o seu nome, mas a tinta estava fraca e falhou. O advogado lhe deu outra caneta, Ana-Lucia tentou de novo mas novamente a caneta não funcionou. Ela encarou o advogado. Ele lhe passou mais uma caneta e dessa vez esta funcionou. Ana-Lucia assinou seu nome completo: Ana-Lucia Cortez Ford. Depois de assinar os papeis ela leu seu nome mentalmente incontáveis vezes até que levantou-se de sua cadeira e disse:

- Agora está tudo acabado?

- Sim, senhora.- respondeu o advogado. – Como a senhora sabe o Sr. Ford assinou os papeis ontem.

- Muito bem.- falou ela. – Obrigada e tenha um bom dia.

Ela deixou a sala do advogado a passos firmes, queixo erguido, postura firme em cima de seus elegantes saltos altos. Mas por dentro ela gritava histérica, seu corpo lhe doia todo como se a morte fosse evidente, porém Ana não cedeu à dor.

Fim do Flashforward

Já estavam caminhando há cerca de uma hora. Essa distância somada ao tanto que Sawyer já tinha andado com Locke antes de encontrar Linus servia para lembrá-lo o quanto ele estava longe do acampamento e de seus amigos. Isso não era nada bom. Mas sua curiosidade fora despertada quando Benjamin lhe falou que a ilha estava lhe dando a oportunidade de se vingar do verdadeiro Sawyer. O homem que destruiu sua família. Aquela história parecia loucura demais para que ele acreditasse, mas tantas coisas estranhas aconteciam naquela ilha o tempo todo. O assassinato de Pedro fora mais uma dessas coisas sem explicação.

- E então?- Sawyer indagou a Linus quando eles pararam no alto de um morro diante de uma parede de rochas que dava para o oceano bravio, cujas ondas quebravam nas pedras abaixo deles. Ambos seguravam tochas pois a escuridão na floresta era ainda mais intensa do que na praia. – Vamos pegar um barco, voltar à civilização e aí você vai me mostrar onde está o cara? Eu duvido que a ilha tenha um iate para nos oferecer.- ele completou, sarcástico. Estava tão cansado e imaginando o quanto Ana-Lucia deveria estar zangada com ele por causa de seu sumiço repentino.

- Na verdade, James, nós acabamos de chegar.- respondeu Linus com um sorriso enigmático.

- Chegar aonde?- questionou Sawyer, irritado. – Tudo o que eu vejo é mato, pedras e o oceano lá embaixo. Por acaso vamos usar algum tipo de teletransporte?

- Venha comigo.- chamou Benjamin caminhando a frente dele.

Sawyer pensou duas vezes se o seguia, mas resolveu fazê-lo, afinal não teria andando tanto se não quisesse saber a verdade. Não fazia sentido agora voltar atrás.

- Diabos!- ele exclamou. – Vamos então!

Benjamin Linus conduziu Sawyer até a parede de pedra e indicou um caminho tortuoso na rocha que os levaria para cima, uma espécie de escada primitiva.

- O quê? Peraí! Você tá brincando, né? Quer que a gente suba aí?- protestou Sawyer observando a altura do rochedo.

- A vida é cheia de caminhos tortuosos, James.- disse Linus. – Não quer saber a verdade? Ela está logo ali ao seu alcance, basta que nós subamos este rochedo.

Sawyer olhou para cima e então pensou em todos os anos em que sonhou em vingar-se do homem que assassinara seus pais. Se a oportunidade de vingar-se dele estava ali em cima ele tinha que descobrir.

- Vamos subir ou não?- Benjamin instigou.

O rosto doce de Ana-Lucia veio à mente de Sawyer. Ele queria voltar para ela o quanto antes, mas precisava descobrir a verdade, por isso respondeu a Linus:

- Vamos subir! Mas você primeiro.

Benjamin concordou e começou a escalada nas pedras com Sawyer logo atrás dele.

Flashforward

A campainha tocou. As crianças largaram seus talheres imediatamente e levantaram da mesa sem pedir permissão. Ana-Lucia reclamou:

- James, Ainoa, vocês não acabaram de comer! Crianças!

Mas os pequenos nem se preocuparam em ouvir a mãe e correram para a porta de entrada da casa. Ana-Lucia olhou para o relógio de parede da cozinha. Seis horas da tarde de uma sexta-feira. Respirou fundo e foi atrás dos filhos.

- Papi, papi!- gritavam os dois em uníssono, saltitando em frente de Sawyer.

- Meus monstrinhos!- Sawyer gritou empolgado depois que o pequeno James abriu a porta para ele.

Ele se abaixou para abraçar os dois filhos ao mesmo tempo. Foi nesse momento que ele viu Ana-Lucia de pé diante deles, observando-os.

- Sempre silenciosa.- ele disse com seu sorriso de covinhas.

Ana apenas ergueu uma sobrancelha.

- Ei crianças, que tal irem buscar suas mochilas, hã?- Sawyer disse aos filhos.

- Nós vai passiá, papaizinho?- perguntou Ainoa dançando ao redor de si mesma.

- Claro que vamos, biscoitinho.- ele respondeu. – Nós vamos numa grande aventura com o papi!

- Ebaaaaa!- disse James puxando a mão da irmã e saindo da sala.

- Não vai me oferecer um café?- ele perguntou para Ana.

Ana-Lucia ignorou a pergunta dele e questionou:

- Vai mesmo levá-los para acampar?

- Vou sim.- ele respondeu. – Os meninos vão adorar.

- Como se a gente não tivesse vivido tempo suficiente numa cabana.- ela disse.

- Aposto que você tem saudades daquele tempo.- falou ele, sorrindo.

Dessa vez ela sorriu também, mas era um sorriso triste.

- Você está linda!- ele elogiou.

Ana-Lucia olhou para si mesma. Ela usava os cabelos presos em um coque bagunçado e vestia jeans rasgados com uma camiseta branca manchada de molho de tomate do espaguete que ela tinha cozinhado para o jantar.

- Não esquece que Ainoa ainda precisa de fraldas para dormir...e o James gosta de mostrar que já sabe escovar os dentes sozinho mas ele se enrola todo...

- Hey, as crianças vão ficar bem.- Sawyer garantiu.

- Eu sei.- ela afirmou.

Nesse momento, as duas crianças retornaram. Assim que eles deixaram a casa com o pai, Ana-Lucia sentou-se no sofá e começou a chorar.

Fim do Flashforward

Jack se virou em sua cama improvisada mais uma vez em menos de cinco minutos e acabou acordando Kate que dormia ao seu lado. Ela deu um gemido baixinho de reclamação e abriu os olhos devagar.

- Desculpa, amor.- Jack disse. – É que eu não consigo dormir. Fico pensando na morte horrível do Pedro e no quanto estamos vulneráveis aqui nesta ilha.

Kate massageou o ombro dele num gesto de conforto.

- Não sabemos de verdade qual é o verdadeiro propósito da Dharma e o que mais eles pretendem fazer contra a gente...as pessoas me veem como o líder e acreditam que vou mantê-las seguras, mas quando acontece uma morte dessas eu percebo que não tenho como manter as pessoas a salvo!

- Jack, as pessoas entendem que você faz o melhor que pode.- Kate disse com olhar compreensivo. - Se não tivéssemos um líder como você que se preocupa com todos e que cuida de todos, essa comunidade nunca teria funcionado. Você inspira essas pessoas todos os dias, baby. Não duvide disso.

Jack olhou nos profundos olhos verdes de Kate e sorriu. Eles trocaram um beijo e se abraçaram, acomodando-s para voltarem a dormir. Kate fechou os olhos.

- Katie?- ele a chamou.

- Hum?- ela respondeu, sonolenta.

- A Ana-Lucia parecia mesmo muito preocupada com o Sawyer.- ele comentou.

- A Ana-Lucia sempre se preocupa muito com o Sawyer.- disse Kate com um bocejo. – Porque ele vive fazendo bobagens...

- Eu meio que ouvi a Libby dizendo que a Ana poderia estar grávida de novo.- Jack contou.

Kate abriu os olhos na mesma hora e sentou-se na cama.

- É sério isso?- retrucou.

- Eu não tenho certeza.- falou Jack sentando-se na cama também.

- Ai, meu Deus!- exclamou Kate.

- O que houve?- Jack perguntou preocupado.

- Jack...

- O que?

- A Ana-Lucia foi atrás do Sawyer!- Kate contou.

- Como assim?- retrucou Jack. – Você disse que ela tinha ido para casa.

- Ela não queria que eu contasse pra ninguém, mas eu não sabia que ela estava grávida. Jack, desculpa eu ter mentido...

Ele franziu o cenho e se levantou da cama, procurando por suas roupas. Vestia apenas a cueca boxer.

- Jack, o que você vai fazer?- Kate indagou.

- Pra onde ela foi?- ele perguntou.

- Pra floresta.- Kate respondeu. – Não sei ao certo...

Jack se vestiu.

- Jack, aonde é que você vai?

Ele saiu da cabana deles. Kate também se vestiu. Viu que Lily dormia profundamente em seu bercinho e resolveu ir atrás dele. Assim que Jack saiu de sua cabana para tentar descobrir para onde Ana-Lucia fora, ele viu Rose andando na praia, vindo na direção da cabana deles com James chorando desesperado em seu colo.

- Hey, Jack!- ela chamou. – Você sabe aonde está a Ana-Lucia?- Rose perguntou enquanto tentava acalmar James. – Ela deixou o menino comigo e disse que voltava logo mas até agora não voltou. Fui à cabana dela, mas nem ela e nem o Sawyer estavam lá.

Jack passou as mãos pelos cabelos. Kate estava logo atrás deles. Jack voltou-se para ela e disse:

- Parece que vamos precisar organizar um novo grupo de busca.

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Da mesma maneira que o homem de olhos azuis apareceu, ele sumiu; de uma hora para outra. Ana-Lucia sentiu o coração batendo depressa enquanto suor frio porejava-lhe a testa. Viu uma luz iluminando um bando de arbustos e percebeu que encontrara a sua lanterna.

Dessa vez conseguiu levantar-se e foi buscá-la. A estranha dor que lhe acometera tinha passado. Mas Ana ainda não tinha entendido o que acontecera. Resolveu deixar aquilo de lado por enquanto e continuar procurando por Sawyer.

Flashforward

Ana-Lucia chegou à porta do bar, leu o banner na porta que dizia "speed date" e deu meia volta. Libby segurou-a delicadamente pelo braço e disse:

- Ei, Ana, aonde você pensa que vai?

Ela respirou fundo e respondeu:

- Libby, eu te disse que não estava a fim de sair, ainda mais para um speed date.

Libby franziu o cenho e insistiu com ela:

- Ana, você precisa sair mais, relaxar, tirar a cabeça do trabalho. A Teresa está com as crianças e é sábado à noite, vamos nos divertir!

Ana-Lucia balançou a cabeça negativamente.

- Ana, olha só pra você. Está linda com esse vestido vermelho!

- Que você fez eu colocar.- comentou ela.

- Linda e solteira, minha amiga.

- Eu gosto de ser solteira.

- Ai, Ana-Lucia, por favor. Vamos entrar e participar do speed date. Vai ser divertido!

Ana ergueu uma sobrancelha e perguntou:

- O Hugo sabe que você está indo para um speed date?

- Claro que ele sabe.- disse Libby. – Eu não tenho segredos com o meu marido.- ela acrescentou e logo deu um tapa na própria boca. – Desculpa, Ana, eu não quis...eu me referia ao fato de que...

- Não se preocupe.- disse Ana tratando de mudar de assunto.- Vamos logo nesse speed date e eu espero que seja mesmo bem rápido.

As duas entraram no bar e foram se sentar nas mesas que estavam reservadas para o speed date. O apresentador da noite explicou as regras:

- Vai ser cinco minutos por encontro e ao final da rodada as damas podem escolher os cavalheiros com quem gostariam de estender a noite.

- Uhhhhhhhh!- fizeram as pessoas.

- Estender a noite para conversar.- acrescentou o apresentador fazendo as pessoas rirem.

Ana-Lucia pediu uma tequila e tônica para ficar bebericando enquanto conversava com os pretendentes da noite. Depois de conversar com três homens diferentes, ela finalmente relaxou e começou a se divertir. No entanto, a chegada do pretendente número quatro a deixou surpresa e um pouco aturdida.

- Boa noite.- disse o homem sentando-se na cadeira de frente para ela. Ele era alto, loiro e tinha lindos olhos azuis. Quando ele falou seu sotaque soou sulista.

- Mas que diabos você está fazendo aqui, Sawyer?- Ana retrucou.

- Estou participando de um speed date.- respondeu ele. – Eu não sei se você sabia mas eu estou solteiro agora.

- Vai pro inferno!- ela disse, zangada.

- Por que?- rebateu Sawyer. – Foi você quem me deu o pé na bunda, Lucy.

Ana trocou um olhar com Libby que estava sentada na mesa ao lado. Ela também parecia muito surpresa com a presença de Sawyer ali. Ana-Lucia leu os lábios dela que diziam:

- Eu não tenho ideia...

Ela se voltou novamente para Sawyer.

- Sai daqui, Sawyer!

Ele olhou para o pequeno relógio cronômetro em cima da mesa e disse:

- Eu ainda tenho exatamente três minutos e quarenta e cinco segundos com você, baby.

- Por que está aqui?- ela perguntou novamente com a expressão muito séria.

- Porque hoje é o nosso aniversário de casamento.- ele respondeu.

- Não, nosso aniversário de casamento era no dia 30 de abril e hoje é 13 de setembro.- disse ela. – Além disso, não somos mais casados.

- Eu quis dizer nosso aniversário de casamento na ilha.

- Oh!- Ana-Lucia deixou escapar, surpresa com o comentário dele. Já fazia algum tempo que ela não pensava mais nisso.

- Quer tomar um drinque comigo?- Sawyer indagou segurando a mão dela na sua.

- Eu...- ela começou a dizer quando de repente o cronômetro disparou indicando que o tempo deles tinha acabado.

-Fim do Flashforward

Dentro da caverna o ar era ainda mais frio do que do lado de fora. Benjamin Linus foi o primeiro a entrar, seguido por Sawyer e Locke. Sawyer iluminou com sua tocha o interior da caverna e viu vários símbolos antigos parecidos com arte rupestre incrustrados nas paredes de pedra. Ao lado desses símbolos haviam nomes que tinham aparentemente sido escritos com uma pedra escura.

Sawyer leu os nomes e ficou chocado. Os nomes escritos nas paredes pertenciam aos sobreviventes do voo da Oceanic 815. Ele viu o nome Jack Shepard, Kate Austen, John Locke, Claire Littleton, seu próprio nome James Ford, dentre outros. Logo notou que nem todas as pessoas estavam listadas ali, incluindo Ana-Lucia.

- O que é isso?- Sawyer indagou iluminando o rosto de Ben com a tocha.

- Esta é a lista de Jacob.- respondeu Linus.

- Pra que serve essa lista?- perguntou Locke que assim como Sawyer estava vendo a lista pela primeira vez.

- Esta lista contém os nomes das pessoas que sobreviverão nesta ilha.

Sawyer olhou novamente para os nomes nas paredes tentando se assegurar de que ele realmente não vira o nome de Ana-Lucia.

- Então você quer dizer que as pessoas que não estão nesta lista simplesmente vão morrer?- ele perguntou com uma nota de incredulidade na voz.

- Está preocupado com a Ana-Lucia?- retrucou Ben. – Bom, eu tentei salvá-la mas...

Sawyer colocou a tocha no rosto dele quase o queimando quando esbravejou:

- O que você fez foi drogá-la e se aproveitar dela! Pensa que eu esqueci o que você fez doutor Frankstein?

- Fica calmo, James.- pediu Locke. – Não é por isso que estamos aqui.

- E por que estamos aqui então, John?- rebateu Sawyer afastando-se de Linus.

- Você está aqui, James para se vingar do homem que destruiu a sua vida!

Sawyer riu e desafiou Locke:

- Se é verdade mesmo o que você está me dizendo, aonde ele está?

- Por que não procura na porta de número de três, James?- Benjamin respondeu por Locke apontando para uma fenda escondida na caverna que Sawyer ainda não tinha notado.

Ele caminhou com cautela até aquela fenda e iluminou-a com sua tocha. Seus olhos se depararam com um homem idoso todo amarrado e amordaçado em uma cadeira.

- Conheça o verdadeiro Sawyer.- ele ouviu a voz de Ben atrás de si mas não se deu ao trabalho de olhar para Ben. Estava chocado com a presença daquele homem.

Sawyer entrou naquele lugar apertado e escuro, ainda iluminando a face do homem. Ele nem notou quando Ben e Locke deixaram-no sozinho na caverna com seu antagonista.

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O barulho da arma sendo carregada fez Kate sentir um nó na boca do estômago. Jack, Sayid e Desmond estavam se preparando naquele momento para ir atrás de Sawyer e Ana-Lucia. Ainda faltavam algumas horas para o amanhecer do dia e certamente seria melhor que eles partissem quando amanhecesse, no entanto Kate entendia o porquê de eles estarem partindo imediatamente. Algo grave poderia ter acontecido com Sawyer e se Ana-Lucia tinha ido atrás dele alguma coisa poderia acontecer com ela também.

- Tem uma arma pra mim, Jack?- Kate ousou perguntar.

Jack a ignorou, mas Sayid disse:

- Eu tenho uma arma pra você.

Jack finalmente olhou para ela e falou:

- Você não vai Kate!

Desmond trocou um olhar com Sayid. Eles já sabiam no que isso ia dar. Toda vez que eles saíam em uma missão em que Jack estava presente e Kate queria ir, ele a proibia de se juntar ao grupo e ela acabava vindo do mesmo jeito depois de eles brigarem. Porém dessa vez, ela não disse nada, coisa que Jack realmente estranhou. Ele já estava esperando ela gritar com ele dizendo que iria sim.

- Kate?- ele a chamou quando ela simplesmente os deixou na despensa aonde eles se preparavam para partir.

Ela não respondeu, apenas continuou caminhando com as costas voltadas para ele. Jack travou a arma que segurava e a deixou na mesa da despensa antes de ir atrás dela.

- Kate!- Jack chamou. – Kate!

Ela finalmente parou e olhou para ele com uma expressão que lhe pareceu neutra. Não tinha fúria nos olhos como lhe era de costume.

- Katie...- Jack disse carinhoso quando se aproximou dela e tocou-lhe o ombro. – Eu sei que eu não tenho o direito de lhe dizer o que fazer, mas a Lilly, ela precisa de você.

- Ela precisa de você também.- foi tudo o que Kate disse antes de caminhar de volta para a cabana deles, deixando Jack sozinho.

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Ana já não tinha certeza do quanto tinha caminhado, mas sabia que amanheceria em breve. Ela estava exausta mas não ousou parar para descansar, principalmente depois do que tinha lhe acontecido antes. Precisava encontrar Sawyer de qualquer jeito e por alguma razão inexplicável sentia que o encontraria em breve.

Flashforward

- Ana, você tem certeza de que vai ficar bem?- indagou Libby seguando sua bolsa no ombro, preparada para ir embora. Logo depois que o speed date terminou ela ignorou o homem que queria continuar conversando com ela e foi conversar com a amiga.

- Sim, Libby, eu já sou bem grandinha, lembra?- retrucou Ana.

- Mas por que vai tomar um drinque com o James? Você disse que nunca mais queria ter nenhum tipo de conversa pessoal com ele, a não ser sobre as crianças e ainda me pediu para te ajudar a ficar afastada dele...

- Libby, tá tudo bem. Ele só quer tomar um drinque comigo, só isso. Mais tarde eu te ligo, tá bom?

Libby deu um suspirou e abraçou Ana. Sawyer se aproximou naquele momento com seu sorriso cínico e disse:

- Pode deixar que ela vai estar na cama às nove e meia em ponto, Libby.

- Eu sei muito bem que é isso que você quer, James, então vê se te comporta.

Libby deixou o bar e Sawyer convidou Ana-Lucia a sentar-se em uma mesa num dos cantos de frente para uma janela de vidro. O lugar estava cheio porque os casais que se formaram depois do speed date se juntaram para conversar.

Ana puxou uma das cadeiras e sentou-se. Sawyer chamou o garçom e pediu uma cerveja e mais uma tequila e tônica para ela.

- Você quer que eu peça umas batatinhas pra acompanhar a bebida, nachos com salsa talvez?

- Não, obrigada.- ela respondeu. – Eu vou tomar esse drinque com você e vou embora.

- Por que?- ele indagou. – Por que vai tomar esse drinque comigo então se não consegue nem me olhar nos olhos, Ana. Só porque eu te lembrei do nosso aniversário de casamento na ilha?- ele riu levemente, mas seu riso soou amargo. – Você se lembra do que prometemos um ao outro naquela noite?

- Aquela promessa não incluía mentiras.- disse ela. – Por Dios, James, você sabe porque eu te deixei. Se ao menos tivesse me contado naquele noite em que fui te procurar o que você tinha feito...

- Ana-Lucia, naquela noite eu não sabia de nada...

- Mesmo depois que você descobriu tudo, ainda assim não me contou. Como quer que eu confie em você outra vez?

- Já foi ver o Locke?- ele perguntou. – Porque se tem alguém que se deu mal nessa história toda foi ele!

- Eu vou embora.- Ana disse de repente se levantando da mesa. Sawyer se levantou também. O garçom apareceu com as bebidas deles. Eles voltaram a se sentar.

Uma antiga música da banda Duran Duran começou a tocar. Sawyer perguntou a Ana-Lucia ainda nos primeiros acordes:

- Quer dançar?

- Sawyer eu não...

Ele estendeu a mão para ela. Ana olhou fundo nos olhos dele, sentindo o coração acelerar e odiou-se por isso porque ainda o amava. Eles não dançaram na pista de dança. Ficaram abraçados, balançando seus corpos devagar próximos de sua mesa, ouvindo a letra da música e relacionando-a com seus próprios infortúnios.

"Who do you need? Who do you love when you come undone?" (De quem você precisa? Quem você ama quando tudo desmorona?)

A mão dele ousou passear pelas costas dela devagar trazendo-lhe arrepios de cima a baixo pela espinha. Os lábios dele moveram-se pela bochecha direita dela, descendo para o pescoço. Ana-Lucia não o parou. Em sua mente imagens da noite do casamento deles na ilha passaram como flashes. Palavras que foram ditas, carícias que foram trocadas, as juras de amor. E ela se deixou levar pela sedução dele, pelo movimento sensual de seu corpo contra o dela no ritmo da música.

"Words playing me déjà vu like a radio tune I swear I've heard before (As palavras me tocam como um deja vu de uma sintonia de rádio que eu juro já ter ouvido antes) Chills is it something real or the magic I'm feeding off your fingers) Arrepios, será que estou sentindo ou estou me alimentando da mágica criada por seus dedos?)

Sawyer entrelaçou suas mãos nas dela, sentindo-se arrebatado de desejo e saudade da única mulher a quem ele amava de verdade e sussurrou ao ouvido dela a pergunta que não queria calar: - Posso ir pra casa com você hoje?

- Sim.- Ana respondeu sem titubear enquanto sentia borboletas dançando em seu estômago.

Fim do Flashforward

Ana-Lucia parou de repente ao ouvir o som do mar não muito longe quebrando nas pedras. Ela seguiu o som da água e vislumbrou os primeiros raios de sol da manhã penetrando pela copa das árvores. Havia uma praia ali em algum lugar. Caminhou mais um pouco e de repente deparou-se com um homem vestido em roupas pretas surradas, ele estava acima dela no alto de um morro.

Ana o reconheceu de imediato como o homem que vira há algumas horas atrás. O homem de profundos olhos azuis.

- Ei!- ela gritou querendo ir atrás dele, mas antes que ela pudesse subir o pequeno morro para alcançá-lo, a terra ao redor dele começou a desmoronar. Ana se distraiu com isso e quando olhou para o homem de novo ele tinha desaparecido, mas outro homem estava em seu lugar: Sawyer.

Os pés dele se enterravam na areia que desmoranava, mas ele parecia não se importar.

- Sawyer!- Ana gritou tentando alcançá-lo enquanto terra vermelha molhada escorria para os lados, sujando sua bota e calças.

- Sawyer!- ela chamou de novo.

Ele finalmente olhou para ela e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Cowboy!- ela chamou estendendo os braços para ele.

Sawyer se desvencilhou da areia e escorregou até ela. Eles se abraçaram e foi quando Ana-Lucia notou que ele estava coberto de sangue e tremia. Havia sangue até em seus cabelos. Mesmo assim ela continuou abraçando-o.

- Estoy aqui, mi amor... – ela sussurrou. – Aqui!

Quando um pranto convulsivo sacudiu-lhe o corpo todo fazendo-o emitir um som profundo de dor, Ana o abraçou ainda mais e cantou baixinho tentando consolá-lo:

- Quiero hablar de ti, de lo que yo te ame...me dueles tanto...tanto! Que solo soy viento..."

LOST

Continua...