Bom, pra começar, vou me apresentar. Sou uma jogadora do bRO Chaos, e comecei a escrever esse fanfic há mais ou menos um ano. Começou como uma história descompromissada, que escrevia apenas por diversão. Apenas um background para minha personagem. Mas a medida que fui escrevendo, acabei me envolvendo mais e mais com a história. Acabou virando uma "semi-autobiografia", misturando ficção pura com algumas pequenas passagens da vida real. Hoje, com mais de 100 páginas, o fanfic chega a ser mais importante para mim que o próprio jogo.

Espero que gostem da história de Tenko Kitsune, uma mulher orgulhosa e impetuosa, mas ao mesmo tempo extremamente sensível e emotiva. Uma mulher como muitas outras.


O MUNDO VISTO ATRAVÉS DE OLHOS VERMELHOS


CAPÍTULO 1 - O CAVALEIRO E SUA DAMA

Lucius pisou triunfante para fora do centro de treinamento. Seu pai o aguardava do lado de fora. O aprendiz se aproximou de seu progenitor, e este lhe entregou uma lâmina simples, mas afiada e cuidadosamente reforçada com fracon até quase seu limite, poções, armadura, escudo e um gordo e tilintante saco de zeny. Depois disso, o filho despediu-se do pai e correu para a pradaria verde ao sul de Prontera, até sumir de vista.

O jovem Lucius havia se tornado aprendiz havia menos de uma hora, mas já era forte. Seu treinamento já havia começado há muito tempo. Ele era um jovem forte, troncudo e cheio de vitalidade. Seus cabelos escuros e lisos refletiam um tom azulado, e fiapos de barba começavam a despontar no seu queixo. Seu rosto era anguloso, o nariz imponente e a boca fina. Sobrancelhas grossas e negras emolduravam olhos castanho-escuro. Era alto e musculoso, e sorria bravamente enquanto, sem dificuldades, testava em Porings e Fabres as habilidades aprendidas no castelo de sua família.

O pai de Lucius era um nobre cavaleiro de cabelos grisalhos, e sua mãe era uma bela e delicada dama. Seus avós também eram bravos cavaleiros e damas prendadas, assim como seus bisavós, trisavôs e tataravôs. Lucius fora treinado para se tornar um cavaleiro também. Seu treinamento começou no dia em que ele teve força para segurar uma espada. Fora treinado tanto fisicamente quanto moralmente, e havia aprendido a ser rígido, sério e honrado.
Poucos dias depois de sair de casa, o jovem aprendiz se tornou um espadachim. O teste não foi difícil, ele estava preparado. Sua família mandou para ele, via Kafra, uma bela coleção de espadas e escudos. E outro saco gordo de zeny.

Lucius aprendeu a usar a espada de uma mão, a concentrar sua força em um único golpe, a abaixar a defesa do inimigo, a relaxar os músculos para se recuperar mais rápido de ferimentos e a suportar a dor. Até que chegou o dia de se tornar um cavaleiro.
A família inteira esperava Lucius na saída do teste. Quando ele terminou, seu pai o presenteou com um belo e fogoso PecoPeco amarelado, tão cheio de vitalidade e força quanto o próprio Lucius. E assim, o jovem aprendiz se tornou Sir Lucius Renard, o mais jovem herdeiro de uma antiga dinastia. E foi re-integrado à sua família, passando a residir outra vez no castelo.

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A música era boa, e a bebida e comida melhores ainda. O baile estava maravilhoso. Sir Lucius Renard estava sentado à mesa com seus amigos. Eram todos cavaleiros experientes e fortes.

Lucius estava belo em seus trajes de gala. Os cabelos negros refletindo um azul intenso à luz dos lustres de cristal, a barba bem cuidada emoldurando um sorriso viril, a armadura polida e a capa lavada. A bela espada pendendo de sua cintura era mais um enfeite que uma arma, já que o cavaleiro praticamente só usava a lança em batalha. Lucius ria e bebia.

Os bardos começaram a tocar uma música que convidava os nobres cavaleiros à dança. Os bravos começaram quase imediatamente a se levantar de suas mesas e cortejar belas damas em vestidos de festa, que riam e cochichavam entre si cada vez que um cavaleiro estendia a mão a uma delas.

Lucius sondou um pouco o ambiente, até seus olhos se fixarem em uma dama no fundo da sala, sentada ao lado de uma corte de servos. Lucius cutucou seu pai, pedindo informações sobre a bela mulher, sem tirar os olhos dela. Seu pai respondeu que aquela era Lady Irina, e isso era tudo que ele sabia. A nobre dama havia acabado de chegar à cidade.

Era uma mulher peculiar. Seu rosto era delicado e bem-feito, emoldurado por cabelos de um louro muito claro, quase branco. Eram bem-tratados e caiam em cachos ondulados sobre seus ombros. A pele era muito clara, contrastando com o vestido negro. Seus lábios carnudos e vermelhos sorriam delicadamente para Lucius. Mas o maior destaque eram seus olhos.

Eram olhos vermelho-sangue, brilhantes, ferozes. Havia algo sobre-humano naqueles olhos. Eles fixavam diretamente os olhos castanhos do cavaleiro, e o chamavam insistentemente. Lucius prontamente atendeu ao chamado.

Não muito tempo depois, os sinos da catedral de prontera anunciavam o casamento de Sir Lucius Renard com Lady Irina.
A família inteira do cavaleiro compareceu ao casamento. Mas a dama trouxe apenas um séquito de servos.

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O casamento era próspero e o casal era feliz. Os servos de Irina passaram a trabalhar no castelo, e eram mais prestativos que qualquer outro servo. A dama mantinha dois deles especialmente próximos. Um garoto delicado, pálido, de aparência frágil. Seu nome era Reiko, e ele tinha cabelos castanho-dourado muito claros que caiam sobre seu rosto, e olhos azul-celeste. Reiko arrumava e limpava o quarto e as posses pessoais da sua senhora. O outro servo, Byakko, tinha a mesma pele clara e os mesmos olhos azuis de Reiko, mas era forte e musculoso. Seus cabelos eram louros e caiam em um rabo de cavalo sobre suas costas. Byakko cuidava do pequeno jardim de sua senhora, e entregava mensagens. Os dois aceitavam ordens dela, e apenas dela.
Muitos dos nobres do palácio olhavam com desconfiança para Irina e seus dois servos, mas Lucius a amava perdidamente, e era muito feliz ao lado de sua dama. E assim se passaram alguns anos.

O esperado choro de criança finalmente irrompeu no quarto de Lady Irina Renard. O ansioso Lucius entrou no quarto assim que lhe foi permitido. Era uma linda menininha. Sua pele era pouco mais escura que a da mãe, tinha as sobrancelhas expressivas e o rosto anguloso do pai. Seus cabelos, mistura do negro-azulado com o prateado, saíram de um tom prata-azulado, que lembrava a cor do luar. Os olhos eram vermelho-sangue, ferozes, perfurantes, idênticos aos da mãe. Era uma criança bonita e saudável. Seu nome, disse Irina, seria Tenko.