"Porque eu sei como é testar a sorte

Tive meus ombros pressionados com esse peso

Levantei de cabeça erguida, apesar do ódio

A noite fica mais escura um pouco antes do amanhecer

O que não te mata te faz mais forte

E eu estive esperando por tanto tempo

As noites continuam

Esperando por uma luz que nunca chega..."

A Light that Never Comes

Linkin Park com Steve Aoki

Em meados do século XV Paris vivia no auge do feudalismo. O Rei Minato Namikaze era querido por todos e de fato, era um bom monarca.

Havia vários feudos pelas redondezas e um deles era comandado por Fugaku Uchiha, um homem firme e determinado, que era bem visto por todos mesmo com a situação exploradora que os senhores feudais tinham com seus vassalos.

Ele era casado com Mikoto, uma dama do alto escalão e beleza estonteante, porém enganava-se quem pensava que a mulher era perfeita, além de sua pose inabalável, a morena não admitia que os subalternos faltassem com respeito ou não aceitassem seu lugar na sociedade.

Apesar disso, eles tinham uma família feliz e dois filhos. Itachi de dezessete e Sasuke de doze anos, ambos tinham uma semelhança física, a boa educação da mãe e os valores do pai.

Sasuke e o irmão eram fieis confidentes um do outro e sempre saiam para caçar juntos. Voltavam de mais uma de suas caçadas quando:

– Você viu aquele urso? Por pouco ele não nos derruba! –o mais novo exclamava entrando no casarão sede do feudo.

– Sim, ainda bem que eu estava lá para livrar sua pele. –Itachi rebateu provocando-o.

– Ora não seja tolo! Eu teria me livrado daquela situação com ou sem a sua ajuda. Mas mudando de assunto, ao menos essa caçada nos rendeu um bom prêmio. –falou todo orgulhoso exibindo a raposa que haviam pegado.

– Com certeza um belo troféu. –concordou o outro.

– Sasuke, Itachi! O que pensam que estão fazendo com esse cadáver dentro de nossa casa?! –Mikoto apareceu histérica, odiava aquele hábito dos filhos, será que eles não poderiam se comportar como bons cavalheiros e simplesmente jogar xadrez?

Maman esse animal astuto não foi páreo para nossa destreza! –o filho caçula continuava se vangloriando.

– Ah claro... Mas agora apenas se livrem desse animal! –ordenou.

Rindo do nervosismo da mãe, os garotos apenas se retiraram ainda carregando sua caça.

A bela morena então se recuperando foi á sala do marido:

Mon cher me pareces tão nervosa, o que houve afinal? –perguntou carinhoso.

– Seus filhos continuam com aqueles hábitos selvagens.

– Eles são meninos, é normal que gostem de caçar, estão na idade certa para isso. –justificou com naturalidade.

– Ainda assim... Tratemos de outro assunto mon amour, hoje irei aquele abrigo da velha Chyo e trarei uma menina para ajudar na cozinha, a criadagem não tem dado conta.

– Uma menina? Mon cher... Mesmo que a garota não seja a primeira á trabalhar em nossas terras, não acha inadequado para uma criança assim trabalhar tão cedo? –argumentou, não concordava com aquela falta de distinção que havia entre crianças e adultos quando o assunto era mão de obra.

– É melhor que ela aprenda o quanto antes, quanto mais se pratica, mais se atinge a perfeição.

– Faça como quiser... –acabava sempre por ceder às vontades da esposa.

Ela deu um sorriso de vitória, beijou-lhe a testa e saiu para a parte miserável da cidade, em busca da sua nova pequena vassala.

...

No abrigo para órfãos de Chyo a vida não era fácil. Por mais que ali as crianças tivessem um teto para morar, tinham de trabalhar duro caso não quisessem receber as duras punições da velinha, que não admitia forma alguma de desrespeito.

Uma das crianças que mais chamava a atenção ali era uma garota de características nada comuns: Sakura Haruno tinha olhos verdes cristalinos e longos cabelos róseos que corriam soltos por suas costas inteiras.

Ela tinha dez anos e desde que se entendia por gente vivia ali. Chyo dissera que foi deixada em sua porta e que não tinha pista alguma sobre suas origens.

Apesar de tudo, ela era uma criança tranquila. Não tinha amigos ali, também pudera, já que era vista como a anormal por seus traços tão raros.

Sakura e as outras crianças se alinharam numa fila feita por Chyo, isso só podia significar uma coisa: alguém seria adotado.

– Como posso ajudá-la madame? –a senhorinha apressou-se em receber aquela mulher tão distinta.

– Humpf... Estou em busca de uma jovem para os serviços na cozinha, sabe que gosto de escolher os criados eu mesma, para não gerar problemas posteriormente. –começou em sua pose inabalável, tinha expressões como se estivesse com nojo daquele lugar.

– Ah sim, a senhora faz certo. Felizmente aqui poderá encontrar o que deseja, minhas meninas são todas prendadas e habilidosas na cozinha. Fique á vontade para escolher, os meninos podem se retirar!

Eles se curvaram e saíram de lá em seguida, deixando apenas as garotas enquanto Mikoto caminhou até a fila e avaliava á todas de cima á baixo:

– Muito magra. –dizia sobre uma descartando-a. – Muito baixa. Rechonchuda. –e assim continuava seu julgamento até que seus olhos bateram na de cabelos cor de rosa.

A Haruno estava encantada, jamais havia visto em sua vida alguém tão deslumbrante quanto aquela mulher com seu vestido de mais puro cetim vermelho e perfume tão marcante.

– Anormal. –entretanto olhou em volta, notando que aquela era a melhor daquelas meninas miseráveis. – O que tem á me dizer sobre essa de cabelos cor de rosa?

– Sakura é seu nome. Não sabemos nada sobre sua família, chegou aqui ainda bebê, hoje tem dez anos. É discreta e silenciosa, além de muito competente em executar suas tarefas sem dar nenhum pio.

– Comportada e competente... É ela, podemos acertar as contas. –decidiu com frieza.

"Não estrague a reputação das minhas crianças, seja educada e não faça eu me arrepender de ter acolhido você!" –foram as palavras de Chyo quando se viram sozinhas antes que ela partisse.

Depois de pagar pela garota o que para ela era uma pequena quantia, pôde deixar o local sendo seguida á certa distância pela garota que continuava calada, apenas admirando a mulher.

Subiram na carruagem ainda sem trocar nem uma palavra sequer, a morena parecia nem notar sua presença ali.

Atravessaram todo o feudo, a maioria das pessoas que vivia ali era como ela, nada mais que vassalos.

Pararam diante do casarão e mais uma vez a pequena se viu em contato com um mundo totalmente diferente do que ela tinha até então. Era maior do que qualquer construção que tinha visto pelas poucas vezes que andara pela cidade.

Continuou seguindo a mulher até a cozinha e só então, ela virou-se para si:

– Há um quartinho nos fundos, as outras irão te instruir melhor. –então desapareceu para o interior da casa.

E assim foi, as outras lhe ajudaram e lhe explicaram o que ela deveria fazer. Basicamente lavar pratos e preparar os condimentos para que quando as receitas fossem ser preparadas, tudo estivesse em ordem.

Já estava anoitecendo e já havia feito suas tarefas quando resolveu sair do casarão e conhecer um pouco mais do lugar em si. Não teve medo de entrar por entre as árvores, tinha esse costume, pois era em meio á natureza que se sentia bem. A vida que existia ali não a reprimia como as demais.

Parou por trás de um arbusto ao escutar vozes:

– Temos que planejar as caçadas de amanhã. –era um garoto de cabelos negros bagunçados que falava.

– Não vai dar Sasuke, prometi acompanhar papa até a cidade. –o de cabelos cumpridos respondeu, não parecia nada animado com o compromisso assumido com o pai.

Foi aí que, sem querer Sakura se atrapalhou e tombou sobre o arbusto ao o qual estava abaixada.

– Quem profana nosso esconderijo?! –o garoto de antes exclamou segurando seu arco e flecha.

Seu irmão mais velho fez sinal para que ficasse quieto e juntos caminharam até o arbusto. Quando o mais velho abriu espaço por entre seus ramos e folhas, se surpreenderam ao ver uma garota caída ali:

– Uma garota descobriu nosso esconderijo?! –Sasuke exclamou incrédulo.

– Ei você está bem? –Itachi perguntou preocupado.

– M-Me desculpem... –a rosada ergueu-se rapidamente e saiu correndo pelo mesmo caminho de onde tinha vindo, deixando os dois garotos confusos para trás.

...