Crônicas de um Chapeleiro Maluco.
Não tinha lá muito que desenrolar a respeito de um Chapeleiro Maluco.
Era chapeleiro. E era maluco.
Notava-se estas características em um primeiro intento, apesar de nem sempre ter sido um chapeleiro – e, certamente, nem sempre fora maluco.
Sabia fazer adivinhas e nem sempre era cortês ao oferecer chá (era chapeleiro).
De bem relacionava-se com o tempo e do tempo se fazia escravizar (era maluco).
Não se sentava sempre no mesmo assento e não desfrutava do mesmo sabor de chá (era chapeleiro).
Em teus problemas jamais perdia-se, pois para solve-los apenas manteiga precisaria usar (era maluco).
Naquele recital cantara, apenas por que lhe fora suposto cantar (era chapeleiro).
Não desafinara, embora fosse injustamente acusado de o tempo matar (era maluco).
As mãos remanesceriam trêmulas, na medida que as notas lhe viessem perturbar (era chapeleiro).
Suas relações de respeito estariam então próximas de acabar (era maluco).
Desde aquele dia, então (era chapeleiro)
Perder-se-ia de vez (era maluco)
Entre outono, inverno e verão (era chapeleiro)
Março, abril... Qual era o mês? (era maluco)
Porém de algo estaria certo (era chapeleiro)
Seria sempre hora do chá (era maluco)
Aos pores-do-sol desertos (era chapeleiro)
Compromissado seria a sempre desfrutar (era maluco)
