Cap. I - Ganhei
EU GANHEI, EU GANHEI! – A menina pulava, girando, batendo palmas, fazendo sua mãe desconfiar da sua sanidade mental.
Ganhei a promoção.
Quanto?
Quanto o que? Não ganhei dinheiro. Dinheiro não é tudo neste mundo, mãe.
Não gosto dessa filosofia de pobre.
Chega hoje à noite.
Na manhã seguinte:
Acorda Silva Maria. Ô Silva Maria. Acorda Silva Maria.
Quinze minutos depois, Silvia aparece na cozinha pronta para mais um dia de trabalho:
Bom dia mãe!
Não vai acordar o moço?
Ele ta dormindo ainda? Assim nós vamos ficar atrasados.
As duas param na entrada da sala:
Olha, mãe! Não é um bebê?
Draco Malfoy (em pessoa?) dormia no sofá com um braço pendurado, a boca aberta, assobiando sonora e assustadoramente. – Róóóóóóccccccccc
É. Parece um gatinho ronronando.
Dracooooo.... Malfoyyyyyyyyy.... Acorda loiro...
Tanta promoção boa pra ganhar e você ganha uma porcaria dessas. Passar um dia com esse aí...tsc, tsc... Não podia ganhar uma casa? Um carro, ou uma casa com um carro, um ano de compras...
Enquanto sua mãe divagava sobres seus sonhos de consumo, Silvia estava debruçada sobre Draco sacolejando o menino como se estivesse esfregando roupa no tanque. O som de sua voz se elevava cada vez mais. Em poucos minutos a garota gritava:
Acooooorda. Eh, tranca! Levanta seu preguiçoso.
Draco lentamente abriu os olhos e levantou.
Cabelos em tumulto, olhos cheios de remela, a cara amassada e, o toque final, um fio de baba seca no canto da boca.
Silvia não pode deixar de pensar que "NINGUÉM"é bonito quando acorda, nem mesmo um personagem de ficção.
Não querendo te apressar, mas já te apressando: Você tem dez minutos para melhor o visual e cuidar desse bafo.
Draco lançou um olhar ameaçador para Silvia e se arrastou até o banheiro. Dez minutos depois lá estava ele: lindo, cheiroso, cabelos empastados e dentes escovados.
Agora sim. Bom dia! Dormiu bem?
Bem? Quem pode dormir num inferno desse? Sofá horrível. Isso lá é jeito de receber um Malfoy? Um bêbado fez um discurso contra um tal de Lula bem debaixo da janela. Um carro quebrou aqui na frente. Um casal decidiu brigar as duas da manhã. E uma gralha... UMA GRALHA... gritou a noite toda. Que fim de mundo é esse que você mora?
Você acertou. É o fim do mundo mesmo. Na curva do Estige. Agora vamos. Estamos atrasados para pegar o ônibus.
Ônibus? A gente pode aparatar...
Tá doido? Você não pode usar magia aqui, esqueceu? E nem tem idade pra isso ainda. Tchau, mãe!
Tchau, juízo!
Juízo eu tenho!
Tem nada. – A mãe ficou olhando de maneira reprovadora para os dois que saíram correndo. – Podia ter ganhado uma viagem, mas isso?
Corre Draco. Ta vindo um ônibus! – Silvia, agarrada no braço do loiro no melhor estilo"sua mãe sabe que você está aqui? " , arrastava Draco.- Entra!
