Título: Cosmopolitan, Metropolitan, Sex on the Beach

Autora: SweetPepper

Spoilers: xxxHolic capítulo 185 (pelo menos) do mangá.

Sumário: Watanuki estava aprendendo a beber.

Disclaimer: xxxHolic não me pertence. Eu não teria estragado o mangá.

N.A.: Essa fic é um presente pra Gi, porque eu queria escrever alguma coisa curta e ela pediu Dounuts. Escrevi por ela, estou publicando por ela. E muito obrigada pela ajuda também, querida. Obrigada Bruna, também, pela primeira leitura e pelas muitas críticas.
Aqui eu parto do pressuposto que a "mudança instantânea" do Watanuki depois da morte da Yuuko não é infalível e perfeita.

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Cosmopolitan, Metropolitan, Sex on the Beach

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– Acho que estou bêbado – Watanuki disse em meio àquele sorriso irritante e pretensamente misterioso, deitado esparramado na varanda da loja, olhos grudados no céu estrelado. Fazia pouco que Yuuko tinha ido embora, e, para Doumeki, ele em quase tudo ainda era o menino que não sabia beber.

Doumeki não respondeu. Nunca respondia coisas óbvias.

– Você não é naaaaada divertido, Dou-me-ki.

Alguns dias depois, Watanuki dançava com Mokona, girando e girando e girando sob alguma música imaginária. Doumeki observava os pés descalços, completamente inexperientes em dançar, repetirem com precisão os mesmos movimentos de girar e girar e girar. À volta de Watanuki rodavam os muitos panos do quimono vermelho, e Doumeki pensou se o garoto chegaria a ponto de pintar as unhas de vermelho também, como Yuuko fazia. Cinza, rosa, azul. Vermelho, vermelho, vermelho.

– Tenho que tomar cuidado quando estou bêbado assim. Pra não falar demais. – Watanuki estava sentado, usando o quimono preto e balançando na mão o copo de saquê. Corou repentinamente – Não que eu tenha algo vergonhoso a dizer. Mas é que... você... é um idiota.

Doumeki achava que gostava do Watanuki um pouco bêbado. Lembrava um pouco o Watanuki de antigamente, que era um imbecil irritante, mas era por quem Doumeki tinha se apaixonado. Não que este Watanuki não fosse imbecil, não que não fosse irritante, não que Doumeki não fosse apaixonado por ele.

Doumeki olhava para o próprio drinque, se perguntando que espécie de benção-maldição era essa que não o deixava se embriagar também. Não que precisasse dizer alguma coisa, mas às vezes queria.

Na última vez que Watanuki bebeu sem o comedimento do futuro próximo, novamente girava em torno do próprio eixo, como que enfeitiçado, acompanhado pela música que saía de um estranho gramofone. Jogou a cabeça pra trás, e caiu para trás em seguida. Poderia ter sido em cima de Doumeki, mas não foi, foi bem ao lado. Doumeki o olhou nos olhos e por um segundo viu a si mesmo, sentado, os olhos um pouco tristes, os lábios um pouco úmidos, os primeiros botões da camisa abertos. Watanuki segurou seu pulso e desviou os olhos, fazendo a visão de Doumeki voltar ao normal, a ver o que agora infelizmente era o normal.

– Você sabe, não sabe? – Watanuki perguntou, voz embriagada e ansiosa, olhos fixos no jardim à frente deles. – Que mesmo com tudo isso... Se você souber vai ser ruim. Vai ser horrível... eu vou querer enterrar minha cabeça na terra. – bocejou e virou de lado, de frente pro jardim e de costas para Doumeki – Mas eu preferia que soubesse.

Ficaram em silêncio, e Watanuki caiu no sono minutos depois. Doumeki o levou no colo para a cama, e dormiu ao seu lado, totalmente vestido.

Jamais respondeu; jamais respondia coisas óbvias.