Retratação: se eu possuísse Naruto o anime/mangá não se chamaria Naruto, mas sim Neji, logo, conclui-se que Naruto não me pertence. Oh, vida cruel...
Par principal: Neji x Hinata.
Avisos: angst, drama, algum fluffy também, incesto, violência para alguns capítulos, insinuação de yaoi e... Bem, veremos (qualquer coisa a mais eu coloco uma notinha antes). Ah, spoilers sobre o clã Hyuuga e, a parte do manga depois de Kakashi gaiden será ignorada (de certa forma).
Tudo certo? Então vamos a fic...
1ª revisão feita: julho de 2005.
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Vaga-lume
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Prólogo
Margaridas e Girassóis.
A missão havia fracassado. E a vida dele estava por um fio.
Hinata confiava nos nin-médicos. Ou ao menos tentava. Uma insegurança infecciosa a consumia ainda mais intensamente que de costume.
Estava a ponto de chorar. E, dessa forma, inconscientemente mordia os lábios trêmulos e vergava as finas sobrancelhas. Angustia. Preocupação. Medo. Era um caldeirão de emoções que se torciam com suas entranhas e lhe causavam um bolo no estômago.
Seus dedos gélidos e molhados de suor jogavam o tempo todo um com o outro em aflição gritante. Fazer nada não estava ajudando. E isso poderia até ser um pensamento egoísta, no entanto, enlouqueceria se ele não saísse da sétima sala de terapia intensiva, pois, enquanto estivesse ali, significaria que ainda corria risco de morte.
Aspire. Espire. Aspire. Espire.
Ela não seria fraca. Não novamente. Ele definitivamente não precisava disso.
Não mais estúpida.
Não mais mimada.
Não mais uma sombra.
Aspire. Espire. Aspire. Espire.
Havia tanto a ser dito e vivido, ele não podia morrer. Era jovem, um gênio, e um gênio não morre tão facilmente...
Não.
Não fora fácil, limites foram superados. A missão era de alto risco, e estava claro que o adversário fora poderoso.
Nejiera mesmo incrível. Forte.
Não chore, Hinata. Não chore. Ele não quer suas lágrimas.
Tão poucas vezes ela chorou, e dessa vez não seria diferente, por mais que seus olhos brilhassem como uma gema leitosa, ela não choraria. Tantos anos segurando lágrimas... Havia motivos. Humilhação. Exclusão. Angustia. Angustia... Pensar que ninguém lhe dava valor, que a achavam fraca e tola. Sem falar na falta de amor-próprio. Disseram-lhe palavras duras tantas vezes que acabou sendo convencida pela falsa verdade. Ela teve piedade de si mesma. Isto era uma fraqueza. Era o seu maior ponto fraco acreditar no que as pessoas falavam. Sentimentos cumulativos que só foram levemente amparados pelo brilho de uma criança especial. Naruto.
Com sua alegria e vontade imbatível, ele a ensinou converter os maus sentimentos em forças para enfrentar seus medos. Pouco a pouco ela aprendia a se sustentar sozinha. Pouco a pouco.
Só agora ela entendia por que Neji fora tão desumano. Ela sabia que ele jamais admitiria, nem para ele mesmo, que havia tentado ajuda-la quando lhe falou com escárnio e a machucou cruelmente. Ele errou, ou precipitou-se, pensando que Hinata seria capaz de transformar tudo em energia para crescer. Ela não estava preparada, ela ainda aprendia observando Naruto.
Que ironia. Durante tanto tempo ela achou que Neji a odiasse. Mas ele acreditou nela.
Talvez ele tivesse sido o único em anos que acreditara nela...
Assim...
Depois de repetir ainda inúmeras vezes seu mantra, ela finalmente se convenceu. Convenceu-se de que ele ficaria bem, e de que os médicos de Konoha eram os melhores. E ele também.
Com certeza.
Dessa forma, um sincero sorriso pequeno apareceu na face abatida. Seu coração se acalmou.
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-Tsunade-sama! – uma jovem mulher de cabelo curto e escuro saiu da sala de UTI como um furacão, num estrondo brusco. Hinata pulou no estofado do corredor de espera, o coração frágil aos pulos. – Tsunade-sama! – a jovem continuou seu caminho aos gritos, talvez se esquecendo que estava num hospital.
-Ah... Shizune-san...! – chamou fracamente Hinata. – P-por favor, como Neji-nii-san está? – indagou a menina correndo junto aos calcanhares da mulher.
-Ahn...? – Shizune voltou-se para Hinata. – Oh, você é Hyuuga Hinata, não? Não se preocupe, seu nii-san está fora de perigo. – começou a informar a médica. Hinata encheu os pumões de ar e lá o segurou. - Ele será levado a um quarto e logo poderá receber visitas. – terminou, e em seguida refez seu caminho até Tsunade.
Hinata finalmente soltou a respiração, aliviada. Seus ombros pequenos caíram em sinal de cansaço enquanto via a silhueta de Shizune sumir num corredor qualquer. Correu os olhos ao redor do ambiente e só viu um vazio amargo. Ninguém viera ver como Neji estava?
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Durante quase duas semanas o Hyuuga esteve em um coma induzido. O tecido perdido foi restabelecido com a técnica de substituição celular, porém, seu chakra precisava ser recuperado e o corpo em descanso ajudaria no processo.
Ele tinha febre. A cura forçada exigiu muito do debilitado garoto, mas ele era um shinobi de Konoha, e mesmo inconsciente, lutava para viver.
Logo ele estaria pronto para outra.
-Né Hyuuga, parece que você tem visita. – murmurou a loira, curvando os lábios pintados em um sorriso sem dentes. Mal falara e a porta corrediça se abriu. Pés invertidos pisaram no terreno em passos hesitantes, tímidos. Era Hinata.
A menina, assustada com a presença da mulher, contraiu-se em preocupação, mordendo fortemente o lábio inferior.
-Godaime Hokage-sama... – grunhiu quase inaudível sem olhar para Tsudade, ao invés, olhou para Neji, que parecia sofrer mesmo dormindo, a expressão comprimida e a pele descorada e brilhante. Sua apreensão aumentou. Acontecera algo?
-Está tudo bem. Apenas exame de rotina. – tranqüilizou a Hokage.
-Mesmo? Ele parece estar sofrendo... – disse mais calma.
-E está. – Hinata arregalou os olhos, os orbes brancos em evidência. – Mas está tudo bem. – repetiu. – Cuide bem dele, sim?
Hinata ruborizou, mas concordou com um leve aceno. Antes de sair, a mulher mais velha acrescentou com um sorriso,ainda que estivesse de costas para a menina:
-Então é você que não deixa as flores murcharem...
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Margaridas e girassóis. Essas eram as flores que Hinata trazia nos braços. Elas combinavam com Neji. A luminosidade e alegria que tais plantas ostentavam era um contraste agradável à reclusão forçada a que ele constantemente se submetia. Pareciam suavizar a tristeza latente, a sobriedade e o escárnio. Isso era bom.
Todos os dias Hinata levava novas flores, não apenas para Neji, para Kiba também. Naruto era outra história. Por pura falta de coragem, foi visitá-lo apenas uma vez, enquanto dormia. Era embaraçoso demais... Saber que ele estava bem era o suficiente. E havia Sakura, a companheira de time de Naruto. Certamente ela tomaria a função de cuidar do menino loiro e, uma vez que não havia um perturbado Uchiha Sasuke, eles, Naruto e Sakura, estariam mais unidos que nunca...
De qualquer forma, suas idas ao hospital da vila eram quase que exclusivamente para visitar seu primo. O primeiro ato ao chegar no quarto 207 era trocar as flores e a água do vaso. Em seguida ia até a janela e a abria, deixando o vento suave de primavera balançar as cortinas brancas – era bom não deixar o quarto mofar. O próximo passo era sentar-se junto à cabeceira da cama alta e observar as ínfimas mudanças de expressão de Neji. Ali, ela lhe falava sobre Konoha, e como aos poucos a rotina retornava na vida das pessoas. Falava-lhe sobre suas parvas missões de genin, e por que Gai-sensei e Tenten não podiam vir vê-lo. Falava-lhe também sobre o tempo ensolarado que fazia lindas plantas florescerem... E desabafava suas preocupações e alegrias. Ao fim, apenas num sussurro débil, dizia-lhe como esperava ansiosamente que ele acordasse e assim pudesse ouvir, de olhos abertos e atentos, ela murmurar: Okaeri, Neji-nii-san.
Todos os dias ela repetia o mesmo ritual.
E esperava.
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continua...
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N/A: este é apenas o prólogo. Em breve continuará (agora que entrarei de férias vou ter algum tempo a mais). Bem, gostaria de saber sua opinião. Devo mesmo continuar?
Obrigada pela atenção.
Raku
junho de 2005
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