Mestre dos Ladrões

História U.A. inspirada nos personagens de Saint Seiya.

Disclaimer: Saint Seiya e todos os seus personagens pertencem a Masami Kurumada. Este texto não possui qualquer caráter comercial

Capítulo 1 – Primeiro Encontro

Prezado Coordenador do Departamento de Investigações de Fraudes Eletrônicas:

Venho acompanhando seu trabalho com profunda admiração há algum tempo. Infelizmente, porém, nos últimos tempos, seu trabalho começou a atrapalhar o meu.

Gostaria de esclarecer, desde já, que eu não tenho nada, absolutamente, contra a sua distinta pessoa. Mas a linha de suas investigações tem sido extremamente invasiva e acabou por, realmente, causar-me transtornos. São várias as oportunidades perdidas. Vários os planos que precisaram de adaptações.

Assim sendo, tomarei a liberdade de abusar de sua hospitalidade nesta noite, para tratarmos deste assunto que é do meu máximo interesse.

Gostaria, no entanto, de desculpar-me antecipadamente por qualquer transtorno causado.

Atenciosamente,

MdL

Saga olhava aquele e. mail estranho. O remetente vinha de um tal de Mestre dos Ladrões... Esquisito! Ele sempre recebia ameaças. Nesta manhã mesmo vieram várias, mas elas nunca eram educadas ou agendavam encontros. Elas meramente avisavam que ele iria morrer. E ele nem dava bola! Se ele fosse se preocupar com isso, ele jamais conseguiria continuar com seu trabalho. Mas o tom respeitoso realmente chamara um pouco sua atenção. E, como já fizera várias vezes naquela manhã, ele a encaminhou ao técnico do setor para tentar localizar o endereço IP. Não daria em nada, como sempre. Mas a abrupta entrada de Shaka em sua sala afastou completamente qualquer pensamento dirigido àquele e. mail.

- Saga, eles atacaram de novo.

- Quem, agora, Shaka?

- Uma socialite, desta vez. O nome dela é – Shaka consultou uma folha de papel – Saori Kido.

- Chama toda a equipe aqui, Shaka. E traz todos os detalhes do caso.

- Ok.

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Shaka saíra da reunião com uma tremenda dor de cabeça. Ninguém parecia ter uma resposta. Ninguém pensava em qualquer tipo de solução. Cacete! Sempre havia uma falha. Sempre. Fosse humana ou técnica. Também essa quadrilha tinha uma falha. Ele precisava se concentrar e encontrar.

Shaka nunca, em sua vida, tivera dificuldades para se concentrar em algo ou em encontrar falhas nos raciocínios ou procedimentos dos outros. Por esse motivo, ele e Saga trabalhavam tão bem juntos e eram tão amigos. Em verdade, Saga era seu superior, mas na prática eles se completavam tão bem que entre eles não existia qualquer resquício de hierarquia. Mas, aquele caso estava conseguindo o impossível: tirar-lhe a concentração e a disciplina. Eram vários os fatores: 1. a aparente ausência de falhas; 2. a falta de ligação entre as vítimas; 3. a inovação dos métodos; 4. o novo funcionário da área técnica que fora alocado ao departamento especialmente para a solução deste caso.

Ele era irritante para os padrões "shakianos". Avoado. Nunca analisava nada. Mas sua superioridade técnica impressionara até mesmo Shaka. E sua voz suave nunca, nunca mesmo se alterava. E todos pareciam gostar dele. Mas Shaka, que tinha problemas sérios de desconfiança, sentia que algo estava errado. Algo estava muito errado. E ele sempre se pegava vigiando-o. Mú era seu nome. Mú! Onde já se viu um nome assim? Tibetano! Oras, há quanto tempo o Tibete passara ao domínio chinês? Tudo era muito estranho. Ele era estranho. Seu sotaque era estranho. E ele conseguira abalar a concentração de Shaka, que sempre se via pensando nele e no que, afinal, estaria errado.

Bom, mas ele tinha que se concentrar. E Shaka começou a repassar o caso. A quadrilha (devia ser uma quadrilha, afinal!) até agora atacara somente mulheres ricas. Sistematicamente roubavam seus dados e senhas bancárias e as aliviavam de todos os fundos que pudessem ter. Os meios tradicionais de rastreamento de fraudes eletrônicas não funcionavam. Fora justamente por isso que Mú fora alocado para seu departamento. Para investigar esta quadrilha. Mas nada parecia funcionar. Também ele parecia embasbacado com o caso. Sem spywares, sniffers, ou cavalos de tróia. Sem clonagem de sites. Que saco! Como eles faziam aquilo? E entre as vítimas não havia nenhum dado em comum, além do fato de serem mulheres e ricas. A tal ponto que aquele caso fora determinado como sendo a prioridade de sua equipe e do departamento.

O golpe era sempre o mesmo. Todo o dinheiro transferido. E os dados gravados no sistema estavam errados. E, a despeito disso, a instituição não parecia saber localizar para onde fora o dinheiro. Já era a quarta instituição diferente em que isso acontecia. Não, não parecia haver envolvimento interno. E a pentelha da vez, a tal Saori Kido, parecia estar histérica. Pelos deuses! Tinha que haver uma falha no golpe! Sempre havia! Ele iria encontrá-la. E recomendou à equipe que fizesse, mais uma vez, as verificações de sempre e que colocassem as conclusões em um relatório para si. Ele iria encontrar alguma analogia. Shaka sabia disso. Ele sentia isso. E, então, mais uma vez ele se viu pensando em Mú. Raios! Ele tinha que dar um jeito de parar com aquilo!

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Depois de outro dia tremendamente infrutífero, Saga voltou para casa. A casa que ele dividia com seu irmão gêmeo, Kanon e com seu irmão mais novo, Milo. Uma vez que os três estavam bem colocados, eles conseguiram alugar uma excelente casa. Kanon era sócio de uma boite da moda. A Gemini. A vida dele, coitado, era um verdadeiro inferno. Chegava em casa ao amanhecer todos os dias. E mal dormia já tinha que sair correndo atrás de mantimentos para a próxima noitada. Até poderia parecer divertido, mas Saga sabia o quanto Kanon estava se esforçando. Já Milo era repórter, mas devido a sua boa aparência e simpatia, ele trabalhava em um canal de TV a cabo e ainda escrevia para uma revista sobre as melhores baladas da cidade. Claro que Milo sempre que podia dava uma mão para a boite de Kanon. Afinal, ele quase que morava lá. E, assim, também Milo sempre chegava de madrugada e nunca acordava antes do meio-dia. Os dois viviam insistindo para ele ir à boite. E nesta noite não fora diferente. Mas havia um só problema... o sócio de Kanon... Aioros... Não! Saga não se envolveria mais com Aioros em sua vida. E, assim, ele evitava o máximo possível ir à Gemini. E nesta noite não fora diferente. Ele realmente preferia ficar em paz em casa, sem os eternos tumultos causados por Kanon e por Milo. Eles sempre discutiam, afinal. Solidão! Era exatamente do que ele precisava.

E Saga abriu a porta e tentou acender a luz. Nada! Estranho! Ele não notara que a rua estava sem luz. Será que o Milo esquecera de pagar a conta de luz? Ele já não mandara deixar em débito automático? E Saga fechou a porta quando sentiu o cano frio de uma arma em sua cabeça. E ouviu uma voz suave e exótica em seu ouvido avisando-o para colocar as duas mãos para trás. Céus! Ele era um policial! Como fora pego tão facilmente? Como? Devia ser o cansaço das últimas semanas. Mas isso não iria ficar assim.

Saga tentou se virar, mas foi brutalmente atingido na altura dos rins. Aquilo doía! E Saga caiu por sobre os joelhos, sem fôlego. Mas ele se recuperou rapidamente e tentou pular em cima do homem que estava ao seu lado. Foi quando ele recebeu uma coronhada na têmpora. Saga ficou verdadeiramente zonzo e nauseado. Sua cabeça parecia que ia rachar. Ele, então, foi algemado, vendado, revistado, arrastado escada acima e conduzido ao seu quarto, ao que parecia. Lá, ele foi algemado à cabeceira de sua cama. Foi tudo tão rápido! E o homem era muito forte. Ele praticamente o carregara escada acima com grande facilidade! Foi, então, que ele novamente ouviu aquela voz:

- Por que você fez isso, Saga? Eu não queria te machucar. Só quero conversar com você! Eu até te mandei um bilhete. Você não recebeu?

Sim, a mesma voz com o sotaque estranho. E soava verdadeiramente arrependida e preocupada. Então, o seu hóspede se afastou com passos rápidos em direção à cozinha, com a segurança de quem conhecia exatamente a sua casa. E o seu visitante trouxe-lhe água e ajudou-o a beber, segurando sua cabeça com gentileza. Saga sentiu-se envolvido pelo cheiro do perfume que ele usava. Diferente e exótico. Como sua própria voz. E Saga sentiu o cabelo do intruso roçar em seu rosto. Macio...Quem seria ele? Saga sentiu um certo vazio quando o intruso se afastou e soltou sua cabeça. Claro! Ela doía. Claro que era por causa da dor de cabeça que ele estava assim...

- Você está melhor, Saga?

Saga queria gritar que é claro que não! Pego em sua própria casa! Mas ele não podia dar o braço a torcer. Não podia demonstrar medo ou descontrole. Normalmente eram esses sentimentos que ocasionavam os ... acidentes em sua profissão. E nunca, nunca mesmo, um ladrão tratara-o com tamanha gentileza. Aquilo o pegara totalmente desprevenido. E Saga acabou por concordar com a cabeça. E soltou um gemido. Ele não devia ter mexido a cabeça. Saco! Quase que imediatamente o invasor tocou-lhe a têmpora machucada com cuidado. De certa forma, aquele gesto diminuiu o seu desconforto.

- Dói muito, Saga? – cacete! Doía como os diabos!, pensou Saga tentando controlar aquilo.

- Não... já estou melhor.

- Que ótimo, Saga! Eu não me perdoaria se te machucasse. E eu preciso realmente discutir um assunto com você.

Sotaque estranho, aquele. Indecifrável. De onde seria? Melhor mantê-lo falando. Criminosos sempre gostavam de falar e se gabar de seus feitos. Isso nunca falhava.

- Que assunto? – falou Saga cauteloso.

- As suas investigações, Saga! Elas andam me perturbando.

- De qual caso? – mas Saga tinha uma boa idéia.

- Ah! O das mulheres que têm as contas bancárias hackeadas! – ahá! um tom de orgulho!, notou Saga.

- E você veio pedir para que eu pare de investigar, certo? – era cômico, realmente!, Saga pensou.

- Não, Saga! Vim exigir que suas investigações tomem outro rumo! – pela primeira vez a voz soara dura e deixara de ser gentil. Era claramente um tom de ameaça. E Saga controlou-se para não demonstrar qualquer tipo de reação.

- Eu não posso parar. Você deve saber! E se você me matar, alguém vai continuar o meu trabalho de onde eu parei.

- Eu sei! – a ameaça continuava lá.

- Então o que você veio fazer aqui?

- Eu vim te avisar que um de seus irmãos vai sumir hoje. Ele será meu hóspede por... tempo indeterminado. Nada de mal vai acontecer com ele, desde que você siga as minhas instruções.

Saga estremeceu visivelmente. Ele não conseguiu se controlar. Afinal, ele estava apavorado. Ele nunca pensara que o seu trabalho pudesse atingir seus irmãos.

- ... Instruções?

- Sim. Você vai recebê-las, fica tranqüilo. E se você se afastar delas, eu vou saber.

- Não! Faz o que quiser comigo, mas deixa os meus irmãos fora disso. Por favor!

Saga praticamente implorava ao desconhecido. Ele se odiava por isso, mas seus irmãos eram tudo para si. Eles não tinham mais ninguém além deles próprios. Ok, eles viviam discutindo, mas eles eram de origem grega, afinal. Era o jeito que eles tinham de mostrar que se importavam.

- Não é possível, Saga. Infelizmente! Eu não queria que fosse assim – ele quase parecia se lamentar – Mas não dá! Você mesmo falou. Se algo te acontecer, você vai ser substituído. Assim, eu preciso de você no caso. Por favor, me desculpa!

- DESCULPAR VOCÊ?! – sim, ele perdera o controle, afinal.

- Não há razão para gritar, Saga... Vai dar tudo certo. É só você me obedecer! Eu te juro que vamos tratar bem do... seu irmão. – a voz era suave e envolvente - E quando eu cumprir meu objetivo, eu solto o seu irmão. Eu te juro que ele vai ficar bem.

- ...

Saga não sabia o que falar. Ele quase conseguia acreditar naquela voz. Quase! Mas não dava! Ele era um bandido e podia muito bem ser violento pelo que se sabia do perfil criminológico dos hackers. Ele mesmo apanhara, afinal. O desespero de Saga era visível. Sua respiração estava pesada. Seus irmãos! Não! Ele choraria se não estivesse vendado e à mercê do maldito bandido. Aparentemente o seu visitante sentiu pena e agradou seus cabelos, docemente. Por incrível que pudesse parecer, aquele gesto simples ajudou Saga a se controlar. Raios! Ele realmente devia estar em péssimo estado para ser consolado pelo maldito que o ameaçava. Mas, como que sentindo que podia ajudar, o visitante continuou:

- Desculpa, Saga. Eu realmente não queria te preocupar. Mas nós estamos num momento importante. E sua interferência tem sido extremamente irritante. Vou deixar a chave das algemas junto com o seu revólver e seu celular, em cima da mesa da sala, ok? Confia em mim!

- CONFIAR EM VOCÊ? Você entra aqui, me agride, diz que vai seqüestrar um de meus irmãos e ainda pede para que eu confie em você? – finalmente a voz voltara! Finalmente!, pensou Saga aliviado dentro do seu desespero.

- É... eu sei que é difícil! Mas tenta, Saga. Por favor! Eu te juro que você pode confiar em mim. Nada de mal vai acontecer com seu irmão. Eu juro. – a voz parecia arrependida, pensou Saga surpreso.

- Por favor! Deixa meus irmãos fora disso. Eu faço o que você quiser. Qualquer coisa!

- Ah, Saga! Não dá! De verdade. Tem muita coisa em jogo.

- Por favor – ele implorava? Se humilhava na frente de um bandido?, pensou Saga transtornado com ele mesmo.

- Me desculpa, Saga! – E o intruso agradou o rosto de Saga suavemente, como se relutasse em deixá-lo.

- Se alguma coisa acontecer com eles, juro que eu te mato. Seu maldito! – a mão se afastou, como se tivesse se ressentido do que Saga falara.

- Me chama de Mestre, Saga. Eu não gosto de maldito.

Saga, então, ouviu um barulho de algo se desgrudando e, antes que pudesse falar algo, um grande pedaço de fita isolante foi colocado sobre sua boca, impedindo-o de falar. Ótimo! Amordaçado, vendado e algemado! Que bom policial é você, Saga, pensou em desespero. E o intruso pegou uma mecha de seus cabelos e a deixou deslizar vagarosamente por seus dedos. Saga estremeceu. De ódio, é claro! Então, ele ouviu aquela voz uma última vez:

- Pode acreditar em mim, Saga. Eu não quero fazer nada que possa te machucar. Nós vamos voltar a nos encontrar em breve, Saga. E você vai acreditar em mim.

Seria engraçado, se não fosse péssimo! Ele apanhara, fora amarrado, algemado e amordaçado. Recebera a notícia de que um de seus irmãos seria seqüestrado. E o bandido ainda tinha o desplante de falar que não queria machucá-lo. Mas ele não podia falar mais nada. Então, Saga sentiu o intruso se levantar da cama e o ouviu se afastar, descer as escadas e fechar a porta da frente, trancando-o em casa. Sim, era um bandido educado. E perigoso como o diabo! Oh, céus! Que nada aconteça a Milo e a Kanon. Eu sou capaz de matar qualquer um que faça mal a eles!

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O Mestre desceu as escadas, mandou um sinal pelo aparelho que segurava e saiu de casa, entrando em um moderno carro esporte que passava exatamente quando ele saíra. E o carro dirigiu-se rapidamente a um bonito bairro elegante e afastado.

- Falou com ele, Mestre?

- Falei, Hacker! Ele está desesperado. – a compaixão na voz do Mestre era notória.

- Precisava mesmo deixá-lo sofrendo, preso à cama? Ele parece ser boa pessoa.

- Ah, sim, Hacker. É da essência do respeito. Depois de hoje ele nunca mais vai duvidar das nossas ameaças. E vai cumprir perfeitamente as nossas instruções. Você precisa aprender isso, Hacker. Um dia você vai ser o líder.

- Eu sei... mas não gosto disso, Mestre.

- Nem eu, Hacker. Nem eu.

- E... Mestre. Você sabe que o Shaka também é um problema, não sabe? – o Hacker perguntou suavemente.

- Sim, eu sei. Mas eu já tenho planos para controlar o Shaka também.

- Como assim?

- Depois falamos nisso, Hacker. Agora temos que correr. O seqüestro do Milo ocorrerá em – o Mestre olhou seu relógio – 11 minutos. Mas nós vamos tratar o Milo bem. Eu prometi ao Saga. – o Mestre completou em tom mais baixo.

O Hacker o olhou pelo retrovisor. O Mestre parecia mais transtornado do que ele jamais o vira. Mas tudo daria certo. Sempre dera. Por que dessa vez seria diferente?

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Olá! Essa fic nasceu de uma troca de e. mails com a Makie há um bom tempo. Nasceu também de vários e. mails trocados com minha amiga argentina, a Mussha! Mas eu estava cheia de coisas e resolvi engavetá-la. Mas, então, numa conversa de msm com a Nuriko-riki (ela voltou!), eu resolvi postá-la. Enfim, a identidade dos personagens será revelada bem aos poucos. Tomei gosto por mistérios! Mas quem sabe vocês adivinham?

E claro está que não abandonei minhas outras fics. Se há algo que me faz sofrer é que eu nunca desisto de nada.

Beijos da

Virgo-chan

Abr/07