N/A: Mais uma fanfic do Anime Inuyasha. Eu vou falar mais sobre ela no final do capítulo, mas acho que antes de começarem a ler é interessante terem uma sinopse maior do que na descrição da história.

Sinopse: A grande paixão de Kagome é o chocolate. Ela é uma chocolátra sem tamanho que faz de tudo (leia-se extremamente tudo) para conseguir um, nem que seja micro, pedaço de chocolate. Sua mãe não está muito feliz com o vício da filha e quer fazê-la comer menos desse doce maravilhoso. Porém, para a tristeza de sua mãe e alegria de Kagome, uma chocolataria é aberta há poucos quarteirões de distância da casa delas. É tentando provar esse doce maravilhoso que Kagome conhece todos que trabalham nessa loja de delícias, especialmente Sesshoumaru, um homem que tem mais como paixão fazer chocolate do que prová-los, e que não consegue suportar pessoas que fazem tudo para provar o doce sem fazer questão de apreciá-los da forma que eles merecem. Uma história sobre pessoas diferentes que possuem uma paixão em comum: o chocolate.

CHOCOLATE

Capítulo Um: A Chocolataria

A menina de olhos azuis escuros estava com pressa, a aula já havia acabado e ela corria para voltar para casa. Como parte de sua rotina normal, entrou em uma doçaria ou mercado qualquer, a primeira loja que tivesse em uma de suas partes doces vendendo. Como sempre caminhou até a seção do chocolate, sempre carregando a cesta de compras, e começava um ritual que ela fazia dia após dia. Primeiro ela pegava os chocolates que custavam pouco, chocolates ao leite, chocolate meio amargo, bombons, etc. Depois ela ia para a prateleira dos chocolates importados, e ficava ali escolhendo qual seria a sua próxima vítima. Demorava muito, porque ela já tinha provado praticamente todos os chocolates. Ela já havia chegado a importar alguns, de suíços até canadenses. Olhou no relógio, já ia dar sete da noite, precisava chegar logo em casa, então pegou cinco alfajores argentinos que garantiam camada dupla de cobertura de chocolate, sorriu feliz e caminhou até o caixa.

- Olá Kagome, como vai? –perguntou a garota do caixa para a menina de olhos azuis.

- Eu vou bem, Ayame. E você? Trabalhando muito? – a menina perguntou de volta dando um chocolate por vez para que a garota do caixa os passasse registrando o preço.

- Eu vou bem. Ah, essa época é sempre uma loucura, você sabe... – a caixa respondeu com um sorriso nos lábios. Ela tinha olhos verdes e um cabelo castanho claro puxado para o ruivo alaranjado.

- Desculpa Ayame, mas que época é sempre uma loucura? – Kagome quis saber.

- Ora esse chocolate todo não é por causa do dia de São Valentino? – Ayame questionou apontando para todos os chocolates que Kagome colocava em uma sacola.

- Dia de São Valentino? O quê? Não me diga que é amanhã? – Kagome fez cara de espanto. – Vou ter que comprar alguns para meu avó, meu irmão e... Será que vou ter que dar os meus? – olhou com pena para os que estavam em suas mãos.

- Meu Deus! – Ayame exclamou rindo. – Kagome, em que mundo você vive? E não, não é amanhã, é depois de amanhã. Você está perdida no tempo?

- Não, é só que... Eu... Ah! Você sabe... Quando se trata de chocolate eu...

-... Você perde a noção de tudo! – Ayame interrompeu Kagome. - Do tempo, da hora, de compromissos e o que for... Quando você vai parar de comer tanto chocolate? Você deve estar com a diabetes nas alturas e o colesterol também, afinal comer um ou outro de vez em quando tudo bem, mas fazer essas loucuras um dia sim e outro não é completamente insano... – Ayame começou a falar de maneira ríspida.

- Se eles não acabassem tão rapidamente eu viria menos aqui ou em qualquer lugar que vende chocolate. Porém, eu compro hoje à noite e tudo isso só dá para amanhã e o começo do dia seguinte depois de amanhã... Aí assim que acabam as minhas aulas, eu venho aqui me reabastecer porque o chocolate é a minha salvação, você sabe... Se eu não como eu tenho dor de cabeça e me sinto tão mal.

Ayame balançou a cabeça negativamente. – Kagome, você tem dor de cabeça porque você se viciou em chocolate e se você não tem essa pequena quantidade a cada dia o seu corpo sente falta dele e, por isso, você tem dor de cabeça. – Ayame explicou. – Sem contar que eu tenho certeza que você não é uma baleia fora d'água porque faz algum esporte... Aliás, são exatamente vinte $.

Kagome abriu a mochila, pegou a carteira, tirou o dinheiro e deu para a garota de olhos verdes. – Eu vou indo ou o pessoal lá de casa vai ficar preocupado.

- Não muito, eu garanto, eu sei que todos já devem saber onde você está. Caso algum dia você simplesmente suma, eu tenho certeza aonde eu vou lhe procurar. – Ayame brincou.

Kagome acenou e saiu da loja. Estava tão feliz por tê-los comprado. Tirou uma barra de cem gramas da sacola, abriu-a e comeu-a sem despedaçá-la. Sentia o chocolate derreter em sua boca e isso a fazia tão bem. Estava quase perto de sua casa, cerca de cinco a seis quarteirões de distância, quando sentiu um cheiro familiar. Era tão gostoso e tão doce, ela não conseguiu resistir. Sabia que estava atrasada e que agora já deveria ser sete ou ter passado das sete horas da noite, porém precisava checar de que lugar vinha esse cheiro. Foi só virar a esquina que encontrou. Era uma casa pequena de madeira, pintada de amarela, com um ar de chalé suíço que se destacava das outras ao redor, lojas de comércio e até das casas residenciais. O lugar não parecia aberto, mas Kagome quis checar, passou pelo pequeno quintal de pedra e foi até a porta de entrada, nela estava uma placa de madeira com o escrito: "Em breve". Kagome olhou para cima, havia uma única janela à frente e dela saiu um vapor quente que cheirava extremamente bem. Era o cheiro de chocolate.

- Delícia! – exclamou passando a língua entre os lábios. O ar quente com cheiro de chocolate parecia ainda mais saboroso do que todos os chocolates que ela havia comprado. Era um perfume gostoso, tão doce, mas meio amargo, não era enjoativo, pelo menos não para ela. Era simplesmente delicioso.

Kagome estendeu a mão para bater na porta. Não... Ela não deveria fazer isso. Porém, ela queria saber quem era que estava fazendo aquele chocolate quente. Ela tinha plena certeza que era chocolate quente. Já conseguia imaginar o líquido castanho borbulhando na panela, enquanto alguém mexia com uma colher de pau para que não grudasse no fundo da panela... Alguém enchendo uma caneca cheia de... Bateu na porta. Não deveria fazer isso, porém quem sabe a pessoa que preparava essa bebida dos deuses fosse uma senhora velhinha e bondosa que ofereceria a Kagome uma caneca contendo o líquido maravilhoso e... Só de pensar já sentia sua boca salivar. Esperou alguns segundos e bateu de novo.

- Olá? – chamou, porém não houve resposta. Ninguém de dentro da casa disse absolutamente nada. Então, Kagome começou a formular um monte de idéia em sua mente, talvez aquele lugar fizesse chocolate sozinho... Ou será que ela encontraria o Willy Wonka? Sorriu só de pensar, principalmente porque a Fantástica Fábrica de Chocolates era o seu livro predileto. – Olá? – chamou mais uma vez, ela sabia que estava atrasada e que não deveria chamar ninguém em casa tão tarde assim. Ninguém quer uma visita incômoda em sua casa. Ela olhou para aquele lugar, parecia mais uma cafeteria do que uma casa, algum lugar para tomar um frappucino e comer um bolo de chocolate, enquanto se lê mangás. Colocou o rosto mais para perto da porta e percebeu que a porta era de madeira escura e tinha vidro no centro em formatos quadrados. Não dava para ver o que havia dentro porque na atrás da porta havia uma cortina. Ela se afastou um pouco e percebeu que em cima da porta havia uma grande placa de madeira escura com o escrito "Choco Dreams" em relevo. Choco Dreams parecia um bom nome. Kagome sorriu ainda mais porque a palavra "Choco" a fazia sorrir. Choco... Chocolate... Chocolate era perfeito!

Aquele cheiro estava realmente delicioso, Kagome queria pelo menos olhar a panela de onde o cheiro vinha e por isso bateu mais uma vez na porta. – Olá? Alguém aí? – ela chamou novamente. Essa seria a última chance e se nada acontecesse ela ia embora definitivamente.

Olhando para a janela ela conseguiu enxergar a sombra de alguém de cabelos longos, mas não conseguia identificar absolutamente nada. Provavelmente era a bondosa senhora que ofereceria chocolate para Kagome.

- Olá, senhora, desculpa eu bater na sua casa tão tarde da noite, mas o cheiro do chocolate quente que você está fazendo é extremamente delicioso, eu sei que sou uma intrometida, mas... Se você pudesse me deixar ver a consistência do seu chocolate, eu... Eu ia ficar maravilhada! – Kagome começou a falar em um tom alto para ser ouvida. – Senhora? – chamou-a ao ver que não teve resposta alguma.

A pessoa de cabelos compridos colocou a mão para fora da janela. Kagome conseguiu ver unhas compridas e uma mão branca. Ela não conseguiu ver se a mão era de alguém jovem ou velho porque estava muito escuro, mas ela percebeu que a mão não possuía rugas, pelo menos nenhuma ruga expressiva. Talvez, a senhora não fosse tão senhora assim... A outra mão apareceu e ambas puxaram as portinhas da janela, fechando-a com violência.

Kagome engoliu o seco. – Ah... Acho que não foi uma boa idéia... – Kagome concluiu sem graça. Virou de costas e começou a voltar para casa. Olhou no relógio e espantou-se com o horário já era quase oito da noite. – Ah! Meu avô vai querer arrancar a minha cabeça. – disse começando a correr. Ela precisava chegar antes das oito ou estaria realmente encrencada.

Correu o mais rápido que conseguiu. Chegou na frente de sua casa, abriu a porta e voou para o seu quarto antes que alguém a visse. Sua mãe estava começando a achar que ela comia chocolates demais e, por isso, estava começando a restringi-la de comer chocolate. Abriu a porta do seu armário e colocou a sacola com suas compras dentro dele, fechando-a com delicadeza. Depois, entrou no banheiro que era anexo ao seu quarto, afinal era uma suíte, tirou o uniforme do colégio e tomou um banho e pôs o seu pijama. Assim que saiu do banho, ouviu algumas batidas na porta do quarto.

- Pode entrar. – falou.

- Olá. – era sua mãe carregando uma bandeja com comida. Sua mãe era uma mulher de traços gentis que tinha os cabelos escuros encaracolados que lhe dava um ar angelical, apesar da idade. – Como foi hoje o treino? – colocou a bandeja no criado mudo ao lado da cama.

- Ah, foi legal... – Kagome disse se sentando na cama. – Eu consegui acertar praticamente todas as flechas no alvo e o treino de vôlei também foi bom, mas eu não fui escolhida pro time principal.

- Sinto muito. Mas, voe está no começo do primeiro ano do ensino médio, no próximo ano você vai conseguir você vai ver. – a mãe de Kagome se aproximou da filha e beijou sua testa.

- Sim, mamãe. – Kagome a abraçou. – Ah, mãe... Você viu se vai abrir alguma loja nova de doces por aqui perto?

- Pensando em doces como sempre, não é? – a mãe sentou-se ao lado da filha. – Olha, eu não me lembro de nenhuma... Mas, acho que alguma vizinha comentou algo. Alguma coisa sobre uma chocolataria...

-Uma o quê? – Kagome indagou aos berros com espanto, levantando-se da cama em um pulo.

- Uma chocolataria. – a mãe riu. – Vai abrir no dia de São Valentino. Parece que vai vender produtos fabricados de forma caseira, tanto chocolates em barra como bolos ou qualquer outra coisa que leve chocolate.

Kagome já conseguia sentir a boca salivar. – Chocolataria! –ela exclamou incrédula.

- Ai menina só pensa em chocolate, não é?

- Ah, mãe...

- Tudo bem. – a mãe beijou o rosto da filha. – Coma um pouco, certo? Comida que não tenha chocolate, certo?

- Sim, mãe, eu vou comer tudo, juro.

- Boa noite. – dizendo isso a mãe abriu a porta, mandou um beijo no ar e saiu do quarto.

Kagome aproximou-se do criado mudo e começou a comer o que sua mãe havia trazido e a tomar o suco. Comeu de forma acelerada e depois pulou da cama até o armário e abrindo-o pegou sua sacola das delícias, deitou-se na cama e começou a comer um dos alfajores argentinos.

- Incrível! Deve ser aquele lugar... – parou para mastigar. – Aquela casa deve ser a futura chocolataria da redondeza. Eu mal posso esperar para o dia de São Valentino. – Kagome chupou os dedos que estavam sujos de chocolate. – Delicioso. – murmurou.

Fechou os olhos e o sono logo veio. Acabou dormindo sem nem escovar os dentes. Nesta noite ela sonhou que tudo ao seu redor era feito de chocolate, a sua cama, os seus lençóis, as paredes e aquela casa com ar de chalé suíço. Kagome se aproximou da casa e com as suas mãos começou a arrancar pedacinhos de chocolate e a comê-los. Então, duas mãos brancas com unhas compridas tamparam a boca de Kagome. Ela queria gritar e não conseguia. Suas narinas se enchiam com o perfume do chocolate sendo derretido... O chocolate parecia entrar por todo o seu corpo causando-lhe êxtase. Mas, algo em seu peito a oprimia... Uma dor latejante se expandia por todo o seu corpo, era maior do que a alegria de sentir o perfume do chocolate... Aquilo estava a machucando... Machucando...

Abriu os olhos com espanto. O despertador tocava. Apertou o botão para desligá-lo. Levantou-se apressadamente, comeu um alfajor e começou a se trocar para a aula. Desceu as escadas correndo.

- Kagome, não vai tomar café? – o avô perguntou da cozinha.

Kagome foi até a cozinha e viu seu avô ao lado do irmão tomando café. Sua mãe estava de frente para a pia lavando alguns pratos.

- Ah, hoje não, avô, eu vou ter que chegar um pouco mais cedo por causa do clube. Vou indo até. – acenou e saiu. Correu para fora de casa antes que alguém tivesse chance de dizer alguma coisa.

Ela realmente tinha que chegar mais cedo devido ao clube de arco e flecha, entretanto, ela mudou sua rota e foi novamente até onde ficava aquela casa de madeira. Kagome ainda conseguia sentir o cheiro de chocolate. Também lembrava do seu sonho de forma perfeita, sem tirar nem por. Aquelas mãos brancas tampando a sua boca... Não lhe davam uma sensação boa, pois elas pareciam tão geladas, diferente do perfume do chocolate que parecia de alguma forma tão quente, transmitia a sensação de quentura. Ela não conseguia explicar exatamente o que era isso. Só sabia que o cheiro de chocolate e o gelo das mãos pareciam tão contraditórios.

Kagome parou na frente da casa. Hoje ela podia vê-la melhor. A casa era de madeira e era pintada de amarela, em algumas partes a madeira não havia sido pintada e aparecia escura e brilhante. As palavras "Choco Dreams" estavam ainda mais chamativa, saltando da placa de madeira, brilhando, pareciam tão chamativas e convidativas. A janela do andar de cima que fica na parte triangular da casa estava aberta, não havia fumaça hoje, mas o cheiro de chocolate continuava. Era simplesmente delicioso. Kagome não conseguia esquecer-se das mãos brancas tampando a sua boca. Inconscientemente levou as mãos aos lábios, tocando-os levemente.

Ela pensou em bater mais uma vez na porta, mas desistiu depois de recordar como a pessoa havia fechado a janela com violência cortando qualquer contato com Kagome. Pensou em ir logo para a escola quando ouviu um barulho, a porta foi aberta e dela saiu uma mulher de cabelos pretos amarrados em um coque, seus olhos eram castanhos avermelhados e sua pele era tão branca, suas unhas também era compridas e estavam pintadas de vermelho. Talvez, fosse ela a mulher que havia fechado a janela ontem com força. Entretanto, se fosse ela deveria ter pintado a unha de um dia para o outro...

- Olá? – Kagome a chamou.

A mulher a olhou com seriedade.

- Aqui vai ser a nova chocolataria? – perguntou.

- Sim, mas... Criança você não deveria estar indo para a aula? Crianças devem ir para a escola. E não se intrometerem nos problemas dos outros. – a voz da mulher era uma voz extremamente feminina, tinha até um pouco de sensualidade a cada nota falada.

- Mas... Mas, eu só perguntei se...

- Sim, aqui vai ser a nova chocolataria. Matou a dúvida? A curiosidade? Pode ir embora, vamos abrir amanhã e hoje temos muitas coisas fazer. – a mulher de olhos castanhos avermelhados fez um gesto com as mãos como se expulsasse Kagome, puxou uma vassoura que estava encostada na parede e começou a varrer a entrada da loja.

Kagome até abriu a boca para falar, porém não ia adiantar, já que, aquela mulher não queria conversar e já estava quase na hora de ela chegar ao colégio para a reunião do clube. Sem dizer mais nada voltou a caminhar e a ir para a aula. Durante o caminho só conseguia pensar na nova chocolataria que ia abrir, ainda tão perto de sua casa. Imaginava como deveria ser lá dentro e quais os tipos de chocolate que lá venderia. Só pelo cheiro do chocolate sendo derretido, ela tinha certeza plena de que seriam doces da melhor qualidade. Ela amava tanto chocolates e os comia de forma tão exagerada que já sabia até distingui-los pelo cheiro.

Chegou ao colégio e se dirigiu para a quadra, ela teria treino de vôlei hoje. Mesmo que não tenha ficado no time principal, ela era obrigada a treinar com todo mundo. Mas, seu desempenho foi ruim porque ela estava morrendo de vontade de comer aquele chocolate e só conseguia pensar nisso. Depois do treino foi direto para o banho. Entrou na aula normalmente, mas estava cada vez mais avoada, só pensando em como o chocolate podia ser, os formatos, os gostos, as misturas, se era decorado ou não, ela só conseguia pensar nos chocolates que a Chocolataria fabricaria. Entretida em pensamentos nem viu a aula terminar, ficou alguns minutos parada até perceber que seus colegas estavam saindo já com suas mochilas nas costas. Kagome apressou-se colocou tudo que estava em sua mesa dentro de sua mochila, colocou-a em um ombro e saiu correndo sem dizer nada para ninguém, nem mesmo acenou um tchau. Correu pelas ruas, hoje não passaria no mercado porque ainda tinha alguns chocolates que comprou ontem. Estava se cansando de correr quando finalmente chegou a seu destino. Hoje não havia fumaça alguma saindo da janela, porém o cheiro de chocolate era ainda mais forte do que do dia anterior. Kagome olhou para a futura Chocolataria cheia de desejo.

- Eu queria tanto um chocolate desse lugar. – murmurou.

Pensando nisso perdeu sua timidez, mesmo sabendo que poderia ser praticamente expulsa outra vez, chamou e bateu palmas para chamar a atenção.

- Olá? Alguém aí? – berrou.

Talvez, aquela mesma mulher de coque aparecesse com aqueles olhos avermelhados e sérios e a expulsasse, mas Kagome deveria tentar, ela deveria ver se além daquela mulher havia outra pessoa, alguém que fosse bondoso e lhe oferecesse um copo de chocolate quente para aquecer o corpo nesses dias frios.

- Olá? – berrou outra vez. Mas, uma vez ninguém respondeu.

Aproximou-se da porta e bateu. Ninguém sairia de casa e deixaria chocolate no fogo, pelo menos foi isso o que Kagome pensou.

- Olá!? – Kagome berrou mais uma vez, bateu na porta e bateu palmas. Tudo para chamar a atenção. – Alguém aí dentro? Vocês podem me atender? Olá? Olá? O chocolate está no fogo, cuidado! É perigoso um incêndio. – ela continuou a falar mesmo sem ouvir resposta de volta. Nenhum único som. Só conseguia sentir o cheiro de chocolate ainda mais forte do que no dia anterior.

Kagome suspirou. Provavelmente não havia ninguém. Porque se houvesse alguém essa pessoa colocaria as mãos para fora e fecharia a janela como fez ontem. Porque a janela estava aberta... Olhando para a janela e olhando para o muro ao lado da casa, Kagome percebeu que se subisse o muro e se pendurasse pelo lado, se equilibrando num galho da árvore que ficava ao lado da casa, com cuidado, ela conseguiria espiar pela janela.

Sorriu com a idéia. Colocou sua mochila no chão e foi até o muro, esforçou-se de forma extrema para conseguir escalá-lo. Primeiro colocou suas mãos na beira e com os pés pegou impulso, caminhando na parede com muita dificuldade, conseguiu puxar o corpo para cima e passando as pernas pelo muro conseguiu subir nele. Suspiro de alívio. Então, colocou-se em pé em cima do muro e com mais dificuldade do que quando o escalou pisou sobre o galho da árvore. Deu impulso e colocou outra perna sobre ele, pulando com tudo. Nessa hora seu pé escapou e ela quase caiu do galho, sua sorte foi que seu corpo pendeu para o lado oposto e por um milagre conseguiu se equilibrar com um pé só. Sentou-se sobre o galho e começou a observar a janela que estava há um pouco mais de dois metros de distância.

Olhando pela janela, Kagome podia ver uma cozinha cheia de panelas de ferros e barro com armários brancos. Um pequeno fogão estava perto da janela, em cima dele havia uma grande panela com um líquido castanho borbulhando. Era de onde vinha o cheiro maravilhoso que Kagome conhecia com tanta intimidade. Ela passou a língua entre os lábios, salivando de vontade de pegar alguma colher e mergulhá-la ali, pegando grandes doses do líquido e o levando a sua boca. Engolindo-o com vontade, sentindo todo o sabor expandir-se por seu corpo, deixando-a em estado de êxtase.

Estava tão concentrada na panela que nem notou quando alguém entrou na cozinha e percebeu sua presença sobre o galho. A pessoa aproximou-se da janela e começou a encará-la. Vendo que sua visão havia sido tampada, Kagome começou a reparar melhor em quem havia feito isso. Já ia começar a gritar com a pessoa quando recordou que a errada era ela. Afinal, ela havia quase sofrido uma queda só para ver um chocolate dentro de uma panela.

- Eu posso explicar. – afirmou. Ela havia dito a primeira coisa que havia passado em sua mente e era que ela tinha alguma explicação para tudo isso.

A pessoa tinha cabelos longos, extremamente claros, quase brancos, os olhos eram de um mel extremo, dourado, cor do sol, os lábios era finos e não apresentavam sombra alguma de um sorriso, e a pele era tão branca, branca como leite. Mas, de alguma forma essa pessoa, um homem, possuía uma beleza peculiar e extrema. Kagome chegou até ficar boquiaberta ao notar a beleza daquele homem. Ele tinha tantos traços femininos.

- Eu já vou descer. – ela disse se levantando sobre o galho. – Desculpa o incômodo. Eu não farei mais isso. – ao dizer isso ela cruzou os dedos da mão. – Eu vou indo. – com dificuldade, virou-se para encarar o muro. Agora parecia mais difícil voltar do que foi vir para o galho. Ela ficou examinando como faria sua trajetória de volta. Olhou para o chão, parecia um pouco alto demais para simplesmente pular. – Só me dê alguns minutos... – ela pediu. – Eu só estou vendo como vou descer daqui e... – ela não terminou a frase, um de seus pés escorregou do galho e ela caiu com tudo sobre o chão.

- Aí! – exclamou aos berros. A dor do impacto havia sido bastante. Olhou para o seu pé direito que de repente havia começado a inchar.

O homem havia colocado a cabeça para fora da janela e agora a observava lá de cima.

- Desculpa, eu já vou... – ela tentou se levantar, mas uma forte dor atingiu o seu pé, exatamente em seu tornozelo onde estava começando a inchar. Mesmo assim arrastou o corpo até a mochila e a colocou nas costas. – Eu não vou mais subir em árvores. – resmungou aos sussurros para si mesma. Olhou de novo para cima e o homem já havia fechado a janela. – Grosso! – exclamou revoltada. – Ele podia ter ao menos me ajudado a me levantar... – disse finalmente conseguindo se levantar e apoiou as mãos na árvore para manter o equilíbrio. – Está doendo tanto... Será que quebrou? – questionou olhando para o pé. – Espero que não.

Começou a caminhar com muita dificuldade. Seus passos eram muito curtos e devagar. – Só vou chegar em casa amanhã! – resmungou. – Certo que eu subi em uma árvore para olhar por dentro de uma janela, porém o que custava aquele homem me ajudar? Ele até que é bonito e tudo mais, mas o que adianta tanta beleza para um cara que não sabe ser gentil com uma garota debilitada que nem eu? – soltou um gemido. – Eu aposto que ele dever o faxineiro do lugar. Um cara como ele não deve saber nem ferver uma água. Eu sei... Como esse pessoal pensa em vender maravilhosos chocolates se são tão mal-educados? – Kagome recordou-se da mulher de hoje de manhã e depois do homem da cozinha e bufou de raiva.

- Ei, você!

Kagome ouviu alguém a chamando. Então, ela olhou para trás. Na porta do lugar havia uma menina de cabelo longo escuro solto, picotado, com um pequeno rabo de cavalo amarrado em cima da cabeça com um laço vermelho. Ela usava um avental branco todo sujo de chocolate.

Kagome já começou a imaginar a bronca que levaria, então tentou apertar o passo, ignorando os chamados da menina.

- Ei, você! Ei, você! – a menina a chamava.

- Desculpa, desculpa, desculpa! – Kagome choramingou.

A menina correu para perto de Kagome e colocou a mão nos ombros dela.

Não deu para evitar, ela virou-se para encarar a menina. – Desculpa, moça, eu não vou mais incomodar só me deixe voltar para casa! – começou a implorar, sentindo as lágrimas brotaram de seus olhos. Ela não sabia se era porque tinha medo da bronca que ia levar por ficar bisbilhotando o lugar dos outros, ainda mais uma Chocolataria, e ainda na época que sua mãe andava pedindo para ela comer menos chocolate, ou se era pela dor que sentia em seu pé por ter que ficar em pé.

- Não, é melhor nós conversarmos. – a menina disse apertando com mais força o ombro de Kagome, quem engoliu o seco e percebeu que já tinha perdido tudo.

"Minha mãe vai me matar" esse foi o pensamento de Kagome, assim que a menina segurou os seus dois ombros e começou a encará-la sem demonstrar nenhum tipo de intenção amigável.

Continua...

Olá! Como vão todos? Eu, a Dani, apareço aqui mais uma vez com uma nova fic. Apesar de estar adiantada a história acontece lá para fevereiro, dia de São Valentino, eu fiz essa história para comemorar o Natal. Vai ser uma história curta, pelo menos inicialmente, porque vai saber... Descrevendo uma história já era para ter acabado há século e ainda continua lá, o capítulo trinta chega em breve. Eu estou demorando porque acabei me divertindo muito fazendo Chocolate. Após escrevê-la eu senti uma vontade danada de comer um chocolate, porém não tinha nenhum... Então, fiquei na vontade. Acabei a matando alguns dias depois, quando devorei muitos bombons de uma caixa.

Chocolate surgiu por vários motivos, então eu vou enumerá-los:

1 - Porque eu amo chocolate.
2 - Porque o meu melhor amigo ama chocolate.
3 - Porque eu passei meses na faculdade fazendo um trabalho de uma campanha publicitária para uma doceira e toda vez era uma imensa vontade de comer um doce, comer algo gostoso mesmo, um grande pedaço de chocolate, mas grande mesmo.
4 - Porque eu ouvi duas músicas que me inspiraram, não que elas tenham realmente a ver com o tema, mas me inspiraram e muito. Elas são:
Não é proibido da Marisa Monte, uma música muito divertida de ritmo gostoso demais, e Chocolate Cake de Alex Kaneko, eu o achei no site youtube e gostei tanto do timbre dele de voz, é um cantor independente que faz vídeos com ele cantando e tocando, alguns até engraçados.

Acho que esses foram os maiores motivos. Espero que tenham gostado e se gostaram me digam o que acharam, eu vou ficar muito feliz.

Beijos

Dani