Título: Valentine's Day (1/3)

Autora: Zelda Hime zelda_hime@hotmail.com

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Censura: PG-13

Spoilers: Terceiro livro, um pouco do quinto livro (nada muito importante)

Avisos: Slash/YAOI, UA

Resumo: Durante o quinto ano dos Marotos em Hogwarts, é anunciado um baile de Dia dos Namorados. Imediatamente James vai atrás de Lily, mas Sirius e Remus não têm tanta confiança em si mesmos... E, no fundo, nem mesmo James a tem. SLASH/YAOI SBXRL JPXSS. Inspirado no "dia dos namorados" japonês (ou dia de São Valentin), que é "comemorado" dia 14/02 e 14/03.

Parte 1

        Os Marotos entraram no salão apressados e se sentaram ao lado de suas colegas de quinto-ano. Elas pararam de conversar por um momento para saudá-los, então os quatro se voltaram para a entrada do salão novamente. O jantar começaria em poucos minutos, então quase todos os alunos da escola já estavam no salão principal, mas um grupo de Slytherins do primeiro ano e o mais novo monitor daquela casa ainda não havia entrado no salão. E eram aquelas pessoas que os quatro Marotos esperavam com tanta ansiedade.

        Eles não tiveram que esperar muito, entretanto. No máximo dois minutos depois deles, entrou no salão uma ruiva lançando todo o seu ódio em um olhar para um dos garotos. Ele então mandou um beijo para ela e ela virou a cara, como se ultrajada.

        - É isso aí, Prongs! Se continuar assim, eu tenho certeza que Lily um dia será sua! - um garoto alto e um pouco moreno, com cabelos bem escuros e olhos azuis acinzentados sorriu para o amigo mais pálido e de olhos cor-de-mel quase escondidos por um par de óculos pretos.

        - Obrigado, Padfoot! Eu farei o meu máximo para alcançar suas expectativas! - ele sorriu de volta. O garoto de cabelos loiro-areia e olhos verdes entre os dois deu apenas um sorriso gentil e balançou a cabeça, como se tentando falar o quão estúpido eram os seus amigos sem palavras. O último da fila, o mais baixo entre eles que estava do outro lado do garoto de óculos, apenas lançou um sorriso de admiração aos outros amigos e voltou-se novamente à porta do Salão.

        Então, eles entraram. Primeiro o monitor do quinto ano, Severus Snape, o amigo de infância do mais moreno entre os Marotos, Sirius Black. Ele estava com a sua carranca de sempre, mas havia algo diferente na sua pessoa: sua pele estava vermelha, assim como seus cabelos, e seu uniforme brilhava numa cor dourada berrante com vários corações vermelhos pela capa dourada. E o mais engraçado, ele não parecia perceber nada de errado com sua aparência. Imediatamente seguidos apareceram os outros cinco Slytherins que haviam cruzado o caminho dos Marotos. Suas peles e cabelos estavam negros e seus uniformes, amarelos.

        O Salão Principal se estourou em risadas. Os Marotos eram os que mais riam, com exceção do loiro e magro Remus Lupin, que tentou segurar sua risada por um tempo, mas então se entregou. O garoto de óculos, conhecido por James Potter, olhou para Lily Evans assim que conseguiu controlar a risada, ganhando dela um olhar fumegante de ódio. Ele apenas piscou para ela e mandou um beijo, fazendo-a se virar novamente. Dentre os quatro Marotos, o que mais ria era o último, gordo e baixinho, chamado Petter Pettigrew. Ele achava aquilo ainda mais engraçado pelo fato de ter acontecido com Snape, que sempre o incomodara desde o primeiro ano.

        - Só não entendi o porquê dos corações, Prongs. - disse Peter entre risadas.

        - Para deixá-lo mais ainda constrangido quando ele conseguir ver o que aconteceu. - respondeu James, parando de rir aos poucos. Remus se virou para ele e deu um sorriso de alguém que sabe mais do que deveria. James ficou vermelho, mas apenas Remus percebeu e sorriu mais ainda.

        Alguns segundos depois, o Salão novamente entrou em silêncio, esse se devendo ao fato de que o diretor, Albus Dumbledore, que se erguera naquele momento.

        - Meus queridos alunos! - ele começou com um sorriso. - Sinto interferir em seus jantares essa noite, mas eu gostaria de anunciar algo. Nossos monitores chefes desse ano, Sr. Longbottom e Srta. Walker, tiveram a brilhante idéia de sugerir um baile de Dia dos Namorados esse ano. Como a data cai em um sábado, a idéia deles foi aceita. - o Salão explodiu em exclamações de alegria, mas se silenciou novamente quando o diretor levantou uma mão. - Bem, como regra para esse baile, não serão permitidos alunos abaixo do quarto ano. Todos receberão uma flor e uma barra de chocolate. As moças devem convidar os rapazes oferecendo-lhes a barra de chocolate, e os rapazes que aceitarem devem trocar o chocolate pela sua flor. Uma mágica aplicada no plástico que envolve ambos os presentes definirá todos os casais que estarão participando do baile e, ao final do baile, dois dos casais serão sorteados para uma surpresa a ser preparada pelos monitores-chefes. O baile começará às seis horas, depois da visita a Hogsmeade. Os alunos que não participarem do baile jantarão em suas salas comunais. Peço a todos que venham vestidos formalmente, e apenas entrarão alunos acompanhados. E, um último lembrete, - os olhos do diretor brilharam ainda mais. - os chocolates serão comestíveis. Agora, podem comer! - Assim que Dumbledore terminou o discurso e se sentou, os pratos se encheram e o salão se encheu de sussurros.

        - Que legal, um baile! Será que eu conseguiria convencer Evans de me convidar a ir com ela? - perguntou James com um sorriso, mas ao mesmo tempo lançando um olhar discreto para o garoto dourado na mesa da Slytherin, e logo depois enchendo sua boca de comida.

        - Sonhar é tão bom, Prongs, mas cuidado para não subir muito nas nuvens. Quanto mais alto, pior a queda. - Remus disse ao amigo com o seu sorriso travesso, lançando um olhar a Snape também antes de olhar ao amigo, o que fez James ficar vermelho.

        - Dessa vez eu tenho que concordar com o Moony, Prongs. Se você não pode convidá-la você mesmo, esqueça-a por esse baile. - Sirius sorriu, colocando suco de abacaxi para ele e para Remus. O loiro agradeceu.

        - Eu só não entendo uma coisa... - começou Peter. - Se apenas as meninas podem convidar os parceiros, por que todos receberão flores e chocolates? Os chocolates não deveriam ser só para as meninas, e as flores para os rapazes? - James olhou para o amigo e terminou de mastigar sua comida, engolindo rapidamente com ajuda de um gole de suco de abóbora.

        - Na verdade, Wormtail, eu acho que todos estão recebendo os dois para o caso de duas pessoas do mesmo sexo resolverem ir juntas. Se for dois homens, por exemplo, não vai ter nenhuma menina para convidar. - James olhou para Severus de novo, inconscientemente. Mas depois virou um olhar de quem sabe demais para Remus, fazendo o loiro engasgar no suco que estava bebendo. Sirius bateu em suas costas enquanto Peter olhou para James de olhos arregalados.

        - Credo James! Que nojento! De onde você tirou isso?! - exclamou Peter ao amigo. Nenhum dos quatro estavam rindo agora, Sirius olhava para Peter com uma sobrancelha levantada e um olhar desafiador, mas esse não percebera pois estava prestando atenção na expressão desaprovadora de James.

        - Credo por quê, Wormtail? Não vejo nada de errado nisso. E você também não deveria! Amor é amor, não importa as casas, as divisões sociais, a idade ou o sexo. - Sirius balançou a cabeça uma vez, para reforçar as palavras do amigo. Peter se virou para a sua comida e ficou quieto. Remus estava muito vermelho, não só por causa da conversa, mas também por causa da mão de Sirius acariciando suas costas, mas os amigos pensavam que era por falta de ar, e ele achou melhor continuar a pretensão tossindo ainda mais, mesmo quando ele já estava bem. Sirius e James olharam para ele preocupados.

        - Você ainda está engasgado, Remus? O que eu disse o chocou tanto assim? - Remus ficou ainda mais vermelho.

        - Huh... Não... Eu... concordo plenamente com você. É só que... - ele teve um ataque de tosse de novo, dessa vez real. - Entrou suco demais no lugar errado. - ele sorriu fracamente. James tirou a varinha e apontou para Remus, que se sentiu bem imediatamente. Ele olhou surpreso para James, que sorriu.

        - Minha avó sempre usava esse feitiço quando eu era pequeno. Ela dizia que ele é muito útil para lidar com crianças, principalmente para pais de primeira viagem. - Remus riu.

        - Muito obrigado por me chamar de criança, Papai Prongs, era só o que eu precisava depois de me engasgar para levantar de vez o meu ego! - os três Marotos caíram na gargalhada, com exceção de Peter, que ainda se sentia à parte no grupo.

        Logo que terminaram de jantar, os quatro Gryffindors voltaram para sua sala comunal. Peter, reclamando de sono, foi direto para a cama. Sirius e James pegaram seus materiais para terminar as lições de casa que ainda tinham para ser feitas. Remus, que não estava com sono e já havia terminado as lições, sentou-se confortavelmente em um dos sofás com um enorme livro.

        Horas depois, os três foram dormir também, e James caiu imediatamente no sono, apesar das assombrações de um certo Slytherin em sua cabeça. Remus já não teve tanta sorte. Ele ficou mais horas pensando nas palavras de James e nas mãos de Sirius em suas costas. Sirius dormiu com um sorriso no rosto, seu últimos pensamentos e sonhos dominados pelo sorriso de Remus.

* * *

        Nas próximas três semanas que antecederam o baile, Remus resolveu convidar Sirius, e Sirius resolveu convidar Remus, mas nenhum dos dois realmente conseguiu encontrar a coragem para prosseguir com os seus planos. Sempre que um deles tinha certeza que iria conseguir, eles viam o outro com uma garota, e perdiam toda a coragem novamente.

        James, sempre que pensava que ninguém estava olhando, ficava olhando para o seu amor secreto, mas Remus não perdia nem um dos olhares. Não perdia nem os olhares que Severus jogava de volta ao Gryffindor, mas infelizmente James perdia todos estes. James, para disfarçar a vontade de convidar Severus para o baile, começou a importunar Lily que, quando não ficava realmente irritada, fingia que ignorava James.

        Depois das duas primeiras semanas, quando James finalmente parou de importunar Lily, desistiu de Severus e, derrotado, aceitou o convite de uma Gryffindor do sexto ano, ele começou a perceber o quão estranho Remus e Sirius estavam agindo quando estavam próximos, e como um ficaria olhando por horas para o outro até que a lição desse parecesse interessante e o outro resolvesse ficar olhando por horas também, como num ciclo. James sorriu ao perceber isso, e também o fato de que, em todas as refeições, como desde o primeiro ano Sirius e Remus sentavam lado a lado, hora eles tentavam encolher-se um do outro, hora ficavam o mais perto que podiam sem nenhum desconfiar do outro, e sempre que suas mãos ou braços se tocavam, os dois ficavam vermelhos. James achou isso divertido por um tempo, mas, conforme o baile se aproximava, ele começou a achar frustrante, e, na sexta-feira antes do dia do baile, ele finalmente resolveu falar com Sirius e tentar fazer algo sobre os dois, para que ao menos o amigo tivesse a coragem para fazer algo para passar o dia dos namorados feliz com a pessoa que ele ama. Por isso, logo depois do almoço, James usou-se da tarde livre para arrastar Sirius para um lugar onde os dois poderiam conversar, numa árvore perto do lago em que os Marotos sempre ficavam e quase todos os outros alunos tinham medo de chegar perto.

* * *

        Quando se sentaram à sombra da árvore, os dois ficaram em silêncio por um tempo, então Sirius deu um sorriso travesso e encostou as costas na árvore, olhando para o amigo.

        - O que foi, Prongs? Você quer me convidar para o baile? E eu pensando que você ia com a apanhadora... - James riu e se virou para o amigo, sacudindo a cabeça.

        - Deixa de ser idiota, Padfoot! É claro que eu não quero convidá-lo, você sabe que eu gosto só das... hmm... mulheres. - James ficou corado. - Mas, agora que você entrou no assunto do baile... Por que você recusou todo o mundo até agora? Você sabe que o baile é amanhã, não é? - o sorriso de Sirius desapareceu e ele olhou com um rosto triste para o lago.

        - Eu não sei se quero mesmo ir a esse baile. É de dia dos namorados, e eu acho que ficarei deprimido em passá-lo ao lado de uma pessoa que só olha para mim porque eu jogo quadribol, ou porque eu tenho boas notas, ou porque eu sou bonito, ou porque eu sou um Maroto. Eu realmente não quero ir. - James deu um suspiro exasperado, mas continuou olhando para o amigo.

        - Sirius... Por que você não o convida logo? Cadê a sua coragem de Gryffindor! Você sabe que, se ele não quiser ir com você, ele vai fazer o máximo possível para não lhe machucar... - Sirius virou com os olhos arregalados na direção de James, e este, de repente, começou a rir, principalmente de suas palavras "coragem de Gryffindor". Sirius não sabia se ria, se chorava, se ficava surpreso com o amigo ou se ficava bravo porque ele estava rindo de seu problema. O conflito dos sentimentos de Sirius apareceu claramente em sua expressão, fazendo James rir ainda mais, até cair. Sirius resolveu ficar irritado.

        - James! Você fica rindo da minha cara desse jeito! Eu sou corajoso, mas eu não sou corajoso igual você, que leva uma bota atrás da outra e ainda continua atrás da Evans! Além do mais, você mesmo sabe disso! Mesmo que Remus não goste de mim, ele poderia até aceitar ir ao baile comigo só para não me magoar, e eu não quero isso! - James levantou uma sobrancelha e deu um sorriso travesso, mas por dentro ele se sentiu horrível. Se você soubesse que é muito mais corajoso que eu, Sirius..., pensou.

        - A-rá! Então meus palpites estavam certos! É realmente o Moony quem roubou seu coração de pedra! - Sirius arregalou os olhos, surpreso. Logo depois, virou-se novamente para o lago, com sua expressão triste.

        - Você não sabia?

        - Não, eu estava jogando branco. Mas eu tinha quase certeza.

        - Eu sou tão óbvio assim?

        - É. Vocês dois são óbvios demais, mas eu acho que só para mim, que sou seu melhor amigo. - Sirius, que pareceu não ter percebido o "vocês dois", deu um suspiro e fechou os olhos, encostando a cabeça na árvore.

        - Eu acho melhor eu não ir ao baile mesmo, James. Além do mais, você lembra o que o Peter disse na noite em que Dumbledore anunciou o baile... - foi a vez de James ficar irritado.

        - Não seja burro, Sirius! Você vai perder a chance da sua vida porque tem medo de irritar o Peter! O Peter, entre todos! - James se levantou e pegou o Sirius pelos ombros, fazendo-o abrir os olhos e olhar para ele. - Esquece o Peter, Sirius. Os únicos importantes aqui são você e o Remus, e se você precisar de apoio, eu estou aqui para ajudá-lo com todas as minhas forças. Se o Peter não aceitar vocês dois, então a amizade dele não vale a pena. Um a menos para os Marotos, eu nunca gostei muito dele mesmo, principalmente depois que nós contamos sobre a maldição de Remus e ele ficou quase um mês evitando nós três!

        - Mas, James...

        - Nada de mas! Pare de arranjar desculpas, você sabe que as suas desculpas são péssimas quando você está nervoso! - Sirius abaixou a cabeça e James olhou para cima, vendo ao longe duas silhuetas bem conhecidas.

        - É... Talvez você tenha mesmo a razão, James... - Sirius disse com um sorriso fraco. James deu um sorriso radiante em retorno e olhou nos olhos do amigo.

        - Olha, Sirius, esqueça o Peter, esqueça os Gryffindors, esqueça a escola, esqueça o resto do mundo! Olhe Remus nos olhos e, se você não puder se declarar, ao menos o convide para o baile! Se você não o fizer, e vocês dois voltarem tristes para a sala comunal, eu bato em você e prego duas peças bem pregadas em ambos! Estamos entendidos?! - Sirius olhou para o amigo meio confuso.

        - James, o que...?

        - Ótimo! Agora, mostre a sua coragem de Gryffindor, e parta para a luta! - James se levantou e bagunçou o cabelo do amigo, logo em seguida virando-se na direção do castelo e correndo.

        Ao olhar para James, Sirius sentiu seu coração parar e seu estômago cair ao chão. Na direção em que James estava indo, Remus e Peter estavam vindo. Os três pararam, Sirius não conseguiu ouvir a conversa, mas logo depois James estava arrastando Peter de volta para o castelo e Remus estava rindo. Então, Remus voltou a caminhar na direção da árvore, e Sirius congelou.

        - Olá Padfoot! - Remus disse sorrindo e sentando-se no lugar onde estava James. - Prongs lhe disse algo realmente chocante ou você está com medo de mim mesmo? - Sirius engoliu em seco.

        - Hmm... Foi o James... Acho que ele está começando a crescer, e as palavras dele estão começando a atingir um nível ainda desconhecido por mim... - ele deu um sorriso nervoso, ainda olhando para o lago. Remus franziu o cenho, então se levantou e ficou de joelhos bem ao lado do amigo, levantando o seu rosto para olhar em seus olhos.

        - Sirius... Você está bem? Você só chama o James pelo nome quando algo realmente o está incomodando. - Sirius mordeu os lábios e se virou para o outro lado, usando de todas as suas forças para impedir suas bochechas de ficarem vermelhas e ficando tonto.

        - Hmm... Eu estou bem, Re-... Moony, não se preocupe. Só um pouco tonto, eu acho. - Remus olhou para ele preocupado, depois deu um sorriso triste, mexendo com algo em seu bolso.

        - É... Bem... Acho que você deveria ir à Ala Hospitalar, Sirius. Eu precisava falar com você, mas a gente sempre pode se falar depois. - o coração de Sirius deu um pulo a essas palavras, e ele se virou abruptamente para Remus, quase o fazendo cair para trás de susto.

        - Não, não, não, eu estou ótimo, mesmo!!! - Sirius levantou de supetão para enfatizar suas palavras, mas isso não ajudou em nada. A tontura apenas aumentou, e ele cairia de cara no chão se Remus não tivesse se levantado e pegado o amigo nos braços. Sirius sentiu o corpo inteiro se esquentar, e ele derreteria nos braços de Remus se este não o tivesse sentado no chão tão rapidamente.

        - Sirius! Você não está bem, e eu vou levá-lo à Ala Hospitalar agora mesmo! - Remus fez menção de passar o braço por baixo dos joelhos de Sirius para o erguer, mas este pegou sua mão, impedindo-o.

        - Não, eu estou bem! Eu... eu também preciso lhe falar algo... - Remus deu um pequeno balanço de cabeça e olhou atentamente para o amigo, ficando um pouco vermelho. Talvez só agora ele tivesse percebido a proximidade dos dois, ou o fato de que as costas de Sirius estivessem apoiadas em seu braço, ou que este estava segurando sua outra mão, ou... ou... ou o fato que o rosto dos dois estavam tão próximos que ele conseguia sentir a respiração de Sirius em seu rosto... O corpo de Remus começou a ficar dormente, e ele escutou as palavras de Sirius apenas vagamente.

        - R-Remus, eu... eu... e-eu quero dizer... hmm... é que eu... você... - as pálpebras de Remus começaram a se fechar e Sirius arregalou os olhos. Seu coração disparou a uma velocidade que ele nunca havia sentido, e ele ficou ainda mais tonto. Ele fechou os olhos e levantou o rosto, e logo os lábios de Remus estavam sobre os seus. Ele ficou muito feliz, sentiu vontade de se derreter e de dormir nos braços de Remus, mas à vontade de retribuir o beijo foi ainda maior.

        Depois de segundos que pareceram horas, os dois se separaram para respirar, e Sirius se viu deitado no chão, com Remus sobre ele. Ele ficou vermelho e olhou para Remus, que ficou ainda mais vermelho quando percebeu a posição em que estavam e saiu de cima. Depois de um longo silêncio nervoso, Remus começou a rir. Sirius se sentou e olhou para o rosto dele, confuso. Remus enfiou a mão no bolso e tirou um pequeno embrulho, estendendo-o para Sirius.

        - O que eu queria dizer... Quer ir ao baile comigo? - Sirius sorriu e pegou a mão de Remus com as duas mãos, tirando o chocolate de dentro e a acariciando. Sem palavras, ele tirou a pequena rosa vermelha de seu bolso e colocou na palma de Remus. Este estava tão alegre que parecia prestes a explodir de felicidade. Sirius tirou seu próprio chocolate do bolso e estendeu a Remus.

        - E você? Quer ir comigo?

        - Claro! - exclamou Remus, esquecendo o chocolate e abraçando Sirius com todas as suas forças. Sirius abraçou de volta, e eles ficaram assim por um tempo, então Remus finalmente tirou sua rosa amarela do bolso e colocou-a nas mãos de Sirius, trocando-a pelo chocolate.

        - É melhor nós voltarmos para a sala comunal, antes que Prongs pense que nós irritamos os seres do lago e morremos afogados. - Sirius disse rindo, levantando-se e oferecendo sua mão para levantar o loiro. Este também riu, aceitando a ajuda oferecida.

        - É, tem razão. Mas... - Remus abaixou a cabeça, ficando com uma expressão triste. Sirius colocou a mão sob seu queixo e fez com que Remus olhasse em seus olhos.

        - Prongs já sabe de tudo, não se preocupe com isso. Agora, está começando a nevar e eu acho que eu vou congelar daqui a pouco, vamos para o castelo e então, na frente da lareira, nós podemos continuar o que começamos, que tal? - Sirius disse com um sorriso confortante, que se tornou travesso no final.

        Remus riu e o abraçou forte novamente. Sirius deu um beijo em sua testa, então abraçou o garoto mais baixo de volta, encostando seu queixo em sua cabeça. Eles ficaram um bom tempo assim, e só se separaram quando estavam começando a ficar encharcados com a neve.

        - Vamos, meu garoto carente. Assim que nós colocarmos uma roupa seca e estivermos na frente da lareira, eu prometo que passo quantas horas você quiser o abraçando. Remus assentiu com a cabeça e os dois voltaram de mãos dadas para o castelo.