"Primeiro sua visão começa a falhar. Depois, você perde o controle do seu corpo. Você já sabe o que está acontecendo e por alguma razão isso não te deixa assustado. A ultima coisa que você vê são olhos verdes, muito verdes, como os dela. E depois tudo fica escuro por um tempo. Talvez segundos, ou minutos, ou horas se passam até que você finalmente vê uma luz…"
Acordou agitado, ainda se sentindo sem folego. Respirou varias vezes, puxando todo o ar que podia, até perceber que não estava mais sufocando. Estranho… Agora, mais calmo, finalmente percebeu o cenário a sua volta. Estava numa cama, mas não uma cama qualquer. Reconhecia bem aquelas cortinas vermelhas e aquelas colchas. Estava na torre da Grifinória! Mas então teria sido um sonho? … Ainda continuaria como um rato esse tempo todo? Não, não era possível… Certo que quando criança costumavam dizer que ele tinha uma imaginação fértil, mas ele não teria imaginado quatro anos inteiros de sua vida… E sem falar que ele não estava na forma animaga.
Teria sobrevivido então? Olhou para a própria mão (que no final das contas, nem era tão sua assim) e constatou que ela não era de prata e sim de carne e osso.
Mas como? Colocou as mãos no rosto e constatou que não tinha mais bigodes, nem nada que lembrasse um rato… Aliás, analisando bem, parecia que havia rejuvenescido alguns anos! Até seu corpo estava diferente!
Com um pressentimento ruim, abriu as cortinas da cama e olhou ao seu redor, vendo algo que definitivamente não queria ver. Viu gente que deveria estar morta (ou a maioria delas), dormindo calmamente, com anos a menos nos rostos e como se nada tivesse acontecido, como se a guerra não tivesse ocorrido e ele não tivesse traído ninguém.
Só percebeu que tinha gritado quando as fontes de seu susto acordaram, perturbados.
- Peter, foi você? - Remus foi o primeiro a falar, parecendo ter dificuldades em manter os olhos abertos.
Peter apenas olhou incrédulo para ele, Sirius e James. Sirius parecia extremamente irritado e James colocou seus óculos, tentando entender o que estava acontecendo.
- O que foi, cara? Parece que viu um fantasma. - Debochou sorrindo e era exatamente isso que Peter estava vendo. Um fantasma que devia estar morto, por causa dele.
- I-Isso— V-Vocês não— - Tentou falar alguma coisa, se assustando com a própria voz. Os três o olhavam sem entender, esperando uma explicação. - V-Vocês deviam estar mortos! - Foi a única coisa que conseguiu falar antes de sair correndo dali, não querendo nem entender o que tinha acontecido.
Os três marotos se olharam, sem entender.
- … Isso que dá comer tanto antes de dormir. - Disse Sirius, nem um pouco paciente, voltando a se enrolar nas cobertas.
Sentiu que estava deitado em algo macio. Mas isso... Não fazia sentido. Abriu os olhos. Estava no... Dormitório da Sonserina? E não era só isso, parecia que tinha algo errado ali... Além do obvio fato de que ele devia estar morto. O veneno de Nagini era letal, não tinha como ele ter sobrevivido... Aliás, nem queria sobreviver. Só o que lhe faltava, ser tratado com herói depois de tudo... Se sentou na cama e paralisou no mesmo instante, ao ver que não era o único no lugar. Estava acompanhado, sim, muito bem acompanhado por tipos como Avery e Mulciber seus velhos companheiros de quarto durante sua época de Hogwarts. Dormiam tranquilamente e por alguma razão aquilo dava nojo a Severus.
Está certo que diziam que quando alguém morria, sua vida toda passava diante dos seus olhos mas aquilo estava ridiculamente real demais. Estaria delirando? Algo entre vivo e morto?
Levantou-se e foi ao banheiro, onde sabia que teria um espelho. Não se assustou muito ao ver seu rosto adolescente lhe encarar de volta, embora isso fosse sim algo surpreendente. Se segurou na borda da pia, tentando pensar numa explicação lógica para aquilo. Ainda não descartava a ideia de ser um delírio, mas achava pouco provável que tivesse sobrevivido. Estava morto então? Era assim morrer? Alguém só para sacanear teria lhe mandado de volta para a fase de sua vida que mais detestava? Ah, a ironia do destino... Mas se fosse assim, os outros também estariam mortos? Avery e Mulciber... Teriam morrido em batalha? Decidiu voltar ao quarto. Que horas deveriam ser?
Ficou parado no meio do comodo, analisando a situação. Talvez fosse melhor sair e investigar. Se fosse uma ilusão, talvez pudesse encontrar algo que não fizesse sentido. Com isso em mente, se dirigiu as masmorras, tomando o cuidado de não acordar ninguém. Não tinha a menor vontade de se encontrar com um dos seus colegas sonserinos, sejam eles frutos de uma ilusão ou os próprios desencarnados.
Caminhou até o salão principal, onde já havia uma movimentação. O horário do café da manha devia estar apenas começando... Foi então que percebeu que estava com fome. Um fantasma com fome? Lhe parecia pouco provável... Cada vez mais tudo fazia menos sentido para ele, mas talvez o melhor fosse agir como se tudo estivesse normal e...
Espera. Se ele estava em Hogwarts, durante sua adolescência, quer dizer então que...
- Lily... - Deixou escapar num sussurro, arregalando os olhos.
Não. Não estava pronto para aquilo, não aguentaria vê-la. Ignorou a fome e deu meia volta, se dirigindo a outras partes do castelo.
Peter não só passara a noite lá fora mas também quase o dia todo, em forma animaga, escondido perto das raízes de uma arvore. Nem se importara de ter corrido até ali de pijamas – pijamas estes que tinham sido um presente de sua mãe no 5º ano e que era extremamente infantil, motivo pelo qual os outros marotos sempre riam quando o viam usando – e não tinha a menor intenção de voltar tão cedo. O que estava acontecendo? Nem morto ele teria paz? Tinham que vir as memórias de Hogwarts lhe atormentar? E eles pareciam não saber de nada... O que fazia tudo ainda pior na sua concepção.
Estava com fome, mas nem isso ia o impedir de se esconder. Não queria e – não ia – enfrentar os amigos tão cedo.
Mas para onde iria? Certamente não queria ficar ali, mas nem sabia o que estava acontecendo... Decidiu tentar ir para Hogsmead, pelo menos lá poderia arrumar comida e tentar colocar os pensamentos em ordem. Saiu de seu esconderijo, voltando a sua forma humana. Estava coberto de lama. Certamente não era lá a aparência mais apresentável do mundo. É, agora se arrependia de não ter pego uma roupa decente. Será quer ainda dava tempo de arrumar uma roupa nova antes de ir? Pelo horário, julgava que os outros deviam estar jantando então essa seria a sua melhor oportunidade. Voltou a forma animaga e foi até o dormitório, contente ao constatar que realmente não havia ninguém. Se trocou rapidamente e saiu, tomando o cuidado de não deixar vestígios de que tinha estado ali. Pegou uma rota mais deserta, indo em direção a uma das varias passagens secretas para Hogsmead. Mesmo assim, acabou topando com uma pessoa num dos corredores.
Severus Snape.
Sua intenção era passar sorrateiramente de cabeça baixa, mas seu olhar lhe traiu e acabou olhando o espião de Dumbledore. Sim, ele sabia que ele era um espião, sempre soube. Se escuta muitas coisas por ai quando se está na forma de um rato. Mas nunca entendeu porque Snape matara Dumbledore no final. Talvez ele realmente fosse leal a Voldemort, mas alguma coisa ainda lhe soava estranha naquela história toda.
O encarou, a expressão neutra e Snape o encarou de volta. Parecia com nojo. Com raiva. Como se soubesse exatamente o quão baixo Peter chegaria na vida.
- Snape. - Cumprimentou.
- Wormtail. - Ele devolveu e seguiu seu caminho, assim como Peter.
Mas algo estava errado. O Grifinório parou e se virou novamente, devagar, calculando suas palavras.
- Você não me chamava assim. Não até estarmos do mesmo lado na guerra. - Evitou usar a palavra "comensal". Aquilo lhe trazia maus agouros e ainda havia a remota chance de que sua dedução sobre a fala do sonserino estivesse errada. Mas não estava. Tinha certeza.
Snape parou, mas continuou de costas. Depois de um tempo, se virou para ele, lembrando muito mais o homem comensal e espião do que o garoto esquisito que todos tiravam sarro.
- Ah. Então o rato não era tão burro quanto parecia.
- Você sabe não é? Sabe o que está acontecendo. - Ignorou o insulto.
- Não. - A resposta foi imediata. - Mas tenho uma ideia. Então você também se lembra de tudo?
Assentiu.
- Quando você morreu? O que aconteceu depois que eu- - Não quis continuar a frase, não queria lembrara do desespero que sentiu.
Snape olhou para os lados.
- Melhor sairmos daqui. Não é um bom lugar para discutir essas coisas... - Lançou um olhar suspeito aos quadros ao redor, onde seus moradores fingiam falsa inocência. Foram para os jardins novamente, onde ninguém iria atrapalha-los. A noite já estava caindo e os últimos raios do dia morriam ao se encontrar com o lago negro.
- O lorde me matou. Mandou Nagini me matar. Ele queria a varinha das varinhas... Não sei o quanto da história toda você sabe. Houve uma grande batalha, aqui em Hogwarts, mas eu não sei o que aconteceu no final. - Resumiu.
Peter encarou o chão, chutando algumas pedras, pensando.
- Você acredita que Harry... Que Harry Potter tenha conseguido? - Levantou levemente o olhar.
- Ele tinha grandes chances. - Falou indiferente.
Peter mordeu os lábios. Bom, ele costumava ser otimista então acreditava que tudo teria ficado bem no final. De alguma forma.
- E o que está acontecendo afinal?
- Exatamente o que parece. - Snape deu de ombros. - Fomos mandados de volta no tempo. Eu investiguei algumas coisas e tudo está exatamente como deveria ter sido em 1977. Ninguém parece se lembrar de nada. Estou surpreso que você, entre todas as pessoas, se lembre.
- Então... Nós voltamos no tempo? Não estamos mortos?
- Aparentemente... - Deu um suspiro, nem um pouco feliz com a situação.
- … O que faremos? - O animago perguntou depois de um momento de silêncio, sentindo a gravidade da situação. - Vamos ter que viver tudo de novo?
Aquilo pareceu acender de novo aquele olhar de ódio e nojo em Severus.
- Tudo de novo... - Falou entre dentes. - Eu devia era te matar aqui e agora. Rato.
Peter, se realmente tivesse a idade que aparentava, estaria morrendo de medo. Estaria. Mas ele era um homem morto de trinta e sete anos então ele não tinha muito a perder, mesmo que Snape fosse sim alguém a se temer. E muito.
- Você diz como se eu fosse o único culpado de tudo. No final você não era nem tão diferente de mi-
- Cale-se! - Snape avançou, varinha em mãos. - Não ouse a me comparar com você!
Peter sacou a sua varinha também, pronto para se defender. Os dois rondavam um ao outro lentamente, um desafio silencioso de quem aguentaria mais tempo.
- Não ouse me comparar... Você não passa de escória... Nem ao menos ser fiel aos seus amiguinhos conseguiu no final... Me pergunto como um traidor como você for sorteado para a Grifinória-
- Ah sim, por que me colocarem na Grifinória quando poderiam colocar você? - Pelo olhar de Snape, Peter sabia que tinha conseguido ofendê-lo. - O tão honrado espião da Ordem... Ou talvez nem tão honrado assim, já que você matou Dumbledore de qualquer jeito.
- Cala a boca! Você não sabe de nada! - O sonserino avançou mais alguns passou, o que fez Peter recuar. - Minha vida inteira foi uma desgraça e sabe por que? Porque você não conseguiu nem fingir ter um pingo de coragem para poder protege Lil- os Potter! Por sua culpa ela- Eles morreram e eu tive que tentar consertar a burrada que você fez!
- A burrada que eu fiz? Até onde eu sei, foi você quem ouviu a profecia e teve de correr para contar ao Lorde!
A cada frase, os dois aumentavam o tom.
- Se não fosse eu poderia ter sido qualquer outro!
- É isso que você se diz todos os dias antes de dormir?
Aquela foi a gota d'água e logo os dois estavam atirando maldições um contra o outro. Snape sempre fora habilidoso e com seus feitiços silenciosos rapidamente encurralou Peter, mas este não desistia. Já tinha recuado demais, por uma vida toda e não ia morrer – de novo – nas mãos do seboso, ah não, humilhação tem limites.
Tentava o máximo que podia se proteger com contra feitiços, mas era extremamente difícil sem saber exatamente qual feitiço o pocionista iria usar. Mesmo assim, também era bom em feitiços não verbais, causando pelo menos uma certa dificuldade para Snape.
Naquela altura, nenhum dos dois estava mais prestando atenção ao seu redor e nem pensaram que as luzes e o barulho iriam atrair muitos curiosos para as janelas.
Voltando a luta, depois de lançarem feitiços iguais que se anularam numa grande explosão, os dois pararam, ofegantes, encarando um ao outro. Tudo o que queriam era destruir, matar, se vingar – seja isso um do outro ou deles mesmos e suas próprias escolhas erradas.
Só restava uma opção na cabeça deles, que era dar o melhor de si. Apontaram as varinhas um para o outro mais uma vez, confiantes.
- Confring-
- Sectumsempr-
- Expeliarmus! - E com um feitiço, Minerva Mcgonagall tirou as varinhas das mãos dos dois. Os homens-adolescentes olharam para ela, despertando para a situação em que se encontravam – Francamente, vocês dois! Onde estavam com a cabeça? Brigar assim dentro dos territórios da escola... Me surpreende que-
- Ah, Minerva, obrigado por ter apartado a briga. - Dumbledore se aproximou, com a calma de sempre. - Se não se importa, gostaria de ter uma conversa particular com os rapazes... - Abaixou os olhos azuis até os dois, nenhum deles tendo coragem de encará-lo diretamente, por motivos diferentes. - Por favor, me acompanhem.
Peter e Severus lançaram um ultimo olhar de ódio um para o outro antes de seguirem o ancião.
- Vamos, circulando! - Gritou Minerva para os curiosos que se aglomeravam, assim como para os que estavam nas janelas, gesticulando energicamente. - Não há nada para se ver aqui! Vamos!
Severus seguiu o caminho que tinha feito durante a sua vida até vezes demais para o seu gosto. Entrou naquele maldito gabinete e sentou-se no lugar de costume, de frente para Dumbledore, onde tantas vezes havia discutido sobre o futuro da guerra e os planos de Voldemort.
- Querem alguma coisa? - Perguntou no seu tom ameno de sempre, que já causava raiva no sonserino. - Varinhas de alcaçuz?
- Ah, sim, obrigado. - O rato respondeu, estendendo a mão para o pote. Tipico, Severus pensou, revirando os olhos.
Esperou que eles acabassem com as trivialidades, mantendo o olhar baixo. Não queria ver aqueles quadros ou nada daquele lugar, não precisava se lembrar do ano horrível que passara sendo o diretor de Hogwarts.
- Então... - Dumbledore usou um tom mais serio, chamando a atenção dos dois. - Posso perguntar o motivo da briga de hoje?
Severus nem precisou abrir a boca, pois Peter já havia se adiantado.
- E-Eu não fiz nada! Juro! - Os olhos azuis brilhavam com lagrimas, exatamente como se ele realmente fosse vinte anos mais novo. - E-Ele tinha falado mau dos meus amigos e- - Lançou um olhar para Severus, como se realmente estivesse com raiva (o que de certa forma realmente estava).
Severus apenas cruzou os braços, parecendo com tédio. Ele é bom, pensou consigo mesmo, ou simplesmente muito mal.
- Não seja ridículo, Pettigrew, o que eu falei não tinha nem nada a ver com você. - Deu um riso seco. - Só sendo muito patético para achar que teria chances num duelo comigo.
Peter já ia retrucar, quando Dumbledore fez um gesto para que se aquietassem.
- Acho que não é segredo para ninguém a certa rivalidade existente entre o senhor Pettigrew e seus amigos e o senhor Snape, mas o que me intriga... É onde foi que aprenderam a duelar daquela forma. Tenho certeza que alguns dos feitiços lançados não são ensinados aqui, nem para alunos do 7º ano, como vocês.
- Sirius sempre disse que o Snivellus era mesmo especialista em artes das trevas! - Peter se apressou em dizer, obviamente querendo livrar sua pele como sempre.
- Pode até ser, senhor Pettigrew, mas ainda não explica como você também sabe mais do que um pouco sobre artes das trevas. - Dumbledore retrucou, ainda parecendo neutro.
Peter perdeu a cor, sabendo que não tinha como enrolar, grudando ao encosto da cadeira, quase como se quisesse se fundir a ela. Por um minuto, Severus achou que ele fosse virar um rato e fugir.
Dumbledore olhou de um para o outro, cruzando as mãos sobre a mesa.
- Alguém quer me dizer o que está acontecendo?
Os dois apenas ficaram em silêncio, encarando o diretor. Severus já sabia o que o velho ia fazer antes mesmo dele pensar. Sentiu os olhos penetrantes do diretor nos seus, e tomou o cuidado de ocultar tudo sobre sua vida depois dos 17, mas sem levantar suspeitas de que era um oclumente.
Dumbledore pareceu levemente decepcionado e fez o mesmo com Wormtail.
Não era uma coisa confirmada, mas Snape sempre acreditou que Wormtail fosse um oclumente – afinal, ele era um espião assim como ele no começo e Dumbledore sempre teve a irritante mania de espiar a mente dos outros. Então foi com surpresa que viu o loiro piscar os olhos varias vezes, confuso, evidentemente tendo experimentado algo que nunca tinha sentido antes.
Dumbledore recuou instintivamente com a expressão grave. Depois, se levantou, dando voltas em torno dos dois.
Peter ainda parecia transtornado, botando as mãos na cabeça. Severus olhava aquilo sem entender – ou melhor, não querendo entender. Quer dizer então que teria bastado Dumbledore olhar na mente do animago e Lily jamais teria morrido? Mas por que? Por que logo ele nunca pensou em olhar na mente do Maroto, se tinha o feito com Snape diversas vezes? Ele era tão indigno de confiança assim?
- Bom, isso faz sentido. - Dumbledore finalmente parou de andar, se voltando aos dois. - Mas a pergunta ainda fica: O que vocês dois estariam fazendo aqui, nessa época?
- Obviamente, não sabemos. - Severus se virou para ele. - Pensávamos que estávamos mortos.
- E estão. - Dumbledore indicou Peter com a cabeça. - Ou ao menos ele está.
- Foi o que pensei... Então, simplesmente voltamos no tempo?
Dumbledore apenas assentiu.
- A-Até onde você viu? - Wormtail pareceu se recuperar, embora ainda não tivesse coragem de encarar o diretor.
- … O bastante. - Tentou ser neutro, mas era obvio que ele viu o que tinha acontecido e sabia sobre a traição.
Dumbledore voltou a se sentar em sua cadeira, com um suspiro pensativo.
- Agora, a pergunta que fica é: o que fazer?
- V-Vai me mandar para Azkaban? - Um assustado Wormtail perguntou.
- Não. - Albus teve a audácia de rir. - Não importa o que vocês fizeram no passado, aqui vocês ainda são pouco mais do que crianças. Mas eu vou ter que dar uma detenção para vocês e tirar pontos de suas casas pela briga, é claro.
Severus estava incrédulo.
- É isso que você chama de uma solução?
- E o que você esperava de mim? - A pergunta de repente soava tão pertinente agora quanto na sua vida passada.
- Não sei... Uma explicação talvez. - Uma instrução, você sempre adorou dar instruções, pensou.
- Sinto dizer, mas também não tenho ideia do que esteja acontecendo... Agora, se quiserem uma sugestão... - Falava distraído, enquanto mexia em alguns papeis sobre a mesa. – Pouca gente tem uma oportunidade dessas de voltar e refazer sua vida. Não gostariam de mudar algumas coisas?
- Claro. - Se surpreendeu ao ouvir a voz de Peter e não a sua. Já tinha até esquecido que não estava sozinho com Albus.
- Então – O ancião sorriu. - acho que sabem o que fazer.
Após receberem as suas devidas detenções (polir os troféus, por mais bobo e infantil que isso soasse) saíram do gabinete do diretor, um tanto desnorteados. Era muita coisa para engolir de uma hora para outra. E só um pensamento pairava em suas cabeças.
"Por que eu simplesmente não morri como todo mundo?"
N.A.: Essa é uma fic que escrevi única e exclusivamente para o meu próprio divertimento, sem intenções de postar mas... Algumas pessoas mostraram interesse, então por que não? Eu simplesmente queria ver um dos meus personagens favoritos (Sev gracinha) interagindo com o meu "protegido" (Peter coisa fofa) então né... Vamos ver no que vai dar! Enfim, quanto a casais, vai ter JamesxLily. Se eu não mudar de ideia no meio do caminho, he. Aceito sugestões de casal. :3
Adoraria receber comentários, criticas e sugestões!
