Capítulo Um – Acorde Minha Alma

Como o meu coração é inconstante e como meus olhos estão atordoados,

Eu me esforço para encontrar alguma verdade nas suas mentiras,

E agora meu coração tropeça em coisas que eu não conheço,

Essa fraqueza que eu sinto, eu devo mostrá-la por fim

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Um pressentimento ruim estava com Quinn desde que ela acordou naquela manhã. Ela havia permanecido na cama por dez minutos a mais do que seu horário normal de levantar e ela pensou seriamente em ficar em casa. Ela queria apenas voltar a dormir em sua cama quentinha e enterrar sua cabeça debaixo de seu travesseiro. Ela podia dizer a sua mãe que ela se sentia enjoada e não seria exatamente uma mentira. Ela só sentia que algo ruim iria acontecer se ela fosse para a escola naquele dia. O episódio bomba de Grey's Anatomy continuava aparecendo no fundo da sua mente. Meredith havia se sentido como se ela fosse morrer naquele dia.

É assim que aquilo pareceu?

Ela foi pra escola de qualquer jeito.

O dia se arrastou e o frio na sua barriga não diminuiu. Sem conseguir se focar em nenhuma das leituras ou atividades nas aulas, ela sabia que ficaria para trás. Ela achou que talvez os seus amigos do Glee estivessem se sentindo meio estranhos também. Finn parecia constipado na maior parte do dia. Santana estava estranhamente quieta, e Rachel, constantemente vigilante e irritantemente alta, havia agido estranhamente também.

Quando a hora do Glee Club chegou, Quinn estava se sentindo realmente nauseada e queria mais que tudo rastejar pra casa e enroscar-se como uma bolinha na sua cama.

Não deveria ser difícil.

Eles estavam ensaiando um número que talvez fossem usar nas Seletivas. Quinn zombou internamente. Eles nunca estavam preparados para as Seletivas até o dia anterior, e quanto às Nacionais, eles haviam praticado a noite toda e durante a manhã do dia da competição, então a probabilidade de que qualquer coisa que eles praticavam tão cedo no ano fosse ser usado na competição era dez negativo.

Todos estavam nos seus lugares, Rachel e Finn na frente porque eles (de novo) eram os líderes, e os outros estavam arrumados ao redor de algum jeito estratégico. De algum jeito, Quinn se achou do lado direito de Rachel, mas ela estava consumida demais com o sentimento estranho correndo pelo seu corpo para ficar irritada com isso.

Era a terceira vez que eles estavam treinando a coreografia e todos, até mesmo Brittany, estavam tendo problemas. Não porque os passos eram difíceis, mas havia uma inegável tensão no ar que ficava mais sufocante a cada momento.

Numa parte da música, havia o momento que seu parceiro (Mike hoje) deveria girá-la para fora antes de puxá-la de volta para perto. A deixa veio e Mike a girou para longe de seu corpo. Quando seus braços estavam completamente estendidos, os dedos dele puxaram os dela de volta. Ambas as mãos estavam suadas, e ele não estava a segurando firmemente, então a mão dela deslizou para fora da dele e seu corpo continuou na trajetória. No segundo que eles perderam contato, o ar na sala mudou e Quinn de repente sentiu como se sua pele estivesse pegando fogo.

Ela já havia se sentido exatamente assim uma vez antes. No ano anterior, no laboratório de biologia, ela e seu parceiro iam dissecar um feto de porco. O garoto com quem ela estava trabalhando, Rick Alguma Coisa, era covarde demais pra fazer o primeiro corte, então Quinn o fez. O bisturi havia cortado de forma limpa através da carne meio congelada e ela cuidadosamente separou os dois pedaços de pele para expor a cavidade no corpo. A química usada para preservar o animal havia soprado pra fora, quase como uma daquelas nuvens de calor que a atingiam no rosto quando ela abria um dos fornos em Economia Caseira.

O sentimento foi exatamente igual ao de antes. Ela não conseguia respirar, sua pele estava formigando e suas mãos e pés pareciam mortos. E ela estava girando, fisicamente e mentalmente. Seu cérebro perdeu a habilidade de controlar seu corpo. Seu movimento continuou e ela colidiu fortemente contra Rachel, e numa bagunça de membros elas caíram com força no chão, com a morena por baixo.

Através da dor excruciante, ela conseguiu ver que ela não era a única que havia tropeçado ou sentido a dor estranha de fogo atravessando sua pele. Todos estavam andando como bêbados e Artie parecia que havia desmaiado em sua cadeira de rodas. Quinn olhou, com seus olhos embaçados, para a garota embaixo dela. O rosto de Rachel expressava dor e a loira pensou que ela provavelmente havia batido a cabeça no chão. Ela não teve a chance de rolar para o lado e ajudar a garota a se arrumar, porque naquele momento a dor de queimadura aumentou mil vezes e Quinn soltou um grito de dor. Ela ouviu um choramingo baixinho e alguns outros gritos ao seu redor.

Seus olhos estavam abertos, apesar da dor, e olhavam para baixo, para Rachel, quando sua visão sumiu abruptamente. Ao invés de ficar tudo preto, como ficava quando ela fechava seus olhos, era como se ela tivesse mergulhado em um abismo eterno de branco. Era tão brilhante que queimava, então ela fechou seus olhos, mas o branco ainda estava lá.

A cegueira durou cinco segundos e então sumiu, e o fogo havia ido embora e ela conseguia sentir apenas um estranho zumbido pelo seu corpo, como uma fraqueza, e ela se encontrou ainda em cima de Rachel Berry na sala do coral.

Mas era diferente, porque elas estavam sozinhas.

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Rachel Berry não gostou nem um pouco de como foi ter Quinn Fabray, uma das garotas mais bonitas que ela já teve o (des)prazer de conhecer, em cima dela. Não, ela não gostou nem um pouquinho. Nem como a cintura de Quinn estava perfeitamente encostada contra a dela, ou como suas pernas se entrelaçavam, ou como a respiração pesada da loira fazia o tórax dela encostar-se ao seu a cada inspirada. Ela não gostou de nada disso.

Ela gostou foi do fato de que não parecia mais que Santana havia decidido fazer sua ameaça valer e destruir suas roupas tacando fogo nelas enquanto Rachel ainda as usava. Era legal não ter aquela dor tomando conta de todos os pensamentos lógicos dela.

Em cima dela, Quinn gemeu e se deslocou para o lado, deitando ao lado de Rachel ao invés de em cima dela. "Ai."

"Pois é", a morena concordou, estremecendo quando tentou se sentar.

"Você está bem?" Quinn perguntou quando percebeu a dificuldade de Rachel. Ela estava cansada e dolorida demais pra se preocupar sobre como soou genuinamente preocupada com o bem-estar da diva.

"Minha cabeça", Rachel sussurrou, agarrando com as duas mãos a parte de trás da tal dita área. "Acho que tenho uma concussão."

"Só não desmaie ou qualquer coisa", Quinn mandou. Ela assistiu muita TV quando estava grávida e uma das coisas que ela sabia sobre concussões era que se Rachel tivesse uma e caísse no sono, ela podia morrer. E, claro, Quinn achava a diva irritante na maior parte do tempo, e ela costumava torturá-la com fervor que só podia ser descrito como religioso, mas ela não queria que a garota morresse ou algo assim.

"Me pergunto onde todo mundo foi", Rachel disse, olhando ao redor da sala vazia. "Por que eles iriam ir embora? Nós desmaiamos? Mas se nós apagamos com certeza alguém chamaria uma ambulância. Você sentiu aquela queimação estranha?"

Quinn queria dar um tapa na cara dela, ela realmente, honestamente queria. Porém, não o fez, porque aquelas eram, incrivelmente, questões válidas. Onde diabos estava todo mundo? "Sim, eu senti a queimação", foi tudo o que ela disse. Era a única resposta que ela tinha, na verdade. Mas, ao olhar ao redor da sala, Quinn começou a perceber algumas diferenças.

Havia muito mais cadeiras e elas estavam alinhadas nos degraus. As prateleiras atrás do piano estavam abarrotadas de livros e folhas de música. Uma das prateleiras era dedicada a livros de capa preta com nomes escritos na lombada. Os nomes eram estranhos. O piano havia sido movido e a bateria era diferente.

"A sala está diferente", Quinn assinalou para sua companheira.

Rachel virou sua cabeça num jeito quase frenético, pegando os detalhes da sala. Depois de um minuto, ela se levantou com as pernas trêmulas. Quinn a seguiu, mas ela estava bem mais estável.

"Isso é um tipo de uma pegadinha elaborada?" Rachel se perguntou em voz alta enquanto ia até o piano. Ela deslizou os dedos pelas teclas.

"Se é, eu estou completamente impressionada", Quinn replicou. Ela estava olhando para os livros mais cuidadosamente agora. Ela olhou as lombadas e bateu seus dedos pelo topo de alguns deles. "Mesmo que eu não duvide que o resto do Glee Club faria algo doido com a gente enquanto nós estivéssemos desmaiadas, eu acho que Mr. Schue não teria deixado." Ela decidiu e puxou o primeiro, a lombada dizia Abel, para fora da prateleira.

"Exatamente. Deixe-me ser franca, seria mais provável eles levarem você com eles e me deixarem ou para morrer ou para ficar confusa sozinha."

Quinn olhou para cima do que acabou sendo mais folhas de música, completamente escritas e marcadas com post its e pequenas estrelas douradas. Ela deu a Rachel, ainda perto do piano e não olhando pra ela, uma olhada. "Isso foi mórbido, azedo e excessivamente dramático, tudo em uma frase. Parabéns, você conseguiu."

"Ninguém gosta de mim. Exceto Finn, e às vezes até ele fica cansado de mim."

Quinn franziu as sobrancelhas. "Bem, ninguém odeia você mais. Até Santana não quer mais te matar toda hora. E aquele novato com cara de drogado parece que quer te dar um filho. Então, isso é... um progresso, né?"

Rachel acenou pesadamente, apertou algumas notas e então se afastou do piano. "Eu acho. O que você está olhando?"

"É um monte de folha de música", Quinn respondeu. Ela havia puxado outro livro durante a conversa. "Algumas são as mesmas e algumas são diferentes. Porém, todas estão escritas. E eu não reconheço algumas dessas canções." Ela deu de ombros e colocou o livro de volta.

"Isso é estranho."

Quinn queria concordar, mas ela fez isso só mentalmente. Dizer a Rachel Berry que ela estava certa seria um desastre.

Antes de eles pensarem em algo mais, um garoto alto abriu a porta da sala e entrou. Ele não era alto do jeito que Finn Hudson era, e definitivamente não era um bloco de músculos adolescente. Não, ele era desengonçado e obviamente preferia não ter crescido tanto. Seu rosto era infantil e bronzeado e ele tinha algumas espinhas em sua testa e um nariz que era grande demais para o seu rosto. Seus olhos eram escuros e expressivos, com cílios grossos que eram dificilmente encontrados em garotos. Seu cabelo castanho era muito claro para sua pele e estava num tamanho que gritava "POR FAVOR, ME CORTE!" para todo mundo num raio de oito quilômetros.

Ele as viu paradas lá e tropeçou para parar, quase caindo com seus pés grandes. "Oi", ele disse com uma voz que parecia a ponto de falhar. Rachel pensou que ele estava perto de quatorze anos e provavelmente era um calouro. Ela nunca havia o visto antes, mas ela foi atingida por um sentimento de familiaridade.

"Oi", Rachel e Quinn falaram em uníssono. Elas se olharam e então olharam de volta para o garoto. Ele ficava mudando o peso nas pernas.

"Sou Alex", ele disse para elas como se fosse uma explicação, como se o nome dele de alguma forma informava a elas o seu propósito na vida. Quando ele recebeu olhares em branco de volta, ele continuou. "Minha mãe é a diretora do coral." Ele não perdeu o olhar confuso que as garotas trocaram, ele apenas não questionou. Deixe-as terem suas esquisitices, ele pensou. "Estou aqui para pegar algumas folhas de música que ela deixou no escritório. O clube está praticando no auditório hoje. Vocês estão no Glee Club, certo?"

"Sim", Quinn respondeu rapidamente, antes que Rachel pudesse dizer algo incriminador. Ela não sabia o que estava acontecendo exatamente, mas ela era perceptiva o bastante para perceber que mesmo que ela nunca havia visto essa criança antes, ele era jovem e sincero demais pra estar na pegadinha. "Somos novas."

"Achei que sim", Alex replicou, tirando uma mecha do cabelo enrolado dos olhos. "Eu tinha quase certeza de que nunca havia visto vocês."

"Você disse que o diretor do coral é uma mulher?" Rachel perguntou de repente, Quinn virou a cabeça rapidamente pra olhar pra ela, seus olhos brilhando com raiva dourada. A morena ignorou o olhar com alguma dificuldade. Isso não estava fazendo sentido para ela. Ela pôde sentir a sinceridade do garoto também. Ele não estava mentindo, então ela teve que perguntar o que estava acontecendo.

Alex arqueou uma sobrancelha expressivamente. "Hm, sim, Rachel Berry, eu achei que todo mundo sabia disso. Ela é tipo... um dos principais atrativos para essa porcaria de cidade. Vocês são... novas mesmo. Estavam vivendo debaixo de pedras ou algo assim?" Ele balançou a cabeça e riu ironicamente quando elas não responderam nada. Ele levantou uma chave com um chaveiro de estrela dourada. "Eu já volto e então eu levo vocês ao auditório." Com isso, ele as deixou e entrou no escritório, fechando a porta atrás dele. Através das janelas, Rachel e Quinn podiam vê-lo folheando uma seleção de folhas de música que estavam guardadas no arquivo de três partes no pequeno escritório. Ou elas o teriam visto se elas não estivessem ambas encarando o lugar em que o garoto havia estado parado logo antes.

Esse era o filho de Rachel Berry, era o único pensamento coerente que Quinn conseguiu formar, mas não por falta de tentativas.

A mente de Rachel estava em branco, e não de um jeito bom.

"Nós estamos no futuro." Era certo como um fato, porque apesar de Quinn estar pasma, a realidade ao seu redor não estava aberta a debate em sua cabeça.

Rachel estava menos certa. "Isso é um absurdo, Quinn. Viagem no tempo é impossível. A tecnologia não existe e mesmo que existisse, existem problemas demais associados a essa ideia para que virasse uma prática viável."

"Obviamente", Quinn zombou com seu tom superior, "você está errada. É possível porque estamos vivendo isso."

"Você não pode estar me dizendo que você acredita em viagem no tempo. Você acredita no Pé Grande também? Tem que haver outra explicação."

Um rubor de raiva dominou as delicadas bochechas de Quinn porque, sim, ela acreditava no Pé Grande e algumas vezes em unicórnios também. "Ah, sério? Bem, então o que você acha que aconteceu?" A loira perguntou, colocando tanto desprezo em sua pergunta quanto era possível.

"Bem, obviamente eu sofri um grave dano cerebral." O tom alto de Rachel não ajudou nada a amenizar a irritação cega que a loira sentia subir como um turbilhão pela sua barriga.

"Como estou aqui então?" Quinn perguntou com escárnio, sua ira a estimulando.

"Você é uma invenção do meu subconsciente prejudicado. Eu obviamente estou em coma ou algo do tipo." Rachel parecia séria e crente em sua explicação.

Quinn fez uma careta, sentindo-se completamente insultada por ter sido comparada a uma invenção da imaginação de alguém, prejudicada ou não. Ela chegou perto da diva e deu um beliscão forte em seu braço.

O olhar de completo choque e dor que dominou o rosto da diva foi quase o suficiente para Quinn começar a rir, mas não foi o suficiente para esquecer sua indignação com a teoria de Rachel sobre a situação. "Se você está em coma, não deveria sentir dor. É como nos sonhos", ela replicou. Sinceramente, ela havia inventado isso. Não tem nenhum jeito de ela saber disso sem ter estado em coma, mas ela esperou que Rachel não percebesse sua mentira. "Aquele garoto disse que ele era o filho da diretora do coral. Ele disse que o nome da diretora era Rachel Berry. Eu não conheço muitas Rachel Berrys. E, ao menos que você e Finn acharam um jeito de fazer uma criança para mostrar seu intenso e inegável amor, nós estamos no futuro."

"Como?"

"Como se eu soubesse", a loira falou em um assobio em resposta.

"Não tem necessidade de descontar em mim", Rachel informou a ela com um olhar orgulhoso.

Quinn grunhiu e, de algum jeito, controlou a vontade de estrangular Rachel violentamente. Suas unhas cortaram suas palmas com a força para ela ficar sã.

Felizmente, a futura prole de Rachel, Alex, saiu do escritório com uma pilha de papéis debaixo dos braços, lembrando a loira que Rachel precisava estar viva para produzir seu progênito. E Quinn Fabray é tudo menos uma assassina de bebês.

"Tudo bem, vamos lá. Vou levar vocês para o auditório agora." As duas hesitaram brevemente em segui-lo, mas Quinn cedeu primeiro, permitindo-o que segurasse a porta do coral aberta para ela. "Você vem?" Ele perguntou quando ela estava saindo da sala. A loira virou para ver que Rachel estava parada exatamente onde ela havia a deixado.

Mesmo que a ideia de Quinn fizesse sentido para ela, Rachel apenas não podia aceitar que esse garoto um dia seria seu filho. Nada contra ele, pessoalmente. Na verdade, ele parecia um garoto legal. O problema era que ele estava em Lima, o fato que ela estava em Lima que ela não conseguia aceitar. Ela se recusava a aceitar isso.

"Eu...", ela começou. Ele estava olhando para ela com uma expressão confusa e ela podia perceber que ele obviamente tinha os olhos dela. Eles tinham o mesmo perfil e tudo mais. Ela sabia por que o via todos os dias no espelho. Era como se ele houvesse arrancado da sua cabeça. Ela de repente queria chorar porque ela podia ver, sim, ele era seu filho, ou ele seria, e ele era tão lindo e elegante e ela sabia que um dia ele seria dela. Ela podia sentir no fundo do seu coração. Machucava.

Ela se sacudiu com força. Ela estava no futuro. Ela estava prestes a conhecer o seu futuro... eu. Seu eu mais velho saberia o que fazer. Ela teria que saber. Ela conteve seus sentimentos que ameaçavam romper sua mente. Ela sabia que se pensasse sobre a situação mais um pouco, ela choraria.

Rachel assentiu. "É claro, perdão."

Alex deu de ombros e arqueou uma sobrancelha. "Não foi nada." Ele sorriu e Rachel imediatamente foi conquistada.

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O silêncio entre os três estava tenso. Não era por causa de Alex. Na verdade, ele estava perfeitamente confortável. A tensão entre as duas garotas era a origem.

Eles estavam no meio do caminho para o auditório quando Quinn decidiu acabar com o silêncio. "Então, você está no Glee Club?"

Alex pulou de surpresa ao ser questionado. "Hm, não. Eu estou no fundamental. Entretanto, eu não participo de nenhum clube, então eu venho aqui depois da aula pra passar o tempo. É melhor que ficar numa casa vazia por horas, sabe?"

Ele estava andando na frente delas, e não as olhava, mas Quinn acenou com a cabeça do mesmo jeito.

"Você vai participar quando estiver no colegial?" Rachel sibilou finalmente.

Alex deu de ombros. "Talvez, o negócio todo de cantar e dançar no palco não é muito minha praia. Quer dizer, é legal e tal, mas eu tenho talento em outras áreas", ele fez uma pausa para pensar, sua cabeça se inclinando um pouco. "Eu talvez faça isso pela diversão. Eu tenho aulas de dança de salão desde que eu tinha... cinco ou algo assim, então a parte de dançar seria legal. Só que eu não canto muito bem."

Quinn lançou uma olhada para a garota andando ao seu lado e tentou ver sua reação, mas a cara de paisagem de Rachel era perfeita. A loira anotou mentalmente que ela provavelmente deveria pedir algumas dicas da próxima vez que Puck tentasse arrastá-la para um jogo de strip poker.

As portas do auditório estavam fechadas, mas era possível ouvir a música através delas. Alex empurrou uma das portas e se apoiou nela, para manter aberta e permitir que elas passassem primeiro.

"Eu não posso interromper quando eles estão no meio de um número, então vamos apenas esperar atrás da mesa", ele explicou para elas, todo prestativo.

Alex liderou o caminho pelo corredor até onde a mesa do diretor estava. Apenas uma pessoa estava sentada ali. As garotas assumiram que era a Rachel Berry mais velha. Sua silhueta era pouco visível. O auditório estava escuro, mas o palco estava iluminado e quase trinta pessoas estavam lá, numa formação em que duas pessoas, uma garota e um garoto, ficavam na frente como se fossem os líderes. Eles não estavam usando trajes e Quinn contou seis garotas e dois garotos com uniformes das Cheerios, incluindo a garota líder para o número que eles estavam praticando.

As duas garotas perceberam distraidamente que elas não reconheciam a música. Era um problema maior para Rachel do que para Quinn.

As pessoas no palco não estavam cantando, eles estavam apenas fazendo a coreografia e Quinn e Rachel foram atingidas pela familiaridade com o momento que Rachel havia descoberto quem sua mãe era.

A rotina foi feita sem interrupções por aproximadamente 45 segundos depois que elas chegaram e Quinn tinha que admitir que a coreografia era realmente boa. Rachel não era tão bondosa quando ela, e aparentemente isso não havia mudado com o tempo.

"Fabray! Seus giros estão desleixados, arrume isso você mesma antes que eu vá te ajudar com uma chave de fenda", a versão mais velha de Rachel, que Quinn já havia dado o apelido de Rachel Mais Velha porque ela era uma garota muito criativa, gritou em seu microfone.

Quinn pulou de surpresa quando ouviu seu sobrenome e começou a olhar para todos os rostos no palco para achar quem se assemelhava a ela pelo menos um pouco. Ela não teve que procurar, porém, porque a garota que havia sido chamada respondeu com um "Sim, treinadora!" e Quinn percebeu que a líder era uma Fabray. Ela estava longe demais para perceber os detalhes da garota, mas ela podia dizer que ela tinha cabelo castanho claro.

Ela estava um pouco confusa sobre como essa garota era chamada Fabray. Ela não tinha nenhum irmão ou primos em Lima. Havia apenas duas opções que ela podia ver. Ou essa garota era sua irmã mais nova, gerada pelo seu pai idiota (ela contemplou a ideia em silêncio por um tempo), ou Quinn havia ficado grávida mais uma vez fora do casamento. Seus pensamentos foram interrompidos pela continuação das críticas da Rachel Mais Velha.

"E Puckerman, se eu vir você passar a mão nela mais uma vez, eu vou te substituir, entendido?"

O garoto que havia dançado com sua possível irmã/filha abaixou a cabeça quase com vergonha. "Sim, treinadora!"

A Rachel Mais Velha acenou. "Podem tirar um intervalo de dez minutos para beber água, então eu espero que vocês todos passem o número pelo menos mais cinco vezes antes de o treino acabar. E nós só temos meia hora, então sem erros."

A conversa animada dos alunos alcançou uma nota alta antes de ir lentamente abaixando para um rugido surdo quando a maioria deles havia saído do palco para beber água e conversar.

Rachel e Quinn travaram onde estavam enquanto Alex se aproximava de sua mãe.

"Ei, mãe, você tem mais duas garotas", ele disse, alertando-a de sua presença quando o palco estava completamente vazio. O som de risadas roucas flutuava pelo auditório. Ele colocou as folhas de música que ele havia ido pegar perto dela.

"Eu estava me perguntando por que você demorou tanto", foi a resposta.

A Rachel Mais Velha se virou para olhar para elas. Seus olhos encontraram os de Quinn primeiro, e o choque foi registrado antes de ela se virar para seu eu mais novo. No segundo que seus olhos se encontraram, os joelhos da Rachel Mais Velha curvaram e ela caiu de lado contra a mesa do diretor.

Alex a pegou por instinto e sua voz falha estava cheia de preocupação quando ele perguntou se ela estava bem. Ela não respondeu, seus olhos estavam focados e sem piscar na Rachel Mais Nova.

Por sua parte, Rachel Mais Nova olhava como se ela estivesse prestes a desmaiar. Ela cambaleou perigosamente e Quinn envolveu uma mão ao redor de seu braço para fixá-la, mas isso não ajudou muito. Seus joelhos balançavam, então Quinn teve que segurá-la de pé. A jovem loira, um pouco fora de prática quando se tratava de pegar garotas, quase a deixou cair, mas ela conseguiu se arrumar para levá-la calmamente ao chão, ao invés de deixá-la cair de bunda. A loira fez questão de conferir para ver se ela não havia desmaiado antes de voltar sua atenção para a versão mais velha da sua companheira.

Incapaz de um pensamento muito profundo no momento, Quinn tinha apenas uma observação sobre essa Rachel diferente, que, mesmo que era definitivamente mais velha, não parecia muito diferente da garota que Quinn segurava.

Alguém havia finalmente ensinado a mulher a se vestir.

QFRB

Nesses corpos em que vamos viver,

nesses corpos em que vamos morrer

Onde você colocou seu amor,

você colocou sua vida.

xx

Translation from the original English done by GayFabray.