Disclaimer: os personagens de Fairy Tail não me pertencem.
Aviso: esta história contém spoilers até a saga de Edoras. A saga de Fairy Island foi desconsiderada.
Apaixonando
"Don't let yourself go
'Cause everybody cries
And everybody hurts… sometimes."
(Não se deixe ir
Porque todo mundo chora
E todo mundo se machuca... às vezes)
Everybody Hurts - The Corrs
Capítulo Um: Apaixonando
Lucy suspirou.
Ela se sentia tão cansada e aborrecida. Frustrada também era uma palavra boa para descrever o seu estado de espírito. Afinal, tantas coisas haviam acontecido. Não fora capaz de assimilá-las ainda.
Edoras. A partida de Mistgun. A volta de Lisana. [...] Ah, sim, a volta de Lisana era o epicentro das suas perturbações momentâneas. Por quê? Bem, não sabia dizer como encarava aquele fato. A princípio, simplesmente ficou feliz pela situação geral, por aquele ressurgimento das cinzas. Depois, a realidade se fez notar, cutucando-a.
A normalidade de repente já não era mais normal. A rotina desapareceu. Ela foi a primeira a perceber. Nada mais era como antigamente e Natsu foi o segundo a perceber. E inconscientemente se afastou. Fosse para matar as saudades, fosse para fazer com que Lisana se sentisse readaptada e bem vinda. Acreditava que os motivos não eram relevantes. Mas sabia que, no fundo, eram, de fato.
Então, o tempo passou e Lisana e Natsu estavam namorando.
A distância a perturbou. Não porque o amava. É claro, amava Natsu, só que era um amar fraternal, um amar que não necessitava itálico. Não era amar, um amor romântico. Mas era amor, de algum jeito. Ele era a sua família, o seu pilar de sustentação, e por muitos dias se viu sem rumo. Desmamada.
Ainda eram amigos. Porém, a fagulha, a intimidade absoluta escoou, desapareceu. Restou a camaradagem. E seria o suficiente, se não estivesse mal acostumada.
Não negava: era mimada. Era mimada de carinho na Fairy Tail. E a falta notável, a falta substancial fez com que se sentisse mal. Mal por abstinência – de risos, de convivência, do sentimento de aconchego. Mal também pelo egoísmo. Sabia estar sendo egoísta. Devia dar tempo ao tempo, acostumar-se, esperar que tudo tomasse o seu lugar. Mas não era capaz de esperar mais.
Rolou na cama, soltando um gemido de irritação.
O sono se fora há muito e não voltava. A consciência só a fazia remoer o que não queria remoer. Trazia à tona o rancor. Rancor infundado e mal-direcionado. A complexidade dos próprios sentimentos, aquele turbilhão cíclico, que ia e voltava, a cansava.
Jogou as cobertas para o lado, pondo os pés para fora da cama. Sim, oficialmente desistia.
Ia preparar um leite quente e se conformar. Quem sabe escrever um romance sobre isso.
Era boa em expressar com palavras o que não podia vocalizar. Era muito enfática quando se tratava de discorrer sobre causas perdidas, mas ser precisa e correta e eficaz no que dizia respeito aos seus sentimentos, bem, nisso era inexperiente. Não, era débil.
Estava já sentada sobre o parapeito da janela, com uma xícara presa entre os dedos, sentindo a brisa noturna tocar os seus cabelos quando percebeu. Foi uma mudança ínfima de energia, mas o suficiente para fazê-la notar, e, saindo do seu torpor e da sua tristeza individualista, voltou os olhos por sobre os ombros e o viu.
Loki. Leo.
Impecável. A juba ruiva desarrumada e brilhante, o terno bem cortado e os óculos de sol. Radiante de energia pura, cheio de disposição e vigor. A imagem da masculinidade, com o queixo duro e os lábios voltados numa linha reta e crispada.
Ele sempre trazia aquela expressão quando algo o perturbava.
- O quê, Leo? – perguntou ela, impaciente, a voz áspera de desuso, e se voltou outra vez para o rio lá fora. A lua refletia na água e a paisagem nostálgica combinava com o próprio desânimo. Naquele momento, a auto-piedade a fez se sentir bem. – Não chamei você.
- Bem o sei – ele rebateu, um pouco duro. – Mas não posso mais, Lucy – sacudiu a cabeça, caminhando na sua direção. – Diga-me o que está acontecendo.
- Por quê? – Lucy virou todo o corpo para ele daquela vez, dando as costas para o mundo lá fora.
Havia surpresa e uma curiosidade genuína, embora não intensa, em seus olhos.
- Você sabe como estamos ligados – quando dizia no plural, Loki estava se referindo a todos os Espíritos Estelares que possuíam Contrato com ela. A sua união era intensa e especial. – O seu turbilhão de sentimentos, isso está nos deixando confusos, frustrados e aborrecidos.
Ela sorriu, sem prazer em fazê-lo. Porque a situação era muito irônica. Afinal, ela evocava neles a mesma coisa que Natsu e Lisana evocavam nela.
- Me desculpe – falou. – Aquarius deve estar furiosa.
- Furiosa – Loki deu um riso sarcástico, assanhando os cabelos revoltosos. – É uma descrição interessante. Mas não é válida. Aquarius está fora de si. Melodramática. Sentimental. Chorona.
O destaque em suas palavras fez com que Lucy risse francamente daquela vez.
Ver Aquarius chorar não era um desejo secreto e cruel que desejava concretizar, de verdade. Só estava na sua lista para saber se, bem, a malvada Aquarius podia fazê-lo. E ali estava a prova.
- Vamos lá, Lucy – Loki disse, a voz mole e agradável. – Você sabe que pode contar comigo. Diga-me o que está acontecendo, princesa.
A maneira gentil como ele a tratava fez com que o coração dela se aquecesse. E borbulhasse. E de repente as lágrimas vieram à tona, a confusão, a frustração e o aborrecimento, unidos à carência e à necessidade de saber que ainda havia alguém – ainda que no fundo soubesse que havia muitos, muitos alguéns.
Soltou a caneca sobre o parapeito e estendeu os braços para ele, o lábio inferior tremendo. A perfeita visão de uma ninfa infeliz, o brilho da lua fazendo reluzirem os seus cabelos dourados e os olhos cor de avelã. Mal sabia que o seu mero vislumbre era como um soco no estômago de qualquer telespectador menos preparado, uma beleza triste que fazia o coração doer e reagir de modo inconsciente.
Foi imediatamente atendida naquele pedido silencioso.
Encolheu-se contra o peito de Loki, aspirando ao aroma cítrico que exalava do corpo quente e agradável. Não se preocupou em parecer forte. Queria contato físico, queria se sentir aconchegada, querida. Embora recebesse muita afabilidade da guilda, era Natsu quem sempre suprira inconscientemente a sua necessidade de se sentir amada, seu melhor amigo, seu confidente.
Chorou por algum tempo.
Leo tinha se sentado na ponta da cama e ela se deixou acomodar sobre os seus joelhos. Quando o vendaval passou, continuou imóvel, acalmando a respiração, sentindo os dedos ásperos percorrerem a pele desnuda dos seus braços e costas.
- Diga que vai estar aqui – pediu, sem erguer a cabeça.
- Eu vou estar aqui – ele garantiu.
- Amanhã e depois de amanhã e depois, e depois – continuou, a voz áspera, exigindo confirmação.
- Até quando você me quiser.
- Agora – falou, torcendo os lábios. – Enquanto eu durmo, você vai ficar – soou rude sem perceber, impondo sem perceber, querendo-o simplesmente porque queria estender o braço e saber que haveria alguém.
- Se você quiser.
A fácil anuência e a sua tirania inconsciente fizeram com que o seu lábio tremesse e o bolo subisse novamente pela sua garganta.
Fazia muito tempo desde a última vez que se sentira daquela maneira. Quando trancara o seu coração para mantê-lo longe das decepções provocadas pelo seu pai. E agora a sensação voltara, a raiva pelo abandono da mãe, a raiva pelo abandono de Natsu.
Seu corpo sacudiu com o soluço e ela apertou Loki contra si com mais força.
- Sou má para você – murmurou, exausta. Lacrimejando outra vez. Frustrada. – Você não deve se desdobrar para mim.
- Má para mim? – perguntou Loki, ignorando propositalmente a última declaração. Soltou um riso rouco, de quem ouviu uma piada secreta. – Você foi a melhor coisa que já me aconteceu.
Ele empurrou delicadamente o seu ombro, obrigando-a a recuar, e ergueu a face feminina com a ponta do dedo indicador. Tinha as sobrancelhas franzidas quando a observou, tão vulnerável.
- Como alguém tão linda pode estar tão triste? – perguntou, deslizando o polegar por sobre uma lágrima, secando-a.
Lucy mordeu o lábio.
Não queria compartilhar o motivo da sua perturbação. Não era algo de que se orgulhasse. Fazia com que se sentisse constrangida e com que fingisse que estava tudo bem, sorrindo e conversando, porque não tinha coragem de exigir. E simplesmente não tinha coragem. E só.
Não tinha coragem de exigir atenção de Natsu, não tinha coragem de exigir o seu lugar no coração dele – como amiga, como irmã. Não tinha coragem de negar a aproximação de Lisana. Não tinha coragem de ser agressiva, embora quisesse. Não tinha coragem de ser verdadeira. De se abrir. De compartilhar como se sentia e tentar resolver isso.
Só sabia remoer. Sem verbalizar. Guardar para si.
- Diga-me você – rebateu, dura e corada, e escapou do contato com as suas mãos. Mas não fez questão de se mover, porém.
O silêncio perdurou. Ela não queria uma resposta. Estava suficientemente satisfeita com um pouco de paz interior. Encolheu-se contra o ombro dele outra vez e ele a acolheu, acariciando o seu couro cabeludo.
- Seja o meu cavaleiro de armadura brilhante hoje – citou as antigas palavras dele, suspirando. Fechou os olhos. – Esteja aqui.
LEÃO&LEÃO
Quando Lucy acordou, muito tempo depois, ele estava ali.
Estava por sobre as cobertas, descabelado, sem os óculos ou gravata, a camisa um pouco desabotoada, o rosto contorcido de preocupação.
Não a tocava, mas estava próximo o suficiente para afirmar a sua presença, e, mesmo coberta pelo lençol, ela ainda podia sentir o calor que emanava do corpo masculino e o cheiro cítrico que lhe tocava as narinas.
Relanceou os olhos pelo relógio, percebendo que ainda não eram 7h, e suspirou, espreguiçando-se.
Livrou-se da barreira que havia entre eles, empurrando-a para os pés, e se aproximou de Loki, passando os braços por sobre o seu tórax, de modo a ser capaz de ouvir as batidas ritmadas e fortes do seu coração.
- Lucy – ele chamou, sonolento, tocando-a com cuidado.
- Você está aqui – ela disse, excitada. Ronronou, esfregando o topo da cabeça contra o seu queixo como uma gatinha satisfeita.
- Eu disse que ficaria – Loki respondeu, aparentando algum aborrecimento. – Você não confia na minha palavra? – perguntou, erguendo o corpo sobre o peso dos cotovelos, de modo que ela teve que se mover também, para que pudesse acompanhá-lo.
Ela lhe sorriu, mas não respondeu.
- Fome? – perguntou.
- Muita – ele concordou por fim, percebendo que não obteria nenhuma réplica.
- Vou improvisar o café – disse Lucy, animada, enquanto saltava para fora da cama. Não se importou em prender os cabelos, embora estivessem completamente desalinhados. – Mas você sabe como sou péssima com tarefas domésticas – fez um biquinho de aborrecimento, provocando uma risada baixa em Leo.
- Qualquer coisa é o bastante – afirmou, jogando os pés para fora da cama. Deslizou a mão pelos cabelos, bocejando. – Faz muito tempo desde a última vez que senti este tipo de necessidade física. É bom voltar ao mundo humano.
Lucy sorriu.
- É bom te ter aqui, Loki – confessou, segurança e alegria em suas palavras. Ele ergueu a cabeça, satisfeito em vê-la reagir. – Vá tomar um banho ou algo assim enquanto eu cuido de tudo. Você sabe o lugar das coisas – apontou para o banheiro, logo descendo as escadas para a cozinha.
Ela chamou Plue para lhe fazer companhia enquanto preparava as panquecas. Estava de bom humor. Havia dormido bem. Não sonhado com nada. E a perspectiva de panquecas com mel parecia muito promissora.
Tinha alguns compromissos ao longo do dia. Gray a convidara para partir em uma missão simples – o que havia deixado Lluvia cheia de ciúmes. Além disso, o Festival da Colheita de Magnólia estava próximo. Era a sua época preferida no ano todo. Havia o Concurso de Miss Fairy Tail e o desfile. Ahh, o desfile!
Estava exatamente falando sobre isso quando Loki voltou, sem a gravata ou o blazer e com os cabelos vermelhos úmidos.
- O que você vai vestir este ano? – ele perguntou, após cumprimentar Plue com um tapinha amigável na cabeça. – Presumo que não teremos nada como Luxus outra vez? – sorriu, divertido ante a lembrança.
- Espero que não – Lucy suspirou, apontando com a espátula para a cadeira. – Senta – sugeriu, voltando-se outra vez para o fogão. – Mirajane está escolhendo os figurinos. Ela disse que a temática vai ser uma surpresa. Mas não dá pra ser muito inovador, considerando que nos utilizamos das nossas habilidades mágicas para ajudar na apresentação.
Fez um segundo de silêncio, praguejando baixo quando a frigideira chiou ao colocar mais massa. Plue arrulhou, parecendo se divertir.
- Traidor – Lucy resmungou, o que fez com que Leo risse. Ela voltou o rosto por cima do ombro, fitando-o com um sorriso. – Estou fazendo panquecas. Você gosta?
- É claro – ele concordou, levantando-se. Começou a se mover pela cozinha, abrindo as portas dos armários. – Já que foi você quem cozinhou, eu ponho a mesa – disse, vasculhando uma gaveta, de onde tirou os talheres. – A única coisa que eu detesto é aipo – e fez uma careta.
- Que pena. É o melhor tempero para camarão – ela fez um biquinho, batendo o indicador no queixo. – Hm, mas por que todos os felinos detestam aipo, hein? – questionou, para ninguém em especial.
- Por que tem um cheiro ruim? – ele sugeriu, arqueando uma sobrancelha.
- Será? – Lucy tirou uma panqueca da frigideira. – Nah, eu acho que é birra – garantiu, apontando a espátula na sua direção, irônica.
LEÃO&LEÃO
No segundo dia em que ele veio visitá-la, Lucy estava feliz por ter alguém com quem dividir a solidão da casa – habituada como estava ao convívio com os amigos.
No terceiro dia, mal podia esperar para compartilhar a sua gigante lista de novidades e fofocas – a nova reforma na guilda, a disputa de Troy e Jet e Gazille por Levy, o novo penteado inesperado de Fried e a aposta que Macao e Elfman haviam feito sobre hombridade e Evergreen.
No quarto dia, escapou um pouco mais cedo da festa de Mirajane, apenas para poder ficar com Leo desde o final da tarde.
No quinto dia, começou a se preocupar com as suas parcas habilidades culinárias e dispensou uma missão sugerida por Natsu e Lisana para ter tempo para treinar a preparação de pratos mais requintados na frente do fogão. É claro, não deu muito certo, mas ela podia fazer daquela uma história interessante.
No sexto dia, Erza perguntou se ela estava doente. E Lucy disse que não. Embora no fundo acreditasse que as borboletas no seu estômago só podiam caracterizar a proximidade de uma gripe.
No sétimo dia, estava totalmente conformada com a sua nova situação romântica e tudo no que podia pensar era em como manter contato físico com Loki.
Era exatamente aquilo que a levava para os braços dele no momento em que subira correndo as escadas que levavam ao seu quarto e o viu parado junto da janela entreaberta. Um tufão de felicidade, satisfação e excitação a invadiu àquela imagem. Porque Leo de Leão era a imagem da força.
Lucy agia apenas por instinto perto dele. Era como se a razão desaparecesse completamente, restando a ela apenas se deixar guiar pelas emoções mais físicas que tivera desde o seu nascimento. A efusão e a pele pinicando, o coração batendo forte. Os ofegos ansiosos. E a dúvida constante do que fazer com as mãos quando estava parada.
- Loki – ela sorriu, abraçando-o, e enganchou as pernas na sua cintura.
Ela aspirava tudo dele. Ela bebia do seu cheiro, do seu toque, do seu riso. Ela se alimentava dos afagos, das palavras agradáveis e dos flertes constantes.
Ela não parou para pensar em porquê ou como. Ou no presente. Ou no futuro. Ela só podia pensar em si mesma, na sua própria satisfação, na sua própria vontade incrível de tê-lo ao seu lado, fosse o que fosse, e não estava disposta a racionalizar. Mesmo se os seus sentimentos em polvorosa lhe permitissem.
- Oi, princesa – ele a segurou pela cintura, não parecendo perturbado com a proximidade física. – O que você fez hoje? – perguntou, caminhando até a ponta da cama, onde se sentou.
- Nada muito divertido – a loira respondeu, agarrando os óculos de sol que ele usava, girando-os entre os dedos antes de colocá-los em si mesma. – Era a última prova das fantasias. Lluvia começou a chorar porque não seria o par de Gray, então nós trocamos – respondeu, fazendo um beicinho.
Loki riu.
- Presumo que Lluvia tenha chorado literalmente um rio de lágrimas – zombou, mexendo numa mecha do cabelo dela, que caía, liso e solto, sobre a camisa xadrez.
- Nós a paramos antes que os estragos fossem irreparáveis – ela explicou, dando-lhe um sorriso de canto. - Eu não estava exatamente ansiosa para fazer par com Gray, mas agora fiquei no mesmo carro alegórico que Gazille – mordeu o lábio. – E Gazille ultimamente anda muito, muito irritante – revirou os olhos.
- Levy – disse Leo, já ciente da situação.
- Yeah, yeah – respondeu Lucy, desinteressada, enquanto brincava com a gravata dele. – Macao está promovendo um bolão. Até agora, as apostas apontam que a iniciativa partirá de Levy – comentou, erguendo a cabeça. – O que você vai querer comer hoje?
- O que você quiser – ele falou, encolhendo os ombros.
Ela sorriu o sorriso levemente malicioso e seguro que sorria sempre que tinha uma boa piada na ponta da língua.
- Eu deveria me sentir culpada por monopolizar toda a sua atenção? - perguntou, arqueando uma sobrancelha, uma expressão prepotente no rosto. – Acredito que as suas fãs não serão benevolentes comigo, quando souberem do seu favoritismo.
- Não se preocupe – respondeu Leo, a voz áspera embora sorrisse, e segurou o seu queixo. Tinha os olhos fixos na boca rosada à frente. – Nós podemos manter segredo.
Lucy riu, curvando a cabeça para trás, livrando-se do contato, e passou os braços por volta do pescoço dele.
- Nós não precisamos manter segredo – disse, empinando o nariz. – Afinal, você é todo meu.
- Você não era tão prepotente – comentou ele, franzindo o cenho. – É impressão minha ou estou criando um monstro que me devorará um dia? – indagou, trocista, fazendo-a rir.
- Você o criou, você o detém – ela rebateu, encolhendo os ombros.
Loki deslizou a mão pelo seu joelho, fazendo com que os pêlos do corpo feminino se arrepiassem de modo inconsciente. Isso sempre acontecia quando a tocava próximo de um lugar sensível. Ele sempre estava plenamente cônscio das reações que causava nela.
Lucy suspirou num reflexo, aproximando mais o tronco na direção dele, e enfiou as mãos por entre os cabelos vermelhos, segurando-os e forçando a sua cabeça a se curvar para cima, de modo que ambas as bocas estavam perigosamente próximas. O suficiente para que ele pudesse enxergar os cílios loiros, também.
- Bem? – ela perguntou, a voz baixa, os olhos brilhantes. – Aliciar é a sua primeira técnica para distrair e derrotar?
Leo sorriu torto.
- Eu adoro o que você sente – falou, semi-cerrando as pálpebras, como se para se concentrar. – Adoro a euforia, o prazer e a satisfação. O jeito como a fagulha se espalha por você. Às vezes é tão intenso que não posso distinguir se vem de mim ou de você.
- Suficientemente intenso para te dar vontade de provar? – ela murmurou, rouca, massageando o seu couro cabeludo.
- Eu tenho vontade de provar você desde a primeira vez em que a vi.
Lucy riu, afastando-se apenas um pouco, soltando-o. Tirou os óculos que usava, jogando-os sobre a cama.
A sua saia estava perigosamente erguida naquela posição e ela tinha as bochechas coradas de excitação. A descarga de adrenalina que fazia o seu estômago borbulhar era tão intensa que mal podia conter os próprios ímpetos selvagens.
Loki despertava o pior dela. Loki despertava toda a sede de poder, a malícia, a dureza, a sexualidade. Perto dele, Lucy era incapaz de fazer vigorar o pudor.
Dezoito anos era um período suficientemente longo de pureza e candura. Ela agora estava preparada para experimentar os primeiros níveis da insanidade, da rebeldia e da paixão. Ela era como uma chama, que se inflamava mediante a menor fagulha.
- De verdade? – perguntou, soltando a pequena presilha que usava e sacudindo os cabelos. Quando o olhou, os olhos cor de avelã estavam cheios de astúcia. – Defina a conotação de 'provar' que você tem em mente – pediu, brincando com os brincos que havia na orelha dele.
Loki teve que se esforçar para não ronronar com o deslizar dos dedos quentes pela sua cartilagem.
- Deitar você, despi-la e beijá-la.
As bochechas e o colo de Lucy se esbrasearam. Não apenas pelo constrangimento provocado pelo murmúrio carregado de tensão sexual, mas também pela sua própria euforia e ansiedade.
As mãos dele ainda estavam fechadas por sobre os seus joelhos e vez que outra deslizavam por sobre as coxas, os calos das palmas arranhando a sua pele macia, de modo que ela estava plenamente consciente do torpor e da borbulhação na boca do seu estômago, provocadas pela excitação.
Baixou a cabeça, roçando os lábios nos dele.
Foi um contato ínfimo, mas o suficiente para fazê-la gemer.
- Já que você é meu – sussurrou, cerrando os olhos, os cabelos dele ainda presos entre os seus dedos. – Talvez devamos começar a trabalhar para tornar isto recíproco.
O ar deixou as narinas de Loki com impetuosidade.
- É o que você quer? – perguntou, a voz áspera, tocando o seu queixo com os lábios e logo o acariciando com a língua, de modo que Lucy quase foi incapaz de formular um pensamento coerente.
O seu peito palpitava, a respiração fazendo o tórax subir e descer de modo frenético, e ela sentia todo o corpo ansioso pelo toque dele.
- Oh, Deus, sim – Lucy murmurou, curvando a cabeça para trás e facilitando o acesso ao seu pescoço.
Ela mal pôde terminar de suspirar antes que as mãos quentes e duras se fechassem sobre as suas nádegas, por baixo da saia, e a puxassem com força contra a pélvis masculina. O movimento a fez soluçar, mas a sua boca estava tomada pela dele antes que pudesse reagir.
N/A: Há! Eu gosto de NatsuLucy, mas de repente me deu vontade de experimentar uma LokiLucy e aqui está. Já tenho os próximos capítulos prontos (vão ser 4, no total), então, sei lá, posto o segundo quando tiver umas 5, 6 reviews?
Foi difícil não deixar a Lucy OOC. Não tenho certeza se cumpri o objetivo. Talvez hora ou outra ela tenha fugido um pouco da personalidade. Mas eu me esforcei, juro.
Digam o que acharam e até o próximo ;D
P.S.: Sim, eu sei que APAIXONAR é um verbo pronominal, mas eu decidi fazer um pequeno jogo. Licença literária!
