Chapter I
– Me larga Demetri! – Ele segurava o meu braço com força e me puxava contra seu corpo.
– Algum problema Electra? – A voz de meu salvador, finalmente.
– Sim, tem um problema aqui e esse problema se chama Demetri. – Ele largou meu braço automaticamente ao ouvir a voz de Alec, eu aproveitei para soltar as feras em cima dele. – Demetri, vê se entende: Você não tem chance comigo!
– Demetri, por favor. – Alec avisou, friamente.
– Eu vou, mas saiba Electra: Eu não desisto fácil de meus objetivos. – Sua voz soou profunda e seus olhos semicerrados, não agüentei, tive que rir da cara dele. Ele se virou e saiu rapidamente da biblioteca, deixando Alec e eu sozinhos.
– Não acredito que esse otário realmente pensa que pode ter algo comigo. Sinceramente Alec, qual foi o pecado que cometi em minha vida terrena? – Cai na minha poltrona preferida e peguei um livro qualquer da pilha a minha frente.
– Pega leve com ele Elle, ele só está atraído por você. – Sua voz estava carregada de romantismo.
– Atraído por mim? Fala sério! Ele só quer ganhar prestigio. Roubar o seu posto de "braço direito" de Aro, não vê isso? – Lhe direcionei o meu olhar mais perverso.
– Elle, não acho que Demetri seja capaz de tal coisa... - Alec começou, mas eu o interrompi.
– Alec... Alec... Sempre tão inocente, mas acho que você não veio até aqui para defender minha "honra" de Demetri ou veio? – Bem que ele podia ter vindo salvar a minha "honra".
– Não, na verdade Elle eu acho que você não vai gostar do que eu tenho para lhe dizer. – Não... Não podia ser o que eu estava pensando, era impossível. Mantive silêncio.
– Ele...Voltou... E Aro me parece feliz com a novidade. – Alec disse de uma vez porque sabia que eu não gostava de rodeios.
– Ele voltou... - Repeti suas palavras automaticamente. – Bem, obrigada por vir me contar à novidade. Será bom não ser pega de surpresa. – Mentira. Eu já estava sendo pega de surpresa.
Sai da biblioteca e segui na direção do meu quarto. Alec não me acompanhou, agradeci mentalmente por isso, por que no momento que Alec me disse que ele havia voltado uma enxurrada de perguntas encheram a minha mente e eu estava sinceramente precisando pensar sozinha.
Abri a porta do meu quarto e reparei o prato de comida que estava em cima da mesinha do canto e me lembrei que, um pouco antes de Demetri aparecer na biblioteca para me fazer perder a paciência, eu estava começando a sentir fome. Engraçado como depois de ouvir o que Alec tinha para me dizer ela se esvaiu completamente. Olhei para a minha cama e a minha mente foi invadida por lembranças que eu pensava estarem apagadas. Eu não podia chorar. Eu jurei que não choraria por ele. Eu não devia chorar.
Terminei o resto de minha noite deitada no tapete tentando arrumar respostas para todas as minhas perguntas e no final só para uma faltou teoria: Porque ele voltou?
Não sei bem que horas eu acabei pegando no sono, mas eu acordei no outro dia deitada no tapete com batidas fortes na porta.
– Electra acorda! – Tinha que ser a Heidi.
– Só mais 5 minutinhos. – Disse já me levantando e indo pro banheiro.
– Electra, é importante que você esteja no saguão principal em 20 minutos junto com toda a guarda, Karl voltou e parece que trouxe algo consigo. – Um gelo passou por todo o meu corpo. Eu não estava pronta para vê-lo ainda, mas eu tinha que ir, não porque era importante, mas sim porque fiquei curiosa para saber o que ele trouxe consigo.
– Okey Heidi em 30 minutos eu chego lá. – Disse só para irrita-lá, ela sempre dizia que eu era metida a chamar a atenção.
– É vinte minutos Electra. - E com isso ela foi embora.
Dei uma olhada no espelho. Meu cabelo estava bom para quem passou a noite em um tapete, mas meu rosto estava todo cheio de dobras. Se Alec estivesse aqui ele iria encher a boca pra dizer que eu estava feia, porque segundo ele eu preciso saber que não sou o ser mais lindo do mundo e eu ia encher a boca pra dizer pra ele que, eu podia até não ser o ser mais lindo do mundo, mas era concerteza o ser mais lindo que ele já havia visto. Como sempre ele não teria o que me responder por que isso era a mais pura verdade.
Entrei debaixo da água gelada do chuveiro e isso me acalmou. Eu não poderia mostrar que estava abalada com a volta dele, eu tinha que me mostrar segura e eu iria conseguir fazer isso. Peguei um vestido, uma meia-calça e um par de sapatos preto. Fechei o look com um colar de pérolas negras que eu havia ganhado de Alec no meu aniversário de 7 anos. Deixei meu cabelo solto, meus cachos grandes estavam pesados e caiam perfeitos pelas minhas costas. Eu estava pronta e tudo isso em 15 minutos, mas eu só vou sair daqui depois de mais 5 minutinhos pra chegar lá depois que todo mundo tiver chegado e fazer a Heidi passar raiva.
Ri alto com o pensamento, mas o momento de distração durou pouco. Minha mente voltou a ser tomada por uma enchente de lembranças que podiam ser facilmente resumidas em um único nome: Karl. Eu senti tanta falta dele e me odiei tanto por admitir isso que nunca tive tempo para pensar no porque dele ter ido e agora isso estava me incomodando.
Meus pés acabaram me levando ao saguão principal sem eu me dar conta, quando vi já estava quase dando de cara com a porta. Demetri surgiu do nada e me fez o favor de abri-la, o qual eu não agradeci. Alec se encontrava em seu lugar habitual, ao lado direito de Aro, e Jane estava posicionada no lado esquerdo. Desejei bom-dia com o olhar para Alec e olhei como se estivesse vendo uma alma desencarnada pra Jane. Andei até meu lugar habitual ao lado de Caius, meu "pai" a propósito, como se ele me considerasse alguma coisa dele, só fico Lá, do lado dele, porque Aro faz questão que Jane fique no seu lado esquerdo se não fosse isso eu sequer estaria aqui. Demetri ficou lá, com o resto da guarda me observando, Alec percebeu o meu desconforto com o fato e fez questão de rosnar para ele. Se ainda corresse sangue pelas veias de Demetri, ele teria ficado vermelho igual um tomate.
Minha risada foi cortada pelo som imponente dos passos dos anciões vindo em direção aos seus tronos. Aro, como sempre, estampava um sorriso falso em seu rosto, Caius, sempre nervoso, reparou em mim e surpreendentemente conseguiu ficar mais nervoso ainda e Marcus que costuma se mostrar alienado ao resto do mundo, hoje estava atento a cada detalhe do salão, mapeando cada rosto. Devia estar procurando por ele, não é átoa que seu lugar habitual é o lado direito de Marcus, eles tem um carinho entre si que eu nunca entendi direito.
Caius e Marcus se sentaram em seus tronos, mas Aro parou no meio do caminho e se virou para a guarda. Pronto, agora vem a parte que realmente interessa.
– Meus queridos membros da guarda, convoquei essa reunião hoje pelo seguinte motivo. – Aro indo direto ao assunto, sem nenhum rodeio? A coisa deve ser realmente boa. – Vocês devem se lembrar de Karl, correto? - Aquele nome bateu como um balde de água gelada em meu corpo, um arrepio percorreu a minha espinha e acho que todos repararam o meu momento de fraqueza. Ainda bem que eu não costumava corar.
– Todos sabem que Karl esteve ausente de Volterra pelos últimos 8 meses. – Ele disse assim que viu o consentimento estampado na face de todos. – E agora tenho a felicidade de informar que ele está de volta e não veio sozinho.
Então era isso? aquisição para guarda. Mas, porque ninguém podia ficar sabendo? Porque ele não me disse nada? Porque ele simplesmente sumiu?
– Karl por favor, entre e traga a sua acompanhante. – Aro disse com um sorriso que ia de orelha a orelha enquanto vinha se sentar em seu trono.
A porta se abriu novamente e ele entrou com seu caminhar descuidado como se fosse o dono do mundo. Eu sabia que quando eu o visse de novo, tudo ia passar, toda essa angustia e tristeza que eu sentia, mas não sabia que ia ser tão subitamente, como se nada tivesse acontecido. Era como se ele estivesse vindo em minha direção para me dar um beijo de bom-dia e não para trazer sei lá quem para apresentar a guarda.
Meus olhos se voltaram para a mulher que o acompanhava e fiquei chocada com aqueles olhos chocolates e cabelos com cachos castanho. Ela só podia ser Renesmee Cullen.
Olhei estupefata para Alec perguntando com os olhos se ele sabia de alguma coisa, mas ele não tirava os olhos dela, parecia que se ele desviasse o olhar por um segundo ela fosse sumir. Tive que sorrir por isso, era a primeira vez que via esse olhar em Alec. Parece que ele finalmente achou um ser mais lindo que eu. Um terço de mim se sentiu feliz por ele, mas os outros 2 terços estavam voltados para Karl.
Meu olhar caiu sobre ele e fiquei surpresa em ver que ele me observava, desviei meu olhar automaticamente.
– Como podem ver essa é Renesmee Cullen e fico feliz em informar que ela veio para se juntar à guarda Volturi. – Ele deu um sorriso de lado tão sexy, era como se ele estivesse contando uma historia pornô. Porque ele tinha que fazer isso comigo?
– Sempre soube que isso acabaria acontecendo minha querida Renesmee. – Porque Aro tinha que ser tão sínico?
– Desculpe, mas eu gostaria de poder descansar Karl. – Ela olhou pra ele pedindo socorro, não queria ficar sequer mais um segundo ali.
– Sim... Sim, tenho certeza que deve estar muito cansada da viagem minha querida. – Aro começou a bancar o bom anfitrião, isso não durava mais que duas semanas. – Heidi, poderia acompanhá-la até o seu novo quarto?
– Sim, mestre. – Heidi abaixou a cabeça e começou a caminhar em direção a porta, demorou um pouco para a Cullen começar a segui-la, antes ela dirigiu um olhar cúmplice para Karl, o que me deixou curiosa.
Segui a Cullen com o olhar até ela desaparecer de vista e então voltei meu olhar para Karl e vi que ele mantinha um olhar fixo na minha direção fiz questão em mante-lô e não transpassei emoção nenhuma em meu rosto, arte que Alec anda me ensinando muito bem.
– Caro Karl, eu sabia que você conseguiria. - Me deu raiva o fato que ele sabia disso o tempo todo e eu não sabia de nada, então soltei um "humpf" de tédio e comecei a bater o meu salto no mármore do saguão.
Essa Alec e Karl não aguentaram e riram juntos, por um instante me senti num dia normal quando Alec e Karl ainda se juntavam no meu quarto pra ficar brincando com a minha cara, antes de tudo acontecer, antes de eu ser dele e dele ser meu. Jane me encarou com ódio, como se eu tivesse a obrigação de ficar calada só ouvindo Aro falar.
– Que foi? - Perguntei para Jane, meu olhar esbanjava nojo. Jane rosnou pra mim e sinceramente, eu a vi se armando pra avançar no meu pescoço.
– Não ouse. - Alec a segurou pelo braço, antes que ela conseguisse me alcançar. Olhei para frente e me surpreendi com a cena que estava armada, Karl estava agachado em posição de luta fuzilando Jane com o olhar.
– Aro posso me retirar? Não agüento mais olhar para esse projetinho de psicopata. - Disse com a voz carregada de falsidade, enquanto esbanjava um belo sorriso de canto de boca.
Jane rosnou alto para mim e se meu talento não me protegesse eu estaria provavelmente me contorcendo no chão de dor. Ela tentou vir para cima de mim novamente, mas Aro entrou no meio de nós e dirigiu um olhar sério para Jane, não precisou dizer uma palavra. Era engraçado como ele a mantinha em uma coleira bem justa. Não consegui segurar minha risada.
– Electra, faça o favor de se retirar, já causou muitos problemas por hoje. - Aro me ordenou. Mantive o sorriso no meu rosto.
– Me retiro com todo o prazer da presença da monstrinho. - Respondi com cinismo estampado na minha voz. Me virei e segui em direção a porta, passei reto por Karl, sequer fiz questão de olhar na cara dele.
– Espera Elle, eu vou com você. - Alec pediu, quando eu estava passando pela porta. Bom menino, assim ela vê que não tem ninguém, nem o próprio irmão apóia suas loucuras.
– Vamos Elle, acabou o show por hoje. - Alec disse enquanto passava seu braço pela minha cintura.
Antes da porta se fechar, pude ouvir um rosnado que reconheci imediatamente como sendo de Karl, abri um sorriso.
Parece que consegui o que eu queria.
