Prefácio
Eu estava certa o tempo todo. Tudo aquilo que parecia mera coincidência e ilusão estava ali, diante de mim. E eu sabia como impedir o fim.
1º Capítulo: A morte de tio Bem
Aquele mar azul transparente, a areia branca como neve, e ele ao meu lado, com seu sorriso inconfundível, os olhos castanhos brilhante e o cabelo caído no olho.
- Aproveite o mar! Parece tão bom...
- Vamos comigo não quero ir sozinha – eu disse já entrando na água.
- Você sabe, não consigo, mas eu fico te olhando daqui.
- Tudo bem! Amo você!
Entrei naquela água morninha, a maré estava aumentando, mas as ondas estavam fracas e pequenas. Eu flutuava no mar cristalino e ele acenava a todo tempo, definitivamente encontrava-me no paraíso. De repente o mar me puxou, uma onda gigantesca encobriu todo o litoral, não conseguia respirar, iria morrer!
- Ah meu Deus! De novo! Não agüento mais...
Todas as noites era o mesmo sonho, o desconhecido lindo olhando para mim, o mar encobrindo todo litoral. Então o telefone tocou:
- Alô?- eu disse um pouco ofegante.
- Bom dia, a senhora Ana Eliza?
- Sim, quem fala?
- Olá senhora Ana, eu sou Gabriel Leme, advogado do seu tio Benedito. Infelizmente não tenho boas notícias. Eu sei que você não mantinha contato com seu tio há muito tempo, desde a mudança dele para últimos meses ele descobriu que estava muito doente,câncer terminal no pâ todo o tempo em que esteve enfermo planejou o seu testamento e seu último desejo foi que todos os seus bens ficassem para sua única sobrinha que, apesar da falta de comunicação ,sempre teve admiração e afeição. Eu lamento pela perda.
Não sabia o que dizer, havia décadas que não tinha notícias do tio Bem. Eu tinha oito anos quando Benedito partiu para Londres, ele era um respeitável antropólogo, tinha fascinação pela sociedade maia. Lembro das histórias que me contava, eram fantasiosas demais, dizia que a sociedade perdida de Atlântida foi fundada por marcianos que, aqui na Terra, transmitiram seus conhecimentos para outras civilizações, como os Maias.
Que saudade da minha infância. Tio Bem era um grande homem e agora estava morto.
- Alô? Senhorita Ana? Você ainda está ai?- ele disse em um tom preocupado.
- Oh! Desculpe-me, o que você estava dizendo mesmo?
- Estava falando da herança que seu tio lhe deixou.
- Tudo bem, prossiga.
- De acordo com o testamento ele lhe deixou uma casa em Londres, toda sua biblioteca particular, um baú lacrado e todas as suas economias. Para que possamos resolver toda essa questão é necessário que você venha até o Reino Unido o mais rápido possível.
- , o meu tio mencionou mais alguém no testamento?
- Não. Seu tio era uma pessoa sozinha e de acordo com ele você seria a única herdeira.
- Ele disse isso?- minha cabeça estava confusa, porque eu, a única herdeira, a única parenta viva se...
- Sim, porque a senhora faz essa pergunta?
- Nada de importante. E o enterro?
- Seu tio pediu para ser cremado sem nenhuma cerimônia e suas cinzas foram colocadas dentro de um pote em sua biblioteca. Desculpe-me não comunicar antes.
- Tudo bem. Obrigada por tudo .
- Foi o meu dever. Amanhã buscarei você no aeroporto de Londres.
- Ah, não sei se será possível. Tenho que verificar se há passagem disponível.
- Seu tio providenciou tudo para esse momento. Um avião te esperará no aeroporto do Galeão, ai no Rio de Janeiro, ele deve estar chegando neste momento. Esperarei a senhora aqui em Londres. Boa viagem e meus sentimentos.
Minha cabeça estava doendo. Um avião? Só para mim? E por que eu a única herdeira?
Meu amuleto ainda estava ali no pote oval que meu tio havia me dado antes de partir para Londres. O amuleto não era muito bonito, nunca o tinha usado. Era marrom de argila e possuía o formato de uma rosca. Na parte inferior havia a palavra ETRAMNALT, tio Bem havia dito que era um talismã dos deuses de uma sociedade antiga e a caixa de porcelana em forma oval também.
Sempre gostei mais da caixinha, ela era linda. Na tampa havia um sol e duas figuras de seres com corpo humano e face de animais, o resto do potinho possuía símbolos e figuras diferentes que não identifiquei o que eram, pintadas de um vermelho vivo e um amarelo ouro encantador.
- Obrigado mais uma vez doutor Gabriel. Irei arrumar minhas coisas e partirei imediatamente.
