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CAPÍTULO 1
Prólogo:
Se alguém perguntasse, nunca saberia responder. É uma incógnita até para mim. Inexplicável, surreal, fora do normal. Só sei de uma coisa: nasceu comigo, cresceu comigo, vai morrer comigo.
Não sei colocar em palavras uma descrição para tal forte e diferente sensação... Talvez pudesse comparar com alguma coisa... Uma droga, quem sabe... Ou cerveja amanteigada em excesso... Algo que chegue a palavra vício. Vício se aproxima muito do que sinto, embora não seja tão certo...
Pois bem, vamos usá-la. Vício. Em cerveja amanteigada. Imagine um bruxo beberrão, caindo pelos cantos, tentando se libertar do vício, da necessidade doida de beber, que toma totalmente seu ser... De repente, ele vê, em sua frente, uma garrafa de cerveja. O que ele faz? Tenta resistir a principio, mas aquilo o chama, o convida, o envolve... O cheiro, a cor, sua boca saliva em sentir novamente aquele sabor... E ele vai, bebe, bebe muito... Para só se arrepender depois.
O meu caso é parecido. Mas muito, muito mais complexo... Não é a cerveja que dopa meus sentidos, me entontece, me enlouquece...
É algo muito diferente...
É sangue.
Sim... O sangue é meu vício, minha droga, minha bebida. Bebida que me atrai, me fascina, me satisfaz... Líquido vermelho, pegajoso, que gruda nos lábios, seu gosto tão doce, tão diferente...
Mas uma garrafa não pode me servir sangue... Não... Somente seres humanos.
O sangue humano tem um diferencial. Já tentei me libertar com sangue animal, mas nada se compara ao doce e ao frescor do sangue humano... Voltando a história do viciado em cerveja, os sintomas são bem parecidos...
Vou descrever, juntamente com os sintomas, o meu primeiro jantar...
Estava eu em minha casa, com seis anos. Uma babá cuidava de mim, tendo a função de me afastar de varinhas e caldeirões. A babá estava me oferecendo um suco de abóbora quando me veio a sensação...
Posso recordar até hoje... O braço dela estendido, revelando as veias por debaixo da pele magra, veias palpitantes, tecendo caminhos repletos de sangue... E o cheiro... O cheiro se sobrepunha ao cheiro do suco. O cheiro saía de dentro da pele, ouriçando minhas narinas e tocando meu paladar...
Respirei com força aquele cheiro tão bom e cheguei a estremecer... Como era bom... A babá não entendeu, e olhou para mim desconfiada.
-Por que tudo isso? É por causa do suco?
Eu tirei os olhos do pulso recheado e virei meus olhos para a babá. Passei a língua por cima da boca e minha face se torceu em um sorriso.
-Não... Não é o suco... É o seu pulso...
Ela não compreendeu que a criança de seis anos falava sério, então me ignorou, continuando com a mão estendida. Foi o seu erro. Pois eu apanhei uma tesoura da mesinha as minhas costas, uma tesoura das grandes, e a cravei sobre o seu pulso, cortando-o em apenas um golpe.
Um golpe certeiro. O sangue começou a fluir, enquanto a mulher gritava. Eu inclinei meu corpo, pouco me importando para os gritos, e, sedento, encostei minha boca ao seu pulso aberto...
Ah a cascata vermelha me envolveu. Flui cada gota, enquanto revirava os olhos, sentindo na minha boca aquele gosto tão bom... Era delicioso, melhor que qualquer coisa que já havia tomado. A mulher caiu no chão e eu a acompanhei, ainda tomando seu sangue, abrindo um pouco mais o pulso com o dedo, querendo cada gota que aqueles canudos finos chamados de veias podiam me servir...
Bebi e bebi até que a mulher não resistiu e morreu. Com medo, com total ignorância da morte, aproximei-me dela e vi que não podia mais me ouvir. Somente quando meus pais chegaram, vendo o cenário dos horrores e eu com sangue por toda a boca, e me explicaram que a babá nunca mais ia voltar, foi que compreendi... Lembro claramente de ter falado com mamãe:
-Não imaginei que faria mal a ela... É algo tão bom que achei que todos faziam...
Fiquei triste... Muito triste... Mas, como todo vício, aquilo era mais forte do que eu. Falava mais alto, ainda fala mais alto. Matei outras cinco pessoas, todos trouxas. Até que meus pais não agüentaram mais e, procurando a ajuda de uma amiga especialista em poções, arranjaram um remédio que diminuiu meu vício.
Mas não pense você que ele morreu. Ainda está em mim, adormecido, oculto, mas está...
Meu último frasco de poção está terminando. Não escrevi até agora para casa para pedir outro. Não... Não, porque o vicio quer voltar... Quero que volte. Sinto falta do sangue. Já se passaram anos, preciso sentir o gosto novamente...
Vou encerrar esse desabafo por aqui... Amanhã cedo tem aula, e tenho que ir dormir...
Mais um dia de aula. Cercado de pessoas saudáveis, cheirosas...
Que, em breve, servirão de jantar para mim...
Pessoas, muitas pessoas...
Fazer o que... Aqui é assim, sabe... Aqui em Hogwarts.
NA: Capítulo 2 já publicado, é só clicar!
