CAPÍTULO 1: A ARMADA DE DUMBLEDORE CONTINUA

Meses haviam se passado desde a morte de Dumbledore. Um grande conselho havia sido reunido para decidir o destino de Hogwarts. Assim como, com certeza, seria o desejo do falecido professor a escola permaneceria aberta no ano seguinte, mas quase não havia alunos para fazer o sétimo ano. A guerra estava declarada e o Ministério convidara voluntários maiores de idade para se juntarem ao exército de aurores. A morte de Dumbledore havia chocado toda comunidade bruxa e, principalmente aqueles alunos que conviveram com o homem por tantos anos. Desse modo muitos alunos do mesmo ano de Harry, Rony e Hermione, assim como eles próprios, se inscreveram e recebiam treinamento.

No final do ano anterior Harry havia decidido ir a caça de Voldemort sozinho, mas depois de muitas conversas com seus amigos ele desistiu, pelo menos por enquanto. Harry decidiu se alistar e receber treinamento como os outros. Sabia que seria loucura ir atrás do bruxo sem nenhum preparo. Embora tivesse escapado dele por tantos anos, dessa vez a situação era mais grave. A meta de exterminar trouxas e nascidos trouxas havia sido posta em prática novamente, muitas famílias estavam sendo perseguidas e Voldemort não fazia mais questão de matar Harry com as próprias mãos. Tudo que ele queria era vê-lo morto...

A Ordem da Fênix contava com mais membros agora. Todos os que se uniam a Ordem tinham que receber o treinamento oferecido pelo Ministério. A sede ainda era no Largo Grimmauld, mas teve que ser magicamente ampliada devido ao grande número de aliados que ficavam alojados ali como num quartel general. A Ordem e o Ministério eram dois eixos que trabalhavam paralelamente.

Harry, Rony e Hermione, assim como muitos outros ex-alunos, acabavam de chegar do treinamento no Ministério. Harry recebia um treinamento especial, mais pesado, devido a importância que tinha naquela guerra. Todos sabiam que no final ele certamente teria que acabar com Voldemort sozinho. Rony e Hermione recebiam um treinamento para duelos também muito sério, mas Hermione era treinada como que para fazer parte da Inteligência do Ministério da Magia. Rony era treinado muito mais em duelos e havia ficado muito bom nisso. Não era mais o garoto inseguro de antigamente.

Putz! Eles pegaram pesado hoje! Aquele feitiço que o Simas me lançou me deixou dolorido até agora. – dizia Rony massageando um dos braços.

Que bom que vocês chegaram! Preciso falar com vocês três! – Gui Weasley, que também havia se juntado ao corpo de aurores e era um dos comandantes da Ordem, os chamou.

Agora não, Gui! Precisamos de um banho e comida! Além disso, meu braço está me matando... – reclamava Rony.

Isso pode esperar! Recebemos a visita de alguém do outro lado que resolveu nos ajudar! Vocês foram escalados para o caso! – disse fazendo sinal para que os três o seguissem.

Um caso?! Mas você acha que já estamos preparados? –perguntou Hermione, insegura.

Você acha que não está? – perguntou Gui, sorridente enquanto abria uma das muitas portas da Ordem.

Hermione não respondeu. Sabia que ela e os amigos estavam preparados, mas não pôde evitar um certo nervosismo. Eles entraram na sala onde estaria o informante. Jamais imaginaram vê-lo de novo...

Malfoy!!! – exclamou Rony incrédulo.

Hermione não teve reação. Ficou parada na porta sem saber o que dizer ou o que pensar.

Seu desgraçado!!! – Harry avançou para cima do rapaz. Parecia que havia esquecido que era um bruxo, pois resolveu atacá-lo sem o auxílio da varinha.

Rony e Hermione trataram de segurá-lo, embora no fundo tivessem vontade de fazer o mesmo.

ME SOLTEM! ESSE DESGRAÇADO MATOU DUMBLEDORE!!! ELE DEVERIA TER MORRIDO!!! EU NÃO DEVERIA TER DEIXADO SNAPE SALVAR SUA VIDA NAQUELE DIA!!! – Harry se debatia violentamente, mas Gui interveio.

Acalme-se Harry! Malfoy é muito mais útil vivo do que morto! – gritou Gui tentando segurá-lo também.

Malfoy nem se mexeu. Sabia de sua importância ali dentro, portanto limitava-se a olhar para Harry com seu sorriso enviesado de sempre.

Não estou interessado na utilidade que ele tem!!!

Harry acalme-se ou terei que estuporá-lo!!! – disse Gui soltando-o e apontando a varinha para ele.

Harry considerou a ameaça. De qualquer maneira se quisesse se vingar teria muito tempo para fazer aquilo com ele dentro da Ordem. Então se endireitou soltando-se dos amigos.

Ótimo... Agora se sentem. – Gui falou conjurando três cadeiras ao lado de Malfoy. Ele se dirigiu para trás de sua mesa e sentou-se também. – Malfoy nos procurou esta manhã para dizer que está disposto a ficar de nosso lado e a contar tudo que sabe a respeito de Você – Sabe – Quem e os comensais. Sei que vocês nunca se deram bem, mas já se conhecem e aposto que podem cuidar disso.

O que exatamente temos que fazer Gui? – perguntou Hermione confusa.

Vocês quatro terão que conviver num primeiro momento... – ele não deu atenção às caras insatisfeitas dos três. – ...e Malfoy contará tudo que sabe para vocês. Depois um de vocês, ou melhor, Hermione o acompanhará até o esconderijo onde ele esteve todos esses meses para procurar pistas ou qualquer coisa que possa nos ajudar a ...

Espera aí! A Hermione sozinha?! Você ficou louco por acaso?!!! – Rony esbravejou levantando-se da cadeira e interrompendo o irmão.

Sente-se Rony! Ainda não terminei...

Terminou o quê?! A Hermione não vai com ele! Esse cara passou Hogwarts inteira maltratando Hermione por ela ser nascida trouxa! Ela não vai ficar sozinha com ele!!! Ele ainda é um sangue puro que odeia nascidos trouxas, ou não?! – perguntou olhando para o garoto.

Não pense que fiquei contente com a notícia Weasley... – disse Malfoy, debochado. – Mas ainda é melhor do que ter que aturar você ou o Potter.

Com certeza é melhor para você não ser acompanhado por mim... – disse Harry ameaçador.

Malfoy, Rony, Harry! Calem a boca!!! Aqui vocês não questionam, obedecem!!! Como eu ia dizendo: Hermione tem o treinamento necessário para esse tipo de missão. Além das informações, Malfoy terá que ensinar a vocês toda magia negra que ele aprendeu durante o treinamento de comensal que ele recebeu...

O quê?!!! – exclamou Rony, mas desistiu de qualquer outra manifestação diante do olhar feroz lançado por seu irmão.

Você principalmente terá que aprender, Harry. Com certeza será útil saber magia negra se você tiver que combater Você-Sabe-Quem sozinho...

Não pretendo vencê-lo usando as mesmas armas que ele...

Infelizmente este é o caso em que a frase daquele trouxa cabe muito bem: "Os fins justificam os meios..." Não fico contente em ter que apresentá-los a esse tipo de magia, mas não temos opção. Agora vão descansar. Uma cama já foi montada no dormitório de vocês, é lá que o Malfoy vai ficar...

Eles perceberam que seria perda de tempo discutir, então ficaram calados. Eles saíram seguidos por um Malfoy muito quieto e observador. Todos estavam extremamente calados, mas nem assim podia haver silêncio. Uma porção de jovens bruxos em treinamento passavam por eles olhando e comentando muito. A maioria de cara feia, já que Malfoy conseguira ser odiado por todos os alunos não-sonserinos mesmo antes do atentado contra Dumbledore.

A que dia você se referiu lá na sala Harry? – perguntou Hermione, desconfiada atrasando-se um pouco para ficar ao lado do amigo.

Nenhum... – disse sério sem olhar para ela.

Ele falou sobre o dia que quase me matou no banheiro feminino... – disse Draco sarcástico.

Isso é verdade, Harry?

Silêncio...

Rony?!

O quê?! – perguntou espantado.

Tenho certeza que você sabe de alguma coisa. Vocês sempre sabem um do outro...

Dessa vez eu não sei de nada Mione...

Ele me atacou primeiro! Eu apenas me defendi... – interviu Harry.

Que tipo de magia você conhece que poderia matar alguém? Quer dizer, além do Avada kedavra, mas este você não conseguiria usar... – perguntou Hermione preocupada.

Silêncio...

Sectusempra. – respondeu Malfoy.

Nunca ouvi falar desse feitiço... – falou Hermione pensativa.

Eu já ouvi... – Rony falou com a mão no queixo, pensativo. Harry fazia sinais para ele que não percebeu. – Esse feitiço estava numa das páginas daquele livro de Poções que você usou ano passado, não?

Só então Rony olhara para Harry, e dele para Hermione que estava com uma cara extremamente brava.

Eu sabia! Eu falei para jogar aquele livro fora, não? Tem idéia do que teria acontecido se Malfoy tivesse morrido aquele dia? – disse brava olhando para Harry com as mãos na cintura.

DUMBLEDORE ESTARIA VIVO!!! – gritou Harry com o rosto muito próximo do de Hermione.

A garota ficou sem reação. Diante daquele argumento, que não era o mais correto, mas era plausível, não havia o que falar.

Não estaria não... – Draco disse displicentemente observando a tapeçaria em que aparecia o nome de seus pais.

Como é que é?! – Rony avançou em direção ao rapaz.

Ele apenas recuou e disse: - Snape fez um voto perpétuo com minha mãe. Se eu tivesse morrido naquela noite ele mesmo teria que matar o professor, que foi o que aconteceu... Eu não tive coragem de matar o velho, mas dessa forma Voldemort me mataria. Então Snape matou o velho, senão ele mesmo morreria...

Mais uma vez fez-se silêncio. Hermione não havia ficado mais calma diante dessas explicações, mas com certeza, saber que Malfoy não foi capaz de matar Dumbledore já era alguma coisa.

Eu vou tomar meu banho. Encontro vocês lá em baixo. Tentem manter Malfoy respirando pelo menos por mais alguns dias... – e entrou no dormitório feminino batendo a porta atrás de si.

Os outros três permaneceram silenciosos do lado de fora e um frio na espinha se apoderou de Malfoy. Antigamente não sentiria tanto medo de Harry e Rony, mas diante das circunstancias era bom ser cauteloso, mas sem demonstrar esse medo.

Vocês vão me mostrar onde é o dormitório ou terei que descobrir sozinho? Também estou afim de um banho, se não se importam. – disse olhando de um para o outro tentando passar o máximo de confiança que conseguia.

Harry e Rony se entreolharam. Podiam pregar um peça nele, só para começar, mas com certeza se dariam mal com isso, então resolveram apenas ir em direção ao dormitório e esperar que Malfoy os seguisse.