O veneno da cobra
Por: Ero-Hime
Especificações: ◊ YAOI ◊ One Shot ◊ Lemon ◊ Orochimaru x Kabuto ◊
◊ Spoiler – Mangá Vol. 13 – Cap. 114 até Vol. 16 – Cap. 138 ◊
Não sabia ao certo como seu coração havia se permitido envolver de tal forma. Desde o início estava claro que sua função seria unicamente a espionagem. Entretanto, seu desejo de ser notado, de estar junto do seu objeto de adoração, o fez cometer alguns crimes... pisar em algumas cabeças... desaparecer com alguns corpos...
Naturalmente que tais atitudes violentas e ambiciosas foram notadas. Na verdade, não apenas notadas, como também apreciadas. Sendo o seu mestre uma criatura legitimamente perversa; usurpar, mentir e trair eram verbos muito admirados por ele.
Em pouco tempo tornou-se o braço direito de Orochimaru-sama. E esta era a única posição que desejava.
Agora Kabuto estava sentado nas escadas, do lado de fora da base, perdido em pensamentos e observando a grande lua prateada.
- Maldito Sarutobi!! Velho miserável!
Orochimaru praguejava alto de dor e ódio.
Na recente tentativa de esmagar a vila de Konoha, o velho Sandaime usara um jutsu obscuro como última aposta, nos últimos momentos de vida. Esse jutsu levara os braços de Orochimaru, juntamente com todos os seus preciosos jutsu.
Esta conseqüência fora pior do que a morte. Era a morte em vida. Era o pior castigo que o cruel sannin de Konoha poderia amargar.
- Aaaargh!! – O ninja malvado bradava com sua voz rouca.
- Orochimaru-sama.- Kabuto correu ao seu socorro imediatamente. – Orochimaru-sama, aconteceu alguma coisa? Está doendo novamente? – O jovem perguntou com o semblante preocupado.
O sannin da cobra estava visivelmente atormentado. Seu rosto brilhava de suor e a cama estava úmida. Sua respiração era ofegante e os olhos giravam instáveis nas órbitas. Os cabelos em total desalinho conferiam uma aparência sinistra ao enfermo. Mais uma vez, devido ao estado febril, Orochimaru delirava.
O jovem de óculos sentou-se na cama e tratou de cuidar de seu mestre. Por ser um ninja hábil nas técnicas de saúde, não teve dificuldades em amenizar a febre. Quando a expressão facial de Orochimaru tornou-se mais plácida, Kabuto ficou a observá-lo em silêncio.
Acariciando a face quente e molhada, retirando os fios de cabelos colados de forma displicente, o jovem ninja médico pôs-se a divagar sobre seus sentimentos, e também sobre a maldade que ardia tão intensa no coração de seu superior.
O ninja perverso não era apenas uma pessoa má, poder-se-ia dizer que uma pessoa normal se tornava má quando contrariada, quando ultrajada ou quando agredida. Porém, esta não era em definitivo a história do ninja acamado. Entre os três discípulos, Orochimaru fora o mais mimado, o mais amado. Tornara-se ruim porque amava a vilania. Nascera para se opor ao caminho correto, nascera para contrariar. Obcecado em possuir todo e qualquer tipo de jutsu, começou a exercer práticas ilícitas. Estudou os jutsu proibidos com afinco e, conseqüentemente, em pouco tempo foi descoberto.
O Terceiro Hokage descobriu que vários ninjas desaparecidos da vila de Konoha; dentre estes vários chuunin, jounin e até mesmo alguns anbu; haviam sucumbido pelas mãos de seu pupilo, que em um pequeno laboratório dissecava os corpos apodrecidos em seus estudos nefastos.
A mágoa fora grande para Sarutobi-sensei. Ele desconfiava que seu amado discípulo havia se enredado numa trilha funesta, mas não esperava ver cadáveres do seu povo sendo objeto de pesquisa de Orochimaru. A dor foi grande, mas ainda assim permitiu que o ninja da cobra fugisse.
Orochimaru jamais entendeu essa atitude do seu velho mestre. Julgou a dor do Sandaime como fraqueza, se não medo. Rotulou o velho Sarutobi como um homem fraco, desprezível e inferior. Superior era ele próprio, que tirara a vida do mestre com as próprias mãos. Orochimaru não compreendia, e jamais entenderia, que aquela atitude era baseada no Amor. O ninja malvado não sabia que era amado. Aliás, talvez soubesse. Entretanto, quando a palavra 'Poder' tornou-se mais valiosa em sua vida, a palavra 'Amor' provavelmente foi esquecida.
Kabuto continuava acariciando o rosto de seu superior. Sabia que aquele poderoso ninja que não amava ninguém, jamais iria retribuir seus sentimentos. Fechou os olhos e sentiu as lágrimas quentes correrem pelo seu rosto umedecendo seu sorriso irônico.
Ainda observava a lua quando o sannin malvado despertou. Ouvira um gemido fraco e juntou-se sem demora ao doente.
- Tenho sede. – Orochimaru balbuciou com os lábios secos e a aparência cansada.
Kabuto ajudou o ninja da cobra se sentar na cama e lhe ofereceu um copo d'água. Quando Orochimaru se satisfez, o jovem ofereceu hesitante:
- O senhor gostaria de tomar um remédio agora? Um dos que eu prepa...
- Pare.- A voz rouca o interrompeu exaltada.- Ambos sabemos que seus remédios não irão me curar.
Engolindo em seco, Kabuto pensou em algo para dizer, mas se absteve. A verdade era que tinha receio de contrariar seu mestre. Se ele não queria remédio, talvez quisesse outro tipo de conforto. Talvez se oferecesse seu corpo, Orochimaru relaxasse.
O rapaz não entendia exatamente a forma como se relacionavam, porém, ter seu corpo usado por Orochimaru era uma honra, principalmente para um coração cego de paixão. Acreditava que o ninja da cobra não confiava completamente na sua pessoa. Sabia que haviam segredos que ele jamais revelaria, mas muitas vezes era capaz de fazer brincadeiras e ironias, como se na verdade confiasse sua vida ao genin médico. Em determinada ocasião comentara depois de um raro sorriso gentil que confiava no jovem. Naquele momento, Kabuto sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, apesar de ficar lindo quando sorria, seu mestre por vezes lhe dava medo.
No momento em que partilhavam intimidades a iniciativa geralmente era delegada ao jovem, que preferia se insinuar por meio de gestos e poucas palavras. E foi com o olhar resignado e licencioso que Kabuto informou a Orochimaru que desejava ser usado. Retirou seu protetor de metal e soltou os cabelos fitando os olhos maléficos do amante. O ninja da cobra compreendeu de imediato e deixou claro que aceitara o convite. Com o olhar depravado e passando vagarosamente a língua pelos lábios, deu a entender que mesmo doente, estava pronto para saborear mais uma vez do corpo de seu subalterno.
Kabuto começou a se despir. Tirando peça por peça. Sem demonstrar a ansiedade que sentia para ser tocado. Orochimaru por sua vez, apreciava silenciosamente cada gesto do jovem subordinado. Sentia uma atração muito forte pela juventude e aquele corpo tenro e fresco o deixava incontrolável. Na sua busca ensandecida pela imortalidade, copular com jovens púberes o satisfazia bastante. Bem verdade que Kabuto era quase um adulto e seu corpo não era mais juvenil, mas algo neste ninja médico o atraia sobremaneira, talvez o servilismo desmedido, talvez o corpo delgado e bem esculpido.
Depois de um momento de espera, carregado de erotismo, o ninja da cobra tinha diante de si seu amante completamente nu e submisso. Podia torturá-lo como bem entendesse e assim, deu início ao doce martírio.
- Sente-se no meu colo Kabuto-kun.- O sannin cruel indicou as pernas enquanto dava tapinhas nas mesmas com ambas as mãos, que apesar de danificadas, com esforço conseguia movimentá-las. Seu inferior permanecia apenas de óculos, mantendo um olhar lascivo e obediente. E era assim que gostava de vê-lo. Obediente.
O jovem genin sentou-se de pronto. Sentiu em suas nádegas o volume proveniente da excitação já evidente de Orochimaru. Ele o desejava o suficiente a ponto de estar pronto sem a necessidade de qualquer contato físico. E isso deixou o ninja médico feliz. Apenas a sua imagem já acendia o ninja malvado. Kabuto também agradecia por seu mestre ter tido o bom senso de manter sua masculinidade, afinal, o que mais o atraía no ninja da cobra era o fato de ser um homem completo, maduro. Durante a "troca de corpo" o sannin perverso não se esquecera deste importante detalhe.
- Está me sentindo endurecido, Kabuto-kun? Vejo que você gosta bastante, do contrário não estaria corado. - O velho ninja gracejou enquanto deslizava sua língua pelo peito do rapaz. – Ora, veja! Parece que você também está ficando bem rígido. - ele completou segurando com firmeza o sexo do genin.
O rapaz suspirou profundamente perante o toque e jogou a cabeça para trás. O simples contato com seu mestre já o desestabilizava, o sexo então o deixava descontrolado. Seu peito subia e descia num ritmo acelerado, os dedos delgados em contato com seu membro sempre o deixavam assim. Kabuto reconhecia que Orochimaru era uma de suas fraquezas!
- Mas que menino mais safado... - O sannin da cobra divertia-se ao provocar seu subalterno. - Mal o toquei e já está latejando entre os meus dedos!
O ninja médico sentia seu rosto quente, afogueado. Sabia que estava enrubescido e sabia também que o ninja perverso adorava esses artifícios. Reunindo coragem, respirou fundo e começou hesitante:
- Orochimaru-sama... permita-me que eu o satisfaça.- Kabuto arriscou.
- Não!- o ninja da cobra respondeu arisco. Estava doente mas não era um imprestável. O Sandaime o empurrara para maldita condição de aleijado, mas nefando do jeito que era, nem o mal lhe tocaria. E iria provar que podia ainda no estado em que se encontrava, fazer o que lhe bem conviesse.
Assim sendo, jogou Kabuto com moderada violência na cama e se ajoelhou de frente ao corpo do rapaz. Com dificuldade pôs-se a retirar a própria roupa. O genin médico adorou a investida selvagem. Sabia que seu mestre queria provar sua capacidade, mesmo estando adoecido, e sabia também que desta vez compartilhariam um sexo violento. Os olhos ofídicos, que chispavam perversamente, evidenciavam a lascívia brutal.
Kabuto observava cada gesto do sannin, cada peça que voava para longe da cama e sentia seu corpo vibrar de excitação. Quando Orochimaru ficou nu, o jovem ninja percorreu ansioso os olhos pelo corpo bem feito e firme. As palavras "eu te amo" quase escaparam pelos lábios entreabertos, que fremiam úmidos de volúpia. Cerrou os olhos com força e sussurrou:
- Me possua, Orochimaru-sama... quero sentir você todo dentro de mim.
Esse incentivo fez o velho ninja contorcer seus lábios num sorriso sinistro. A maldade e a devassidão mesclavam-se nos lábios finos. Fitou rapidamente a expressão estampada na face enrubescida de seu inferior, Kabuto estava totalmente entregue.
O sannin da cobra inclinou o corpo sobre a sua presa e atacou seus mamilos rosados com a língua sinuosa e com uma das mãos. O rapaz gemeu alto e seu gemido incontido serviu de estímulo para Orochimaru provocá-lo ainda mais. Enquanto deslizava seu membro rijo entre as pernas já abertas do genin, mordiscava um dos mamilos túrgidos e manipulava o outro com os dedos, beliscando-o e apertando-o.
O ninja médico levou as mãos a cabeça, descontrolado de deleite. Arfava violentamente, jogando a cabeça para os lados. Sentia seu sexo úmido, tamanha excitação. Também, seu amante contribuía esfregando-se de forma exageradamente selvagem. Orochimaru abandonou os mamilos intumescidos decepcionando seu aliado. O genin gemeu em protesto, mas os planos do malvado ninja eram outros. Queria primeiro enlouquecer o jovem, fazê-lo entender que necessitava desesperadamente de suas carícias, fazê-lo entender que era dependente do prazer que lhe proporcionava. Assim voltou a apoiar-se nos joelhos e ordenou num tom seco a Kabuto:
- De quatro, Kabuto-kun. É assim que eu quero lhe possuir.
O rapaz obedeceu de imediato. Levantou-se, virou o corpo e se apoiou em seus joelhos e mãos. Percebeu que as lentes dos seus óculos estavam ligeiramente embaçadas e fez menção de tirá-los, porém o sannin da cobra o advertiu:
- De óculos.
Kabuto ajeitou-se sobre os lençóis e esperou que seu mestre o torturasse. O toque que sentiu foi úmido e quente. Concluiu que a língua de Orochimaru serpenteava em suas nádegas pálidas estimulando-o suavemente. O genin mordeu os lábios refreando um profundo suspiro de deleite.
- Quero ouvi-lo gemer!!- O cruel sannin protestou irritado dando um tapa estalado no glúteo arredondado. Assustado com a investida repentina, o jovem médico gemeu alto. Porém, ao sentir a língua o estimulando novamente, suspirou longamente deliciado com a carícia.
Orochimaru vendo seu subordinado apertar firmemente os lençóis, reconheceu que estava na hora de submetê-lo a estímulos mais atrevidos. E assim, deslizou a língua para a entrada nacarada e delicada de seu amante. O ninja da cobra se permitiu um breve sorriso ao sentir seu amante estremecer perante seu toque lúbrico e assim, intensificou a pressão na carne macia e palpitante.
- Orochimaru-sama...- O genin médico gemeu sem saber ao certo o que dizer. Estava tão extasiado que sentia por vezes a sua visão escurecer parcialmente e nesses momentos pensava na intensidade de seu amor pelo sannin malvado.
Os olhos desconfiados do lendário sannin fitaram o semblante enlevado de seu subordinado. Apesar de ser um rapaz de índole ruim, lhe parecia muito inocente agora. O rosto afogueado e os lábios inchados lhe sugeriram paixão, mas desconsiderou rapidamente esse pensamento uma vez que ele próprio acreditara jamais ter se apaixonado. Como um menino tão perverso quanto ele próprio se apaixonaria? E pensando seriamente, pessoas com objetivos grandiosos, como eles dois, jamais se deixariam arrebatar por algo tão tolo como o Amor. Não seria o Amor algo volúvel e leviano até? Poderoso e intenso era o que viviam, isso sim. Eram caçados pelos seus crimes, eram cúmplices na vilania e no sexo. O ninja da cobra só reconhecia como verdadeiros esses laços que os atavam tão firmemente. Yakushi Kabuto era muito mais que um simples subordinado, fazia parte dele como o veneno faz parte da presa do ofídio peçonhento. O que os unia não era Amor, Paixão ou qualquer coisa efêmera como esses sentimentos, o que os unia era meramente a Inerência.
A constatação de tão profundo pensamento fez Orochimaru suspirar de satisfação. Assim, penetrou seu genin com a língua ondulante e úmida, arrancando do rapaz um gemido alto e voluptuoso.
Numa relação como essa que compartilhavam, pensava, nada era medíocre e desprezível como em qualquer outra. Também não havia espaço para as fantasias e delírios. O lendário sannin sentia que tudo era muito verdadeiro, talvez essa fosse a relação ideal! Existiria algo mais tátil que a iminência da traição sob os lençóis? Conheciam-se tão profundamente que não se iludiam, sabiam perfeitamente que poderiam ser vitimas um do outro a qualquer momento. Talvez por isso, envolviam-se ainda mais! O sannin percebia que juntos, ele e Kabuto, preenchiam-se e completavam-se. Era uma bela Simbiose que jamais poderia ser comparada ao doentio e restrito Amor.
Depois de umedecer e estimular o ninja médico, Orochimaru retirou sua língua e ajoelhou-se apoiando o corpo debilitado nas costas do genin. Com gentileza atípica, acariciou o subalterno deslizando a ponta dos dedos da nuca aos glúteos. Com uma das mãos segurou o quadril de Kabuto e com a outra segurou seu membro posicionando-o na entrada do amante. Deslizou ligeiramente a glande, pressionando o orifício róseo para umedecer a si mesmo. O rapaz arquejou ansioso em ser possuído e, interpretando corretamente o ato, o ninja da cobra puxou com firmeza as ancas de Kabuto, lançando-se para dentro do menino.
Diante do impulso agressivo, o genin médico gritou imerso na prazerosa dor daquela penetração. Orochimaru, jubiloso de tal reação, prosseguiu o coito num ritmo acelerado e violento. O som de tapas estalados misturavam-se aos gemidos torpes de seu subalterno e o ninja da cobra acompanhava tudo quase como um expectador. Satisfeito com a própria habilidade, concordava consigo mesmo que o velho Hokage não pudera retirar dele tudo o que mais apreciava. Kabuto por sua vez sentia que aquela não era somente uma relação sexual extremamente deleitosa. Era um dos muitos momentos mágicos que compartilhava com o ninja da cobra. Sentir Orochimaru dentro de si, estocando-o impetuosamente, na sua concepção, era uma das funções cuja sua alma havia sido designada. O jovem médico sentia com veemência que havia nascido para estar ali com o sannin.
O genin rebolava na cadência dos movimentos de seu superior quando este lhe agarrou o membro e pôs-se a estimulá-lo. Orochimaru, que sentiu o clímax se aproximar, pressionou o pênis de Kabuto com força para fazê-lo gozar consigo. Sentindo a manobra, o menino se permitiu dominar por completo pelo prazer e esperou as primeiras ondas de calor arrebatarem seu corpo.
O sannin lendário gozou ao sentir as contrações ritmadas em seu membro. Cravando os dedos enfaixados na pele avermelhada do subalterno, sentiu os jorros precipitando-se para dentro do rapaz. Cansado o velho ninja retirou-se do genin e jogou-se na cama. Os lábios finos do vilão estavam marcados pela mordida que dera no instante do ápice.
Kabuto abraçou Orochimaru e deitou a cabeça no peito do peito do amante.
- Bom garoto. – O ninja da cobra sussurrou com sua voz rouca e arfante. Vagarosamente Orochimaru fechou os olhos e entorpecido, deixou que o sono o envolvesse. Kabuto velou o sono do ninja malvado e permaneceu nu aquecendo-se nos braços do sannin. Satisfeito, o genin aceitou o choro de alegria e conformação que lhe banhou seu rosto e o embalou ao mesmo sono que já levara seu mestre.
- Kabuto! – Orochimaru gritou rudemente. – Kabuto!!
- Me perdoe, Orochimaru-sama. – O jovem correu ao encontro do ninja da cobra.- Estava monitorando o andamento da operação...
- Não me interessa! – O sannin interrompeu o rapaz. – Quero uma daquelas substâncias entorpecentes. Estou sentindo dor.
Orochimaru que há poucas horas saboreara momentos de luxúria com o subalterno, estava irritado. Seu temperamento que geralmente era frio, depois da batalha com o Sandaime Hogake, tornara-se impaciente e explosivo. Naturalmente a dor que sentia era para poucos. Agüentar o sofrimento físico e a humilhação da derrota; pois sentia-se humilhado uma vez que seus planos não se sucederam da forma como planejara; era tarefa insuportável. Ainda mais com um inquietante pensamento que dominava sua mente toda a vez que compartilhava a cama com seu subordinado.
Enquanto sentia o efeito do medicamento agindo em seu organismo, o sannin lendário lembrava que ao despertar do breve sono, no qual dormira enlaçado a Kabuto, notara a ausência do menino médico. Puxara o lençol ao seu lado e aspirara o perfume do rapaz. A falta que sentiu daquele corpo lânguido e provocante o irritou sobremaneira. Sabia que o rapaz estava nas imediações de seu aposento. Kabuto jamais se afastava demais de seu quarto. Entretanto, o súbito sentimento de abandono o aborreceu. E assim, culpou o pobre genin.
Agora a leve dormência nas mãos e os olhos pesados sinalizavam o sono artificial que se aproximava. O ninja da cobra cerrou completamente as pálpebras e balbuciando algo que não fazia sentido para si, mergulhou num sonho nostálgico e inebriante.
Kabuto acompanhava o estado do sannin em silêncio. Sequer se abalou quando ouviu Orochimaru dizer por entre os dentes o nome "Jiraya". O rapaz ajeitou os lençóis e resignado pôs-se a acariciar a face febril, agora de expressão serena e feliz. Apesar de todo amor que sentia, sabia que bastava envolver aquele pescoço com as mãos e fazer uma leve pressão para que tudo acabasse. Konoha ficaria livre para sempre da ameaça de Orochimaru e ele próprio ficaria livre da condição de desprezado.
Uma risada infantil trouxe o jovem médico a realidade. O lendário sannin parecia sonhar. Kabuto sorriu e pensou consigo mesmo: "De que adiantaria tirar esta vida perversa, se não haveria mais a quem servir?"
O genin depositou um beijo delicado nos lábios sorridentes. A próxima vez que invadissem Konoha, pensou, o primeiro a esmagar seria sem dúvidas Jiraya.
