Botan vem ao Mundo dos Homens para passar as festas de final de ano com seus amigos, sem nunca imaginar que essa pausa em seu trabalho como guia de almas a levaria ao presente que sempre desejou. [Kurama&Botan]
Yu Yu Hakusho pertence a Yoshihiro Togashi, assim como a fanfic original The Gift pertence a blue-eyed-shuichi.
N/A: Olá, pessoal, finalmente tomei coragem para escrever uma fanfic. Esta história é uma tradução da fanfic The Gift, escrita originalmente em inglês por blue-eyed-shuichi e que eu amo muito. Então aproveitando o clima natalino, eis que eu venho aqui para trazer para vocês um pouco da minha paixão por fanfics KB... Divirtam-se!
Um Presente Especial
Capítulo 1 – Preparativos para o Natal
- Bem, esse é o último presente. - Keiko Yukimura disse feliz enquanto se ajoelhou ao lado da árvore de Natal brilhantemente decorada que estava situada perto da grande janela panorâmica de sua sala de estar. Em suas mãos estava uma enorme caixa embrulhada com um papel vermelho deslumbrante e adornada com uma fita branca e um cartão muito bonito que ela colocou suavemente sob a árvore que tinha sua base repleta de presentes de todo os formatos e tamanhos. Keiko se levantou lentamente, tirando as agulhas da árvore, que consistia em ser um pinheiro, presas em sua mão enquanto se virou para a esquerda, mirando seu olhar em uma menina de cabelos azuis que estava enrolando o último rolo do papel de embrulho, sentada na mesa da sala de jantar. Um sorriso de agradecimento se formou no rosto de Keiko quando ela falou:
- Obrigada pela ajuda, Botan.
- Ah, sem problemas, Keiko. - a divindade respondeu com um sorriso enquanto pegou os rolos da mesa e os colocou dentro do grande recipiente de plástico transparente que estava no assento à cabeceira da mesa. - É o mínimo que eu poderia fazer por você me deixar comemorar as festas em sua casa. - disse ela, colocando a tampa do recipiente antes de empurrá-la para baixo, travando-a com um audível "click". - Além disso, eu gosto de embrulhar presentes. É muito divertido.
Keiko soltou uma leve gargalhada enquanto caminhou até a amiga.
- A maioria das pessoas acha que é estressante e demorado. - Ela disse assim que pegou o recipiente e sorriu. - Mas eu admito que abrir presentes é divertido. Pelo menos eu acho que é agradável. - Ela acrescentou, voltando seus olhos castanhos para a deidade. - Você não acha isso, Botan?
As feições da divindade se torceram em incerteza quando ela respondeu:
- Eu realmente não posso dizer nada Keiko. Nunca recebi um presente antes. Então, eu não sei como é.
Keiko olhou para ela em descrença, quase deixando cair o recipiente de seus braços.
- Você nunca ganhou um presente antes? - Ela perguntou confusa.
Botan balançou a cabeça.
- Certamente, seus amigos e familiares no Mundo Espiritual... - Keiko começou, mas sua voz foi sumindo enquanto a divindade continuou a balançar a cabeça.
- A maioria dos meus amigos no Mundo Espiritual é muito ocupada, e minha família... Bem... - ela disse, sua voz foi sumindo e suas feições assumiram uma expressão de dor quando olhou pela janela e viu a neve cair suavemente com seus tristes orbes ametistas. - Vamos apenas dizer que eu não os vejo em um longo, longo tempo.
- Sinto muito Botan. - Keiko disse com um aceno triste de sua cabeça, colocando o recipiente de volta na cadeira. - Eu sei que o seu trabalho não é o mais divertido do mundo, mas eu não sabia o quão solitário deve ser para você viver no Mundo Espiritual.
Botan voltou o olhar para as feições tristes de sua amiga.
- Mas foi o meu trabalho no Mundo Espiritual que me levou aos meus verdadeiros amigos aqui no Mundo dos Homens. E por isso eu sou grata. - Botan respondeu com um sorriso alegre para esconder a dor que sentiu em seu coração, a verdade por trás das palavras de Keiko trouxe uma tristeza que a divindade sempre teve problemas em suprimir.
Na verdade eu sou sozinha. A mente de Botan sussurrou tristemente enquanto seus pensamentos voltaram aos muitos anos em que tinha trabalhado como um guia espiritual para o Reikai. Nunca alguém lhe ofereceu um presente ou a tratou como algo além de uma simples guia de almas. Apenas por uma vez eu gostaria de ser apreciada e amada. Ela acrescentou mentalmente, saindo de seu transe quando a voz de Keiko chegou a seus ouvidos, arrastando-a novamente para o presente.
- Você sabe o que cairia bem neste momento?
- O que? - a divindade perguntou com uma voz curiosa.
- Uma caneca de chocolate quente. - Keiko respondeu com um sorriso amigável. - Eu sempre me sinto melhor depois de uma caneca de chocolate quente, ainda mais com esse friozinho que está fazendo.
Botan assentiu.
- Que idéia maravilhosa. - ela respondeu com um sorriso, feliz por passar para um assunto diferente. - Você quer que eu vá separando os ingredientes para o chocolate quente?
- Ah, sim, por favor. - Keiko disse, pegando o recipiente em seus braços delgados, mais uma vez, apoiando-o contra o peito, o suéter verde escuro que ela usava ficando visível através do plástico transparente. - Eu vou guardar isso, então. - ela acrescentou, inclinando a cabeça para o lado em direção à porta que dava para o porão.
Botan viu Keiko desaparecer antes de se virar e caminhar para a cozinha. Ela parou diante do armário e abriu as portas para pegar o chocolate em pó, uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite e uma caixa de maisena, após foi até a geladeira e pegou um litro de leite. Botan arregaçou as mangas de sua blusa branca antes de se dirigir até a pia e pegar uma leiteira para ferver o leite. Ela abriu a caixa de leite, despejou seu conteúdo na leiteira e a colocou no fogão de aço inox e acionou o botão do queimador. Seu olhar deslocou-se para a janela acima da pia, um sorriso pacífico enfeitou seus lábios, enquanto observava os flocos de neve suavemente caírem do céu. Ela adorava ver a neve cair. Sempre trazia uma sensação de calma para sua alma cansada.
A rotina de escoltar almas para o Mundo Espiritual sempre foi um trabalho cansativo, mas nunca a tinha afetado tanto como agora. Sempre aceitou o medo, a raiva e as acusações temporárias que eram dirigidos das almas a ela, e sempre com um sorriso de compreensão e com sua disposição alegre, geralmente era capaz de acalmar as almas mais turbulentas. Mas ultimamente... Ultimamente Botan estava cansada. A dor e o fardo de lidar diretamente com a morte eram demais para suportar. Ela estava cansada e precisava desse período de férias e, para sua surpresa, Koenma havia concedido esse direito de bom grado a ela, dando-lhe a última semana de dezembro de folga para passar com seus amigos no Mundo dos Homens. E Botan estava agradecida. Grata pela oportunidade de estar junto aos detetives sobrenaturais sem alguma ameaça iminente de um dos três reinos. Os meninos sempre foram divertidos e ela realmente apreciava sua companhia, mesmo que Yusuke sempre estivesse xingando Kuwabara ou brigando com ele e vice-versa. E, claro, Hiei tinha se tornado mais sociável a ela ao longo destes últimos três anos. E Kurama...
Um sorriso melancólico apareceu nos lábios da guia, com o coração disparando com o simples pensamento de ver o ruivo novamente. Dos quatro, Kurama era o mais atencioso e gentil, com seu comportamento protetor e doce para com ela sempre que trabalharam em um caso para Koenma. Ele a tinha salvado em tantas ocasiões e mostrado preocupação tão grande por seu bem-estar, que a guia se perguntava se ele se importava com ela acima do nível de amizade. Houve momentos em que poderia ter jurado que o kitsune tinha olhado para ela com um carinho tão grande, fazendo seu coração falhar uma batida. Mas como poderia o coração de qualquer mulher não falhar uma batida quando contempla tamanha perfeição que é o ruivo.
Kurama era um homem muito bonito. O homem mais bonito que Botan havia posto seus olhos. No início, era uma atração puramente física, uma resposta involuntária a suas belas feições. Mas, quanto mais ela o conhecia, ela viu que seu coração era mais bonito ainda. Ele se importava profundamente com seus amigos, dando tudo de si para o seu bem-estar, sem pensar em sua própria vida ou sua segurança. Era altruísta. Esse era seu Kurama.
Oh meu Deus! Botan pensou balançando a cabeça, enquanto continuava a olhar pela janela. De onde eu tirei isso?
- Botan?
A garota de cabelos azuis pulou, assustada e arrancada fora de seus pensamentos pelo som da voz de Keiko.
- Sim?- ela disse rapidamente, virando de lado para olhar para a menina de cabelos castanhos.
- Eu acho que o leite já passou do ponto, não é? - Keiko disse com um sorriso divertido, apontando para o leite derramado pelo fogão.
Botan seguiu seu movimento, deixando escapar um pequeno suspiro quando viu o leite derramado. Eu nem percebi o estrago que causei. A guia se exaltou e pegou a leiteira. Keiko deu um sorriso tímido enquanto limpou o fogão e ouviu a voz envergonhada de Botan.
- Desculpe por isso.
Keiko sorriu, aceitando a leiteira das mãos de Botan.
- Está tudo bem. - ela respondeu, virando-se para o armário para pegar duas canecas, colocando-as suavemente sobre a bancada de mármore, pegou o chocolate em pó, distribuindo as quantidades apropriadas de chocolate em cada caneca.
- Então me diga - ela começou, virando-se para a guia. - Você estava pensando em alguém agora? Um certo ruivo, talvez?
Botan corou furiosamente. Como é que ela sabe disso? Sua mente gritou quando balançou a cabeça.
- Não. - ela disse um pouco rápido demais.
Keiko não comprou essa mentira.
- Um certo ruivo que atende pelo nome de Kurama? - ela continuou em uma voz provocante, uma risadinha escapando de sua garganta enquanto o rosto de Botan se avermelhou como um tomate. - Eu sabia! - exclamou triunfante, com os olhos brilhando de alegria quando olhou feliz para a amiga.
- Como você pode saber? - Botan perguntou confusa. - Eu poderia estar pensando em qualquer coisa.
Keiko levantou a mão direita para cima e balançou o dedo indicador.
- Não me convença do contrário, Botan querida, eu reconheço esse olhar melancólico em seu rosto. É o mesmo olhar que expresso quando penso em Yusuke. - ela explicou, baixando a mão.
- Mas como você sabe que era em Kurama que eu estava pensando? - Botan perguntou, ainda não acreditando em quão perceptiva era Keiko.
Keiko deu-lhe um sorriso enquanto misturava os demais ingredientes às canecas.
- Bem - ela começou - Yusuke mencionou para mim em várias ocasiões sobre ele ter percebido em como Kurama era muito protetor com relação a você e como ele sempre parecia ser o único a te salvar em um momento de perigo - ela respondeu - E ele mencionou ter flagrado você olhando para o kitsune em mais de uma ocasião. - ela acrescentou, despejando o leite fumegante em cada uma das canecas.
Botan baixou os olhos.
– Eu sou tão óbvia assim? - ela perguntou, não tendo certeza se queria ouvir a resposta.
- Qualquer garota teria de ser cega, surda e muda para não notar o quão atraente é Kurama. - Keiko disse enquanto entregou à divindade sua caneca de chocolate.
Botan aceitou de bom grado, apertando a caneca antes de trazê-la para os lábios e beber uma pequena quantidade do líquido quente.
– Está delicioso - a divindade disse com um sorriso quando baixou a caneca mais uma vez.
Keiko concordou, bebendo de sua caneca também.
- Diga-me Botan - ela disse baixinho - Será que Kurama sabe como você se sente com relação a ele?
As feições de Botan se apertaram em dor.
- Não - ela respondeu suavemente com um aceno de cabeça.
Keiko franziu a testa.
- Por que não?
Botan mordeu o lábio, uma tristeza avassaladora a envolveu enquanto falava.
- Por que ele estaria interessado em alguém como eu? Há tantas outras meninas atrás dele que são mais bonitas e interessantes do que eu.
Keiko balançou a cabeça, não acreditando que a amiga tinha uma opinião tão baixa de si mesma.
- Como você pode dizer isso sobre si mesma, Botan? Você é muito bonita.
Botan deu um pequeno sorriso.
- Eu agradeço a você, mas eu não penso assim.
Keiko não sabia o que dizer. Como ela pode pensar tão mal de si mesma? Ela se perguntou até que uma súbita percepção veio a ela enquanto se lembrou de sua conversa anterior. Botan não tem família. Não tinha amigos para conversar até então. A solidão faz parte de seu trabalho. Ela nunca teve a chance de viver a vida plenamente nem receber elogios de alguém. A bela garota de cabelos castanhos balançou a cabeça em tristeza.
- Você não se dá crédito suficiente, Botan - ela respondeu. - E eu acho que Kurama está plenamente consciente de sua beleza.
- Você acha? - Botan olhou para ela em descrença.
Keiko deu-lhe um sorriso amigo, um plano estava se formando em sua mente, plano esse que iria provar sua teoria.
- Você se lembra da festa de Natal que eu te falei? Que vai acontecer na escola amanhã?
Botan franziu a testa.
- Festa de Natal?- ela murmurou, piscando várias vezes em confusão.
Uh oh. Keiko pensou com uma careta.
- A festa da qual eu te disse para trazer um vestido bonito para usar? – Keiko perguntou, esperando que a memória da guia se refrescasse.
Botan estremeceu com a lembrança, batendo na testa com a palma da mão.
- Eu esqueci completamente! Eu estava tão animada em vir para cá que eu não o trouxe com as minhas roupas normais.
- O que eu vou fazer com você? - Keiko a censurou levemente, colocando a caneca no balcão enquanto se dirigiu à porta da frente.
- Para onde vamos? - Botan perguntou, colocando a caneca ao lado da de Keiko, enquanto observava a menina de cabelos castanhos pegar um casaco azul.
- Onde mais, comprar um belo vestido para você. - ela disse com uma voz cheia de determinação enquanto esperou Botan se aproximar para pegar seu casaco amarelo.
Botan colocou seu casaco. Mal ela o fechou, Keiko a agarrou pelo braço, praticamente arrastando-a para fora através da neve até seu Toyota Corolla azul.
As duas mulheres rapidamente entraram no carro e fecharam as portas para se protegerem do ar frio e da neve. Keiko deu a partida e acionou o limpador de pára-brisas para facilitar a visão à sua frente. A menina de cabelos castanhos deu a Botan um polegar para cima antes de colocar o cinto de segurança.
Botan fez o mesmo, sorrindo, enquanto Keiko gritou:
- Centro de Tóquio, aqui vamos nós!
Então Keiko conduziu o veículo dirigindo lentamente devido às péssimas condições meteorológicas. A guia olhou pela janela do lado do passageiro, seus olhos preguiçosamente observando a neve cair enquanto seus pensamentos se voltaram para o kitsune. Eu me pergunto o que ele estaria fazendo agora? Ela pensou com suavidade enquanto o Corolla seguiu em seu curso rumo ao Centro de Tóquio.
O Centro de Tóquio sempre foi um verdadeiro frenesi. Os prédios eram cobertos com um vasto conjunto de luzes e telões, cada edifício tão elaborado e chamativo quanto o anterior. Todos estavam decorados com a atenção voltada para celebrar o Natal. O frio pairava no ar, trazendo consigo a neve que caía constantemente sobre as calçadas e ruas movimentadas da região metropolitana. Os transeuntes estavam desesperados, à procura de últimos itens da lista de presentes para seus amigos e entes queridos. Para um determinado ruivo, no entanto, estas compras tinha um significado um pouco diferente.
Kurama caminhava lentamente ao longo da calçada lotada, sua respiração escapava em rajadas de ar frio, uma leve névoa de vapor circundava seu belo rosto enquanto a neve caía levemente dançando em torno de sua figura elegante. Os olhos esmeraldas afiados estavam alertas e vigilantes, olhando para cada edifício que passava enquanto tecia dentro e fora da multidão de compradores. Ele terminou suas compras de Natal no início do mês. Mas ainda havia um presente em especial . Um presente que seria o último, mas havia sido realmente o primeiro a ser comprado. Um presente que era o mais precioso para seu coração. Para uma mulher que não fazia a menor idéia de como ele realmente se sentia com relação a ela.
"Botan". Kurama murmurou com um sorriso melancólico, suas feições tornando-se suaves enquanto seus pensamentos se voltaram para a guia e os momentos que tinham compartilhado. As memórias tornando-se claras como o dia. Lembrou-se da primeira vez que tinha colocado os olhos nela há quase três anos e de como sua respiração foi roubada dele diante da beleza e presença da menina de cabelos azuis. Ele foi atingido por sua aura pura. Pura e bonita. Um anjo caído do céu. Um ser de luz e esperança que retirou a tristeza e melancolia que o cercavam.
Kurama não entendeu no início o que estava acontecendo com ele. Ele nunca tinha sentido uma resposta tão poderosa à presença de alguém antes, sentia necessidade de protegê-la, ajudá-la, e essa sensação foi ficando cada vez mais forte com o passar do tempo. Com todas as missões e dificuldades que enfrentaram, ele se tornou mais preocupado com sua segurança e bem-estar. Mas não reconheceu esse fato realmente até o incidente em que Kaitou roubou a alma de Botan, quando sua mente finalmente aceitou o que seu coração sabia o tempo todo. Que ele estava apaixonado por ela e faria qualquer coisa para mantê-la protegida e a salvo dos perigos.
Ainda assim, ele nunca disse a ninguém sobre seus sentimentos. Temendo talvez o fato de que fossem de mundos diferentes e viviam vidas diferentes. Eles eram opostos em várias maneiras, ele era calmo ao mesmo tempo em que a guia transbordava entusiasmo e vitalidade. Mas por baixo da fachada alegre e otimista que ela usava, Kurama podia sentir uma profunda tristeza em seu coração e sua alma. Uma tristeza igual à sua. A dor que ele escondia do mundo, com uma máscara de indiferença e uma atitude reservada. Pois, embora ele tenha uma mãe, irmão e padrasto a quem ele amava muito, Kurama se sentia sozinho a maior parte do tempo.
Ele realmente nunca entendeu por que se sentia tão só. Em sua vida anterior, ele teve pouca necessidade de criar laços de amizade. Seu único amigo, em quem poderia confiar, era Kuronue. Mas agora, como um ser humano, ele sentiu a necessidade de desenvolver amizades e realmente tinha feito isso. Tornou-se um bom amigo aos outros detetives sobrenaturais e seus familiares.
Então, por que eu ainda me sinto solitário? Kurama perguntou-se, diminuindo o ritmo quando chegou ao seu destino final, seus orbes esmeraldas olhando para as palavras JOALHERIA HAIKAREI escritas em letras normais e em kanji correspondente na vitrine. Porque eu estou sozinho. Ele rebateu, balançando a cabeça para limpar sua mente enquanto estendeu sua mão e abriu a porta de vidro. Ao entrar tirou suas luvas de couro marrom e desabotoou seu sobretudo azul-marinho, revelando uma camisa de oxford que combinava perfeitamente com a calça social preta que usava. Kurama retirou seus sapatos negros simples e os deixou sobre o tapete de boas-vindas, limpando os flocos de neve agarrados ao material de couro, antes de caminhar até o balcão para falar com o vendedor que lhe deu um aceno de cabeça e um sorriso amigável, seus olhos cheios de reconhecimento enquanto observava a aproximação do ruivo.
- Boa tarde, Sr. Minamino. - o homem de cabelos grisalhos cumprimentou educadamente.
- Boa tarde, Sr. Haikarei. - Kurama cumprimentou de volta, parando diante do balcão de vidro maciço que exibia alianças, anéis e as mais variadas jóias. - Fui informado que a encomenda especial que fiz há dois meses chegou.
O Sr. Haikarei assentiu.
- Chegou hoje pela manhã. - Ele respondeu, estudando o jovem com olhos bondosos. - E tenho certeza que você vai ficar bastante satisfeito com o resultado. - Ele acrescentou, virando-se e caminhando em direção a uma porta grande de metal ao final da sala.
Kurama colocou os braços para trás, andando lentamente pelo balcão de vidro, distraidamente olhando para as jóias na vitrine e parando de repente quando sentiu duas energias familiares entrarem em seus sentidos.
O som de uma porta se abrindo fez o kitsune se virar um pouco, arqueando as sobrancelhas em surpresa quando viu dois jovens rapazes entrarem na loja, um estava animado e o outro irritado.
- O que diabos vamos fazer em uma joalheria, Kuwabara? - Yusuke Urameshi rosnou enquanto sacudia a neve de seu casaco preto e retirava seus tênis ao mesmo tempo.
- Eu te disse antes, Urameshi, quero dar a Yukina um belo presente de Natal. - Kazuma Kuwabara respondeu em um tom aborrecido.
- Presente de Natal? - o rapaz de cabelos escuros respondeu em um tom incrédulo - Vocês não estão nem mesmo namorando ainda!
- Então! - Kuwabara retrucou, batendo em seu casaco azul, imitando os movimentos de seu melhor amigo. - Só porque não estamos namorando não significa que eu não posso comprar-lhe algo bonito! - o rapaz mais alto acrescentou, a neve voava de seu cabelo de cor laranja quando de repente ele virou a cabeça para o lado, com os olhos arregalados em surpresa. – Ei, Kurama! Você por aqui! - Kuwabara disse com um sorriso, sua voz cheia de alegria, enquanto caminhava até o kitsune, seguido de um Yusuke igualmente surpreso.
- Sim. É realmente uma surpresa. - Kurama respondeu quando se virou para encarar seus amigos.
- Então, Kurama - Yusuke falou, perguntando ao kitsune. - O que o traz aqui? Veio fazer compras para a sua namorada, talvez? - Ele perguntou com uma risadinha, se esforçando para obter uma resposta de seu amigo. Para sua decepção, o kitsune respondeu negativamente.
- Eu não estou namorando ninguém, Yusuke. - Kurama disse despreocupadamente, embora por dentro ele desejasse que sua resposta fosse afirmativa. E espero que em breve seja. A atenção do kitsune se deslocou para sua esquerda, olhando para o Sr. Haikarei que estava voltando. Ele não queria ficar muito tempo no centro da cidade. Havia outras coisas para fazer. Além disso, a última coisa que eu quero é que Yusuke e Kuwabara saibam que eu comprei um presente para Botan. Conhecendo-os muito bem, eles vão estragar a surpresa.
- Então por que você está em uma joalheria? - Yusuke perguntou com um sorriso malicioso.
Kurama parou, pensando em como responder a isso quando Kuwabara subitamente exclamou:
- Eu sei para quem você está comprando um presente! É para Botan, não é?
O kitsune olhou para Kuwabara chocado, mas ele rapidamente se recompôs, mas não antes que Yusuke tenha percebido.
- Bem, esta não é uma teoria interessante? - Yusuke disse com um sorriso, percebendo o quão desconfortável o ruivo parecia ficar. - Você sempre foi protetor e sempre se preocupou demais com Botan. Agora eu sei por quê. Você está apaixonado por ela, não é?
Kurama abriu a boca, prestes a responder quando ele notou que o Sr. Haikarei já estava de volta ao balcão com uma caixa de jóias de veludo preta em suas mãos.
O homem mais velho parou no balcão e colocou a caixa com cuidado sobre a superfície de vidro.
- Aqui está, Sr. Minamino. - Haikarei disse, lentamente levantando a tampa e com cuidado retirando a proteção feita de um pano vermelho sobre a jóia.
Os três rapazes se curvaram para frente enquanto o vendedor gentilmente retirou o objeto para que todos pudessem ver.
- Uau! - Yusuke assobiou, com seus olhos castanhos admirando a jóia, espantado.
- Uau, Ku... quero dizer, Shuichi! - Kuwabara começou e depois parou, corrigindo-se antes de continuar. - Essa jóia é elegante e linda!
Kurama sorriu.
- Certamente. - Ele disse suavemente, seus olhos brilhavam enquanto ele estudava o colar de prata que pendia das mãos estendidas do Sr. Haikarei. Seu olhar deslocou-se para a pedra grande e roxa no interior de um pingente em forma de coração balançando hipnoticamente diante dele. Perfeito. Simplesmente perfeito. Ele pensou com um sorriso. Eu espero que ela goste.
- Como você pode ver, Sr. Minamino - o vendedor começou, apontando para o colar - Este colar é feito da mais pura prata. Assim como a pedra de ametista de 10 quilates lapidada em forma de coração como você pediu. Ela nunca irá se quebrar, desbotar ou manchar. Este é o melhor trabalho que nossa joalheria já realizou. - O homem mais velho disse com um toque de orgulho em sua voz quando ele abaixou o colar e o colocou de volta dentro da caixa de veludo antes de entregá-la a Kurama. - Espero que sua amiga aprove o seu presente. - Ele acrescentou, antes de atender um outro cliente que tinha acabado de entrar na loja.
Kurama sorriu. - Eu espero por isso também. - Ele murmurou, apertando a caixa com cuidado, voltando seu olhar para Yusuke que falou.
- Quanto você pagou por isso, menino-raposa? - Ele perguntou, olhando para o amigo com admiração. O detetive sobrenatural sabia pouco sobre jóias, mas ele reconhecia coisas caras quando olhava para elas.
Kurama deu um sorriso paciente.
- Sabe Yusuke, não é uma coisa cavalheiresca perguntar às pessoas o quanto elas pagaram por alguma coisa. - Ele respondeu em um leve tom de repreensão que o moreno preferiu ignorar.
- Eu nunca disse que eu era um cavalheiro, disse? - Ele retrucou. - Então, realmente quanto você pagou?
- Urameshi, pare com isso! - Kuwabara ordenou a seu amigo. - Não é da nossa conta. E de qualquer maneira, eu preciso de sua ajuda para escolher algo bonito para Yukina.
- Pelo amor, hein, Kuwabara! Você sabe que eu odeio fazer este trabalho de maricas!
Kuwabara o ignorou, olhando abaixo no balcão de vidro, seus olhos brilharam quando ele bateu contra o vidro. - Ei Urameshi, o que você acha desses?
Yusuke olhou para baixo, seu rosto estava irritado. - Essas são alianças, seu estúpido! - Ele rosnou.
- Oh. - O rapaz grandalhão se decepcionou, movendo-se pelo balcão até as pulseiras e braceletes. - Ei, e aquela ali? Aquela com diamantes? - Ele perguntou, acenando mais uma vez a Yusuke.
O moreno suspirou com mau humor, mas foi até seu amigo e olhou através do vidro a pulseira que Kuwabara apontava. - Sim, essa é bonita. - Ele disse em um tom irritado. – Compre-a e vamos embora logo.
- Desculpe-me - Kuwabara disse educadamente, endireitando seu corpo quando ele se virou para falar com a vendedora a uma curta distância. - Eu posso dar uma olhada nesta pulseira aqui?
A mulher acenou com a cabeça, vindo para seu sentido, destravou o balcão e retirou a jóia, trouxe-a até Kuwabara e colocou-a sobre o vidro.
- Esta é uma pulseira de sete polegadas feita de 18 quilates de ouro e adornada com diamantes. - Ela explicou enquanto apontou para as pedras preciosas envoltas em torno do metal flexível.
Kuwabara sorriu. - Quanto é? - perguntou ele.
- 600 dólares.
O rapaz alto empalideceu, caindo de lado no chão antes de se levantar alguns segundos mais tarde. - Eu não posso pagar por isso! - Ele chorou, franzindo a testa quando ouviu Yusuke rir e bater-lhe nas costas.
- Eu acho que você vai ter que comprar algo mais barato. Uma caixa de chocolates ou algo assim. - Ele disse através de sua risada.
- Cale-se Urameshi! - Kuwabara vociferou, olhando para o amigo. - Pelo menos estou tentando comprar algo bonito para a mulher que eu amo."
O rosto de Yusuke escureceu.
- E o que diabos o faz pensar que eu não comprei nada para Keiko? - Ele resmungou, olhando para trás.
Os dois rapazes continuaram a olhar um para o outro irritados até que a voz de Kurama os interrompeu, com sua habitual calma.
- Ele vai levá-la. - Kurama disse suavemente, pegando no bolso interno de seu sobretudo sua carteira.
A vendedora concordou.
- Eu vou pegar uma caixa, senhor. - Ela disse, separando a pulseira e se ajoelhando para pegar uma caixa na parte de baixo do balcão.
- Ei Kurama? - Kuwabara disse, sua raiva foi substituída pela curiosidade. - Você não tem que fazer isso, sabia! Eu deveria ser o único a pagar por essa jóia.
Kurama deu-lhe um sorriso de compreensão, plenamente consciente do código de honra do rapaz.
– E quem disse que não vai ser você quem vai pagar? - Ele rebateu. - Eu simplesmente vou te emprestar o dinheiro. Você pode me pagar depois.- O ruivo respondeu, movendo-se para o caixa.
Kuwabara assentiu.
- Bem, eu acho que eu posso concordar com isso. - Ele disse caminhando até o kitsune.
Uma vez que o item foi comprado, os três rapazes saíram da joalheria e seguiram pela calçada movimentada.
- Então, Kurama, você tem mais compras de Natal para fazer? - Yusuke perguntou enquanto caminhava ao lado de um Kuwabara silencioso que continuou a balançar a pequena sacola em sua mão, com os olhos brilhando de alegria.
- Não. - Kurama respondeu, sua voz estava distante, arregalando os olhos em surpresa quando sentiu uma energia familiar. Será que é ela? Ele se perguntou quando aumentou seu ritmo.
- Ei Kurama, devagar aí meu chapa. - Yusuke disse com uma careta quando ele começou a correr, tentando manter o mesmo ritmo do kitsune, enquanto um Kuwabara ainda eufórico ficava para trás.
- Esse vestido vai chamar a atenção de todos os homens na festa. - Keiko disse com um sorriso enquanto segurava a porta da boutique, permitindo a Botan para sair atrás dela até a calçada antes de liberar a porta.
- Eu não quero chamar a atenção de todos os homens. - Botan falou com uma voz abafada através do pacote que segurava firmemente contra seu peito. Uma grande caixa branca que era difícil de carregar e tornava a visão de Botan quase impossível .
- Ah? - Keiko disse com um sorriso malicioso. - Você está certa sobre isso? - Ela acrescentou com uma risada provocante.
Botan corou. Ela gostaria de chamar a atenção de Kurama. Mas será que ele perceberia? Será que ele sabia que ela estava aqui no Mundo dos Homens, pensando nele neste momento? A deidade estava prestes a dizer algo quando de repente tropeçou em seus próprios pés. Ela deu um grito, o pacote em seus braços saiu voando enquanto começou a cair de cara no chão duro. Botan estremeceu, preparando-se para o impacto. Mas a queda nunca veio. Ao invés da queda, dois braços fortes se envolveram em torno dela, segurando-a. A guia lentamente relaxou seu rosto e abriu os olhos. Seus orbes ametistas arregalaram de surpresa ao ver o rosto que estava olhando para ela.
- Kurama? - Ela murmurou.
O kitsune deu um terno sorriso que fez a divindade balançar. Raramente o tinha visto sorrir e nunca dessa maneira. E ele estava sorrindo para ela. A guia percebeu o quão perto estavam, corando ao perceber que Kurama estava segurando-a. Um braço estava envolto em torno de suas costas e outro em torno de sua cintura, e ele estava segurando-a com força contra ele, com o rosto a poucos centímetros do seu próprio.
Um sentimento estranho, mas delicioso, se espalhou ao longo de seu corpo quando ela relaxou em seu abraço. Ela estava gostando disso. Amou a maneira como se sentia ao estar em seus braços. Ela sufocou o impulso de estender a mão e acariciar seu rosto. Para traçar a linha de seu queixo, para tocar os lábios dele com os seus. Então esse sentimento é o amor? Botan perguntou-se. Ela nunca tinha se apaixonado antes. Nunca se envolveu com alguém por um tempo suficiente para chegar a conhecê-lo. Mas isso vai mudar. Ela respondeu a si mesma, enquanto continuava a olhar dentro daquelas piscinas esmeraldas e misteriosas que raramente mostravam emoção, mas agora pareciam incendiar com algo semelhante ao afeto. Eu sei Kurama... Eu sei que você gosta de mim. Eu sei que você quer me proteger. O coração da guia começou a bater rapidamente enquanto sua mente tentava processar a situação. É possível que ele tenha sentimentos por mim também?
Kurama sentiu a energia de Botan há alguns minutos atrás, completamente surpreso em descobrir que ela estava no Mundo dos Homens. Ele tinha planejado visitar Botan no Mundo Espiritual para lhe dar o presente que havia comprado, acreditando que ela estaria ocupada demais para passar as festas no Ningenkai. Mas agora, sabendo que ela estava tão perto, ele tinha que encontrá-la. O desejo de vê-la era tão grande, que ele havia deixado seus amigos para trás e disparou em busca de sua deusa.
Minha deusa. Kurama pensou com um sorriso suave enquanto olhou para a garota em seus braços. A garota que ele salvou de uma queda constrangedora e dolorosa. Não queria deixá-la ir. Recusava-se a afastar o olhar dela. Um olhar que expressava os mesmos sentimentos que estavam em seu coração. Sentimentos de alegria, surpresa e carinho.
- Por que você não a beija agora e acaba logo com isso, ruivo. - Uma voz masculina falou divertida, quebrando a magia entre o kitsune e a guia.
A máscara de indiferença de Kurama voltou, reservado e sem emoção levantou a cabeça para encontrar Yusuke ao lado de Keiko, com um sorriso imperceptível estampado em seu rosto. Relutantemente, ele soltou sua presa, levantando a deidade em uma posição vertical antes de liberá-la, lançando seus olhos abaixo para a caixa que tinha voado dos braços de Botan. Caminhando a poucos metros da caixa, o kitsune se aproximou e abaixou-se para pegá-la, voltando para o lado da menina da balsa de cabelos azulados.
- Aqui está, Botan. - Ele disse simplesmente, sem nenhum traço de emoção em sua voz.
Botan olhou do rosto estóico de Kurama para a caixa em decepção, e seu coração se desfez em pedaços. Eu devo ter visto coisas novamente. Ela pensou com um suspiro interior. Tolice da minha parte achar que ele sente alguma coisa por mim. - Obrigada. - Ela sussurrou, mirando os olhos para baixo, incapaz de trazer seu olhar para encontrar o dele.
Kurama notou sua postura abatida e franziu a testa. Kurama, seu estúpido! Ele repreendeu-se mentalmente. Em um momento você olha para ela com amor em seus olhos e no outro você age como se não sentisse nada! O kitsune suspirou. Ele queria dizer a Botan o que sentia em seu coração no momento, queria mostrar a ela a verdade através de seus olhos, mas se conteve. Era um hábito ruim que o ruivo possuía, mascarar rapidamente qualquer emoção que possa vir à superfície. Ele não queria que os demais soubessem como se sentia sobre as coisas e pessoas, exceto seu amor pela sua mãe. Não queria que os outros descobrissem que tinha fraquezas. Que ele não era tão reservado e frio como aparentava ser. Sinto muito Botan. Ele pensou infeliz, após perguntou num tom calmo.
- Você está bem, Botan?
A garota de cabelos azuis assentiu, levantando a cabeça lentamente para dar-lhe um sorriso feliz.
- Eu estou bem Kurama. - Ela disse com uma voz alegre que escondia a dor que estava sentindo no momento. Abraçou a caixa perto de seu peito, inclinando-a para o lado para que ela pudesse ver melhor.
Kurama sabia que ela estava mentindo, mas não disse nada, mudando o olhar para Yusuke que falou:
- Sorte sua, Botan, que Kurama a segurou antes que você batesse seu rosto na calçada e quebrasse algum dente. - O detetive comentou somente para estremecer quando Keiko bateu-lhe no braço. - Ai! - Ele rosnou, olhando para sua namorada. - O que eu fiz? - falou enquanto esfregava o braço agora dolorido.
- Yusuke, seu idiota! - Keiko rosnou de volta.
Os dois amantes olharam para os outros por alguns segundos antes de Yusuke ceder, mudando rapidamente de assunto.
- Então, senhoritas, - Ele começou - o que as trazem ao centro? Comprando roupas, suponho?
Keiko mostrou a língua para ele. - E se for? - Ela perguntou, cruzando os braços.
Kurama deu um pequeno sorriso, divertido com a interação entre os dois jovens amantes.
Botan também sorriu, adorava a relação de amor e ódio que Yusuke e Keiko compartilhavam. Um suspiro melancólico escapou de seus lábios. Eu queria ter alguém perto de meu coração para provocar. A deidade suspirou suavemente. Alguém perto do meu coração. Ela repetiu. Alguém para amar. Como... Seus olhos se voltaram para Kurama, que voltou sua atenção para a direita.
A guia seguiu seu olhar, um sorriso se formou em seus lábios quando viu Kuwabara correndo com a respiração forçada e tomado pela irritação.
- Urameshi! Seu idiota estúpido! Por que diabos você correu sem me esperar?! - O rapaz alto esbravejou quando ele parou à direita de Kurama.
- O que eu posso fazer se você é mais lento do que a minha avó? - Yusuke respondeu com um sorriso.
Kuwabara franziu a testa. Eu vou te mostrar quem é a avó de quem aqui. Sua mente rosnou mas ele se acalmou quando notou a presença de Keiko e Botan. - Ei Keiko, ei Botan. Como vão vocês duas?
Botan sorriu. – Estou bem, Kuwabara.
Kuwabara olhou da guia para o kitsune, com um sorriso no rosto. É por isso que Kurama disparou na frente. – Agora eu sei por que vocês correram, mas me dêem um alô da próxima vez você, eu odeio ficar no vácuo. - Ele repreendeu seus amigos, seus orbes escuros miraram a caixa que Botan carregava. - Você comprou um vestido, Botan?
A guia de almas olhou para a caixa por alguns segundos, em seguida voltou-se para o homem alto. - Bem, Keiko disse que eu precisava de um vestido para a festa de amanhã, por isso viemos aqui para que eu comprasse um.
- Então você também virá à festa, não é? - Yusuke perguntou com um sorriso malicioso enfeitando seu belo rosto, voltando sua atenção para Keiko a quem cutucou. Um olhar cúmplice foi trocado entre os dois amantes antes que o moreno continuasse. - Você sabe que precisa de um acompanhante para a festa, não é?
As feições de Botan se entristeceram quando ela olhou para Keiko.
– Não. Keiko não mencionou isso para mim antes.
Kuwabara olhou Yusuke confuso. - Urameshi o que você...
O detetive sobrenatural lhe lançou um olhar "Cala a boca!" que instantaneamente silenciou o rapaz alto. Um sorriso se formou em seu rosto quando ele olhou para Kurama e Botan.
- Você precisa de alguém para ir com você. - Yusuke continuou. - No seu caso, teria que ser um rapaz. Não estou certo Keiko? - Ele perguntou, olhando para sua namorada.
Keiko concordou. - Eu me esqueci de mencionar isso. Me desculpe, Botan.
Kurama franziu o cenho quando notou a tristeza da guia. Aparentemente, isso era algo que ela dificilmente resolveria. O coração do kitsune quebrou. Ele queria que ela se divertisse e desfrutasse o tempo que teria no Ningenkai. Cheio de determinação, o kitsune falou.
- Eu ficaria feliz em acompanhá-la na festa, Botan.
O rosto de Botan instantaneamente se iluminou quando ela olhou para o ruivo.
- Sério?- Ela perguntou com uma voz tão cheia de alegria, que Kurama não pôde deixar de sorrir, juntando-se a ela em sua felicidade.
- Seria uma honra. - Ele disse com um aceno de cabeça.
Os dois se olharam por alguns segundos antes de Kurama se virar para o lado – A que horas... - Ele começou, então parou, franzindo o cenho quando notou que os detetives e Keiko se foram. Onde eles foram?
Botan franziu a testa também se perguntando onde tinha ido todo mundo.
- Para onde eles foram?
Kurama sorriu interiormente. São um grupo bem oportuno e de grande ajuda. O kitsune pensou quando se voltou para a guia.
- Parece que Keiko te deixou sobre minha responsabilidade. - Ele disse suavemente. - Há algum lugar que você gostaria que eu te levasse? Eu ficaria feliz em levá-la.
Botan se afastou dele para esconder o rubor que se formava em seu rosto. Estou sozinha com Kurama. Sua mente gritou alegremente. Mesmo que fosse apenas por um curto período, a divindade não teve problemas em aceitar.
- Você poderia me levar de volta para a casa de Keiko? - Ela perguntou em voz baixa, acalmando-se quando se virou para encará-lo mais uma vez.
Kurama assentiu e acenou com a mão em um gesto de "após você".
- Vamos então?
A garota de cabelos azuis sorriu e começou a andar, parando quando sentiu a mão de Kurama levemente descansar em seu ombro. Botan se virou, com os olhos cheios de confusão.
- Kurama?
O kitsune sorriu e estendeu suas mãos.
-Permita-me levar a caixa para você.
Botan sorriu aliviada, entregando a caixa para o ruivo e começando a caminhar mais uma vez, sem saber que Kurama estava admirando-a por trás.
Ela é realmente linda. Ele pensou com um sorriso enquanto colocou a caixa embaixo de seu braço esquerdo e a seguiu.
Meia hora depois, Kurama estacionou seu Mazda 6i vermelho em frente à casa de Keiko. Com um movimento rápido, Kurama saiu do carro e rapidamente contornou a frente para o lado de Botan, abrindo a porta para ela.
- Obrigada. - Botan disse com um sorriso enquanto saiu do carro.
- Disponha. - O kitsune respondeu, fechando a porta com cuidado antes de abrir a porta de trás do lado do passageiro e rapidamente pegar a caixa do banco de trás. Fechando a porta, Kurama se virou e caminhou ao lado da guia até a porta da frente da casa.
Botan parou no último degrau da entrada, virando-se para Kurama, que lhe entregou a caixa.
Botan pegou o item suavemente, tentando não olhar para ele. Talvez com medo de que ela possa ver o mesmo olhar indiferente que ele normalmente usava, apenas para levantar a cabeça em surpresa quando o kitsune gentilmente apertou sua mão.
- Botan? - Ele disse suavemente.
A menina da balsa se encolheu, mas não se afastou de seu toque.
- Sim Kurama? - Ela perguntou com voz suave, com curiosidade quando encontrou seu olhar.
- Posso te fazer uma pergunta?
O coração de Botan saltou uma batida, imaginando o que possivelmente Kurama queria perguntar a ela.
- O que foi?
- Quanto tempo você vai ficar no Ningenkai?
- Até o final de dezembro. - Ela respondeu, estudando as feições calmas de Kurama. Um aumento repentino de coragem surgiu dentro de seu coração e ela se viu perguntando - Por que você pergunta?
Kurama parecia ligeiramente surpreso pela pergunta. Sua máscara de reserva foi substituída por um olhar tímido que causou à guia uma imensa vontade de rir.
- Bem... - Ele começou e então parou, franzindo a testa em como ele soou inepto. Diga a ela já! Sua mente gritou. Liberando seu fôlego lentamente, ele continuou com sua voz forte e sem pausa dessa vez. - Eu gostaria de passar um pouco de tempo com você, se eu puder.
Botan olhou para ele em choque. Ele quer passar um tempo comigo? Sua mente gritou. Seria possível que ele pensasse nela mais do que apenas uma amiga?
- Eu... gostaria muito disso. - A deidade respondeu em um sussurro.
Kurama sorriu para ela. E desta vez foi um sorriso sincero. Um sorriso feliz.
- Então te verei amanhã. - Ele disse, soltando a mão dela, enquanto se afastou para longe dela.
- Sim. Amanhã. - Botan respondeu e, em uma manobra ousada, desceu os degraus e deu a Kurama um rápido beijo na bochecha antes de se virar e abrir a porta.
Kurama olhou para ela em choque, surpreso com sua ação. Ele levou sua mão ao rosto, descansando-a ali enquanto a olhava desaparecer para dentro, dando-lhe uma pequena onda antes que ela fechasse a porta suavemente atrás dela.
Kurama ficou lá parado por alguns segundos, antes de um sorriso espalhar-se pelos seus lábios. Baixando a mão, o kitsune caminhou lentamente de volta para seu carro, mas seu coração estava acelerado com o pensamento de que talvez, apenas talvez, Botan poderia amá-lo tanto quanto ele a amava.
Continua...
No próximo capítulo se dará o desfecho desta fanfic. Por favor, se esta fanfic for digna, deixem seus comentários please...
Beijos e até a próxima!
