Muito receosamente, resolvi vir deixar minha marquinha novamente aqui, resgatando a história do Milo no Universo da A Memory of My Life.

Para ler a história anterior a essa: s/5674362/1/A-Memory-of-My-Life

Boa leitura galera.


A Memory Of His Life

by: Maru

Prólogo

Nem sei mais há quanto tempo já estou aqui, ensaiando e ensaiando. Me perguntando: Como? Como devo começar?

As pessoas costumam reclamar do fim. De como é cruel, braçal, o serviço de terminar algo, mas, sabe de uma coisa? Nunca realmente concordei com isso... As coisas não terminam simplesmente. Elas mudam, se transformam em outras, tomam novos rumos. Esse é o tão penoso 'fim'.

A única coisa que sei realmente terminar nesse mundo, é a vida. Se é que o fim é mesmo o 'fim'.

Grande mistério da humanidade...

Não... Agora, e o começo? Quando, como se começa? Existe uma forma certa? Uma técnica infalível para se começar certo? Porque tecnicamente eu já comecei, mesmo sem ter começado e, sabe? Comecei mal pra caramba.

Creio que já tenha me pedido isso até mais vezes do que seria educado, Di. Para que eu contasse pra valer a minha história, para parar de repetir e repetir aquela 'prévia mal feita', como me disse uma vez, e finalmente dizer algo. Para eu deixar de ser um porco cretino e confiar em você, porque não era justo não saber praticamente nada além da minha nacionalidade sendo que eu conhecia toda a sua vida, e que era ridículo você próprio conhecer tão pouco da minha, tendo vivido a maior parte desta comigo de qualquer forma... Coisas essas, das quais ironicamente não reclamou nem mesmo uma única vez sequer na bendita da tua entrevista, apesar de ter desnudado a vida de todos, junto com a própria...

Mas, não vim aqui para sarcasmos...

Em bem da verdade, nem sei para quê eu vim. Nem sei por onde começar! Não tenho a sua desenvoltura pra isso, nunca tive. E você sabe. Sei fingir, mas não é meu isso, e eu estou me perdendo sem sequer ter começado. Infernos...

... O que você realmente esperava disso?

Me conhecer melhor do que conhece? Porque não precisa de nenhum passado pra isso, você conhece cada mania e cada defeito meu até melhor do que gostaria! ...Ou isso é só mais uma daquelas suas curiosidades pessoais, do tipo que te deixa inquieto, obcecado e reflexivo, até que o objeto do seu interesse seja desvendado e perca a importância?

Porque, sinceramente? Não 'to afim de ser dissecado apenas pela sua curiosidade. Quero que pelo menos isso signifique algo pra você, porque em bem da verdade estou me obrigando à isso. Eu não quero falar nada. Nem mesmo pro todo gostoso Alexander Ekberg, com seus outdoors de cuecas de grife espalhados cidade afora.

... Nem mesmo pro meu Di, que tem um papel tão profundamente marcante na minha vida e cujos laços que tenho nem podem chegar perto de nenhuma descrição já inventada.

A ideia me incomoda de um jeito que-, e sei que não pode entender, porque ao contrário de mim, gosta de falar e não se importa de abrir suas feridas porque isso te ajuda a mantê-las limpas. Eu não sou assim. Não sou e, nem sei se vou conseguir, se quer mesmo saber, mas percebi que por mais que deteste a ideia, se tem alguém por quem eu me submeteria a isso, seria você Di.

Não o Camus, nem o Saga ou quem quer que seja... Você.

E acredito que, se não for pra você, nunca vou contar isso pra ninguém também, então...

Não que eu ache necessariamente ruim, levar pro túmulo tudo isso que há enterrado aqui, mas enfim...

Só... me desculpe por não ter coragem de tentar fazer isso ao vivo, já que voufazer, de qualquer jeito. Talvez você fique ressentido por isso, não sei, mas também não espera demais de mim. Já é difícil o bastante estar aqui, te garanto e nem mesmo sei por onde deveria começar!...Deus...

Mas, vamos lá. Hora de tentar assim mesmo.

(TBC)