AMOR PROIBIDO
Parte I
Autora: Shiryuforever94
Gênero: Yaoi/angst/romance/lemon
Casais: HyogaxShun (triângulo amoroso com personagem original), IkkixShiryu, MiloxCamus, AioliaxSeiya, AldebaranxPersonagem Original (Rodrigo)
Fanfic feita especialmente para Anna Chan por causa do seu amor pelo casal Hyoga e Shun e apresentada no desafio do dia dos namorados do Saint Seiya Dreams. Todo mundo sabe que eu adoro Ikki e Shiryu e assim os coloquei aqui também. O personagem Rodrigo, namorado do Deba, Matheus, e o apelido Shunnie Sun são criações minhas ok?
Disclaimer: Saint Seiya não é meu, lógico, porque se fosse... Eu tornaria o anime completamente inadequado para menores e incluiria lemons em todos os capítulos XD. Bem, todos os cavaleiros estão vivos e felizes, ou nem tanto. Ah, gente, não se preocupem com as idades... Assim como o Kurumada, eu ponho o que me dá na telha e dane-se a coerência... XD.
MEMÓRIAS
DOIS ANOS ATRÁS
Após a vitória sobre Hades, com a ressurreição dos Cavaleiros de Ouro e Prata falecidos, o Santuário estava novamente pulsando de vida.
Contrariando várias expectativas dos amigos, Shun voltara para a Ilha de Andrômeda com June, embora todos soubessem que ele e Hyoga tinham algum tipo de relacionamento mal resolvido, mal discutido e sim, absolutamente pulsante...
Ninguém havia compreendido porque simplesmente não haviam ficado juntos, houvera tantos momentos em que pareciam feitos um para o outro, houvera as lutas em que defendiam um ao outro, tantas palavras ditas, tantas ações feitas...
Mas, se os Cavaleiros, principalmente Shiryu e Seiya haviam ficado surpresos, Cisne ficara arrasado. Ele ainda tentava entender os sentimentos de seu coração de 16 anos quando a partida precoce de Shun o deixara sem saber o que fazer. O rapazinho de olhos verdes nem lhe dera chance de tentar saber o que era aquela dor que lhe vinha quando estavam longe um do outro.
Até então Hyoga julgava que o Cavaleiro de Andrômeda tinha por ele algum sentimento especial, mas viu sua certeza ruir pouco tempo após a vitória sobre Hades.
O Cisne ficara totalmente sem ação ao se deparar com Andrômeda lhe dando adeus rapidamente sem nem mesmo olhar diretamente em seus olhos, correndo com sua bagagem para o táxi em que já esperava a Amazona June de Camaleão.
Até mesmo o irascível Ikki ficara estupefato ao ver o gélido mas sensível aquariano chorar e soluçar encostado à uma das paredes da Mansão Kido, olhando para o vazio e sem querer conversar com ninguém. Fênix tentara falar com ele e explicar que Shun podia ser apenas um rapaz heterossexual como outro qualquer e que ele, Hyoga, teria outras pessoas para conhecer.
A reação de Hyoga foi sair correndo dali. Parou nos jardins... Foi seguido por Shiryu, Seiya e, sim, Ikki ficou com medo que o sentimental Cisne fizesse uma loucura e foi junto...
Viram o amigo cerrar as mãos com tanta força que acharam que ia sangrar, sentiram o cosmo do Cisne transmutar-se de amável em dolorido. Viram os olhos azuis fecharem-se e sua boca emitir um lamento baixo e profundo... Shiryu tentou abraçá-lo...
- Me solta Shiryu... me larga... me deixa por favor...
- Calma Cisne, pode não ser o que parece...
- Ah não? E o que te parece Shiryu? Responde! Ele foi com ela, foi com a June... Não é a mim que ele quer... Pois então que fique com ela... – lágrimas começaram a descer pelo rosto triste do rapaz.
- Hyoga... Você realmente está apaixonado pelo Shun?
- Me deixa em paz, Dragão, sai daqui agora... ou eu... eu... – soluços o impediram de continuar... Estava tão sentido...
- "Vem cá Cisne..." O amigo o envolveu num abraço... Então era isso... Por causa daquele sentimento que o russo não comia, não se exercitava, não conversava direito...
O Dragão lembrou do dia anterior quando a bomba explodira...
Os cinco amigos jantavam na mesa da Mansão Kido. Estavam contentes com o fato de que todos os demais Cavaleiros haviam sido ressuscitados ou salvos por Atena e, finalmente, podiam descansar um pouco de tantas lutas.
Hyoga estivera especialmente calado aquele dia. Tinha convidado Shun para sair mais tarde, quando pretendia se declarar e descobrir se tudo o que sentia era correspondido. Não agüentava mais a incerteza, a troca de olhares e queria mais que tudo que o virginiano lhe dissesse que o amava... Estava nervoso e apreensivo. Sonhava com isso mas tinha ficado meio aborrecido pois June tinha chegado cedo à Mansão, juntamente com Saori e ele não conseguira evitar um ciúme crescente.
A amazona dissera que tinha sido designada para recriar o treinamento da Ilha de Andrômeda e a Deusa queria conversar com Shun a respeito. O Cisne ficara trêmulo de raiva. E essa agora? Iriam levar Shun para longe dele? Não sabia o que fazer e só sossegou quando o rapazinho de olhos verdes informara que havia recusado o posto de Mestre da Ilha pois preferia se dedicar a outros assuntos e tudo parecia calmo. Havia até mesmo confirmado a saída com Hyoga com um lindo sorriso que deixara o loirão mais seguro e feliz.
Mas, havia algo estranho, depois de uma conversa a portas fechadas com June, o viriginiano tinha evitado seus olhares e tentativas de aproximação e agora nem mesmo o encarava no jantar... Cisne temia... Temia que algo tivesse mudado.
As moças haviam permanecido para o jantar e todos conversavam, menos Shun...
- "Eu e June vamos voltar para a Ilha de Andrômeda. Ela quer que eu a ajude com os novos aspirantes e eu acho que será ótima oportunidade para desenvolver minhas capacidades não acha Ikki?" A frase saíra de uma vez, do nada. O rapaz não olhou para ninguém, parecia muito interessado no seu prato...
- "Mas, assim? Sem mais nem menos Shun? Que está havendo de verdade?" Ikki olhou incrédulo. O irmão tinha afirmado que não iria, que preferia ficar com eles e agora mudava completamente de idéia? Ninguém entendeu nada. Quase todos se viraram para Hyoga... Sabiam que o russo tinha sentimentos um tanto profundos por Shun.
Shun dera um sorriso falso, olhara de soslaio para Hyoga e simplesmente nada dissera. Saori franziu as sobrancelhas, tinha ouvido que Shun não queria ir e agora...
June logo abraçou o jovem, comemorando e foram fazer as malas rindo e brincando... Shun parou ao pé da escada e olhou uma única vez para um perplexo Hyoga que nada fez além de balançar a cabeça de um lado para o outro, tão furioso que mal conseguia respirar.
O Cisne se controlou ao máximo. Sua expressão era totalmente impenetrável. Levantou-se da mesa sem nada dizer... Sua mente em furiosa lamentação... Havia pedido a Shun que saísse com ele aquela noite para conversarem e estava cheio de planos. Pretendia se declarar e descobrir o que se passava entre os dois. Mas não houvera tempo... Perdera... Perdera Shun... Mas nunca o tivera... A dor era insuportável e quis fugir dali... Seu olhar mataria num raio de quilômetros.
Foi encarar a noite do lado de fora e deixou que o ar gelado o acalentasse. Ninguém ousara falar com ele. Passou toda a noite ali. Sem coragem de fazer absolutamente nada... Nunca se declarara, jamais deixara Shun saber o que sentia de verdade. Que se gostavam era fato, pelo menos era o que ele pensara... Imaginou que tudo não passara de uma ilusão adolescente e chorou pelo que deixara escapar sem nunca ter tido. Chorou por se achar enganado, traído... Se Shun não o queria de jeito nenhum poderia ter evitado o contato, poderia não ter dito que iria sair com ele, poderia não ter lhe dado esperanças.
Mas não... Hyoga estava irremediavelmente apaixonado pelos olhos verdes, pelo sorriso envolvente, pela voz meiga e doce. Estava perdidamente enamorado do caráter pacifista, do jeito de sorrir, do toque suave das mãos tão carinhosas. Sentia-se dependente dos olhares afetuosos, da gargalhada alegre e espontânea, de mirar o corpo esguio e bem feito, desejava tanto o outro que poderia desmaiar. Tudo acabado... Tudo perdido... Por que?
De manhã, rebuliço na Mansão, despedidas... O vôo sairia de tarde. Shun evitava ficar perto do russo, não ficava no mesmo cômodo que ele a sós de nenhuma maneira e todos notaram. O Cisne sentiu-se ofendido, parecia que tinha alguma doença contagiosa...
Finalmente não houve jeito e acabaram os dois na cozinha, frente a frente, Andrômeda baixando os olhos e tentando sair dali... Hyoga o impediu parando de braços cruzados à sua frente e sua voz saiu num sussurro:
- "Por quê?"
Andrômeda não conseguia olhar para ele... Seu cosmo estava confuso, ele estava confuso... Seu coração de 15 anos parecia não compreender ou não aceitar... Resolvera voltar para o único lugar onde se sentia seguro, onde sabia o que esperar, como reagir... Não estava preparado para o impacto de ver-se apaixonado por um homem... Tinha medo... Muito medo do que sentia, do que sentira ao ver o Cisne quase morto na Casa de Gêmeos... Ao ver o Cisne se sacrificar na Casa de Aquário.
Quisera morrer junto com ele. Não estava pronto para a enormidade daquilo, a imensidão de seu amor pelo russo o fazia perder a razão... Não podia, não devia... Ah, não sabia mais nada. Como iria ser um Cavaleiro se fora dominado por um amor incomensurável por seu companheiro de lutas? Como iria cumprir seu dever se não parava de pensar em Hyoga? Como faria para se sacrificar em nome da Deusa se apenas conseguia se ver morrendo para defender o Cisne? Estava tudo errado, errado, errado... Não conseguia pensar...
Levantou o olhar e quase desistiu de ir embora... Ele era tão lindo e tão perfeito... Os suaves traços do rosto, a pele branca, os olhos que pareciam a imensidão do céu...
O que faria se precisasse optar entre salvar Hyoga e salvar Atena? Tinha seus deveres, tinha suas prioridades e, no momento, a única prioridade que conseguia ver era amar loucamente o rapaz loiro e lindo... Não... Não... Não... Seu coração gritava com sua decisão, sua mente girava tentando lhe dar um tanto de sanidade que havia perdido ao mirar os orbes azul claros magoados à sua frente.
E havia Ikki...
Como o irmão reagiria? Ikki era forte, era genioso e, duvidava muito que o leonino aceitasse aquilo. Tinha certeza que o irmão iria tentar prejudicar seu amado e isso não iria permitir. Fazia idéia do que Fênix poderia fazer ao loiro. Não conseguia escolher, não conseguia enfrentar... E Hyoga? Será que o loiro gostava dele também do mesmo jeito ou fora apenas um estado de carência, talvez uma amizade profunda? Não agüentaria ser rejeitado. Preferia jamais saber. Tinha certeza que a saída que haviam programado era para que pudessem conversar sobre o que sentiam. Teve medo... Não tinha coragem nenhuma de falar com ele, de encarar o amigo, ou mais que amigo... Ia fugir... Era apenas isso... Uma fuga.. Sentia-se um covarde... Um fraco... Não queria sentir-se tão dependente do outro.
Enlaçou o rapaz mais alto pela cintura e o abraçou com carinho. Sentiu o corpo do outro endurecer ao contato. Não sabia se era por medo ou por rejeição... Medo do que pudesse significar o abraço? Oh Zeus... Era tão difícil aquilo, o contato com o corpo rijo o enlouquecia... Não podia, não podia, não podia...
Era melhor ir embora. Era melhor se afastar enquanto ainda conseguia fazê-lo. Seu coração sangrava e urrava mas era o único jeito. Tentou controlar seu cosmo para que o outro não percebesse seu desespero.
- "Você vai me visitar né? Afinal é meu melhor amigo."
Hyoga apenas suspirou e afastou-se. Amigo? Era tudo que seria? Era o que teria que aceitar?
- "Boa viagem Andrômeda." A voz saíra seca e fria. Bem diferente do amor frustrado que o Cisne sentia massacrá-lo por dentro.
Shun segurou as lágrimas e assentiu de cabeça baixa. Então era isso. Nem como amigo o Cisne o queria... Como se enganara achando que fosse possível... Tinha que ir logo embora... O mais rápido possível. Correu para fora dali e não viu o grito mudo e o desespero tomar conta do rosto do loiro...
E agora estavam ali, Shiryu, Hyoga, Ikki e Seiya... Andrômeda partira com June e deixara para trás uma aquariano à beira do desespero.
O Dragão sentia as lágrimas quentes pingando no seu braço. Ikki estava meio revoltado. Não se dava lá muito bem com Hyoga mas também não queria vê-lo daquele jeito. Resolveu falar alguma coisa.
- "Ora Hyoga, deixa disso, vocês são amigos eu acho, além disso, não se conhecem tão bem assim, vai ver o Shun apenas não quis te magoar. Você vai esquecer essa história absurda logo, logo."
O ar gelado do cosmo de Hyoga avançou sobre todos ali. O russo então afirmara, lançando um olhar revoltado para Fênix que ele podia ser irmão de Shun mas que ninguém, jamais, conheceria o virginiano como ele, Cisne, conhecia.
Ikki fora sarcástico e ironizara o fato de que se Hyoga o conhecia tão bem não poderia ter sido surpreendido com a escolha que Shun fizera, afinal, nas palavras duras de Ikki, nem todo mundo era "chegado" como ele, Hyoga, naquele Santuário.
- "Seu imbecil preconceituoso! Você não sabe o que é amar não é Ikki? Você e seus romances idiotas, seus amores de uma noite só... Não sabe o que é depender de alguém para viver, não sabe o que é querer que o outro viva mesmo que você precise morrer. Você é egoísta, frio e cruel... Não sei como pode ser irmão de uma criatura tão perfeita como... como... Oh Zeus, eu o amo tanto... eu... eu..." Os soluços seguidos de lágrimas que não paravam mais deixou os cavaleiros atônitos... Era então verdade... Hyoga amava Shun desesperadamente. E Shun tinha ido embora...
- "Quem pensa que é Hyoga? Nada sabe da minha vida. Não faz idéia de como me sinto, de quem sou... Ora seu pato gelado desgraçado, fique longe do meu irmão ouviu? Ele não merece alguém como você. Que julga os outros impunemente. Você não é diferente de mim, nunca teve coragem não foi? Nunca disse a ele. Frouxo..." Ikki estava zangado e ao mesmo tempo preocupado. Não imaginava a profundidade dos sentimentos do Cisne. Será que Shun sentia a mesma coisa? Então porque havia ido embora? Não. Devia ser uma paixonite juvenil sem importância...
Antes que a coisa piorasse, Shiryu apartara os dois levando o Cisne para seu quarto e simplesmente o colocando para dormir em sua cama, sem perguntas e com o coração doído ao ver que o amigo havia se apaixonado perdidamente por, parecia, uma ilusão...
No dia seguinte Hyoga pedira a Saori Kido para ser designado para a Sibéria e partira com um longo abraço em Shiryu, um tapa nas costas de Seiya e nenhuma palavra para Ikki, que apenas dera de ombros e dissera algo parecido como "esquece Pato, é melhor pra todo mundo..."
Milo e Camus haviam ido se despedir, o aquariano dourado com o coração pesado ao ver que seu pupilo sofria tanto... Ele também havia se iludido, pensara seriamente que Hyoga e Shun tinham um amor tão profundo quanto ele e Milo. Ficara até mesmo com raiva do rapazinho de cabelos verdes.
E então Hyoga partira e nem mesmo Camus tivera notícias regulares dele. Apenas cartas, uma vez ou outra.
