Autor: Roxane Norris
Personagens: Severus Snape / Personagem Original
Censura: PG - 13
Gęnero: Drama
Spoilers: De todos os livros
Desafio: Nenhum
Resumo: A vida de Severus Snape a partir do momento em que se torna Professor de Poçőes em Hogwarts, e seu envolvimento com uma aluna.
Agradecimentos: à minha beta amada Andy GBW, a Mary, do Beco Diagonal, que me inspirou a escrever essa fic.
Disclaimer: Harry Potter e seus personagens săo de propriedade de J.K. Rowling, Warner Bros, Scholastic e Bloomsbury, entre outros. Ou seja, quase o mundo todo, menos eu.
Notas: Esta fic faz parte do SnapeFest 2006, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site
CAPÌTULO I
... "Aos dezenove dias do corrente mês, foram mortos o Sr. e Sra. Brown. Apesar de trouxas, eram muito conhecidos na comunidade bruxa por seu trabalho junto ao Ministério da Magia, já que este era Primeiro Ministro da Inglaterra. Investiga-se o envolvimento de Comensais da Morte, pois sem poupar quaisquer esforços, empenhou-se, a polícia londrina, na busca dos mesmos."
... "– Não me surpreende saber que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado tenha feito tal atentado. Joseph não mediu esforços em nos ajudar quando procurado por mim e posto a par dos últimos acontecimentos em nossa sociedade. Muitas dessas tragédias repercutiram com crimes insolúveis ou calamidades entre a sociedade trouxa - citou Milicent Bagnold, Ministro da Magia. - Infelizmente, perdemos um grande colaborador nestes tempos tão sombrios."
... "A Sra. Dibgy desapareceu ontem após ter saído do famoso bar 'Cabeça de Javali.' Quem souber seu paradeiro favor entrar em contato com a seção Bruxos Desaparecidos, situada no Ministério da Magia. A família agradece qualquer informação."
Fonte: " PROFETA DIÁRIO "
O correio matinal mal tinha chego, Ravena ainda desembrulhava sua correspondência quando foi chamada na sala do diretor da escola. A menina de quatorze anos prontamente se levantou e seguiu a mulher alta, com um traje verde-esmeralda, que havia lhe transmitido o recado.
As duas caminharam em silêncio através de corredores decorados com quadros e tapeçarias em quase toda a extensão das paredes. Pararam ao fim de um corredor onde uma enorme gárgula de pedra se erguia majestosamente. A mulher mais velha, que também usava um enorme chapéu pontiagudo verde, falou:
– Delícia Gasosa - e imediatamente a gárgula, como se tomada por vida, saltou para o lado dando passagem a uma escada de pedra. - Por favor, srta. Brown, o diretor a espera - e dando meia volta, se retirou.
Ravena começou a subir as escadas sabendo exatamente o que iria encontrar no final. Perdera a conta de quantas vezes já entrara ali desde que começara a escola, quatro anos atrás. Lembrava como se fosse ontem, tudo era estranho e novo. De onde vinha, nenhuma daquelas coisas fariam o menor sentido, mas desde que entrara em Hogwarts, sua vida mudara por completo. Ela não era mais a proeminente filha do Primeiro Ministro Britânico, era apenas Ravena Brown, e fosse o que fosse no outro mundo, ali era reconhecida por sua inteligência.
A Srta. Brown era uma das melhores alunas de Hogwarts, pena seus pais serem trouxas, diriam alguns, mas ela não se importava, preferia estar ali a ser paparicada em seu mundo. Ali seria reconhecida por seus esforços, e não por uma conta bancária ou um almoço com a Rainha.
Ela devia muito ao prof. Dumbledore, o diretor da escola, que fora quem conseguira, a muito custo, que seus pais a deixassem ir estudar lá. O diretor era como um segundo pai para Ravena, ela praticamente lhe devia a vida, caso contrário, estaria em algum internato com meias até os joelhos e aturando sandices. Não, decididamente ser bruxa foi a melhor coisa que lhe acontecera. Nunca se sentira parte daquele mundo fútil em que vivia. Depois, quando começou a fazer coisas que eram inexplicáveis, a coisa piorou.
Refletindo melhor ao chegar ao topo da escadaria, percebeu que seus pais haviam cedido muito rápido ao destino que Dumbledore anunciara a eles. Talvez as "coisas estranhas" que Ravena fazia tivessem literalmente carimbado seu passaporte para Hogwarts. Encontrara ali seu verdadeiro lar, e nunca duvidou disso desde que passou pelas portas do Salão Principal. Então, a porta a sua frente se abriu, dando lugar a uma atmosfera acolhedora. Mais paredes apinhadas de quadros de pessoas que se mexiam a todo instante, o que há muito deixara de ser novidade para Ravena.
– Entre, senhorita Brown - uma voz ecoou pelo escritório. - Sente-se, por favor.
– Bom dia, professor - disse a menina sorridente sentando-se em frente a uma escrivaninha de madeira cheia de papéis e vários outros itens de decoração.
O escritório era apemas iluminado por um archote, fazendo com que o lado oposto ao de Ravena permanecesse numa penumbra, de onde emergia para a mesa uma figura de longa barba branca com vestes de um azul turquesa intenso e, finalizando, os oclinhos meia-lua acima do nariz. Este era Alvo Dumbledore, o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e a quem Ravena devotava grande respeito e admiração. Ele se aproximou da mesa como se flutuasse e, com a voz serena, falou:
– Ravena, a chamei aqui porque tenho algo a lhe dizer, e justamente por ter tanto apreço por você, essa tarefa se torna a cada minuto mais penosa - disse-lhe ele. - Conheci seus pais há quinze anos precisamente, quando você ainda nem era nascida - ele parou, encarou-a. A expressão no rosto da menina era de total espanto.
Já tivera várias entrevistas com o diretor, e era a primeira vez que o ouvia falar com tal intensidade da amizade com seus pais. É claro que Ravena sabia que haviam se conhecido quando o Ministro da Magia apareceu para seu pai, no primeiro mandato deste como Primeiro Ministro Britânico. Dumbledore acompanhou o Ministro nessa ocasião, depois aconteceram outras visitas, que passaram a se intensificar nos últimos anos e estreitaram de vez a amizade entre os dois. No último ano antes de Ravena entrar para Hogwarts, não houve uma semana na qual não recebessem o diretor em sua casa.
Quando levantou seus olhos para o rosto do diretor, Ravena pode perceber que estava mais cansado e pálido do que de costume. Seus pequenos olhos verdes encontram os penetrantes olhos azuis do professor atrás dos oclinhos de meia-lua, e a voz dele soou impregnada de sentimentos:
– Sabe, senhorita, quando convenci seus pais a deixarem–na vir para Hogwarts, tinha certeza de que daria uma excelente bruxa. Nunca conheci ninguém com tantos talentos que nascesse trouxa, por favor não me leve a mal, sim? Você é uma exceção à regra, me orgulho imensamente de tê-la em meu quadro discente. Tenho certeza que fará grandes coisas, mas nesse momento, Ravena, a coisa com a qual mais me preocupo é prendê-la à promessa de que, seja o que for que eu lhe diga nos últimos minutos de sua visita, você não deixará esta escola... Promete?
A menina assentiu com a cabeça com a expressão mais preocupada do que antes, seu coração começou a dar pulos e sua respiração se alterou. Porém, apesar de toda aquela tensão no ar, a voz que lhe chegou até os ouvidos era calma e pausada, como se escolhesse cada palavra e dosasse a intensidade de seus efeitos. E se isso fosse verdade, o que estava para ser dito era terrivelmente doloroso para a garota. De um salto pôs-se de pé, e mais do que rápido, as palavras saíram de seus lábios:
– Professor, o que aconteceu aos meus pais? - Não havia medo naquele olhar, apenas uma infinita tristeza como se já soubesse o que iria ouvir...
– Sinto muito pelo que vou lhe dizer e pelo sofrimento que vou lhe causar, mas, infelizmente, Ravena, nem sempre poderei impedi-la de sofrer. Seus pais foram mortos ontem à noite.
O Diretor a fitava, enquanto grossas lágrimas caíam em pares do rosto da garota. Se põs de pé indo até ela, e os braços se abriram, envolvendo-a num abraço paternal. Por último, ele disse:
– Fique tranqüila. Sei que não possui parentes próximos. Hogwarts será sua casa agora, e tenho certeza que no momento não poderia achar lugar melhor. Estaremos sempre aqui para quem nos procurar. Agora, você voltará ao seu mundo, sua presença é esperada no funeral amanhã, e um auror destacado pelo Ministério irá acompanhá-la disfarçado, está bem? Temos sérias desconfianças que seus pais foram mortos por ordem de Lord Voldemort.
Ravena ainda estava tonta com os acontecimentos, e todas essas informações giravam ao mesmo tempo em sua cabeça. No momento, ela precisava encher seus pulmões de ar puro. Seguiu para a porta do escritório, e a voz do diretor ainda a alcançou:
– Não se esqueça de que me fez uma promessa, Ravena. Eu a espero aqui amanhã!
A porta se fechou atrás dela.
Conforme o combinado com o diretor, um auror acompanhou Ravena durante todo o processo doloroso ao qual a menina se viu submetida. Apesar daquele mundo já não significar muita coisa na vida da menina, a falta dos pais era dolorosa. Seus olhos iam grudados no vidro da limusine, a chuva batia contra ele fazendo com que ficassem embaçados. O carro percorreu Londres e levou-a até sua antiga casa. Depois de todas as providências tomadas, ela refez o caminho que a levaria de volta para Hogwarts. O auror ao seu lado já não parecia tão incomodado com as roupas de trouxa que vestia, mas Ravena achava que, assim como ela, ele também ficara feliz de estar indo embora daquele mundo.
Ao chegar à escola, Rita a esperava. Rita Skeeter era sua melhor amiga, chegaram juntas a Hogwarts e desde então se tornaram inseparáveis. A amiga quisera acompanhá-la, mas Dumbledore não achara bom expor as duas meninas; já era imprudente Ravena ir, mesmo contando com a proteção do Ministério. A série de ataques a trouxas e bruxos estava aumentando consideravelmente nos dois mundos. O Ministério da Magia tinha empenhado todo o seu quadro de aurores atrás de Comensais da Morte.
Apesar de todos esses esforços por parte do Ministério, a guerra que antes era velada, ganhou contornos mais definidos e alcançou maiores proporções. Voldemort parecia exercer uma estranha fascinação sobre os seus comandados, e com isso também aumentava o número de bruxos a seu serviço. A caça aos Comensais tornou-se implacável, muitos bruxos foram presos. Isso também criou um grande problema para o Ministério, pois muitos destes bruxos alegavam que só obedeciam as ordens de Você-sabe-quem por estarem sob efeito da Maldição Império. Os julgamentos também se tornavam mais extensos, porque era difícil de se provar que tais bruxos agiam sem estarem dominados por qualquer feitiço.
Cada vez mais, as pessoas evitavam sair de casa no mundo trouxa, enquanto, no mundo bruxo, famílias inteiras cercavam suas casas de feitiços para se protegerem. Havia uma preocupação dos pais em deixarem seus filhos a salvo, e Hogwarts era perfeita para isso. Com a proximidade das festas de fim de ano, muitos pais preferiram manter seus filhos na escola, afinal, não havia lugar mais seguro no mundo, e com as manchetes do "Profeta Diário" revelando mais mortes e desaparecimentos, era a melhor alternativa.
A escola nunca estivera tão cheia na noite de Natal. Apesar da ameaça crescente lá fora, a atmosfera em Hogwarts parecia alheia. Ravena e Rita estavam justamente comentando sobre esse assunto, quando Dumbledore começou seu discurso antes da ceia.
– Meus caros alunos e professores.- Ele estava sobre o púlpito, e seus olhos azuis brilhavam atrás dos oclinhos de meia-lua. - Fico feliz por podermos estar juntos numa data como essa, porém, é inevitável que reflitamos sobre o motivo real que nos une aqui nesse momento. Não há na realidade o que se comemorar; a nossa luta ainda está longe do fim. É por isso que peço a todos vocês, que se encontram aqui protegidos, que façam desse elo mais um motivo de união. Somente essa força pode derrotar o que nos espera lá fora. - E como se penetrasse em cada mente ali presente, continuou: - Não importa que tenhamos pensamentos diferentes ou origens distintas. O objetivo de cada um e de todos, hoje, é o mesmo: combater as forças das trevas. Vocês estão aqui longe de suas famílias pelo receio que elas sentem em tê-los ao alcance desse mal. Hogwarts sempre estará aqui para quem procurá-la, mas ficaremos felizes em podermos contar com todos, para que mais pessoas possam desfrutar dessa harmonia que hoje estamos tendo aqui. - E encerrou dizendo: - Que venha o banquete.
Apesar do tom duro do discurso, uma chuva de aplausos irrompeu o ar. Em seguida, uma profusão de pratos diversos desfilava diante dos olhos dos alunos. Rita virou-se para Ravena e disse:
– Sabe, Ravie - e se serviu de um pedaço de perdiz –, papai e mamãe preferiram que eu ficasse aqui por causa de Dumbledore. Disseram que Você-sabe-quem não ousaria atacar a escola tendo ele como diretor.
– Seus pais estão certos, Ri e - olhou para a mesa dos professores. - Dumbledore é um grande bruxo. Eu não acho que Voldemort... - e dizendo isso provocou um desconforto na amiga. - Você sabe que não me incomodo de dizer o nome dele, acho que o medo de pronunciá-lo o faz ganhar mais força. Acho que Ele não gostaria de um embate com Dumbledore agora. - fitando o rosto assustado da amiga, concluiu: - Quer saber? Voldemort não chegou ainda ao ápice de seu poder e temo por isso!
– Admiro sua coragem em falar o nome dele assim. - A amiga a encarou. - Eu não gosto de pronunciar esse nome. Não sei, parece o indício de um mau presságio, não é?
– Não. Acho que as pessoas temem aquilo que não conhecem - disse servindo-se de pudim. - O que na realidade não é o caso. Sabemos exatamente quem ele é!
Elas terminaram a conversa por aí, acabaram a refeição e dirigiram-se para a sala comunal da Grifinória. Não tocaram mais no assunto e foram se deitar.
Levando-se em conta todos os acontecimentos que surgiram ao longo dos meses seguintes, o ano letivo acabou sem maiores problemas. Rita foi para casa, enquanto Ravena ficou na escola. Dumbledore a chamou, certo dia, para uma conversa em seu escritório, e como sempre, Ravena se dirigiu ao corredor onde a enorme gárgula de pedra guardava a entrada da sala do diretor. Subiu as escadas e bateu na porta. Lá dentro uma voz ordenou:
– Entre, senhorita Brown.
Dumbledore estava de pé ao lado da lareira e virou-se ante a entrada da menina. Indicou-lhe a cadeira em frente a sua mesa e sentou-se também.
– Ravena, eu a chamei aqui porque esse ano você prestará, como já deve saber, o exame para os N.O.M.s. Sei que você possui um leque vasto de opções para escolher uma carreira, já que tem notas excelentes em todas as matérias. Por isso mesmo, gostaria de debater esse assunto com você antes que tenha a entrevista com a prof. McGonagall e faça a sua opção.
– Bom, professor - disse-lhe escolhendo as palavras -, gostaria muito de ser auror. E tendo em vista minhas notas e o que está acontecendo, tenho certeza de que é uma opção muito válida. O que o senhor acha?
– Acho que sua escolha é bem acertada, e, se me permite, madura. - Fitou-a através de seus oclinhos. - Para ser sincero, senhorita, não esperava outra atitude de sua parte. Você tem me surpreendido a cada dia; acredito que dará uma excelente auror. Fico muito feliz com sua escolha. Falarei com a prof. McGonagall e, quando chegar a hora, prometo que empenharei esforços junto ao Ministro.
– Obrigada, senhor - e sorrindo-lhe -, fico feliz que aprove. Sabe como o considero, não é mesmo?
– Sim, senhorita. Agradeço sua afeição - e retribuiu o sorriso. - Infelizmente, terei que lhe pedir desculpas, mas tenho que me ausentar no momento.
– Sim, claro, professor. - E dizendo isso, se levantou e foi em direção da porta, olhou para trás e viu o diretor desaparecer nas chamas verdes da lareira.
