DEFINITIVAMENTE BRILHANTES

6º ano dos marotos em Hogwarts. Lily tem muito o que aprender sobre suas habilidades recém descobertas e os marotos ainda têm muito o que aprontar e provar. Eles são talentosos, sem dúvida! São definitivamente brilhantes!

Esses personagens ma-ra-vi-lho-sos não são meus. São da JK Rowling. Eu apenas os peguei emprestados (detalhe: ela ainda não sabe disso ;-D)

Aviso: Essa fic é continuação de "Definitivamente Marotos". Se você ainda não leu, é melhor fazer isso antes de começar essa (por favor, não desista antes de tentar!). Se você já leu, divirta-se!

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CAPÍTULO UM

Fuga

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Já passava das nove horas da noite quando um som de sinos, que parecia vir de todo e nenhum lugar ao mesmo tempo, soou fazendo com que todos os outros sons da mansão hesitassem por alguns milésimos de segundo antes de voltarem com força redobrada. Pratos e copos da mais fina prataria se entrechocando, passos curtos e apressados, panelas sendo postas à mesa...

Mais passos apressados soaram do andar de cima antes de uma figura baixinha, careca e muito enrugada apontar no topo das escadas. O cenário era o mais estranho possível. Os candelabros dispersos tinham formato de serpente e as paredes eram cobertas por estranhos troféus com feias cabeças de elfo, muito parecidas com a figura que se apressava a descer as escadas. O velho elfo doméstico que resmungava e trajava apenas um pano amarrado como tanga, tropeçou no meio do caminho e rolou os últimos degrau. Mal se espatifara no chão, ele levantou-se rapidamente e correu a distância que o separava da porta, pondo-se a abrir diversas trancas enquanto o sino tocava novamente, com insistência. Aberta a última tranca, o elfo girou uma maçaneta em forma de serpente enrolada e então fez uma reverência exagerada, com o peito chiando devido à falta de ar.

- Boa... noite... meus senhores - ofegou ele com uma voz profunda como o som de um sapo-boi.

- Saia do caminho, Monstro - disse uma voz feminina grave e imperiosa.

O elfo guinchou ao receber um pontapé certeiro no nariz, pois ainda estava curvado reverencioso, e apressou-se a dar um passo para o lado.

Uma senhora distinta, vestida inteiramente de negro estava parada em frente à porta encarando tudo de cima. Ela entrou no aposento majestosamente, despindo-se da capa e largando-a atrás de si. Porém antes que o tecido negro e pesado - a despeito do calor que fazia - impecavelmente limpo tocasse o chão igualmente imaculado, Monstro capturou-o, ofegando ainda mais devido ao peso e pendurando-o com todo o cuidado ao lado da porta.

- Criatura inútil - disparou sarcasticamente a mulher. - Cada dia demora mais para atender à porta. Não demora muito e vai fazer companhia à sua família.

O elfo lançou um olhar sonhador aos horríveis troféus nas paredes e soltou um suspiro. Só então ele virou-se para os dois jovens que tinham acabado de entrar, carregando malões excêntricos encimados por corujas. O menor deles, de cabelos curtos, belíssimos olhos cinzentos e aspecto gentil, pareceu confortável e deu uma olhada ao redor com um suspiro saudoso antes de largar seu malão na entrada e seguir a mãe para a sala de jantar.

Monstro lançou um olhar de censura ao garoto mais velho antes de erguer com muito esforço o malão que fora deixado e começar a penosa caminhada escada acima. O garoto era bastante alto para seus dezesseis anos, charmoso, de cabelos compridos que lhe chegavam pouco abaixo dos ombros. Tinha as mesmas feições do irmão mais novo, porém seus olhos pareciam mais frios no momento e sua expressão era de puro desgosto, o lábio inferior curvado quase com nojo. Ele lançou um olhar desejoso para o topo da escada sentindo-se tentado pela confortável solidão de seu quarto, ao mesmo tempo que travava uma árdua luta com seu estômago - que insistia em protestar audivelmente.

- Sirius Black! Ande logo, moleque mal-educado! - ordenou a Sra. Black com extrema severidade.

Sirius rosnou e fechou os punhos com força antes de marchar para o cômodo vizinho. A sala de jantar era bastante ampla, com uma comprida mesa em forma de serpente - que no momento encontrava-se muito farta - rodeada por prateleiras e armários com portas de vidro que exibiam um conjunto completo de prataria com o brasão da família.

Enquanto Sirius tomava seu lugar ao lado do irmão, a Sra. Black continuou a despejar repreensões:

- Será que você não vai aprender nunca, garoto? É falta de educação deixar os outros esperando à mesa! Veja o exemplo que é seu irmão - Sirius revirou os olhos enquanto o outro garoto desejava sumir atrás de sua taça ou debaixo da mesa, sem contudo mexer um único músculo. - Por acaso eu precisei chamar o Régulo? É claro que não. O dia que eu precisar repreender Régulo vai chover fadas mordentes. Você devia se envergonhar por ser repreendido em frente a seu irmão mais novo quando você deveria servir de exemplo para ele, não o contrário.

Sirius torceu ainda mais o lábio superior e apertou o maxilar com força antes de soltar:

- Bem, já estou aqui. Agora onde está o pai? A senhora vai chamá-lo de sem educação também? - perguntou com uma voz grave, pingando sarcasmo e desafio.

- Você é a única vergonha dessa casa, garoto. Seu pai está trabalhando e avisou que não o esperássemos para o jantar. Agora abaixe esse tom quando se dirigir à sua mãe.

- Como quiser - ele deu de ombros e resmungou sem abandonar o ar escarnecedor.

Sirius comeu em silêncio enquanto sua mãe engatou em uma conversa tediosa sobre o ano letivo com Régulo. Ele fingiu não ouvir cada alusão venenosa que a matriarca fazia a seu comportamento lastimável e ficou brincando com a colher da sobremesa esperando ser dispensado e recolher-se em seu quarto. Mesmo assim já estava muito satisfeito por não ser forçado a participar da conversa. Tinha certeza que sua mãe não gostaria nada de saber que ele pretendia se tornar um auror.

- ... mas você terá dois meses para descansar, meu filho - a Sra. Black parecia outra pessoa quando falava com seu outro filho. Ela não sorria nem dava qualquer outro sinal de afeição, porém sua voz não estava carregada de toda aquela severidade e desgosto de quando se dirigia a Sirius. Régulo agia como um perfeito cavalheiro, respondendo educadamente e também não demonstrava nenhuma emoção. Eles pareciam mais dois sócios em um jantar de negócios do que mãe e filho entre as quatro paredes de seu próprio lar.

- Eu não pretendo passar dois meses inteiros nessa mansão - Sirius finalmente manifestou-se fazendo ambos voltarem-se a ele. A verdade era que já estava quase dormindo sentado e a conversa dos dois parecia que não tinha pressa para terminar. Então ele achou que já estava na hora de fazer alguma provocação e, quem sabe assim, ser "obrigado" a recolher-se.

- O que você disse, moleque? - inquiriu a Sra. Black com rudeza.

- Eu disse que não vou passar as férias inteiras em tão nobre companhia. Por mim eu nem teria vindo.

Régulo arqueou as sobrancelhas enquanto a Sra. Black dava um sorriso desagradável e ameaçador.

- E posso saber para onde você tem tanta confiança que vai?

- Vou passar duas semanas na casa dos Potter.

Uma risada debochada foi a primeira reação da distinta senhora.

- Nem por cima do meu cadáver você vai deixar essa mansão para se misturar àqueles imundos, nojentos. Filho meu não se rebaixa dessa maneira.

- Ótimo. Então faça um favor a nós dois e me deserde de uma vez, me ponha para fora de casa. Eu não me importo, muito pelo contrário. Não pedi para ser seu filho - retrucou Sirius mantendo o tom de voz baixo e venenoso.

- Cale-se, insolente - cuspiu a Sra. Black estreitando os olhos e inclinando-se perigosamente para frente. - Por mais que eu me sinta tentada a fazer exatamente isso que você está sugerindo, seria um escândalo para o nome honrado de nossa família. Onde já se viu um Black ser expulso de casa? Já chega aquela sua ex-prima desnaturada que casou-se com um trouxa asqueroso.

- Então eu fujo e a senhora fica livre para queimar meu nome naquela tapeçaria idiota e jogar toda a culpa nas minhas costas; pra me xingar à vontade na frente dos outros; pra dizer a todos o quanto me odeia por ser um grifinório rebelde e desrespeitoso - Sirius tinha jogado a colher da sobremesa com estrondo na mesa e aumentado o tom de voz sem que percebesse, ao que sua mãe teve que gritar para superá-lo.

- Não ouse afrontar sua mãe dessa maneira! Você nunca conseguirá escapar do meu alcance, moleque tolo. Eu te desafio a tentar fugir.

- E eu te desafio a tentar me impedir - Sirius achou-se gritando com fúria em pé, inclinado sobre a mesa.

- Accio varinha! - a varinha de Sirius voou de suas vestes para a mão estendida da Sra. Black.

Sirius tentou apanhá-la, mas a mulher foi mais rápida e empunhava a própria varinha apontada diretamente para sua testa.

- Monstro! Monstro, criatura imprestável, onde está você, seu verme?

Houve um estampido alto e o velho elfo doméstico surgiu ao lado de sua mestra.

- A senhora chamar Monstro?

- É claro que eu te chamei, elfo estúpido. Leve as coisas desse ingrato para o porão. Assegure-se que sua varinha esteja no malão, amarre-o e acorrente a vassoura. Eu mesma me encarrego de trancar a porta com magia. Tranque a gaiola da coruja e pode deixá-la em seu quarto para que ele a alimente. Régulo, é desnecessário dizer que você está proibido de ajudá-lo. Daí sim, eu quero ver ele fugir sem suas coisas ou sua varinha!

- Sim, senhora. Mostro fazer agora mesmo.

- NÃO! - Sirius avançou contra o elfo, que desviou-se com certa lentidão, deixando-se agarrar pelo tornozelo.

- Impedimenta! - gritou a Sra. Black fazendo Sirius ser arremessado imóvel contra o chão, com Monstro contorcendo-se para escapar do aperto. - Suma da minha frente, elfo. Eu te dei uma ordem e quero que seja cumprida imediatamente!

- Sim, senhora - Monstro sumiu com outro estampido alto.

Sirius teve que morder a língua para não sair gritando impropérios e piorar ainda mais sua situação. Limitou-se a lançar um olhar de fúria para sua mãe, que ainda o mantinha imobilizado e ria venenosamente.

- Parece que alguém está em desvantagem por aqui - ela soltou outra risada maléfica. - Fuja agora, rapazinho!

Ela ergueu a varinha e Sirius finalmente pôde colocar-se de pé. Régulo tinha a cabeça baixa e mexia com as mãos.

- Vá para seu quarto - ordenou a Sra. Black e Sirius obedeceu em silêncio, embora sua expressão amarga dissesse muito mais do que palavras.

Marchou estrondosamente escada acima e entrou em seu quarto batendo a porta com tanta brutalidade que um quadro despencou da parede com um grito de susto. O garoto começou a chutar tudo o que encontrava pelo caminho despejando maldições e palavras rudes até se jogar na cama de qualquer jeito. Sua coruja Kitha, castanha de olhos grandes e amendoados, tinha encolhido-se na gaiola e piava assustada.

- Se ela pensa que eu vou aceitar a derrota, está muito enganada. Ela ainda vai desejar que eu nunca mais ponha os pés nessa casa, Kitha. Escreva o que eu digo.

Ele levantou-se e dirigiu-se ao banheiro para um banho bem demorado, aproveitando para esfriar as idéias e pensar no primeiro passo que daria. Assim que despiu-se das vestes de Hogwarts, percebeu um peso extra e vasculhou os bolsos. Encontrou dois sapinhos de chocolate e o canivete que seu melhor amigo Tiago Potter lhe dera no Natal. Se pelo menos ele tivesse colocado o espelho de comunicação nos bolsos...

Entrou na banheira e mergulhou a cabeça para relaxar um pouco. Emergiu quando a necessidade de ar falou mais alto e apanhou o canivete. Um sorriso torto muito charmoso formou-se em seus lábios finos e seus olhos se desfocaram enquanto ele brincava com o canivete entre os dedos.

Depois de algum tempo de meditação, quando os olhos já começavam a pesar de sono, lavou cuidadosamente os cabelos e o corpo, então saiu, enxugou-se e vestiu somente cuecas pretas para dormir. Suas melhores roupas e o pijama novo de seda dos elfos estavam em seu malão. Adormeceu assim que acomodou-se na cama, com o pensamento reconfortante que sua mãe não perdia por esperar.

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Foi um pouco mais difícil do que ele imaginara que seria, mas o desafio só tornava as coisas mais interessantes. Na manhã seguinte Monstro aparecera em seu quarto logo que amanhecera para checar se estava tudo em ordem e parecia que tinha feito vistorias periódicas em seu quarto durante toda a noite, porém Sirius estava tão cansado que nem se dera conta disso. Tomou café como o menino comportado que ele estava longe de ser e passeou dissimuladamente pela casa toda enquanto procurava por algum resquício de Pó de Flu. Porém, como ele já esperava, sua busca foi infrutífera. Aparentemente sua querida mãe providenciara para que todo o Flu fosse escondido de seu alcance. Monstro seguira-o pela casa toda pretendendo não ser notado, entretanto o elfo resmungava tanto para si mesmo que seria impossível não perceber sua presença ou seus grandes olhos sangrentos à espreita.

O garoto preparou duas cartas, uma para seu melhor amigo Tiago Potter e outra para Rúbeo Hagrid, o guardião das terras de Hogwarts. Ele pensava em libertar Kitha para fazer ambas as entregas, mas demoraria muito e sua mãe podia suspeitar. Teria que mandá-las durante a noite.

Passou o resto do dia em seu quarto jogando uma bolinha pequena e barulhenta na parede e tornando a pegá-la; de volta à parede e apanhando-a novamente... Recebeu visitas periódicas de Monstro, que não se deixava enganar por sua aparência entediada e inofensiva.

- Esse garoto impertinente tramar alguma coisa... sim, Monstro saber que sim... Ele pensar que engana Monstro... Monstro descobrir o que é e contar tudo para sua senhora - ele resmungava para si mesmo antes de sumir com um alto estampido.

Sirius deixou o quarto brevemente para as refeições e deitou-se após um longo banho. Tiago não tentaria escrever-lhe antes do terceiro dia sem ter notícias suas, como eles já tinham combinado nos anos anteriores. Apagou as velas e permaneceu imóvel na cama empenhando-se em não adormecer antes da hora. Alguns minutos depois ele ouviu o estampido novamente e os costumeniros resmungos de Monstro. O elfo andou pelo quarto todo, verificou se a coruja ainda estava na gaiola, checou a tranca da janela e espiou debaixo da cama antes de se dar por satisfeito.

Assim que Monstro saiu, Sirius apressou-se em abrir a gaiola de Kitha com seu canivete especial. A coruja piou e esticou as asas agradecida enquanto Sirius prendia um dos bilhetes em sua pata.

- Kitha, nós não temos muito tempo, não demore e espere por uma resposta do Pontas, ok?

A coruja piou novamente empoleirando-se no ombro do rapaz enquanto este abria a tranca da janela. Sirius assistiu Kitha sumir na escuridão antes de encostar a janela e deitar-se mexendo-se com nervosismo até mergulhar em um sono leve e agitado.

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Kitha encontrou o caminho livre para o quarto que desejava. A janela estava aberta, como se esperando por ela. Entrou e pousou na cabeceira da única cama do aposento, sendo saudada pelos pios agitados da coruja avermelhada de Tiago, Willbe, que estava presa em sua gaiola tirando um cochilo. Na cama, um amontoado de lençol, pijama branco com várias bolinhas douradas que agitavam asinhas prateadas, além de pernas e braços, apontavam a presença de um garoto magricela de cabelos negros que dormia de lado com a boca ligeiramente aberta. Kitha piou para acordá-lo.

- Não quero mingau, mãe... - resmungou o garoto virando para o outro lado.

Kitha piou mais alto e bateu as asas, sendo ajudada por Willbe até que o garoto sentou na cama esfregando os olhos. Ele tinha olhos castanhos - no momento inchados de sono - e cabelos extremamente rebeldes.

- Ahn? Willbe? - ele tateou o criado-mudo até encontrar seus óculos de aros redondos, encaixando-os no rosto fino. - Kitha! Você demorou, já estava ficando preocupado! O que houve com o Almofadinhas? Ele não responde no espelho de comunicação...

Ele conversava com a coruja - que piava como se tagarelasse com ele - enquanto desprendia o pergaminho de sua perna, quase derrubando a ave de tão sonolento que estava. Ele empurrou novamente os óculo no nariz antes de ler a mensagem em uma caligrafia fina, floreada e inclinada para a direita.

Caro Pontas,

Minha mãe trancou todas as minhas coisas no porão (roupas, varinha, espelho e vassoura!) e estou sendo vigiado dia e noite por Monstro.

Seus pais me aceitariam em sua casa se eu fugisse?

Se sim, me mande um punhado de Pó de Flu imediatamente - eu disse imediatamente - por Kitha. Como disse, estou sendo vigiado e não tenho hora para aparecer por aí, mas eu me viro, não se preocupe nem tente se comunicar. Depois te conto tudo com direito a detalhes e palavrões, mas agora preciso de uma resposta!

Abraços,

Almofadinhas.

P.S. Por que você ainda está parado? CORRA pegar o Flu!

Tiago deu um salto na cama e pareceu um pouco perdido. Virou o verso do pergaminho esperando encontrar algum "Te peguei, bobão!", mas não havia nenhum recado, nada que indicasse alguma brincadeira.

- Espere um minutinho, Kitha - ofegou antes de abrir a porta e precipitar-se como um raio escada abaixo, escorregando pelo corrimão. Foi até a cozinha e pegou uma vasilha pequena com tampa, fazendo mais barulho do que seria prudente. Em seguida correu até a lareira derrapando, despejou um punhado do pó brilhante de um vaso para a vasilha e subiu as escadas de dois em dois degraus enquanto fechava corretamente o recipiente.

De volta ao quarto, o garoto pegou o primeiro pedaço de pano que alcançou - uma camiseta jogada no chão - e fez uma trouxinha com a vasilha dentro, estendendo-a para Kitha.

- Aqui... puf... está - ofegou.

A coruja apanhou a trouxa com o bico imediatamente e saiu voando pela janela. Tiago jogou-se na cama respirando com dificuldade pela corrida, então releu a carta.

- Humpt! Ele nem disse o que fazer caso a resposta fosse não.

"E você só reparou nisso agora." Respondeu uma vozinha sensata dentro de sua cabeça que lembrava muito a de seu amigo Remo Lupin. Ele sorriu colocando a carta no criado-mudo e acomodando-se novamente na cama. Felizmente seus pais não tinham acordado com todo o barulho que fizera, mas no dia seguinte ele teria que conversar com eles a respeito de seu futuro hóspede.

- Sossegue, Willbe - resmungou para a coruja, que calou-se e aquietou-se obedientemente.

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Assim que Sirius terminou de trancar a janela, fechar Kitha e esconder a trouxa debaixo dos lençóis, só houvera tempo para mergulhar em sua cama antes que Monstro voltasse e encontrasse tudo em ordem. Ele teria que pensar em outra maneira de mandar a carta de Hagrid, pois Hogwarts era bem mais distante.

Na manhã seguinte, depois do café-da-manhã em que seu pai finalmente resolvera comparecer e juntar-se ao coro de insultos de sua mãe, Sirius subiu as escadas para seu quarto mudando de rumo no último momento. Entrou furtivamente no quarto de Régulo. Martha, a coruja cinza-chumbo de seu irmão, era ligeiramente menor que Kitha, porém muito ligeira e dócil. Ela permitiu que Sirius afagasse suas penas brilhantes e amarrasse a carta em sua pata, mas antes que ele pudesse levá-la até a janela, Régulo entrou e encarou-o ressabiado.

- O que está fazendo, Sirius?

- Pegando sua coruja emprestada - respondeu Sirius sem demonstrar emoção alguma.

Eles se encararam por um momento antes de Sirius dar as costas a ele e dirigir-se à janela com Martha encarrapitada em seu braço aguardando por instruções.

- Você não pode mandar corujas. Mamãe proibiu - disse Régulo com firmeza.

- Ela não precisa ficar sabendo.

- Eu terei que dizer a ela.

- Ok, conte que eu mandei uma coruja e eu digo que você não me impediu. Digo que você até me ajudou - provocou o mais velho mirando-o com descaso.

Régulo hesitou antes de retrucar:

- Ela não vai acreditar em você.

- E você não vai contar nada a ela - Sirius deu um sorriso sarcástico voltando-se novamente para a coruja ansiosa em seus braços. - Entregue a Hagrid em Hogwarts e espere por resposta.

Régulo abriu a boca várias vezes, mas não conseguiu articular nenhuma palavra. Ele se odiou por isso, mas já era tarde para tentar impedi-lo. E se sua mãe descobrisse ele estaria em problemas também. Sirius caminhou até ele conservando o sorriso zombeteiro.

- Valeu, irmãozinho - ele deu uns tapinhas nos ombros ainda estreitos do outro. - Se eu fosse você, ficaria longe do que sua coruja vai trazer. Acredite, é para seu próprio bem.

Ele alargou ainda mais o sorriso antes de virar as costas e caminhar até seu quarto com as mãos nos bolsos e assobiando, deixando um Régulo desamparado para trás.

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Martha só retornou na manhã seguinte com um caixotinho barulhento e trepidante que Régulo - conhecendo o gosto excêntrico do meio-gigante pelas criaturas mais perigosas - não ousou tocar. Ele chamou Sirius em seu quarto antes do almoço e entregou-lhe nervosamente a caixinha com uma pergunta muda.

- Não se preocupe. Logo, logo você vai saber do que se trata - e o sorriso maroto que ele ostentava só fez o estômago de Régulo dar cambalhotas de apreensão.

Sirius deixou-o com seus pensamentos e carregou o caixote barulhento rapidamente até seu quarto. O banheiro era o único local que Monstro não vistoriava, por isso ele levou-o até lá e fechou a porta antes de abri-lo. Dentro havia um criatura que não podia ser definida com outra palavra que não "fofo". Era negro e peludo com um longo focinho e pés que mais pareciam pás. Um pelúcio. O animal piscou várias vezes para o garoto antes de empinar-se todo em direção ao relógio prateado que ele usava e lutou para sair da caixa, porém seus esforços foram em vão já que duas mãos o seguravam com determinação. O animal ficou entretido em cheirar o relógio enquanto Sirius sorria enviesado analisando-o.

- Calma aí, amiguinho. Melhor poupar esforços. Logo, logo você vai ter muito trabalho, mas nós teremos que aguardar o momento certo, ok?

E a ocasião ideal chegou com o almoço de sábado. Sirius precisou de muita determinação e autocontrole para não fazer logo o que tinha em mente e ruir com todo o plano, porém repetia para si mesmo que em breve não teria mais que aturar as provocações de sua mãe, o olhar frio e desgostoso de seu pai - quanto este resolvia dar o ar de sua graça - ou os resmungos insultuosos de Monstro.

Régulo preocupava-se em manter-se imparcial já que todos naquela casa lhe inspiravam respeito - exceto os elfos domésticos, é claro. Seu pai por trabalhar incondicionalmente, por ser o respeitável e temido chefe de família; sua mãe por sua autoridade e força incomensuráveis; e seu irmão por fazer justamente o que ele nunca teria coragem de fazer: contrariar a todos eles, enfrentá-los com determinação em favor de suas próprias crenças. Régulo não aprovava a atitude do irmão, mas admirava e se achava a pior das criaturas por isso. Por idolatrá-lo mesmo sabendo que ele pisaria em seus sentimentos na primeira oportunidade, se isso fosse necessário para alcançar seus objetivos.

Estavam todos reunidos almoçando na sala de jantar, exceto o Sr. Black por motivos mais do que óbvios, quando a Sra. Black resolveu quebrar o silêncio.

- Essa noite, como vocês já sabem, será a cerimônia de casamento de sua prima Bellatrix com o menino Lestrange e...

Ela interrompeu-se ao ouvir um bufo desdenhoso de Sirius. Ele já tinha se contido demais durante toda a semana e estava achando cada vez mais difícil engolir as besteiras que presenciava naquela mansão.

- O que significa isso, garoto?

- Significa, resumidamente, todo o desprezo que tenho por esses dois, além do quão ridícula é essa história de casamento.

- Ridícula? Você acha que constituir uma família é ridículo? - disse a mulher com uma placidez enganosa na voz possante.

- Ora, por favor, eles acabaram de se formar! Constituir família, pffff - desdenhou novamente.

- Eles estão comprometidos desde que nasceram. Está mais do que na hora de se casarem - sentenciou a Sra. Black ainda aparentemente desprovida de emoções.

- Ri-dí-cu-lo - provocou com uma expressão de puro asco.

A Sra. Black expirou o ar com força pelas narinas dilatadas, como um dragão tentando conter as chamas dentro de si. Encarou seu filho mais velho com firmeza e falou, dessa vez venenosamente:

- Então eu sugiro que você comece a mudar sua atitude quanto a esse assunto, para o seu próprio bem, querido - ela voltou a atenção a seu prato e continuou falando. - Eu pretendo passar a tarde fora. Sua tia pediu que eu a ajudasse a receber os parentes e demais convidados de fora do país, que chegarão algum tempo antes da cerimônia, naturalmente. Quero que vocês dois não esperem por mim para se prepararem. Meus filhos devem estar impecáveis, principalmente...

- Eu não vou nesse casamento nem amarrado em uma coleira - cortou Sirius com um estranho sorriso de triunfo no rosto.

Finalmente chegara a oportunidade perfeita. Sua mãe passaria a tarde inteira fora e ele se sentia tentado a alfineta-la o quanto pudesse. Porém não era o único persistente daquela mesa.

- Não me interrompa, moleque - Sirius riu com descaso, mas calou-se esperando que ela desse mais brechas para insultos. - Como eu ia dizendo, quero que vocês estejam impecáveis, principalmente você, garoto. Eu e seu pai trataremos de seu compromisso com a filha mais nova dos Avery.

Seguiu-se silêncio à essas palavras. Régulo arregalou os olhos e olhou para sua mãe, em seguida para seu irmão. Ambos encaravam-se com os olhos estreitos até que Sirius quebrou o contato jogando a cabeça para trás em uma gargalhada sem emoção.

- Eu não tenho compromisso com ninguém, mulher - ele disse com divertimento.

- Mas isso muda hoje à noite.

Sirius já ia gargalhar novamente quando percebeu o sorriso triunfante e malévolo de sua mãe. Voltou-se para Régulo:

- Quem é essa garota?

- Ambrosy Avery. Vai começar o segundo ano em setembro.

- Segundo ano? Isso é patético. Se quer casá-la com alguém, que seja com Régulo, pois seria menos absurdo!

- Seria o cúmulo casar o irmão mais novo primeiro que o primogênito! Uma vergonha! Pensa que foi fácil conseguir uma pretendente digna de um Black para um maldito grifinório? A Régulo chovem pretendentes de famílias nobres e você não sabe como é humilhante para mim ter que dispensá-las por ter que casar você, vergonha da minha carne, primeiro.

Sirius soltou o punho com força sobre a mesa, fazendo os copos e pratos tremerem.

- Eu não vou me comprometer com ninguém e a senhora não pode me obrigar.

O sorriso da Sra. Black tornou-se ainda mais repulsivo, com um brilho malicioso.

- Você vai se surpreender como eu posso, sim, obrigá-lo. Tenho maneiras que você classificaria no mínimo como ilegais, mas que são muito eficazes.

Incapaz de conter-se, Sirius levantou-se fazendo com que sua cadeira desabasse com estrondo atrás de si.

I'm tired of being what you want me to be

(eu estou cansado de ser o que você quer que eu seja)

Feeling so faithless

(me sentindo tão incrédulo)

Lost under the surface

(perdido nas profundezas)

- A senhora NÃO vai me obrigar a fazer NADA. A senhora pensa que sabe alguma coisa sobre uma família, mas isso que se passa debaixo desse teto é pura encenação, um teatrinho de quinta categoria que vocês chamam de família. Eu não vou me casar nunca, com garota nenhuma, seja ela nobre ou não. Essa é a minha escolha a partir de agora e não há absolutamente nada que a senhora possa fazer quanto a isso. Se depender de mim, a família Black morre junto comigo, pois eu nunca vou te dar netos para colocar esse sobrenome odioso, para perpetuar esse sangue desprezível que eu carrego em minhas veias...

- Já chega, moleque! Cale-se! Eu nunca fui tão insultada em toda a minha vida, não admito que fale assim comigo. Eu não estou te perguntando nada, se você ainda não reparou. Vou dar ordens a Monstro para arrumar suas roupas e cortar esse cabelo decentemente...

- NINGUÉM VAI ENCOSTAR UM DEDO NO MEU CABELO!

I don't know what you're expecting of me

(eu não sei o que você está esperando de mim)

Put under the pressure

(me colocando sob a pressão)

Of walking in your shoes

(de estar no seu lugar)

- Silêncio! - Sirius continuou mexendo a boca, mas nenhum som saía dela e ele decidiu-se por jogar sua taça no chão para extravasar sua fúria já que não podia gritar. - Eu disse pra se calar! Monstro vai cortar seus cabelos nem que tenha que te amarrar numa cadeira para isso. E ele não precisa encostar nenhum dedo em seu cabelo, permitirei que use sua magia própria pra te deixar mansinho, moleque. Agora suma da minha frente antes que eu lhe amaldiçoe de verdade!

Sirius chutou a pesada cadeira para longe e, ignorando a dor no pé, saiu pisando duro. O feitiço já fora quebrado e ele pôde xingar as paredes e as cabeças de elfos até chegar em seu quarto e bater a porta assustando Kitha, alem de fazer o quadro desabar novamente com um grito enfurecido.

- Nós vamos embora hoje, Kitha. Pra nunca mais voltar.

Caught in the undertow, just caught in the undertow

(pego pela correnteza / apenas pego pela correnteza)

Every step that I take is another mistake to you

(cada passo que eu dou é outro erro para você)

A coruja agitou-se na gaiola e ele pediu silêncio, colocando o indicador sobre os lábios, ao que a coruja atendeu obedientemente. Ele encostou o ouvido na porta, com a respiração ainda alterada pelo descontrole e ouviu passos leves e hesitantes. Abriu a porta assustando Régulo.

- Ela já foi? - questionou.

- Sirius...

- ... ELA JÁ FOI? - só o palavrão que ele soltara antes de repetir a pergunta aos gritos foi o suficiente para deixar o garoto escandalizado.

- Já, mas Sirius...

Mas o garoto já tinha sumido para dentro do quarto e voltou instantes depois com o caixote que sua coruja trouxera de Hagrid.

I've

(Eu)

Become so numb

(me tornei tão entorpecido)

I can't feel you there

(eu não posso sentir você aí)

Become so tired

(me tornei tão cansado)

So much more aware

(muito mais consciente)

- Sirius o que você...

- Suma, Régulo, ou vai sobrar pra você.

- Mas eu...

- Eu avisei - Sirius marchou até o fim do corredor, parando em frente a uma grande porta.

Forçou a maçaneta para comprovar que ela estava trancada. Tinha que agir rápido antes que Monstro aparecesse. Tirou o canivete do bolso e destrancou-a com facilidade.

- Sirius, o que vai fazer no quarto da mamãe...?

- Você ainda está aí, Régulo? Fique calado, imbecil.

Régulo franziu o cenho com indignação, mas não disse mais nada. Só observou o irmão abaixar-se e retirar o pelúcio de dentro do caixote. Arregalou os olhos quando viu o animal agitar-se só por vislumbrar os ornamentos brilhantes do quarto de sua mãe: os detalhes prateados no papel de parede, nos desenhos dos móveis, as jóias sobre a penteadeira...

- Oh, céus!

I'm become in this

(eu estou me tornando isso)

All i want to do

(tudo que eu quero fazer)

Is be more like me

(é ser mais como eu)

And be less like you

(e ser menos como você)

- Shhhhh! - Sirius soltou o pelúcio, que saiu em disparada e voltou a fechar a porta. - Saia da frente.

Sirius correu até seu quarto e bateu a porta enquanto Régulo, encostado à parede do corredor, fitava a porta fechada do quarto de sua mãe, horrorizado com os barulhos que vinham de dentro. Ouviu passos na escada.

- Monstro! Monstro, depressa!

Enquanto isso, Sirius recolheu algumas das poucas roupas que ele gostava, fora as que já estavam em seu malão, pegou a gaiola de Kitha, o embrulhinho com o Pó de Flu e abriu a porta para espiar por uma fresta. Podia ouvir os berros e prantos desesperados de Monstro no fim do corredor. Saiu e pôs-se a descer as escadas. Deixou suas coisas na sala de estar, onde havia a lareira, e encaminhou-se para a cozinha, alcançando mais um lance de escadas escondidas em um canto.

Estava escuro, mas ele conhecia muito bem o local. Desceu e correu pelo corredor escuro até dar um encontrão numa porta. Tateou a fechadura e enfiou o canivete, abrindo-a. Uma parca luz vinda de uma minúscula abertura na parede iluminou o local onde estavam suas coisas. Desfez o nó que amarrava o malão com facilidade com a ajuda do canivete e soltou as correntes que prendiam sua Silver Arrow. Voltou pelo corredor tão rápido quanto pôde e logo chegou na sala de estar, onde Régulo o aguardava parecendo surpreso e bravo.

- O que você está fazendo, Sirius?

Can't you see that you're smothering me

(você não consegue ver que está me sufocando?)

Holding too tightly

(apertando muito forte)

Afraid to lose control

(temendo perder o controle)

Eles ainda podiam ouvir os guinchos desesperados de Monstro no andar de cima e o barulho da mobília de sua mãe sendo destruída.

- Não é obvio? Estou indo embora!

- Você não pode...

- Nem minha mãe me diz o que fazer, agora saia do meu caminho - Sirius caminhou até a lareira, onde reuniu todas as suas coisas.

Cause everything that you thought I would be

(porque tudo o que você pensava que eu poderia ser)

Has fallen apart right in front of you

(desmoronou na sua frente)

Régulo se viu de repente tomado por uma onda de fúria.

- Você vai para a casa daquele sujeitinho amante de trouxas, não é?

Sirius encarou-o com os dentes cerrados.

- Vou para a casa dos Potter sim, vou para um lar de verdade, onde eles me aceitam como sou, pensam como eu e não me obrigam a fazer nada que eu não queira! Onde tenho uma família de verdade!

- ELE NÃO É SEU IRMÃO! EU SOU!

Caught in the undertow, just caught in the undertow

(pego pela correnteza / apenas pego pela correnteza)

Every step that i take is another mistake to you

(cada passo que eu dou é outro erro para você)

Caught in the undertow, just caught in the undertow

(pego pela correnteza / apenas pego pela correnteza)

And every second i waste is more than I can take

(e cada segundo que eu gasto é mais do que eu posso perder)

- Tem razão - disse Sirius simplesmente. - Você é meu irmão. Um irmão que tem vergonha de mim por ser um grifinório, que não aceita meus amigos e que é um covarde entorpecido, só sabe dizer "Sim senhora! Sim senhora!". Quando você crescer e resolver viver a SUA vida, quem sabe EU possa me orgulhar de ser seu irmão.

Régulo fechou os punhos e mergulhou a mão nas vestes apontando sua varinha para o irmão. Aproximou-se dele até quase tocar seu peito com a varinha.

And I know

(mas eu sei)

I may end up failing too

(que eu posso acabar terminando caindo também)

But I know

(mas eu sei)

You were just like me

(que você era assim como eu)

With someone disappointed in you

(com alguém desapontado com você)

- Eu posso te azarar aqui mesmo, sabia? - disse com os olhos estreitos enquanto Sirius parecia não ter se abalado, pelo contrário, tinha as mãos nos bolsos em um gesto displicente tão... grifinório. - Eu posso te amaldiçoar e mamãe me apoiaria. O Ministério jamais suspeitaria de magia utilizada na mansão Black, não investigariam cada feitiço para saber se foi praticado por alguém autorizado ou não, somente sob denúncia, e você acha que mamãe me denunciaria? Você não tem idéia do quanto eu odeio aquele Potter por encher a sua cabeça de m...

- Já chega - Sirius tirou uma das mãos do bolso e apanhou a varinha de Régulo com facilidade, virando-a para o peito do outro, que pareceu ainda mais inconformado. - Você tem razão novamente. Sua mãe jamais te denunciaria. Petrificus Totalus!

I've

(Eu)

Become so numb

(me tornei tão entorpecido)

I can't feel you there

(eu não posso sentir você aí)

Become so tired

(me tornei tão cansado)

So much more aware

(muito mais consciente)

Régulo caiu no chão duro como pedra.

- Incêndio! - ele apontou a varinha para a lareira, que imediatamente se acendeu.

Sirius largou a varinha bem ao lado do corpo imobilizado do irmão, que o encarava com uma mistura de choque e raiva.

I'm become in this

(eu estou me tornando isso)

All i want to do

(tudo que eu quero fazer)

Is be more like me

(é ser mais como eu)

And be less like you

(e ser menos como você)

- Sinto muito, mas você me obrigou a fazer alguma coisa, porque já estava mais do que claro que você não iria me amaldiçoar - desdenhou enquanto recolhia novamente suas coisas e desamarrava a trouxinha do Flu. - Estou fazendo um favor a vocês, agora você vai ser o filho único, como ela sempre sonhou. Diga a ela que eu nunca mais ponho os pés nessa casa e... - ele deu um sorriso maroto enquanto atirava o pó nas chamas da lareira, que imediatamente tornaram-se altas e verdes. - ... diga a ela que eu sinto muito pelo quarto. Não deixe que ela mate o pelúcio se puder. Ele é um bichinho simpático...

Segurando seu malão, vassoura e a gaiola de Kitha, Sirius avançou para as chamas e disse claramente:

- Mansão dos Potter!

I've

(Eu)

Become so numb

(me tornei tão entorpecido)

I'm tired of being what you want me to be

(eu estou cansado de ser o que você quer que eu seja)

I've

(Eu)

Become so numb

(me tornei tão entorpecido)

I'm tired of being what you want me to be

(eu estou cansado de ser o que você quer que eu seja)

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N.A. A música é Numb - Linkin Park e eu achei simplesmente perfeita para esse momento.Foi muito difícil pra mim, que tenho uma relação mais que perfeita com minha família, escrever todas essas discussões. Mas eu gostei do resultado. Nesse capítulo vocês conheceram o outro Sirius Black, aquele rebelde, revoltado e indomável tão diferente de quando está com os marotos. Acredito que eles trazer à tona o que Sirius tem de melhor, enquanto os Black fazem justamente o contrário. Quem já leu Half-Bood sabe que eu não inventei a questão do Ministério sobre magia praticada por menores.

Bem, eu vou fazer o possível para atualizar no próximo sábado, mas infelizmente não posso garantir nada dessa vez... conto com o incentivo de vocês, ok? Beijos! Até breve!

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No próximo capítulo...

Lílian Evans era uma garota muito curiosa e perspicaz. Até mesmo em seus sonhos. Estava começando a se habituar com o sonho que vinha tendo, e isso trazia uma certa confiança, um sentimento de familiaridade e instigava ainda mais sua curiosidade. Tanto, que ela ansiava pelas horas de sono e torcia para mergulhar novamente naquele mistério. Só então se arrependia, ao sentir o primeiro calafrio. Estava mais uma vez naquele aposento mal iluminado, sujo e assustador. Sabia que estava sonhando, mas nem isso bastava para aquietar seu coração desenfreado. Parecia muito real enquanto acontecia. Não precisava olhar pelas frestas da janela para saber que a Lua Cheia estava encoberta por nuvens, nem precisava olhar para trás para saber que havia uma cama ali no fundo e que alguém ofegava sobre ela.