TÍTULO: Por uma noite apenas.

FANDOM: Supernatural

CASAL: Jensen e Jared

CLASSIFICAÇÃO: M

GÊNERO: AU / Romance / Drama

DIREITOS AUTORAIS: Infelizmente Supernatural, Jensen ou Jared não me pertencem INFELIZMENTE. Euzinha aqui só gosto de usar a imaginação para brincar com diversas possibilidades que o mundo oferece. Mas confesso que, se Jensen me pertencesse, eu seria muuuuito mais feliz.

Por uma noite apenas

CAPÍTULO UM

Santa Cruz, Califórnia, 31 de outubro de 2008. Jared não estava muito a fim, mas Christian insistiu muito e os amigos foram até a praia para uma festa de Halloween ao ar livre.

- Você não vai se arrepender, cara. Vamos nos divertir, beber, ouvir música. E assim você esquece essa sua paixão platônica pelo Chad.

- Cara, dá pra largar do meu pé?

- Não! Vou ficar pendurado no seu pé até você parar de sofrer pelos cantos. O cara tem namorada. Na-mo-ra-da, com "A" no final. Entende que aí tem dois motivos implícitos para você deixar ele pra lá e partir pra outra? Ou outro? Ah, você me entendeu.

Jared não respondeu. Ficou em silêncio olhando para um ponto qualquer no meio da areia. Sabia que Chris tinha razão. Apesar da diferença de quase 10 anos entre eles a amizade era forte e Jared confiava nele, sabia que Chris só queria o seu bem e levava em consideração a experiência a mais que ele tinha, especialmente quando se tratava de relacionamentos.

O problema é que havia uma distância muito grande entre saber o que é preciso fazer e conseguir fazer o que é preciso. Era uma luta que Jared travava todos os dias desde o início das aulas na faculdade de Publicidade na Universidade da Califórnia. Chad era seu colega em pelo menos metade das matérias e isso intensificava a convivência. E dificultava o esquecimento.

O mais jovem estava distraído em seus pensamentos enquanto Chris, isto é, Wolverine, buscava cerveja na cabana próxima do calçadão que abrigava o bar. Jared não pôde deixar de reparar no amigo, seus cabelos castanhos claros e os olhos azuis. Ficava bem de Wolverine. Com todo o charme de sua voz rouca e beleza física Chris conseguia a mulher que quisesse, quando bem entendesse, mas não se prendia a relacionamentos. Jared não entendia. Sonhava em ter alguém do seu lado, um namoro firme, sério, mas não tinha sorte. Sempre acabava apaixonado por alguém fora de seu alcance. Especialmente nos últimos cinco anos, depois que decidiu criar coragem e assumir sua homossexualidade. Desde então só havia namorado um rapaz, no último ano da escola. Durou cerca de sete meses, mas não havia dado certo. Jared buscava um relacionamento sério e não conseguia. Enquanto Chris que podia, não queria. A vida é mesmo estranha às vezes.

A festa estava animada. E Jared se surpreendia com a criatividade das fantasias. Um homem vestido de Lanterna Verde chamou a sua atenção em particular. Jared conseguia ver o corpo definido por baixo da roupa justa, o sorriso perfeito emoldurado pela máscara e os cabelos loiros escuros levemente longos.

- Um centavo pelos seus pensamentos – disse Chris, estendendo a cerveja para o amigo.

- Hm, nada, er, quer dizer...

- Todo desconcertado por quê? O que você viu que te interessou?

- Aquele cara ali vestido de Lanterna Verde.

- Jensen!?!?!? – o olhar espantado de Chris surpreendeu ainda mais o rapaz.

- Você o conhece?

- Metade da Califórnia o conhece. Ele é criador e proprietário da Rádio Gênesis, de Rock'n'Blues que transmite pela internet, muito boa por sinal. Ele também é comunicador e promoter. Aliás, essa festa é organizada por ele. "Peraí", não me diz que você...

- O que, Chris?

- Cara, você é masoquista ou o quê? Vai gostar de sofrer assim longe!

- Não estou te entendendo, Chris, o cara chamou minha atenção, só isso. O corpo dele é bonito, tem um sorriso...

Chris interrompeu. – Chega! Você procura rejeição, só pode ser isso. Gosta de amor platônico, de ficar sonhando acordado com o que não pode ter. Qualquer dia vira emo. Com olhos pintados e tudo.

- Por que você está dizendo tudo isso? – Jared já estava começando a ficar irritado, a voz um tanto mais alta que o normal.

- O Jensen é conhecido por ser "o cara de uma noite apenas". Ele jamais se envolve...

- Quem falando...

- Ele é pior que eu, cara, acredite. Eu estou à procura de alguém especial, só não achei ainda. Até lá vou tentando... O Jensen... bem, o Jensen não está sequer procurando. Só quer se divertir, não quer compromisso. Dizem por aí que é por causa de um ex-namorado na adolescência, que espancava ele, abusava, essas coisas. Ele dava queixa na polícia, fugia, se escondia, mas o cara o achava de novo e o perseguia. O coitado sofreu um monte, pelo que dizem. Era jovem, inexperiente, inseguro... Se é que essa história é verdadeira mesmo. Ele é muito reservado. Divertido, alegre, festeiro, mas ao mesmo tempo muito fechado.

- E o que teria acontecido a esse namorado?

- Os boatos dizem que foi morto na prisão. Sabe, né? Até os bandidos têm um certo código de ética. Não suportam estupradores. O cara finalmente foi condenado e tudo, mas foi assassinado pelo colega de cela.

Por alguns minutos os amigos ficaram em silêncio, apenas bebericando a cerveja e curtindo a música.

- São muitos detalhes para serem apenas boatos...

- Jay... vou repetir: ele é homem de uma noite apenas.

- Talvez seja isso que eu esteja precisando, ué. Uma noite de sexo casual para esquecer o Chad, partir para outra. Ou talvez seja o que eu deva ser: um cara de uma noite apenas também.

- Sei. Eu finjo que acredito e a gente não fala mais nisso.

- Como assim, "não fala mais nisso"? Se você conhece, por que não nos apresenta?

- Porque eu só o conheço de vista e não quero ser o responsável por noites sem fim de choradeira e música melosa. Esqueceu que moramos juntos e eu, eu aqui, vou ter que aturar a sua fossa depois?

Jared suspirou e deixou assim mesmo. Sabia o nome do cara e da tal rádio pela internet. Já era um começo. Ou esperaria Chris se distrair com a Mulher-gato ali adiante para tentar se aproximar de Jensen.

~*~

A festa corria solta, animada. As pessoas dançavam ao redor da fogueira, bebendo e cantando enquanto a noite avançava madrugada adentro. Como previsto por Jared, Chris e a Mulher-gato estavam de conversas, amassos e beijos em um canto a certa distância, escondidos por uma pilha de abóboras que serviam como decoração. Jared conversava com Annabelle, colega de faculdade, em uma mesinha próxima ao bar.

- Você conhece o cara que organizou essa festa?

- Claro, Jay, todo mundo conhece Jensen – respondeu a jovem, tirando o chapéu que completava sua fantasia de bruxa.

- Só eu não, pelo visto.

- Por quê? Está interessado nele, né? Imaginei, ele é lindo e você tem bom gosto. Mas...

- Já sei, ele é homem de uma noite apenas. Já me avisaram. Mas eu não estou me importando com isso hoje. Estou a fim de companhia.

- Jared Padalecki? É você mesmo? O senhor romantismo? Em busca de sexo casual? O inferno acabou de congelar. Ou o fim dos tempos se aproxima.

- Annabelle, por favor... Já chega o Chris debochando de mim.

- Não estou debochando, só estranhando. Bom, preciso ir ao banheiro. Você se importa de ficar um pouco sozinho? Sabe como são as filas nos banheiros femininos, e aquele barzinho ali não é muito bem estruturado...

- Claro que não, já estou crescidinho.

- Bobão. Cuida da minha vassoura então – Annabelle afastou-se rindo.

Jared ficou sentado, observando Jensen, bebendo o restinho de sua quinta cerveja aquela noite. Estava inebriado, e não era pelo álcool. Era por Jensen. Isso que ele nem conseguia ver seu rosto, parcialmente coberto pela máscara de seu personagem. O sorriso perfeito, luminoso e espontâneo já bastou para encantar Jared. Sem contar os músculos definidos por baixo da malha preta e verde...

Jensen era o tipo de homem que irradiava simpatia. Estava com um grupo de amigos, todos sentados na areia, rindo e conversando. Jared podia passar horas olhando sem se cansar, mas não queria chamar a atenção. Resolveu ir até o bar pegar mais uma cerveja enquanto esperava a volta de Annabelle.

Foi quando aconteceu. Um gato preto cruzou seu caminho e o assustou. Na tentativa de evitar pisar no bicho, Jared se desequilibrou e estava para cair de costas na areia quando sentiu duas mãos fortes lhe dando suporte, segurando-o firmemente pelos braços. Virando-se para agradecer, Jared ficou sem palavras. Era Jensen e seu sorriso desconcertante. E, com a proximidade, Jared pôde perceber que seus olhos eram tão verdes quanto os detalhes de sua fantasia.

- Hei, tudo bem? Não vá cair.

- N-não, er, é que, hm, não quis pisar no gato...

- Amante dos animais, huh? Bacana. A propósito, sou Jensen – disse, estendendo a mão.

- Jared – retribuindo o cumprimento. – E obrigado por evitar que eu pagasse um mico caindo um tombo na frente de todo mundo.

- Não tem de quê – Jensen ficou encantado com o jeito levemente tímido de Jared e resolveu puxar conversa. – Gostando da festa?

- Claro, está ótima.

- Mas você ficou isolado o tempo todo...

Então Jensen o estava observando também? Percebeu que ele estava isolado? Será que estava dando muita bandeira? Ainda mais desconcertado, olhando para os próprios pés, Jared responde:

- É que, er, e-eu não conheço quase ninguém e-e...

- Não precisa ficar envergonhado – riu Jensen. – Aceita uma cerveja?

- Claro.

Percorreram o restante do caminho para o bar, pegaram as cervejas e voltaram para a mesa, distante dos demais.

- Seus amigos vão sentir sua falta.

- Nah, eles sabem que às vezes eu busco um pouco de sossego para recarregar as energias – Jensen então retirou a máscara que cobria seu rosto e esfregou os olhos. Quando retirou a mão e se virou para Jared, o mais novo quase engasgou com a cerveja. "Deus, que rosto perfeito, que homem bonito..."

Jensen riu ainda mais. Era óbvio que o rapaz estava desconcertado por causa dele e isso o divertia. - Então, fantasiado de quê?

- Estudante de publicidade. Eu... é que na verdade eu não viria, mas um amigo acabou me convencendo, e eu não tive tempo de ver fantasia, e... – Jared despejava as palavras, visivelmente nervoso e intimamente se amaldiçoando por estar ali, na frente daquele homem tão perfeito, todo gaguejante.

- Hei, não fique tão nervoso, eu não mordo. Quer dizer, não machuco, ao menos – Dizendo isso, Jensen tocou rapidamente a mão de Jared e tomou um gole da cerveja. Jared sentiu o coração parar por dois segundos. Simplesmente esqueceu-se de respirar. Estava distraído tentando colocar respiração e batimentos cardíacos de volta à normalidade quando um morcego passou a poucos centímetros de sua cabeça fazendo-o dar outro pulo de susto. Ostentando seu sorriso perfeito, Jensen então acaricia o rosto do mais novo.

– Não precisa ser assim, tão sobressaltado. Está seguro comigo.

Então uma onda de calor percorreu o corpo de Jared, irradiada pelo toque da mão macia e quente de Jensen, que se aproximou e, fechando os olhos, beijou carinhosamente os lábios do rapaz. Jared se deixou levar pelo momento, entreabriu sua boca e permitiu que Jensen explorasse o seu interior com a língua lentamente, ao mesmo tempo em que sentia seus braços ao redor de seu corpo.

Depois de alguns minutos, os dois interromperam o beijo e se encararam. Jensen mantinha um meio-sorriso nos lábios, puxando o cantinho esquerdo para cima. Jared ainda sustentava a surpresa no olhar. Surpresa e felicidade. Surpresa e êxtase.

- Quer ir para um lugar mais sossegado comigo, Jay?

Sem conseguir se expressar com palavras, Jared apenas acenou "sim" com a cabeça. Os dois levantaram-se e seguiam para o calçadão, em direção do jeep Land Rover prata de Jensen, observados à distância por Annabelle. A caminho do apartamento Jared mandou uma mensagem de texto para Chris. "Vou para o esconderijo de Lanterna Verde. Não me espere."

~*~

Em menos de dez minutos os dois estavam atravessando os portões do condomínio onde Jensen morava. Prédio de classe média-alta, mas sem ostentação. O apartamento era grande, sem muitos móveis, estilo clean e confortável até ao olhar. Muitos CDs, DVDs e livros na estante que ocupava toda a parede da sala, em frente a um grande sofá que prometia ser macio.

- Fique à vontade, Jay, vou buscar algo para bebermos.

- Seus amigos não vão estranhar o fato de você ter abandonado a sua própria festa?

- Nah, eles me conhecem, sabem que, se eu sumo, é porque achei coisa melhor para fazer.

- Vivendo a vida intensamente, huh?

- Claro, ela é curta – Dizendo isso foi até a cozinha, de onde voltou com duas cervejas. – Então? Mais tranquilo agora?

- Desculpe pelo mau jeito antes. Não costumo fazer... – e foi interrompido por mais um beijo de Jensen, desta vez mais intenso, com mais urgência.

- Shhh. Não precisa se explicar. Você fica mais interessante por ser assim, todo envergonhado.

Jared ia relaxando aos poucos, se deixando levar pelo movimento dos lindos lábios de Jensen, sentindo o toque das mãos pelas suas costas, em busca da bainha da camiseta, percorrendo o corpo do mais novo e sentindo sua pele arrepiada pelo contato. Jensen guiava Jared, aos poucos tirando suas roupas, que foram parar no chão junto à cerveja esquecida. Jared não apresentava nenhuma resistência, mesmo sabendo que seria uma noite apenas, mesmo com medo de se arrepender depois, mesmo supondo que iria sofrer nos dias seguintes.

O mais jovem queria aproveitar. Como o próprio Jensen havia dito, a vida é curta. Ele tinha 24 anos e estava na hora de começar a se divertir. Respondia aos carinhos e beijos de Jensen sem impor barreiras. Com os olhos fechados deitou-se no sofá e sentiu as mãos do mais velho abrirem o botão e o zíper de seu jeans, depois o tecido áspero deslizando pelas suas pernas.

Jensen mordeu seu lábio inferior ao ver o rapaz ali, tão vulnerável, tão docemente entregue. Normalmente suas noitadas eram pontuadas por sexo urgente, quase selvagem, não aquela candura. E por incrível que pareça, Jensen estava gostando daquela cadência diferente, daquela lentidão, como se para aproveitar cada instante. Era mais óbvio a cada minuto que o rapaz não costumava ter noites de sexo casual, que era do tipo que preferia romance, mas ao mesmo tempo estava disposto a experimentar algo novo. Uma decepção amorosa, talvez, fosse responsável por essa mudança. Mas essa não era hora para pensar a respeito.

Jared era, certamente, um rapaz bonito. O peito liso e definido, os braços musculosos, o corpo perfeito estavam mexendo com Jensen, que se apoiou sobre o mais novo, beijando e mordiscando a pele de seu peito, depois um de seus mamilos, fazendo Jared gemer baixinho. Sorrindo, Jensen continuou a explorar com seus lábios o corpo do outro, desta vez o trecho de músculos e pele entre o ombro e o pescoço, chupando levemente, até deixar uma pequena marca. Nova trilha de beijos, desta vez pelo queixo de Jay, que já não aguentava mais de prazer. Ele buscou a boca de Jensen e a cobriu com a sua, num beijo com um certo tom de urgência.

Jensen sentia as mãos do mais novo percorrendo seu corpo, tentando descobrir como poderia tirar a fantasia de Lanterna Verde, para livrá-lo da barreira de coton preto que impedia que as peles dos dois se encontrassem. Ele então se ajoelhou entre as pernas de Jared e, num movimento ágil, abriu o zíper localizado em suas costas e livrou-se da parte superior da roupa. Voltou aos beijos, cada vez mais intensos, mas ao mesmo tempo tão doces.

- Jay -, sussurrou Jensen, já sentindo seu corpo excitado, ansiando por mais contato.

- Mmm...

- Vamos para o meu quarto... mais confortável... – Pegou a mão do rapaz e o conduziu para o quarto, fechando a porta atrás de si e pressionando-o contra ela. Era bom sentir o calor de seus corpos juntos, ouvir Jared gemendo baixinho, a respiração ofegante de ambospreenchendo o silêncio do ambiente.

De repente, Jensen guiou Jared em direção à cama e, livrando-se do restante da fantasia, deitou novamente sobre o corpo do mais novo, beijando e mordiscando a pele morena e tateando todos os músculos que estavam ao alcance de suas mãos, esbarrando na boxer do seu parceiro e tirando-a, lutando para não arrancar longe a peça.

Com os olhos fechados, Jensen continuava com os beijos até perceber que Jared estava tão excitado quanto ele mesmo. Levantou a cabeça e encarou o mais novo. Havia um brilho diferente naquele olhar castanho, de necessidade e ao mesmo tempo expectativa e insegurança.

- Jay? Tem certeza?

- Sim... claro, Jen.

Então Jensen estendeu a mão até a gaveta da mesinha de cabeceira, de onde tirou lubrificante e camisinha. Já com o preservativo colocado, ele começou a dedicar tempo e cuidado para preparar seu parceiro. Com carinho, pois suspeitava que Jared não tinha lá tanta experiência, ele foi generoso com o lubrificante e moveu devagar, primeiro um dedo, depois dois, para deixar Jared pronto para a penetração. Prestando atenção para perceber qualquer sinal de que estava machucando o mais jovem.

Jared estava em êxtase. Jensen estava sendo tão carinhoso e cuidadoso, que sentiu todo o medo e a insegurança deixarem seu corpo e se entregou por completo, aproveitando cada movimento, cada segundo.

- Mmmm. – gemeu baixinho.

- Quer que eu pare, Jay?

- Não... – sussurrou. – Estou pronto, Jen...

Aquela frase, aquela entrega, assustaram Jensen, mas não era hora de desistir. Se posicionando entre as pernas do mais novo Jensen penetrou lentamente, alternando beijos e carícias, movimentando-se com cuidado. Jared acompanhava seu ritmo, explorava seu corpo com as mãos e gemia baixinho, deixando Jensen ainda mais excitado. Consciente de que não estava ferindo o parceiro, os poucos ele foi intensificando seus movimentos que foram ficando mais fortes e rápidos. Jared abraçou-o com força, como se para impedir que Jensen parasse.

Com os olhos fechados com força, os lábios entreabertos, Jensen deixou escapar um gemido mais alto, incapaz de esconder o prazer que estava sentindo por ter o seu corpo envolvido pelo de Jared em todos os sentidos. O mesmo podia-se dizer de Jared, em estado de prazer absoluto por sentir Jensen preenchendo-o. Então sentiu a mão do mais velho em seu pênis, movimentando lentamente, até que ele não conseguiu mais segurar e explodiu em um orgasmo intenso, como nunca havia sentido antes. Um grito ficou preso em sua garganta e a vontade que Jared tinha era de prender Jensen para sempre em seus braços e não permitir que aquele momento acabasse.

Não demorou muito para que Jensen também chegasse ao orgasmo, tão intenso quanto o de seu parceiro. Ainda dentro de Jared, lutando para colocar sua respiração no ritmo normal, Jensen encarou o rapaz e surpreendeu-se ao perceber que ele estava com lágrimas nos olhos. Tocando o rosto dele com carinho, simplesmente disse:

- Desculpe, eu fui muito bru...

- Não, Jen, você não me machucou. Estou bem, não sei explicar... Estou bem. – sorriu e fechou os olhos. Logo estava caído no sono. Jensen saiu de cima de Jared, tirou a camisinha e deitou-se ao lado do rapaz, olhando-o dormir, decorando o seu rosto. Até que dormiu também.

~*~

Chris estava oculto pela decoração de Halloween, suas abóboras, tochas e esqueletos. Em seus braços, a Mulher-gato, cujo nome ele sequer lembrava. Foi quando ouviu o bip do celular, anunciando uma nova mensagem. Mas não iria interromper o momento para verificar o que era.

Depois de meia-hora de amassos, mãos que percorriam os corpos um do outro, a moça resolveu ir ao banheiro. "Por que diabos mulher tem tanto que ir em banheiro?", pensou Chris mas, sem saída, aceitou ficar ali, esperando para o segundo tempo. Enquanto isso aproveitou para verificar a tal mensagem. "Vou para o esconderijo de Lanterna Verde. Não me espere."

Suspirando, Chris sacudiu a cabeça negativamente. "Esse menino não aprende."

~*~

As primeiras luzes da manhã invadiam o quarto através da cortina fina. Jared dormia tranquilamente, sua respiração ritmada embalando os pensamentos de Jensen, que já estava acordado há algum tempo. O sexo da noite anterior havia sido diferente, mas ele não sabia explicar como. Era uma emoção nova, intensa, doce. E Jensen sentiu medo. O sexo casual e quase bruto de sempre era seu escudo, sua proteção, um modo de evitar envolvimento. Evitar sofrimento. Evitar dor.

A doçura de Jared estava mexendo com Jensen, o toque indeciso, as carícias delicadas, a incerteza inicial que transpareceram inexperiência. De repente uma entrega completa, sem dúvidas, sem reservas ou receios. Algo no olhar que demonstrava um encantamento que Jensen jamais havia visto em nenhum outro. Um encantamento que já havia habitado seu próprio olhar anos antes, mas que o havia deixado cego o bastante para confiar em um homem que o feriu de todas as maneiras possíveis. Não podia se permitir ingressar em uma paixão, nem baixar as barreiras. Não queria sofrer de novo.

Ficou olhando Jared dormir por mais algum tempo. Era hipnótico. Mas era preciso seguir adiante com sua vida descompromissada, livre e sem dor. Dedicada ao trabalho que tanto amava. Saiu da cama, entrou no banheiro onde tomou uma ducha e vestiu um jeans, camiseta preta e camisa azul. Deixou um bilhete no seu travesseiro e saiu. Sentia-se ridículo, mas Jensen sentia também necessidade de fugir. Com os outros bastava dar um bom dia e pronto, eles entendiam e iam embora sem mágoa, sem questionamentos, sem ressentimentos, às vezes logo depois do sexo mesmo, sem esperar o amanhecer. Algo dizia que com Jared seria diferente e Jensen não estava pronto. Jamais estaria. Ou, pelo menos no momento, não estava disposto a tentar.

Ele planejava ficar fora de casa toda a manhã. Ligaria para a portaria para confirmar que seu hóspede havia saído. Tudo para evitar o confronto com Jared e o possível olhar decepcionado do jovem. Foi para a rádio, mesmo sendo sua folga, e lá ficou.

~*~

Eram 9 horas da manhã quando Jared acordou. Olhou para o lado e viu a cama vazia. Ou nem tanto. Sobre o travesseiro onde pouco antes estava a cabeça de Jensen agora havia um bilhete. Com letra de forma, firme e segura, algumas palavras. "Precisei sair. Fique à vontade para tomar uma ducha se quiser. E tem café na cozinha. Não me espere. Um abraço. J."

Assim, frio, seco. Jared não conseguiu suprimir a pontada de decepção, embora esperasse por isso. Chris o havia alertado. Mas ao menos pensava que a despedida fosse ao vivo, não por meio de um bilhete rude. Suspirando, levantou da cama e foi em direção ao banheiro onde tomou uma ducha rápida, a mais rápida de sua vida. Tinha pressa em sair dali. Sentia-se um intruso, sozinho no apartamento de um estranho. Voltou ao quarto e vestiu-se. Não resistiu e parou para sentir o cheiro de Jensen no travesseiro pela última vez. Ao sair levou consigo o bilhete.

~*~

Jared chegou ao apartamento que dividia com Chris e foi direto para o seu quarto. Certamente Chris estava com a Mulher-gato no quarto ao lado. O conhecia o bastante para saber que ficariam por lá até perto das 13 horas. Resolveu deitar-se e tentar dormir mais um pouco. Como era sábado, não tinha aula e podia aproveitar para descansar, tentar pôr os pensamentos em ordem, evitar uma ressaca.

Não conseguiu. Nem dormir, nem descansar, muito menos pôr os pensamentos em ordem. Ao menos não sentia ressaca. Eram quase duas da tarde quando ouviu barulho na sala. Era Chris. Parecia estar sozinho. Jared foi até lá.

- Ué? Cadê a Mulher-gato?

- Foi pro seu ninho dormir um pouco mais. E o Lanterna Verde?

- A esta altura deve estar como Jensen trabalhando na rádio.

- Como assim, "deve estar"?

- Não o vi hoje pela manhã. Quando acordei ele já tinha saído. Deixou um bilhete no travesseiro dizendo que eu não precisava esperá-lo.

Chris ficou em silêncio por um momento. Avaliava o rosto de Jared, tentando descobrir o que se passava na sua cabeça, em seu coração. Ao mesmo tempo não queria magoá-lo, mas ao perceber lágrimas nos olhos do rapaz não conseguiu se conter.

- Eu sabia! Eu avisei! Eu tinha certeza de que você iria se machucar e agora eu vou ter que aturar a fossa, a música melosa e o olhar de filhote de cachorro abandonado durante dias, semanas, talvez meses, depois da noitada com o Jensen. Eu avisei Jay, que o cara era homem de uma noite apenas. Mas você ouviu a voz da experiência? Nããão! Agora vai ficar aí choramingando ao som de Coldplay, Snow Patrol e The Fray.

- Chris, por favor. Não é fossa, só estou triste porque esperava que ele ao menos dissesse um "adeus" pessoalmente. Foi tão bom, o sexo, quero dizer.

- Arãm, sei. Você quer mesmo que eu acredite nisso? Jay, é para o seu bem que eu digo pela milésima-oitava vez: esquece o Jensen. Ele não se prende. Ele se protege desse tipo de relacionamento, deve ter lá os motivos dele. Se as histórias que contam são verdadeiras ou não, não importa. Siga em frente.

- Estou seguindo em frente. Você que não me dá sossego.

Dizendo isso Jared voltou para o seu quarto, fechou a porta, ligou o computador e tentou se concentrar no logotipo que deveria criar para uma campanha de conscientização pela paz no trânsito. Era um trabalho voluntário pelo qual não seria remunerado, mas que sentia prazer em fazer, além de ganhar experiência. O problema era que a cabeça dele estava em qualquer outro lugar, menos em trabalho. Não conseguia se concentrar. Resolveu então entrar na internet e acessar a tal Rádio Gênesis.

Jared já gostava de rock e blues, por isso não foi estranho que gostasse também da programação. Enquanto ouvia Kashmir, resolveu vasculhar o site em busca de informações sobre o criador da emissora. Entre os perfis dos profissionais que faziam a rádio havia uma foto de Jensen sorridente com um histórico extremamente resumido. Jensen Ross Ackles, 30 anos, nascido em Dallas, Texas, formado em comunicação social, jornalismo, já no primeiro ano de faculdade resolveu inovar criando uma rádio que transmitiria a programação segmentada em rock e blues pela internet, que na época era um veículo relativamente novo.

Logo o projeto fez sucesso entre os colegas, em seguida se espalhou por toda a universidade. Em seis meses já era um sucesso em todos os lugares. Jensen quase teve que largar o curso para dar conta do trabalho, mas a chegada de anunciantes permitiu que contratasse outros comunicadores que se identificavam com a iniciativa e expandisse a transmissão para 24 horas por dia, não apenas seis.

Nesses quase doze anos de existência, Gênesis já havia recebido prêmios variados na área de comunicação e Jensen se transformado em um empresário de sucesso. Além da rádio, promovia festas. Trabalhava com prazer, sentia amor pelo que fazia. E colhia os frutos desse amor.

Jared vasculhou um pouco mais o site e descobriu um telefone de contato. Ligou e o que ouviu foi uma mensagem gravada. "Você ligou para a Gênesis. Para pedir sua música, tecle 2; para dar sua sugestão, tecle 3; para críticas, tecle 4. Se preferir pode mandar sua mensagem de texto no link de nosso site..."

Era a voz de Jensen. Ligeiramente rouca e empolgada, excitante. Um suspiro escapou dos lábios de Jared. Não deixou nenhuma mensagem, mas ligou para o mesmo número ao menos mais cinco vezes, só para ouvir a voz do dono do par de olhos verdes mais profundos que já havia visto.

~*~