Tear You Apart
Autoria: Kyra4
Publicada originalmente em: www. fanfiction. net / s / 2773664/ 1 / Tear_You_Apart
Tradução de: Inna Puchkin Ievitich
Realizada a partir da tradução do inglês para o espanhol de autoria de:
Verona d'Ascoli (www. fanfiction. net /s / 3683114/ 1 / Tear_You_Apart )
ADVERTÊNCIA: Por tratar-se de uma história de conteúdo adulto, com cenas sexuais explícitas e violentas (sexo não-consentido), é recomendável atentar-se ao rating 'M' (para maiores de 16 anos).
Nota Inicial da Tradutora: O título da fanfic é uma referência à música "Tear you apart", da banda She Wants Revenge.
CAPÍTULO UM
Estava observando-a.
Outra vez.
Droga. Odiava olhá-la – odiava que tivesse esse tipo de poder sobre ele.
Asquerosa sangue-ruim.
Orgulhosa sabe-tudo.
Arrogante Gryffindor.
Ela era o inimigo – não – nem mesmo o inimigo. Ela não deveria sequer permanecer em sua mente. Seu pai havia-lhe dito – bêbado, na mesma noite que o soltaram de Azkaban – que, inclusive, os inimigos mereciam respeito, sempre e quando fossem dignos adversários. "O garoto Potter, por exemplo", havia farfalhado Lucius surpreendendo Draco, ébrio e amargurado por seu encarceramento, pronunciando as palavras que, caso o Senhor das Trevas soubesse que as dissera, lhe fariam merecer um castigo pior que a morte - "O garoto Potter, filho. Ele é um digno adversário. Vem batendo de frente com nosso Senhor desde que era um fodido bebê, não é mesmo? Enfiou o teu velho na prisão, não? E ainda assim você nunca conseguiu devolver-lhe o golpe, não é verdade, rapaz?". Zombara, fazendo com que a face de Draco ardesse de vergonha. "Guarde minhas palavras, filho", continuara Lucius, depois de ter tragado outro sorvo do forte e ardente licor, "Chegará o dia em que estaremos ombro a ombro e cuspiremos sobre a tumba desse pequeno bastardo arrogante. Mas direi o que vou dizer-lhe agora: ele foi um digno adversário."
De forma que, se ele tinha que dar algum valor às palavras de seu pai – e Draco sempre o fazia –, inclusive os inimigos mereciam uma certa quantidade de respeito. Embora não o suficiente para impedir cuspir sobre seus túmulos. Granger, contudo, não merecia nada disso. Ela estava tão abaixo dele na escala da sociedade mágica, que mal podia ser classificada como humana, pelo amor de Merlin. Suja, asquerosa, repulsiva... e a estava olhando.
Maldita seja.
Desviou seus olhos para seu próprio pergaminho, furioso com ela, furioso consigo mesmo. Furioso com sua namorada, Pansy, a qual estava sentada ao seu lado, compartilhando mesa, e que sabia que o estivera observando enquanto ele observava Granger – podia sentir as ondas de reprovação que irradiava dela. Ela afastou sua cadeira uma polegada para a direita – distanciando-se dele. Grunhindo, Draco segurou a borda da cadeira e puxou-a para si, tão repentina e bruscamente que quase a fez cair ao chão. Ela soltou um grito.
"Há algum problema, Sr. Parkinson? Srta. Malfoy?", perguntou o Professor Binns com sua voz suave, confundindo seus sobrenomes como era habitual.
"Não há nenhum problema, senhor", resmungou Draco, com os dentes apertados. Pansy, a seu lado, permaneceu em um silêncio prudencial.
Dez minutos mais tarde voltou a observá-la.
Era tão injusto, droga. Como era possível que essa única garota personificasse tudo o que ele desejava fisicamente, e tudo o que odiava intelectualmente? Fora criada com o único propósito de torturá-lo? Às vezes pensava. Como agora. Binns havia deixado de falar para examinar algo entre seus apontamentos, e Granger aproveitara essa momentânea pausa para segurar a pluma entre seus lábios e esfregar com pesadume o pulso direito. Depois, ainda segurando sua pluma com a boca, utilizou suas mãos para recolher sua copiosa, escura e rebelde cabeleira em um rabinho na base do pescoço.
Com seus braços erguidos desse jeito, Draco pode ver com clareza o contorno de seu seio mais próximo – pequeno, alto, firme – perfeito, em outras palavras – firmemente esboçado contra o tecido de sua blusa branca. Certa parte de sua anatomia saltou em resposta, pressionando-se quase dolorosamente contra suas calças. E ainda tinha aquela maldita pluma em sua boca – chupando-a, agora distraidamente, enquanto colocava algumas mechas atrás das orelhas. Era quase impossível suportar – se não a conhecesse melhor, teria achado que estava fazendo isso de propósito para deixá-lo louco. Embora, sim, a conhecesse. De forma alguma estaria pensando nele, e muito menos pensaria que seus movimentos eram algo provocantes. Isso era realmente frustrante; a inocência que havia por trás disso tudo. E isso é o que ele queria possuir.
Isso é o que queria destruir.
Queria-a na nesse mesmo instante, inclinada sobre a mesa com seu pequena saia erguida, diante de todo mundo – diante de Pansy, diante Potter, diante desse patético Weasley (seu namorado, droga) que estava agora inclinado sussurrando-lhe algo no ouvido, com sua mão possessivamente colocada em suas costas – queria-a desvalida, com uma de suas mãos na cintura dela e a outra nesse incrível e ostentoso cabelo, enquanto entrava nela uma vez atrás da outra, uma e outra vez. Queria fazê-la gritar.
Queria fazê-la chorar e queria fazê-la chegar ao orgasmo, tudo de uma vez.
Pelas bolas de Merlin. Precisava controlar-se antes que algo explodisse dentro de suas calças. Respirando atormentado e irregularmente, obrigou-se a observar outra vez seu pergaminho. Plantando um cotovelo sobre a mesa, apoiou a testa sobre sua mão – protegendo-se do lugar da sala que Granger ocupava. Binns tagarelava outra vez. Pansy, mal-humorada, afastava-se o mais possível dele, sem cair da cadeira. Maldição. Agora, além do mais, tinha que encontrar a forma de acalmar as coisas com ela – e rápido, porque queria – não, precisava – o seu quente e disposto corpo no armário mais próximo, depois da aula. Bom, pouco a pouco. Respirar tranqüila e profundamente. Evitar a ruína do seu par de calças era a primeira prioridade.
Deus, desejava tanto Granger que doía.
E Draco Malfoy sempre conseguia o que queria.
Estava observando-a.
Outra vez.
Às vezes tentava imaginar quando havia começado a enxergar a sangue-ruim com novos olhos – com olhos famintos. Mas era difícil de dizer, precisamente. Provavelmente desde a metade do sexto ano, se tinha que precisar uma data exata... foi quando começara a compreender que havia curvas sob aquelas túnicas, e esse cabelo espesso e selvagem, achava-o fascinante. Havia algo que o levava a querer submergir suas mãos nele – inalar seu cheiro.
Contudo, a coisa voltava muito mais no tempo. Se tinha que ser honesto consigo mesmo – e o era, às vezes, ao menos – tinha que admitir que tudo começou no Baile de Natal do quarto ano. Como sua boca abrira-se quando a vira flutuando no salão pendurada no braço da super estrela de Quadribol, Viktor Krum. Mal fora capaz de tirar os olhos de cima dela durante toda a noite.
Merlin o ajudasse, mal fora capaz de tirar os olhos de cima dela desde então.
Perguntou-se com ociosidade o que ela vestiria para o Baile desse ano, que se celebraria em escassas duas semanas. Aquele vestido azul que vestira há três anos havia-lhe caído muito bem. Claro, lhe parecia ridículo que se celebrasse um Baile neste ano – tradicionalmente estavam relacionados com o Torneio Tribruxo - e este ano não havia nenhum Torneio. De fato, não haveria nenhum outro Torneio no futuro devido à morte de Cedric Diggory no último. Hufflepuff idiota. Merecia tudo o que recebera.
Mas quanto ao Baile deste ano, a administração de Hogwarts decidira que qualquer tipo de evento poderia erguer o espírito do colégio; a moral dos estudantes estava muito baixa já que os ataques aumentavam e era óbvio que o mundo mágico se preparava para uma guerra em escala mundial. E posto que houve uma resposta tão positiva ao último Baile de Natal, decidira-se que outro seria justo o necessário para devolver um pouco de vida ao alunado.
Bom, Draco iria. Com Pansy pendurada no seu braço. O perfeito casal sangue-puro. E enquanto Pansy circulasse pelo lugar e sorrisse falsamente, assegurando-se de que todo mundo notasse suas roupas caras feitas à mão, e de que ia acompanhada pelo sangue-puro mais rico do colégio, ele se encarregaria de deleitar-se ante a perfeição física de Hermione Granger.
Esperava que seu vestido fosse curto.
Momentos como aquele colocavam à prova a fé na existência de Deus. Se, em realidade, existia um Deus, então por que, por que criaria algo que era ao mesmo tempo tão adorável e inferior, tão impuro? Não tinha sentido. Era uma tragédia – uma paródia. Era a criação equivocada.
Era tão suja.
Era tão linda.
Desejava-a tanto.
E ela estava se aproximando.
Ele estava sentado em uma mesa do Três Vassouras, com Crabbe e Goyle, era o último fim de semana em Hogsmeade antes das férias de Natal – e estava gozando da paz e tranqüilidade que havia ganho ao deixar Pansy em uma loja de túnicas do centro, com quinhentos galeões seus no portas-moeda dela. Havia seguido o Trio Dourado até ali com a idéia de desfrutar da visão de Granger, sem a necessidade de prestar atenção à conversa de sua namorada ou preocupar-se com o fato dela querer saber o que estava fazendo. Crabbe e Goyle eram a companhia perfeita para esse tipo de exercício – enquanto tivessem cerveja amanteigada e comida, eles permaneceriam demasiado ocupados comendo e bebendo para fazer algo mais – ainda menos erguer os olhos de seus pratos – deixando Draco tendo como única companhia seus pensamentos.
O trio, com Weasel, sentara-se a uma mesa no final do pub. Draco e seus camaradas, que haviam entrado depois deles, tinham ficado com a única mesa disponível do abarrotado estabelecimento – justo ao lado da porta. A desvantagem era que sempre fazia frio cada vez que a porta abria. Mas a vantagem era que Hermione, quando saísse do pub, teria que passar ao seu lado, a menos de um par de centímetros de distância. E ela saía agora, sozinha.
Draco a observara aproximar-se de Ron, acariciando sua bochecha com a mão enluvada enquanto lhe dizia algo no ouvido. Ele havia sorrido e assentido sem dar-lhe muita atenção – já que estivera concentrado em algo que Harry, do outro lado da mesa, estava dizendo. Então, ela pressionou seus lábios contra os dele, em um casto beijo, e se ergueu – e agora estava se aproximando, sozinha e desprotegida, e nenhum de seus amigos tinha a intenção de ir com ela.
Era uma oportunidade de ouro e, em um segundo, decidiu aproveitá-la. Alcançado sua capa, tirou um pequeno saco de galeões e plantou-o sobre a mesa. "Esperem-me aqui. Voltarei," disse a Crabbe e Goyle, cujos pequenos olhos estavam cravados sobre a bolsinha de dinheiro. Não teria que preocupar-se, não lhe seguiriam, ao menos até que o dinheiro durasse. E com cinqüenta galeões podiam conseguir muita cerveja amanteigada. Quando Granger passou, a escassos centímetros de distância, levantou-se da cadeira e a seguiu.
Estava nevando. O frio o golpeou como se fosse algo sólido, como uma bofetada na cara. Ainda assim, tudo ia tal como queria. A hostilidade do tempo trabalhava a seu favor, já que havia poucas pessoas na rua. E essas poucas corriam com as cabeças abaixadas, lutando contra os elementos. Embora Granger ainda estivesse perto. E ocorria que, na direção que ela havia tomado, Draco conhecia a existência de um estreito beco entre aquele edifício e o seguinte.
A situação era demasiadamente perfeita.
Suas orelheiras impediam-lhe de ouvir qualquer ruído atrás de si. Com um simples e fluído movimento, agarrou-a – rodeando o torso dela com um braço, imobilizando-lhe os braços e tapando sua boca com a outra mão, abafando o seu grito. Com um forte puxão, arrastou-a para o beco, e, aproveitando seu estupor, soltou-a durante uma fração de segundo – tempo suficiente para sacar sua varinha. Depois, a empurrou para quedar-se diante dela, usando seu corpo para pressioná-la contra a fria parede do pub.
Mal podia crer que ela estivesse ali – em seus braços, a sua mercê. Desejara isso há tanto tempo. Muito tempo. Estavam tão próximos, que suas testas quase se roçavam. Os dois respiravam com dificuldade; ela, pela surpresa e pelo medo; e ele, pelo desejo.
Suas respirações se mesclaram. Merlin, o alento dela era tão doce! Cerveja amanteigada e menta.
"Olá, Granger," disse. Depois, "Imperio."
Durante uns instantes, ele não disse nada mais; limitou-se a observá-la, a beber dela. Ela lutava contra a maldição, podia ver em seus olhos; lutava com força.
Contudo, era uma batalha perdida.
Havia recebido "aulas particulares" de Maldições Imperdoáveis no verão, por parte de sua tia Bella – e ela era a melhor nesse tema. Ela dizia que ele era seu aluno mais avançado, e por uma boa razão – Draco tinha uma natural afinidade com as artes das trevas. O Cruciatus era sua especialidade, mas não tinha a intenção de usar isso em Granger... bom, hoje não, ao menos. Contudo, podia realizar um Imperius perfeitamente útil quando a situação o requeria, e esta particular situação, em sua opiniõa, o exigia. (De fato, ele era todo experto em uma versão estranha e especialmente cruel da maldição, a qual permitia à vítima reter suficiente consciência para dar-se conta de que estava fazendo algo que não queria fazer... e ainda assim não poderia rechaçar as ordens).
Tinha Granger totalmente aprisionada, e ela não poderia fugir. No entanto, admirava a ferocidade com a qual lutava. Admirava. Quase sentia respeito.
Quase.
Ao fim e ao cabo, ela continuava sendo uma sangue-ruim, sem importar o quão bela e forte fosse. Não apta para ser respeitada. Em realidade, era uma lástima. Uma fodida lástima. Se fosse uma sangue-puro a teria adorado.
Oh, bem. De todas as formas poderia se divertir com ela. Era uma criatura inferior, criada somente para ser usada por seus superiores; usada e depois desprezada. E prometia ser tão divertido.
Aproximou-se mais, até que seus lábios tocassem levemente os dela. "O que você disse ao Weasel antes de deixar o pub, Granger?", perguntou suavemente, com sua boca movendo-se contra a dela. "Diga-me a verdade. Agora."
"Disse-lhe... disse...", ela ainda estava lutando. Não queria dizer. Draco sorriu. Sacou a língua e perfilou as curvas dos lábios dela, os quais estavam tremendo pelo esforço. Alçou sua mão enluvada e rodeou seu pescoço, aplicando a força suficiente para provocar-lhe um ofego.
"Seu medo é delicioso, Granger," murmurou. "Agora, responda-me antes que me veja obrigado a machucá-la."
"Disse-lhe... mmm... que ia... comprar seu presente de Natal" – continuava lutando contra cada palavra que pronunciava – "e que, mmm... lhe veria no pub em... em vinte minutos."
"Boa menina," disse Draco, quase gentilmente. "Não foi tão difícil, não é mesmo? Vinte minutos, não? Bom, isso nos dá, deixe-me ver... ao menos dez minutos para brincar. Quer brincar comigo, Granger? "
Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Fechou-os durante uns instantes – duas lágrimas desbordaram e caíram sobre sua face. "Não", disse.
"Mas o fará, sangue-ruim, se eu peço. Não é?"
"Nnnhh…sim."
"Bem. Agora, me beije. Beije-me como se realmente desejasse; como se eu fosse aquele patético, pobre e sujo namorado que você tem."
Durante um longo instante ela não fez nada – mordeu-se o lábio, e respirou rapidamente, quase hiperventilando pelo esforço. Ele lhe permitiu fazê-lo, estava seguro de que, ao final, ganharia. E o fez. Ela deu-lhe tudo; sua vontade vencida em um instante. Com um repentino grito que poderia ter sido tanto de paixão como de desespero, jogou-se literalmente sobre ele, empurrando-se com força. Ele acabou incrustado contra a parede da frente, a qual se encontrava apenas a um par de centímetros de distância – era bastante estreito – ela rodeou-lhe com seus braços e, enredando seus dedos por entre seus cabelos quase brancos, selou seus lábios contra os dele, com uma intensidade que pegou-o desprevenido... era quase doloroso... mas respondeu imediatamente, e ardentemente.
Merlin, era incrível! Era tal e como havia imaginado. Suas mãos na escura melena dela, seu nariz inalando sua fragrância, apesar de que sua boca estivesse... ocupada... seu grito afogado, sufocado pelo beijo.
Seria capaz de permanecer assim para sempre.
Mas tinham um tempo-limite. De forma que rompeu o beijo, empurrando-a bruscamente para trás, contra a parede da frente, vendo como sua cabeça chocava contra a mesma. Respirando com dificuldade, a recolheu. Ela ofegava, com seus olhos cravados nos dele, chorando. A miséria naqueles olhos escuros era deliciosa.
"Retire o casaco," disse, com voz rouca à causa da luxúria. "Rápido, sangue-ruim. Não temos muito tempo."
Suas mãos lhe obedeceram rapidamente, manuseando entre os botões de seu abrigo de inverno. Já não restava mais resistência em seu corpo; ele a havia destruído. Apenas seus olhos mostravam realmente o que sentia.
Uma vez que desabotoou o casaco, jogou-o ao chão, deixando-o cair sobre a pegajosa e suja neve do beco. Ela vestia um cardigã de jérsei de cor borgonha, feito com um tecido que Draco nunca vira; devia ser de origem trouxa, pensou fugazmente – parecia extremamente suave.
Ela girou a cabeça quando ele diminuiu a distância entre os dois uma vez mais... mas Draco não se importou; desta vez não era sua boca que procurava. Em troca, plantou um beijo na borda do rosto dela, exatamente em cima do lóbulo da orelha, depois, arrastou sua boca ao longo da linha da mandíbula até sua bochecha – onde deleitou-se com o sabor de suas lágrimas – e em seguida desceu pela garganta até alcançar a clavícula.
Ali, justo no lugar onde o suave tecido do jérsei terminava, marcou-a – chupou com força a suave pele, até que ficou vermelha; um chupão que não tinha nada a ver com o amor. Apenas com o desejo, o poder, e o controle.
Quando se recompôs pode ver como tremia dos pés à cabeça... em parte por perder o calor de seu abrigo, sem dúvida, mas havia algo mais. Também era surpresa, devido a tudo o que ele acabava de lhe fazer – as coisas que ordenara à ela fazer – e esgotamento por seus intentos de resistir ao feitiço. Com uma das mãos, segurou-a pelo queixo, obrigando-a encará-lo. Sua outra mão vagou possessivamente sobre o corpo dela; sobre seu torso – a estreitez de sua cintura – a curva de seu quadril – até que descansou sobre sua nádega. "Diga-me que gostou tanto como eu, Granger."
Ela tratou de sacudir a cabeça, mas ele ainda a agarrava. "Diga-me," falou com impaciência.
"Eu... gostei… nnh… não!"
Draco alçou uma sobrancelha, surpreso. Ora, ora... a garota ainda conservava forças. "Diga-me, sangue-ruim," sussurrou.
"Eu gostei... eu gostei tan...nnn...to como você!" Lutou muito até o fim e a frase saiu tão abafada pelas lágrimas, que foi quase incompreensível, mas foi suficiente para ele. Sorriu.
"Muito bem, Granger. Agora pode me dizer como realmente se sente."
Sua voz era apenas um duro sussurro. "Eu te odeio, Draco Malfoy. Desejaria que estivesse morto."
Draco sacudiu a cabeça, sorrindo maliciosamente."Tsc, tsc, Granger. Isso não foi nada amável. E, supostamente, você é uma garota tão boa. Agora, diga-me… quer que eu a libere do feitiço?"
"Sim," respondeu entre dentes.
Draco inclinou-se uma vez mais, o que ocasionou que seus lábios roçassem os dela como ao princípio. "Sim, o que, sangue-ruim?"
"Sim... por favor."
"Então, terá que me jurar que isto ficará entre nós dois, e terá que manter sua promessa, incluso depois de romper o feitiço. Jure-me pela vida do seu namorado que este será nosso pequeno segredo, Granger."
Ela fechou os olhos, derramando mais grossas lágrimas sobre a face e respirando com irregularidade. Engoliu em seco. "Juro que não direi a ninguém. Juro pela vida de Ron."
"Boa menina." Não pode evitar plantar outro beijo sobre os trêmulos lábios antes de dar um passo para trás. Finalmente, disse "Finite Incantatum."
Perguntou-se se ela tentaria lhe dar uma bofetada ou algo parecido; nunca esqueceria – ou perdoaria – aquele soco no terceiro ano... e agora mesmo ela teria mais motivos para fazê-lo. Mas não o fez. De fato, mal parecia perceber a sua presença. Permaneceu apoiada contra a parede durante uns instantes, como se fosse a única coisa que a mantivesse em pé; respirando com dificuldade e descompassadamente – depois, deslizou-se bruscamente sobre seus joelhos e caiu sobre a suja neve.
"Isto é insultante," disse Draco suavemente, quase para si mesmo. Depois, saiu do beco.
Havia planejado dar um pequeno passeio para aclarar sua mente antes de voltar para ter com Crabbe e Goyle, mas, por alguma razão, não podia se afastar de Hermine sem mais nem menos. Parecia tão desgraçada sobre a neve, que quase sentiu algo de remorso.
Quase.
De qualquer modo, retirou-se até um umbral coberto, do outro lado da rua, que lhe oferecia alguma proteção, já que a neve era agora mais grossa, e a observou desde as sombras. Apenas assegurar-se-ia de que ela se levantaria e vestiria seu casaco. Depois de tudo, não queria que a garota morresse – ou, pelo menos, hoje não. Não dessa maneira, congelada sobre um charco em um sujo beco. Sangue-ruim ou não, ela... demônios, merecia algo melhor que isso. Ela sabia lutar. E, ademais... ainda não havia terminado com ela – longe disso. Não, este pequeno interlúdio só havia conseguido abrir-lhe ainda mais o apetite.
Então esperou, e observou o beco do outro lado da rua. A neve caía tão copiosamente, que já não era capaz de distingui-la entre os flocos. Os minutos passaram – e estava a ponto de voltar para comprovar que ela estava bem, quando ela emergiu.
Tinha posto seu casaco e o abotoado, e a cabeça agachada contra o vento; seu rosto estava oculto por uma cortina de cabelos espessos e escuros. Ficou ali, durante um longo tempo, na rua, se abraçando – Draco não estava muito seguro, mas parecia que seus ombros tremiam, e muito – em outras palavras, como se estivesse chorando.
Ficaram assim durante um bom tempo – ela caiu contra a parede, e ergueu ambas as mãos até a cabeça, ocultando-se atrás dela. Draco sentiu uma incômoda pontada de... algo. Durante as férias, sob a tutela de seu pai e tia, e algum dos comensais, fizera coisas muito piores – e tudo isto fora uma brincadeira de meninos em comparação. Mas nunca perdera tempo em ver os resultados de suas ações... e vendo o que acabava de ver o estava inquietando um pouco.
Sacudiu a cabeça. De todas as formas, por que, merda, ela estava chorando? Que fizera ele? Obrigar a uma garota a beijá-lo e quê? Ocorriam coisas piores no mundo a cada minuto. Se a sangue-ruim da Granger queria ser a rainha do drama, bom para ela. Se ela se sentia acossada nestes instantes, melhor que esperasse a próxima vez, quando ele não detivesse o beijo. Dar-lhe-ia uma boa razão para chorar.
Girou-se para partir.
Mas ainda assim não podia.
Contra a sua vontade, seus olhos se desviaram para a garota do outro lado da rua. Observou como se reincorporava uns instantes depois, como se limpava – com ira; quase ferozmente, ou isso lhe pareceu – com a manga do casaco. Desapareceu dentro do pub... e só então ele foi capaz de partir.
Notinha Final da Tradutora:
Quase um ano depois da publicação de minha última tradução (a fanfic "Animal"), volto com mais uma fic Draco/Hermione - Já estão virando mania entres vocês, não? Até hoje recebo "intimações" para continuar Reverto Umquam e traduzir mais histórias D/Hr. Desta vez, em especial, retorno a pedidos de uma hermana muy querida, que mesmo não sendo parte do fandom de HP, é leitora voraz de fanfics potterianas e das minhas traduções. Foi depois de eu ter repassado à ela a versão em espanhol de "Tear You Apart" que seus pedidos insistentes para que a traduzisse tiveram início (para minha profunda irritação... e arrependimento XD).
Embora seja uma fic protagonizada por Draco e Hermione, logo verão que não se trata de um romance. Longe disso.
Aqueles leitores amantes de Harry e Hermione já devem perceber que nessa história Hermione namora Rony. Porém, sosseguem, já lhes adianto que também não se trata de um romance R/H.
Por fim, a fic conta apenas com três capítulos - o que, na opinião de muitos leitores, pode representar um verdadeiro suplício, e logo entenderão o motivo (o fim da história lhes dirá).
Sem mais, deixo aqui o meu forte abraço a todos e até o próximo episódio - que não demorará!
Inna Puchkin Ievitich
