Fingindo - SM/AP

Classificação: M

Gênero: Slash.

Shipper: Albus Severus Potter e Scorpius Malfoy.

Título: Fingindo.

Resumo: Fingir era fácil, Ignorar Albus é que era díficil. Scorpius estava cansado de tentar.

Disclaimer: Não tenho complexo assassino, tampouco sou rica. Muito pelo contrário. Sou uma jovem pobre e feliz. Ou seja, esses personagens não são meus e eu não estou ganhando nada com isso.


Fingir era fácil, Scorpius poderia se virar. Não seria a primeira vez, tampouco a última. O segredo era só revestir a sua máscara de frieza – aquela que seu pai lhe ensinara desde pequenininho – erguer o queixo e ignorar Albus quando acontecia de se cruzarem no Salão Comunal da Sonserina, ou durante as aulas. Ou nos corredores.

Ou em qualquer porcaria de canto que Albus + Scorpius + qualquer-outro-ser-de-duas-pernas-e-uma-boca estivessem juntos.

Afinal, Scorpius e Albus descobriram-se bons amigos com muito em comum desde que puderam trocar algumas palavras pela primeira vez, no vestiário da sonserina após fazerem o teste para entrar no time de quadribol. Ou antes, quando na estação de trem se olharam nos olhos pela primeira vez e viram os sentimento mútuo de "Vamos ser perseguidos por sabe-se-lá quanto tempo graças a fama de nossos pais", refletidos em cada uma das duas tonalidades diferentes de olhar.

Seria simplesmente óbvio que os dois trocassem olhares curiosos sempre que se encontravam. Absolutamente óbvio que o fato de terem tanto em comum como o sentimento de isolamento e de serem sempre o alvo das atenções fizesse com que os dois unissem forças e parecessem cada vez mais próximos e mais curiosos um com o outro.

A iniciativa partiu de Albus, herdando um pouco da coragem Grifinória da família, afinal. Ele esperou serem deixados sozinhos no vestiário e então virou seus grandes olhos verdes na direção de Scorpius, que imediatamente fingiu-se ocupado com o cadarço de seu tênis.

- Olá. Sei que a gente não teve oportunidade de conversar o ano passado e lamento muito por isso, mas esse ano, já que a gente vai dividir o dormitório e talvez até entremos juntos para o time de quadribol seria legal se pudéssemos parar de fingir que não nos conhecemos. Bem, na verdade, não nos conhecemos mesmo, mas o que quero dizer, é que…

E ele foi tagarelando sem parar até que Scorpius se viu fazendo o mesmo e se surpreendendo com o quanto tinham em comum.

Daí a ser transformarem nos melhores amigos um do outro foi tão fácil quanto espantar um Unicórnio.

Só que Albus insistira em manter essa amizade em segredo.

- Sou um covarde – ele assumira certa vez assim que Scorpius chegara de um exaustivo treino de quadribol e o encontrara deitado em sua cama. – Sei que você não gosta desse segredo todo, lamento muito. James demorou séculos para voltar a falar comigo depois que eu entrei para a sonserina, ele odeia essa casa e todos que pertencem a ela. Lily entrou esse ano em Hogwarts e já está indo na dele. A rivalidade das duas coisas continua aí e me aceitar é uma coisa, mas…

- Aceitar como seu amigo o filho do maior sonserino que eles já ouviram falar seria demais para a cabeça de qualquer outro Potter, não é?

Os olhos de Albus enxeram-se de tristeza.

- Lamento – sussurrou. – Se você insistir em contar, eu vou fazer, mas vai me doer demais, Scorpius. Não sei qual será a reação deles, e… Não sei se posso escolher entre você e minha família.

E Scorpius não queria que ele o fizesse, porque sabia que não poderia competir com eles.

No terceiro ano, Albus tentou outra vez o teste para o time de quadribol. Ele havia jurado para Scorpius que ficara imensamente feliz por ele quando entrou para o time como artilheiro, porém, Scorpius tinha certeza de que ele ficara muito triste por não ter podido entrar também.

Só que mais uma vez ele não conseguiu.

- Você só estava muito nervoso – Tentou consolá-lo quando foram deixados sozinho no vestiário aquele dia. Muito tarde, Scorpius tinha que comentar, ele estava louco para sentar ao lado do amigo e poder consolá-lo em paz. – Quando treinamos ontem você foi excelente! Você só cometeu aqueles erros hoje porque deixou a tensão cair em cima de você.

Albus deu de ombros, como se tentasse fingir que não se importava.

- É só quadribol. O que tem de mais?

Os olhos marejados diziam outra coisa.

- Ah, Al!

Scorpius o abraçou e eles ficaram muito tempo assim, até que Albus apertasse os dedos e murmurasse, nervoso.

- Posso te pedir uma coisa, Scorp?

- Claro, Al.

- No próximo teste… Dê um jeito de afastar meus irmãos de lá, por favor? Eles me desconcentram, fico muito nervoso com eles lá.

Scorpius bufou.

- Eu sei. Você tem medo deles. O suficiente para não se dedicar mais aquilo que você gosta e nem escolher seus próprios amigos.

- Eu escolhi meus próprios amigos – Albus sussurrou baixinho. – Els só não sabem disso.

Scorpius girou os olhos, mas não conseguiu ficar bravo.

- Tudo bem, eu afasto eles de lá se isso vai fazer com que se sinta seguro.

- Obrigada – ele agradeceu antes de acrescentar ainda mais baixo. – Só que esteja lá a tempo. Não vou conseguir se você não estiver presente.

E Scorpius esteve e assistiu aos movimentos mais confiantes do "amigo-secreto" e aplaudiu quando pôde aplaudir.

E se conteve para não abraçar Albus como tinha vontade assim que ele pousou e se virou para ele com um sorriso tímido, esperando um elogio.

Um elogio que Scorpius não pôde dar porque ele tinha que fingir!

Sim, fingir era fácil. Ignorar Albus é que não era tão fácil assim. Mas Scorpius estava tentando. Mesmo! Conseguiu fingir por dois anos sem levantar uma suspeita.

Albus andara desanimado porque suspeitava que perdera o teste pela terceira vez, já que os boatos de que o sextanista grandalhão fizera o melhor teste desde Harry Potter.

- Eu estou dizendo, Albus – Scorpius repetia com fervor. – Esse esquisitão não fez o teste melhor do que você. Você vai ganhar, escreve o que eu estou te dizendo.

- Bem, de qualquer forma não vou nem atrás da lista no mural quando ela sair. Não quero ver o nome dele de novo, como apanhador da sonserina por mais um ano consecutivo. Estou indo tomar café. Nos vemos lá.

Nos vemos lá. É claro. Mas fingiriam que nem se enxergavam.

Então, quando Scorpiu resolveu mudar o caminho e passar pelo mural ao invés de ir direto para o Salão Principal, nem que tivesse que esperar horas parado esperando que pendurassem o cartaz, foi que tudo aconteceu.

Seu cérebro ficou vazio e ele não conseguiu pensar sobre absolutamente em nada quando as palavras "Albus Severus Potter" brilharam diante de seus olhos logo a frente do título "apanhador". Com o maior sorriso que tinha ao imaginar a reação do amigo ao saber da notícia, ele lançou um feitiço na folha para que a imagem dela fosse copiada e possível para mostrar a Albus sem tirá-la dali, ele correu até o Salão Principal sem ligar para aqueles que o olhavam estranho, aproximou-se da mesa da sonserina, não parando para se desculpar ao infeliz em que trombara… Então… Albus ergueu os olhos de seu café da manhã e o avistava ao mesmo tempo em que ele erguia a varinha e pronunciava o feitiço para liberar uma cópia da folha já preparado para dizer "Veja Al! Eu não disse?", quando sentiu uma pontada fortíssimo em sua cabeça e a escuridão o engoliu.


- Você só pode ter enlouquecido, isso sim!

- Albus! Ele ia te amaldiçoar! Você viu os olhos dele como pareceiam saltar das órbitas?

- CHEGA! Você é ridículo, James! RIDÍCULO! Ele só queria me contar que eu passei no teste! Ele estava vindo todo feliz me avisar que finalmente eu consegui! E o que você faz? Quase mata o coitado! Francamente, James!

- Ora… Eu só vi ele se aproximando de você com a varinha na mão e aquele sorriso maligno! Achei que estava irritado por você ter ganhado o teste e… Como é que eu ia adivinhar? Que droga, Albus! Por que diabos afinal ele ficaria feliz por você? Vocês nunca se deram bem!

- Engano seu, James! Eu e Scorpius sempre nos demos bem! Eu é que fui covarde demais para assumir isso para vocês! E agora veja no que deu! Te juro, James, que se ele não ficar bem…

- É claro que ele vai ficar bem, Al! Que exagero! Você só vai ter que me explicar direito essa história de amigos! Como assim, Al? Papai sabe o tipo de amizade que…

- Que o quê? Que tipo de amizade? O tipo que fica feliz por mim quando eu consigo passar num teste que eu tento passar há mais de três anos? Que me ajuda a treinar todas as noites quando poderia muito bem estar fazendo qualquer outra coisa? Uma amizade que tem me feito me aceitar como sou e não como todos vocês parecem querer que eu seja? Ele não olha estranho pra mim a cada vez que conquisto pontos para minha casa! Tampouco tenta fingir que não me conhece só porque cai na sonserina! Ele tem sido meu amigo, James, e você não tinha o direito de fazer o que fez!

- Albus, eu não quis dizer…

- Saia daqui, James! Você já fez estrago demais! Me deixa sozinho com Scorpius. VAI!

Scorpius esperou o som dos passos apressados terminarem para poder, enfim, abrir os olhos. Estava na enfermaria, é claro. Cheio de dores, é claro também.

- Al? – Chamou, inseguro, esperando o amigo com as faces vermelhas olhar para si.

- Ah, Scorp! –Albus realmente sorriu ao ver o amigo acordado. Devia ser a primeira vez desde o acontecido daquela manhã. – Como você está?

- Doído – Scorp murmurou, brincando, mas seu sorriso sumiu quando Al pareceu perder a cor. – O que foi?

- O que foi? Olha aí o que aconteceu! James atacou você porque achou que você ia me atacar! Você tinha razão esse tempo todo, Scorp. Se tivéssemos contado desde o início... James não teria…

Scorpius pegou a mão pequena na sua. Albus calou-se imediatamente, olhando para as mãos unidas com um brilho diferente no olhar.

- Eu estou bem – ele garantiu, abrindo um sorriso. – Veja, não poderia estar melhor, na verdade. Você entrou para o time, e agora James sabe sobre nós. Podemos ser amigos em paz agora. Não precisamos mais manter segredo disso com ninguém. Não é ótimo?

Albus sorriu, mas franziu as sobrancelhas.

- O que foi?

- Essa parte de "não precisamos mais manter segredo com ninguém".

- O que tem?

- Ela soou muito gay.

Scorpius bufou, afastando sua mão, o que Albus não deixou que fizesse.

- Estou brincando! – exclamou, entrelaçando seus dedos. – Vendo por esse lado, é verdade, mas não posso deixar de pensar que poderíamos ter evitado tudo isso se tivéssemos contado desde o início.

- Agora já foi.

- É. Você me desculpa?

- Vou pensar.

- Scorp!

- É claro, cabeção. Você me compra uma caixa de chocolate na próxima visita a Hogsmeade e está tudo certo.

- Você se deixa comprar por uma caixa de chocolate? Não tem vergonha?

Scorpius o olhou atravessado.

- Pior você que se deixa comprar por apenas um sapo de chocolate.

Albus riu.

- Pior que é… É bom ver você bem. Eu fiquei… Nem sei explicar como fiquei ao te ver caindo lá no meio do salão principal… Achei que… Eu fiquei com medo de que pudesse ter…

- Se você completar com "perdido você", aí sim vou ter que assumir que esse nosso papo está meio gay demais.

Albus riu com vontade agora.

- Está certo. Vamos deixar isso pra lá. Afinal… Nós somos apenas amigos.

- Apenas amigos – Scorpius repetiu com uma sensação no fundo do estômago. Eles continuaram a conversar, mas os "apenas amigos" não soltaram as mãos entrelaçadas em nenhum momento, até a Enfermeira aparecer e expulsar Albus de lá para medicar seu paciente.

Quando Albus se foi, porém, o "apenas amigos" ainda ressoava na cabeça de Scorpius.


Oiiiiiiiiiii xD Espero que tenham gostado deste capítulo! O próximo vem logo aí!!! Comentem, sim? O botãozinho roxo aí é carente... Ele precisa de atenção. *.*