Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens pertencem à JJ Abrams e à Rede ABC, minhas histórias não possuem qualquer vínculo com seus criadores e muito menos fins lucrativos.
Categoria: Romance/ Mistério/ Sobrenatural.
Spoilers: Nenhum.
Censura: M
Shipper: SANA.
Sinopse: Sawyer precisa seduzir a noiva de seu primo, sua tia chantagista diz que não há regras, exceto que é proibido se apaixonar. Ana-Lucia tem estranhos pesadelos sobre uma época distante, que se confrontam com a realidade ao conhecer o misterioso e sedutor James Sawyer. Chantagem, sedução, paixão e mistério.
A Way back in to Love
Capítulo 1- A Proposta
Mais alguns passos. A torre não estava longe. Ela subia os degraus bem devagar, descalça, pé ante pé, sem fazer nenhum barulho. Ventava muito e o frio era capaz de congelar sua alma. Mas ela não podia parar, eles tinham matado seu grande amor, não havia mais razão para viver.
Chegou à escura torre, subiu na janela, olhou para o precipício abaixo de seus pés. O medo era aterrador, mas ela não ia parar agora. Olhou para os pulsos machucados e sangrando, as correntes a tinham prendido por muito tempo. Agora seria livre.
Fechou os olhos e seus delicados pés se preparam para se atirar rumo ao infinito.
- Não! Camille!- gritou uma voz.
- È tarde!- ela gritou. – Deixe-me, é tarde! Te vejo em outra vida!- e ela saltou, sentindo a gravidade puxá-la para baixo, rumo à morte.
- Ana, acorde! Você está gritando!
Ana-Lucia abriu os olhos e se deparou com suas duas amigas, Libby e Kate fitando-a com olhares preocupados.
- Você estava sonhando outra vez.- comentou Kate.
- Tendo um pesadelo.- completou Libby, com seu ar de psicóloga.
- Tem acontecido com cada vez mais freqüência.- disse Kate, puxando uma cadeira para sentar-se.
Ana esfregou os olhos, estavam inexplicavelmente cheio de lágrimas, o pesadelo havia sido muito intenso.
- O que você sonhou dessa vez?- perguntou Libby muito interessada.
Ana-Lucia sorriu, recompondo-se.
- O que é? Já vai buscar seu caderninho pra me analisar? Não estamos no seu consultório, doutora. Foi só um pesadelo bobo, e sinceramente já estou ficando cansada deles.
- Ana, você estava gritando e tremendo. Deveria levar isso mais a sério.- avisou Kate.
- Sonhos sempre querem dizer alguma coisa, Ana.- explicou Libby. Talvez exista algo dentro de você que precisa ser resolvido.
- Certo, então querem saber o que eu sonhei dessa vez?
Os olhos de Kate brilharam de expectativa, ela adorava ouvir os estranhos e emocionantes sonhos de Ana-Lucia, eram excelentes histórias que poderiam se transformar em um livro se Ana apreciasse escrever romances. Ana começou a contar.
- Dessa vez eu estava subindo escadas, indo para uma torre eu acho.- ela fez uma pausa. – Eu sentia uma dor tão forte como se tivessem tirado algo de mim, algo muito importante, mas não sei o que era. Por causa disso eu queria morrer e me joguei do alto dessa torre.
Kate arregalou os olhos e Libby coçou a cabeça com uma caneta.
- Hum!- ela resmungou, pensando.
- Libby, o que isso quer dizer?- indagou Kate em expectativa.
Ela mordeu a caneta e Ana-Lucia desatou a rir.
- Talvez eu esteja assistindo filmes demais.- disse Ana-Lucia.
- Não creio.- emendou Libby sem achar graça. – Ana-Lucia você vem tendo esses sonhos há meses. Talvez devesse fazer uma regressão pra ver do que se trata.
- Eu já disse a você Libby que não acredito nessas coisas, são só sonhos, tá legal? Eu prefiro a realidade.- ela olhou para o rádio relógio ao lado de sua cama. - Olha só, a realidade me diz que se eu não correr chegarei atrasada ao trabalho. Então, se me dão licença vou tomar um banho. Deus, está tão frio!
Quando ela entrou no banheiro, Libby e Kate trocaram olhares.
- Eu estou preocupada com ela.- admitiu Kate. – Tem agido tão estranhamente, mesmo acordada. E esses pesadelos...
- Eu concordo com você Kate, mas você sabe como a Ana é teimosa. Está assim desde que a mãe morreu, gosta de bancar a durona. Mas é mais frágil do que nós duas. Bem, vamos ficar de olho nela, eu também preciso trabalhar.
- Idem!- concordou Kate.
Ana-Lucia, Libby e Kate eram amigas desde o pré-escolar. Fizeram carreiras distintas na faculdade, mas moravam juntas em um apartamento em Manhatan havia três anos. Kate era historiadora e dava aulas na Universidade de Nova York. Estava noiva de Jack Shephard, um cirurgião conceituado. Libby era a mais velha das três, formara-se em psicologia clínica e tinha um consultório particular em Middletown. Era solteira convicta e viciada em trabalho. Ana era a mais nova das amigas, se formara em publicidade e trabalhava para uma revista feminina.
Sua amizade com Kate e Libby era a melhor coisa de sua vida. Filha única, perdera o pai num acidente de carro aos doze anos e a mãe, policial, morrera de um câncer terminal havia alguns meses. Sentia muita falta dela, mas desde cedo aprendera a mascarar suas emoções. Seu problema com pesadelos era antigo e vinha desde a infância. Sua mãe a levara muitas vezes a psicólogos por causa disso, mas os pesadelos nunca cessaram. Era verdade que paravam por algum tempo, mas sempre voltavam. Ana preferia fingir que eles não existiam.
Tomou banho tremendo por causa do frio que fazia àquela manhã em Nova York. Vestiu-se depressa, blusa azul clara, saia preta, meias escuras e sapatos de salto. Tomou o café da manhã com as amigas, evitando o assunto dos pesadelos e deixou o apartamento para enfrentar o frio das ruas de Manhatan.
Era época de Natal e ela podia notar no rosto das pessoas uma felicidade que não costumava ver nos outros meses do ano. A cidade estava linda, toda decorada com motivos natalinos. Mas Ana-Lucia ainda não tinha tido tempo para fazer compras. Ainda nem sabia onde iria passar o natal, porque seria o primeiro sem sua mãe.
Suspirou, pegou um táxi e vinte minutos depois estava no trabalho. Como o tráfego estava péssimo, pediu ao motorista que a deixasse do lado oposto da rua, não custava nada atravessar. Pagou a corrida e dirigiu-se para o semáforo. Suas mãos enluvadas tocaram o botão vermelho ao mesmo tempo em que uma mão grande masculina, também usando luvas negras fez o mesmo.
Ana-Lucia ergueu a cabeça e observou o dono daquela mão. Ele era alto, atlético, olhos azuis e cabelos loiros mais compridos do que o usual. Tinha um olhar misterioso, divertido e penetrante. Sorriu tímida e afastou sua mão.
O homem sorriu também e apertou o botão. Várias pessoas se aproximaram para atravessar e eles caminharam lado a lado. Ana-Lucia não sabia porque, mas seu coração acelerou de repente. Não ousava olhar para o estranho ou seu corpo inteiro derreteria como a neve. Ele tinha um olhar tão quente. Eles atravessaram e ela lamentou que a rua fosse tão estreita. Teriam que se separar. O edifício onde ela trabalhava estava há dois passos dela, mas o homem também. Ele a encarou, parecia não querer ir embora.
Havia um beco entre o edifício que ela trabalhava e uma livraria. Ana-Lucia olhou para o beco, o homem fez o mesmo. Estendeu a mão enluvada para ela, Ana-Lucia a aceitou. Em segundos estavam no beco e ele a encostou na parede. Soltou seus cabelos negros que estavam presos em um coque, a cascata de cabelos lisos caiu por seus ombros. Os cabelos de Ana-Lucia eram cacheados, mas na maior parte do tempo ela os usava lisos por causa da seriedade de seu trabalho.
O homem os tocou com delicadeza, aproximou seus lábios dos dela. Ana-Lucia ofegou e sentiu o hálito quente dele sobre seu rosto contrastando com o frio que fazia. A boca dele tomou a sua com impaciência. Ana fechou os olhos, os lábios se encaixaram, as línguas dançaram e as respirações aceleraram. Beijaram-se ferozmente por alguns segundos até que ele a soltou.
Ana-Lucia olhou para ele, assustada com o arroubo de paixão que a acometera e não teve outra reação senão sair correndo. O homem não a seguiu e ela entrou esbaforida no edifício onde trabalhava.
- Você está bem Ana?- indagou Bridget, uma de suas colegas de trabalho.
- Sim...- Ana respondeu sem ter muita certeza, os cabelos sobre seu rosto.
- A Louise quer ver você.- avisou Bridget.
Ana assentiu e tomou o elevador para o terceiro andar onde se localizava a revista "Femme", na qual trabalhava. Dentro do elevador prendeu os cabelos outra vez e arrumou os botões do casaco escuro. Quando chegou ao terceiro andar, cumprimentou Madelaine, a secretária de Louise e se dirigiu à sala de sua chefa.
- Bom dia, Louise. Bridget disse que queria me ver.
- Sente-se, Ana-Lucia.- disse Louise tirando os enormes e pesados óculos de grau do rosto. Ana-Lucia sentou-se, Louise não estava com uma cara muito boa.
- O que houve?- indagou.
- Ana, não tenho uma notícia muito boa para te dar.
Ela ficou tensa e torceu as mãos em seu colo.
- E o que seria?
- Ana-Lucia você tem sido uma excelente funcionária durante os quatro anos que trabalha conosco, mas nos últimos meses sua produção caiu de uma forma vertiginosa. Sei que perdei sua mãe faz pouco tempo, mas a revista precisa de atenção. Suas matérias têm sido muito fracas.
- Prometo que irei melhorar Louise.- respondeu Ana-Lucia.
- Eu gostaria de poder esperar por isso, querida. Mas as vendas caíram bastante e eu tive que fazer contenção de despesas.
- Como é?
- Ana, a partir de hoje você não trabalha mais para a "Femme". Receberá todos os seus direitos, uma boa indenização, mas não posso mais tê-la em minha equipe.
Ana-Lucia ficou chocada.
- Louise, eu...
- Me desculpe Ana, gosto muito de você, mas não podemos misturar amizade com negócios, eu espero que dê tudo certo pra você.
Sem escolha, ela apenas assentiu e deixou o escritório de Louise com o ar pesaroso, estava arrasada. Sentia vontade de gritar, tinha se dedicado tanto aquele trabalho e agora fora despedida dessa forma terrível. Passou em sua sala e limpou sua mesa, nem se deu ao trabalho de se despedir dos colegas de trabalho. Tomou um táxi sem rumo e foi parar no Central Park. A cabeça rodando, sentou em um banco e ficou por lá a maior parte do dia, quieta, sem pensar em nada. Quando o frio se tornou praticamente insuportável, ela pegou outro táxi e desceu em um pub perto de seu apartamento.
Kate tinha ligado para ela, Libby também. Mas ela não quis atender a ligação de nenhuma das duas. Entrou no pub escuro, iluminado com algumas lâmpadas cafonas de neón e sentou em um banco de frente para o balcão. Pediu um drinque qualquer e ficou bebericando. Alguns minutos depois, um sujeito baixinho e simpático sentou-se ao lado dela e também pediu um drink.
- Dia ruim?- indagou ela.
- Muito.- Ana respondeu. Não era dada a conversar com estranhos, mas naquele momento não se importou com isso.
- O que aconteceu?
- Eu fui despedida depois de três anos me dedicando à empresa.
- Que ótimo!- gracejou ele. – A vida é um saco né?
Ana-Lucia riu: - È sim! Bom, eu estou bebendo aqui no meio do dia porque fui despedida e quanto a você? Aconteceu algo de ruim ou você é um alcoólatra?- indagou ela comendo a azeitona de sua bebida e lambendo o sal dos dedos em seguida.
- Não, não sou alcoólatra. Na verdade estou aqui porque estou zangado com a minha mãe.
- Essa é nova!- riu Ana-Lucia.
- Charlie Cooper.- ele se apresentou estendendo a mão para ela.
- Ana-Lucia Cortez.- respondeu ela, aceitando a mão dele.
- Cortez? Você é estrangeira?
- Nasci em Porto Rico, mas vim pra Nova York com dois meses, então sou tão Nova-Iorquina quanto qualquer um, a única palavra que eu sei em espanhol é gracias.
- Então estou em vantagem.- disse ele. – Falo muito bem o Espanhol. Nasci na Inglaterra, mas passei a maior parte da minha vida em Madrid.
- O que você faz?
- Sou presidente da filial de Nova York da Oceanic Computers.
- Cargo alto!
- Nem tanto assim, meu primo, o dono da companhia manipula tudo lá de Madrid. Tive uma reunião com ele hoje, sujeito arrogante, ainda bem que tomou um voo pra LA.
- E qual foi o problema com sua mãe afinal?
- Minha adorável mãe resolveu por conta própria que devo me casar. E até já escolheu a noiva.
- Nossa, em que século estamos?
- No 21 eu acho, mesmo assim mamãe ainda acha que pode controlar a minha vida. E o pior é que não consigo me livrar dela. Já pensei em tantas alternativas, até em arranjar uma mulher pra se fazer passar por minha noiva pra que ela me deixe em paz.
- Seria uma boa solução. Por que não contrata uma?
A princípio, a iddia pareceu absurda, mas depois de muito pensar, Charlie sugeriu:
- Estaria interessada em ser essa mulher?
- Hey, homem, eu falei por brincadeira.- disse ela.
- Não, eu tô falando sério. Estamos chegando perto do natal e essa é uma boa época para confrontar a mamãe. Pensa comigo, você acaba de ser despedida, vai precisar de grana e eu posso te pagar uma boa grana por isso. Você viria comigo até Los Angeles conhecer minha mãe, fazer a capa, passaria alguns dias em Hollywood fazendo compras, quem sabe não conhece algum artista?
- Eu posso pensar a respeito?- a cabeça de Ana-Lucia estava uma confusão só, primeiro o pesadelo, depois o beijo sensual e enlouquecedor com um desconhecido em um beco, a demissão e agora uma proposta para se passar por noiva de um homem, tudo no mesmo dia. O que mais faltava acontecer?
- Bom,te dou uns dois dias pra pensar. Seria algo extritamente profissional, você não precisaria fazer nada além de ficar ao meu lado e sorrir por alguns dias até o natal. O resto do tempo pode se divertir como quiser em Los Angeles.
- Certo, eu vou pensar, me dá o seu telefone, te ligo em dois dias.
Charlie deu seu cartão para ela. Ana-Lucia pagou sua bebida e deixou o bar, pensando consigo que no fundo já tinha tomado sua decisão, sua vida estava uma droga mesmo, então o que tinha a perder?
Continua...
